As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 90
Acho um significado para os vestidos de Afrodite




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Ártemis revia diversas anotações rabiscadas com capricho, em uma letra pequena e redondinha, a situação a que encontrara outros possíveis perigos para a guerra. A situação se encontrava critica. Os deuses se encontravam ainda desorganizados e não preparados. Ela dava passos suaves pela tenda lendo e relendo suas anotações, suas estratégias de caça. As meninas haviam ido atrás de um cervo que aparecera.

Mas nem sinal dela.

Fazia mais de três dias desde que Thalia havia desaparecido. A menina não era irresponsável; a deusa podia sentir nos ossos que alguma coisa lhe acontecera. No próprio ar havia uma energia diferente e errada. Thalia estava com problemas, ou, na pior das hipóteses, fazia parte dele.

A aurora rompia no horizonte e as meninas voltavam arrastando a refeição para perto. Sophia vinha com uma expressão séria, os olhos verdes congelados; ela sentia na alma algo como um ligeiro desconforto. As outras meninas caminhavam sem se preocuparem em pensar; nenhuma queria “pensar”, sabiam que se pensassem logo estariam imaginando a pior luta que cada uma teria de enfrentar.

–Senhora?

Ártemis parou bruscamente em meio a um passo.

–Sim, querida? – Sophia andou com ar altivo e charmoso para a idade para dentro da tenda. A pequena entrelaçava os dedos a todo o segundo.

–Thalia...

–Ela ainda não deu qualquer sinal de que esteja bem.

–Não há nada que eu possa fazer?

–O que quer fazer, Sosô? Não posso deixar outra de vocês sumir mundo a fora.

“Deixe-me procurá-la” pensou a menina, mas ela sabia qual seria a resposta. O gelo dos olhos foi banhado por uma onda de lágrimas “Assim como Thalia, não chorarei”. Abaixou a cabeça em uma reverência a deusa e saiu.

–Sosô, venha comer – chamou Clara, enquanto Acemira aparecia com uma cesta cheia de frutinhas.

–Não vou comer.

Seu tom foi duro. Ela não queria nada que não fosse sua tenente consigo. A deusa observou cada rosto, cada face chocada com a menina, cada olhar compreensivo. Di Imortales! Onde anda aquela menina?

–Mais que diabos...? – Pâmela não continuou seu resmungo. Na cama do irmão estava a última pessoa que ela esperava ver. As roupas estavam rasgadas, o corpo molhado em suor frio, sangue já seco marcava as pernas da menina; ela se virou para o irmão com os olhos em chamas – Você estuprou ela?

–O que? Claro que...

–Seu estúpido!Imbecil! Como pode? – a cada frase um objeto atingia Felipe e se espatifava no chão com um ruido alto e perturbador – COMO PODE FAZER ISSO COM ELA? MONSTRO!

Felipe prensou a irmão na parede sem se importar muito com a força excessiva que usava. Pâmela não parou; continuou esperneando, chutando, batendo, socando...

–Eu não fiz nada, retardada! – Pam parou, mas continuou olhando-o com raiva – Encontrei ela assim de madrugada. Ela estava tão abalada... Nem me reconheceu.

Ficaram os dois olhando para a figura pálida e tremula deitada na cama.

–O que quer que eu faça para ajudar?

–Bom, você é uma garota – ela resfolegou em um sinal de desprezo aquele comentário – Podia dar um banho nela e emprestar um pijama. Enquanto isso quero ir a farmácia...

–Não falou sobre ela pra mais ninguem, né?

–Claro!

–Ótimo. Me ajuda a tirar essa roupa dela.

–Pera ai... – o garoto tinha as bochechas rosadas.

–Não tudo, lindinho – tiraram apenas “o grosso” deixando-a com as peças intimas – Agora coloca ela na banheira e eu te deixo ir.

Assimque Felipe fechou a porta do banheiro Pâmela tirou as próprias roupas ficando apenas de peças intimas como a amiga, mas retirou as dela. Havia diversas manchas no corpo de Thalia: de terra, sangue e outras que pareciam marcas de luta. Ligando a duxa, ela tirou toda a sujeira deixando-a com a pele rosada. Logo depois permitiu-se encher a banheira com alguns dos olhos relaxantes da mãe. Sempre tendo o cuidado de apoiar Thalia nas bordas. Conseguiu deixá-la em uma posição em que não havia muitas posibilidades de ela escorregar e se afogar, saiu do banheiro e foi buscar mais toalhas, parando para pegar um de seus melhores pijamas. Quando voltou se surpreendeu vendo-a sentada e ereta, os olhos cheios de dor, mas um rosto impassível.

Pam tentou sorrir, sentou na borda da banheira e masageou os cabelos da amiga, depois desceu para os ombros indo até o meio das costas.

–O que acontece com você, Lia? Sempre acaba distante... – em resposta a menina deitou a cabeça no colo da amiga e fungou.

–Não importa. – ela puxou Pâmela para dentro da banheira; logo estavam jogando água uma na outra rindo suavemente e esquecendo por que estavam ali.

THALIA

Só quando saímos da água, que Pam se lembrou o que havia acontecido para eu estar ali. Ela me ajudoua secar o corpo e a me vestir. Me levou até seu quarto. Não era grande ou chique ou organizado. Na verdade era adoravelmente bagunçado de um jeito que só ela sabia ser. Sentamos na cama e ela penteava meus cabelos com suavidade enquanto eu divagava olhando para as paredes. Fui tomada pela moleza e a irritantente fraqueza pós banho. Adormeci no colo da minha amiga. Acordei olhando para os lados confusa, até conseguir identificar o quarto. Ao meu lado uma bandeja com suco e algumas bolachinhas; meu estômago revirou em protesto apenas em vê-las. Na porta Felipe me olhava em silencio, se aproximou e passou uma pomada em minha pele, desde os braços até as pernas, onde hviam diversos arroxeados.

–Você devia comer – ela acariciou meu rosto gentilmente.

–Não consigo.

–Vou trazer um pouco de mingau... – ele me deu chances de contrariar. Minha cabeça pesava e meus pulmões ardiam. Fechei os olhos e quando os abri não estava mais no quarto de Pam.

O solo era terra e areia, uma arquibancada nos cercava e caveiras dançavam no teto. No meio da arena ele estava de costas para mim, vestido do mesmo modo em que eu vira momentos atrás, os cabelos cor de areia bagunçados se moveram como se houvesse uma corrente de ar apenas nele. Ele se virou sorrindo para mim, com os braços abertos, os olhos brilhando em alegria.

–Pensei que me deixaria esperando. – corri para seus braços sem pensar e fui envolvida em um abraço forte; forte demais.

–Luke... – ele aproximou seu rosto do meu sorrindo malignamente. Os olhos dourados que não pertenciam a ele – Não!

–Sim! – ele riu, me apertando mais; sentia as costelas se partirem enquanto eu me contorcia de dor – Luke não existe e a culpa é toda sua!

Levantei tremendo e suando frio. Minhas costelas doiam, mas estavam inteiras. Só percebi que chorava quando Felipe enxugou minhas lágrimas. Me sobresaltei engasgando com os soluços...

–Thalia, Thalia... – ele me abraçou e o pesadelo pareceu se tornar real por segundos dolorosos – Está tudo bem. Você vai ficar bem...

Pâmela deitou ao meu lado, segurou minha mão direita enquanto enxugava o suor da minha testa. Seu irmão, ajoelhado no chão, colocava colheradas rasas de mingau em minha boca. Eu não queria, mas não podia recusar aqueles cuidados. Eles conversavam comigo, contavam besteiras, pegadinhas, eles não se importavam se eu respondia ou não, mas queriam que eu me distraisse do meu subconsciente atormentado.

Eles me pediram para descansar e prometeram não me deixar sozinha. Foi reconfortante, mas não adiantava dormir. Abri os olhos e o quarto havia mudado. Era o quarto da minha mãe. Estava como da última vez que eu o vi, quando, em um acesso de insanidade, pulei a janela e fugi. A janela se encontrava aberta e a chuva do lado de fora molhava parte do quarto.

A porta se abriu com violência já que estava trancada... A imagem me foi surpreendente. Hugo entrou com o cinto já em mãos e a expressão de fúria no rosto. Ele foi jogado para o lado colidindo com a parede. Minha mãe entrou no quarto olhando para todos os lados com medo. Abriu o guarda-roupa, olhou de baixo da cama e viu sua caixinha de jóias aberta. Ela não prendeu o choro quando viu o que faltava. Ela correu até a janela aberta olhou para todos os lados que podia. Fungando, cega de lágrimas ela descia as escadas correndo, abriu a porta e saiu na chuva...

–THALIA! THALIA! NÃO! Não... – Hugo pegou-a pela cintura e a levou para dentro a força enquanto eu via seu desespero... – Não! Eu quero minha filha... Minha filha, Hugo...

Levantei arfando. Di Imortales! Eu estava chorando de novo, mas dessa vez minha companhia no quarto era diferente. Os cabelos ondulados vermelhos se moveram tão rápido quanto o meu despertar. Os olhos perolados da deusa me analisavam. Tinha um pano quente em minha testa que escorregou quando levantei.

–Minha querida... Isso vai passar. – sua voz era suave e me embalava.

–Como... Como?

–Seu amigo prestoou muita atenção em cada detalhe do que você contou a ele dias atrás – ela sorriu – Ele me chamou. Coloquei um pouco de néctar no seu chá; beba. – engoli tudo sem sentir nenhum sabor – Como se sente?

Pensei por um tempo; queria ser o mais franca possível.

–Como... É como se parte de mim não estisse mais, estivesse... – não consegui dizer; apertei a mão no peito esperando sentir o camafeu, mas... Me desesperei mais. Apalpava os lençóis, jogava travesseiros no chão. Não era possível...

–Thalia! O que significa isso?

–Sumiu. Sumiu – minha voz afinava em meu desespero. Levantei e revirei as bagunças de Pam procurando o que me faltava.

–O que sumiu?

–Meu camafeu. Ártemis, eu... – caí de joelhos no chão chorando copiosamente – O que aconteceu?

–Eu esperava que você me dissesse. – sua calma me chocava e me desesperava mais – Você disse que ia caminhar não voltou mais. Passaram cinco dias até seu amigo entrar em contato. E faz mais dois dias que estou aqui.

–Não. Eu não...

–Você dormiu por tempo demais...

–Eu, eu caí no labirinto e... – baguncei os cabelos – O que aconteceu? Por que está me olhando assim?

–Assim como?

–Como se algo horrível tivesse acontecido e eu estivesse envolvida; como se eu fosse desmorronar.

Ela suspirou.

–O labirinto caiu. Não existe mais. Dédalo se foi – olhei-a com apreenssão.

–E...

–Seus amigos voltaram da missão...

–Ártemis! Pare de enrolar! Vou ter um ataque se continuar assim.

–Eles viram Luke. – ela me olhava com receio – Minha querida, sei que ainda se importa com ele, mas... Ele foi possuído pelo titã. Sua alma não existe mais e o corpo logo perecerá.

Foi um alívio tão grande estar no chão, pois tenho certeza de que teria desabado.

–Sua dor vem dele. Ele foi a parte de você que se foi... – chorei na frente da deusa como eu só me permitia chorar em solidão; eu pensava que aquilo também fizesse parte das alucinações – Thalia, ele não se importa... – ela recomeçou – Você não deveria se importar...

–Antes de tudo nós éramos amigos, irmãos... – olhei para ela em desespero – Eu nem sei como te explicar o que eu sinto...

[...]

Passaram mais três dias enquanto eu ainda ficava no apartamento dos irmãos. Ártemis não podia ficar e eu compreendia. A deusa deixara uma lista com instruções do que fazer comigo, de como eles poderiam cuidar de mim. Agora, Pam e eu assistíamos epsódios de Game of Thornes; Felipe chegou com algumas sacolas da confeitaria. Comemos tortas de coco e no fim do programa decidimos por sair. Elesconcluiram que eu precisava sair e tomar um ar.

Fomos até a pista de skate; Pam e eu apenas observávamos Felipe cair diversas vezes no chão. Era fácil esquecer meus problemas quando estava com eles. Estava bem, tudo estava normal até uma águia pousar ao meu lado trazendo uma pedaço de papel enrolado na perna. A mensagem era óbvia; me despedi deles, agradeci o cuidado, mas disse que tinha que ir, prometi voltar logo, mas eu mesma não sabia se poderia cumprir. Andei pela cidade até chegar ao Empire State. Difícil deduzir aonde eu ia?

O salão dos deuses estava quase vazio. Zeus, Ártemis, Afrodite e Ares se encontravam presentes, mas do tamanha “normal” de um adulto. Eu não conseguia deduzir qua a minha relação com o último deus citado, pensei diversas alternativas, mas nenhuma fez sentido.

–Hã... O que eu estou fazendo aqui? – quebrei o silencio perturbador.

Zeus tomou a palavra.

–Você deve estar ciente de que os titãs tem patrocinadores bastante rico e mortais. Descobrimos nomes e eles devem receber duas opções: ou mudam de lado ou morrem.

–Eu me encaixo onde?

–Em sua grande maioria são homens desesperados – Ártemis falou com repulsa.

–Você vai seduzi-los, encantá-los... – Afrodite continuou falando.

–Opa, opa, opa. Espere ai. Por que não encarregou suas filhas para isso?

–Encarreguei. Tenho muitas garotas lindas percorrendo o mundo caçaando por homens maus – ela riu – Além disso, eu te disse que você teria uma ocasião para usar aqueles lindos vestidos...

Eu estava exasperada; me voltei para Ares.

–E o que você tem aver com isso?

Ele riu.

–Estranho, não? – a voz era grossa e rude – Alguns recusaram a oferta e é aí que eles entram... – as portas se abriram atrás de mim e dois homens adultos no auge dos 30 anos entraram. Um deles tinha a cabeça raspada, os braços musculosos a mostra e vestia calças ao estilo militar; era tão branco que eu consegui ver suas veias de longe. O outro tinha cabelo, mas muito pouco, era negro e tão forte quanto o outro, este trazia nas costas uma petralhadora e preso a cintura um cinto que trazia facas e pistolas. Me senti atraida por toda aquele áurea masculina e bruta.

–Pai – eles se curvaram para Ares e se voltaram para os outros deuses fazendo revenrencias superficiais deixando óbvio que respeitavam mais o pai.

–Ótimo. Eles são seus filhos. E daí?

–Você vai seduzir os patrocinadores, vai lhes oferecer a oportunidade de trocarem de lado, se aceitarem bem, se não aceitarem caberá a vocês matá-los. Os filhos de Ares serão seus guarda-costas, seus parceiros.

Zeus resumiu tudo. Fiquei alguns segundos com a mão no pescoço ainda buscando pelo camafeu que misteriosamente desapareceu do meu pescoço. Olhei para a deusa da caça.

–Você concordou com isso?

–Contanto que não faça nada que corrompa sua pureza...

–Entendi.

–Agora nós vamos a um lugarzinho especial, princesa – Ares disse com ironia; não tive a chance de perguntar o que ele queria dizer – Vamos dar um passeio por um dos meus lugares favoritos.


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Notas finais do capítulo

Hey gente! Que saudades! Bom começando, eu tive um problema seríssimo com meu computador e minha semanas de provas começou; juro que não deu mesmo.
Se o cap, não ficou tão bom quanto vocês esperavam ou se tiver mais erros do que o normal, por favor, peço que me perdoem. Se não for pedir muito, ainda quero saber como está a fanfic, sabem? Saber se ainda estou agradando vocês.
Bom, até logo. Bjss
* Logo, logo eu pretendo postar mais outras duas fanfics Thaluke para vocês ;)