Lembre-se das Flores escrita por Lucy Holmes, Aluada


Capítulo 1
Lembre-se das flores


Notas iniciais do capítulo

Direitos autorais de Harry Potter e cia para a J.K. Não temos dinheiro para royalties.



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Um dia, limpando gavetas em sua sala, Severus Snape encontrou um belo cartão. Não podia existir coisa mais simples na face da Terra: duas flores coladas num pedaço de pergaminho, uma mensagem escrita com letra floreada, a tinta já desbotando. Pensou em jogar fora a carta, mas deteve o gesto. Parou para ler a mensagem, um pouco contrariado, porém igualmente curioso.


           “Meu caro Severus,

            Há muito eu queria escrever, mas não sabia se deveria. Sempre que compunha a primeira linha da carta, eu ficava insegura de que você não se lembrasse de mim. Agora, porém, indiferente disso, eu resolvi mandar-lhe uma coruja, mesmo sabendo dos riscos.
            Será que você ainda se lembra?
            Ah, Severus, se um dia você ainda se lembrar de mim...
            Peço que não se lembre dos meus olhos ou do meu cabelo, da minha voz ou dos meus gestos. Um dia eu vou envelhecer, meu cabelo ficará branco, meus olhos perderão o brilho, minha voz vai mudar e meus gestos serão menores e menos expansivos. Também não se fie às promessas de amizade e não espere que eu sempre lembre de você com amor – pois somos humanos antes de sermos bruxos, e os sentimentos humanos são variáveis.
             Se você tiver que se lembrar de mim, lembre-se das flores.
             Você estava no sexto ano e eu, no quinto; passeávamos em Hogsmead e lembro de ouvi-lo dizer que detestava flores porque detestava tudo o que pudesse lhe lembrar alegria – ah, meu Severus, quanta coisa eu poderia lhe dizer sobre as flores. Toda a beleza que se esconde nelas, como se esconde no mundo atrás desses seus olhos profundos, negros e assustadores.
             Confesso que naquele momento fiquei decepcionada; afinal de contas, eu me alegrava com sua presença e cheguei a pensar se você também se alegrava com a minha. As flores o fazem se lembrar de mim? Pois eu ainda me lembro de você quando vejo flores. Não sabe como me senti quando finalmente arranquei um sorriso de seus lábios!
              E foi tão difícil...
             Assim como foi difícil você me permitir chegar mais perto, afinal eu era uma grifinória e, para os sonserinos, grifinórios eram a escória. Uma rixa boba, mas acredito que deve existir ainda hoje entre os alunos. Certos conceitos nunca mudam.
             Será que você mudou?
             Nossa aproximação foi graças ao Slughorn. Você o tem visto ultimamente? Ele obrigava os melhores alunos a ensinarem os mais atrasados. Fiquei feliz que o grupo que rodeava Lily Evans fosse grande o suficiente para que eu ficasse com você. Não sei explicar o motivo, mas sempre fiquei intrigada com o seu jeito quieto e distante. Queria saber os seus motivos para ser assim.
              No fim das contas, nunca descobri. Apenas fiquei frustrada por meu esforço ter sido em vão.
              Eu amei você, Severus, e se parar para pensar, eu ainda amo. Se o tempo vier a nos separar (e eu sei que isso acontecerá), olhe para as flores, se lembre de tudo o que eu lhe disse – toda a beleza existente nelas, a mesma que eu via em seus olhos.
              Seguimos caminhos diferentes, cada um escolheu o melhor para si. Você escolher ser o que é, seja lá o que for. E eu...
              Agora tenho certeza de que dificilmente vamos nos encontrar de novo.
              Se nos encontrarmos, será em caminhos opostos, infelizmente.
              Tome cuidado. É tudo o que eu lhe peço.

              Com carinho,
   
              Jennifer B.”


           
— Bones — Severus suspirou —, Jennifer Bones.

            Morta por Voldemort, como todos os Bones tinham sido. Não se esquecera dela – como ela tinha animado seus dias como aluno, já tão distantes no tempo.

            — Lembrar das flores? Justo eu — Severus riu —, sempre detestei flores.

            Mas não podia deixar de sorrir ao revê-las no cartão. O destino dos dois tinha sido tão alheio e diferente de tudo o que poderia ter sido. E o que poderia ter sido? Se ela tivesse sobrevivido, se ele não tivesse ido para “o lado escuro do poder”, e depois tivesse sido resgatado? Talvez as flores tivessem durado mais tempo, ou o amor tivesse realmente existido. Não poderia prever. Não se arriscou. Por via das dúvidas, colocou o cartão de volta na gaveta, escondendo ali tudo o que queria dizer ou sentir.

            Jennifer gostava dos seus olhos...

            Ele nunca confessou, mas, apesar de detestar flores, aprendeu a gostar dos olhos dela também. 


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