As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 48
Entre outras coisas, brigo com a filha de Ares


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
Demorei um pouquinho, mas é que agora a unica coisa que realmente me importa é a qualidade de cada capitulo, então eu posso demorar uma, duas semanas ou talvez até um mês! Mas quero que quando postar o capitulo tenha qualidade e que compense o tempo em que estive ausente, ok?
Acho que vocês devem concordar, mas enfim...
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/320849/chapter/48

Confiar... Uma palavra pequena, mas que nos faz perder muito quando a depositamos nas pessoas erradas.

E as promessas? Aonde é que ficam as palavras juradas?

Os seres humanos ou mortais, vão perdendo a capacidade de confiar em alguém seja deus ou homem; vamos perdendo toda a compaixão pelas pessoas em que depositamos sonhos e selamos com promessas... A cada promessa quebrada.

... Mas no fim, tudo é apenas um enorme vazio conhecido como mágoa.

THALIA

A presença do deus havia devolvido conforto a minha alma agitada pelo estranho sonho. As lembranças eram estranhamente reais, principalmente a dor do veneno despejado por Luke. Eu ainda consegui sentir o liquido espesso do veneno da poderosa Píton escorrendo por entre meus seios e se perdendo no meu corpo... Mas o colar; o camafeu roubado era frio e me acalmava a pele de uma maneira boa.

Em passos lentos voltei para frente do espelho e analisei minha imagem: uma adolescente com um corpo frágil e cansado, olheiras nos olhos e uma trança se desmanchando. Eu, com toda certeza, havia crescido desde o dia da minha “morte”, mas não aparentava ter a idade que realmente tinha... Mas não cheguei a me importar com isso.

Dei as costas para a imagem cansada refletida no espelho e voltei minha atenção para a janela. Afastei a cortina com a ponta dos dedos. O som de flechas lançadas e espadas colidindo se fundia a imagem de campistas correndo pelo acampamento, mas eu percebia os olhares que lançavam para o meu chalé...

Fechei as cortinas com mais força do que tinha intenção. Eu estava cansada; realmente cansada. Dormir era algo que embora eu quisesse, não tinha coragem de fazer. Uma lagrima desceu pelo meu rosto... Não! Não acredito que estou ficando fresca a esse ponto!

-Não vou chorar. – sussurrei para mim mesma, enxugando a lágrima traiçoeira que me escapou – Nunca tive esse costume e não é agora que terei! – mesmo em sussurro minha voz era firme; um tom que não admitia discussões ou uma resposta contraria.

Ignorei meus medos e a falta de coragem e voltei para a cama fofinha. Respirei fundo, três vezes, mas ainda era capaz de sentir meu corpo tremer.

Tomada por uma estranha certeza, levei as mãos ao colar... E o abri. Vi pessoas importantes para mim, embora algumas, ou quase todas, eu nunca chegaria a admitir tal coisa: minha mãe; os cabelos lisos e pretos, a pele mais bronzeada que a minha, os olhos em um tom de castanho tão escuro que chegava a parecer preto. Meu pai; o poderoso Zeus a quem eu havia puxado praticamente todos os traços; a pequena loira Annabeth; certo sátiro e...

Pousei um dedo sobre a imagem do loiro e a vi tremeluzir. Consegui dar um fraco sorriso e voltei a respirar fundo... Meus olhos se fecharam... Mas dessa vez, Morfeu não brincou comigo ou com meus sentimentos.

[...]

Os dias eram quase todos iguais para mim. Annie vinha duas vezes no dia me ver e trazer algo para comer, já que eu me recusava a sair daquele pequeno refugio, mas eu não comia. As tardes e noites eram a mesma coisa para mim... E no mais fundo de mim sentia a sensação de solidão que sentia quando estava com minha mãe e o meu padrasto.

Minha distração era quando Annie ia embora e eu tinha a minha liberdade de mexer em tudo o que tinha para se mexer. Revirei as roupas do guarda-roupa analisando cada uma e confirmando que, no fim, gostava delas. No fim das minhas buscas e analises, achei um celular lindinho com varias musicas interessantes.

Acabei por passar meus dias com os fones no ouvido e admirando as fotos do camafeu encantado. O pequeno objeto no meu pescoço, agora, tinha uma foto a mais: um garoto de cabelos negros e olhos verdes.

Percy vinha me ver também. Ele passava algumas horas conversando comigo e, às vezes, era capaz de me fazer rir. Descobrimos personalidades semelhantes, quase iguais, então talvez, e apenas talvez, eu pudesse confiar nele. Era algo em que eu temia arriscar...

Confiar... Uma palavra pequena, mas que nos faz perder muito quando a depositamos nas pessoas erradas.

E as promessas? Aonde é que ficam as palavras juradas?

Os seres humanos ou mortais, vão perdendo a capacidade de confiar em alguém, seja deus ou homem; vamos perdendo toda a compaixão pelas pessoas em que depositamos sonhos e selamos com promessas... A cada promessa quebrada.

... Mas no fim tudo é apenas um enorme vazio conhecido como mágoa.

Ficar no chalé era algo particularmente difícil e o distúrbio de hiperatividade não ajudava a tornar as coisas fáceis...

Mas vamos direto ao ponto: não sei quantos dias cheguei a aguentar esse marasmo, mas, sentada na minha cama, estava apenas admirando o camafeu; vendo as imagens mudando aos poucos...

-O que você ainda faz aqui dentro? – a voz foi um choque para mim assim como a porta se abrindo. Guardei o colar o mais rápido possível dentro da blusa e voltei os olhos para o deus e o centauro.

-Estou fazendo exatamente o que não estou fazendo do lado de fora. – respondi em um tom de voz normal; não sem antes notar o brilho nos olhos do deus quando este desceu os olhos para minha blusa, no lugar onde estava o colar.

-Thalia...

-E você é? – perguntei olhando o centauro, logo depois de cortar-lhe o começo de frase.

-Sou Quíron, diretor de atividades do acampamento. – ele também lançou um olhar para minha blusa, mas ao contrario do deus, ele não sabia exatamente o que tinha ali - E nós... – ele optou por ignorar o “objeto”.

-Vieram aqui por quê? – eu estava adorando cortar as falas deles, mas só por brincadeira.

-Cobrar a sua saída do chalé. – Dionísio disse no seu costumeiro tom grosso.

-Você está aqui, trancada, há quase 10 dias exatos. – o centauro continuou em um tom muito mais simpático. – Você teve seu tempo para se recuperar de todos os seus ferimentos...

-Você se refere aos ferimentos físicos ou os morais? – joguei na cara deles sem a intenção de dizer o que disse. Fechei a boca e tentei controlar mais minha língua.

- Vamos mostrar todo o acampamento e você vai aproveitar o resto dessa semana e a próxima também. Treinamento intensivo digno do seu sangue... Ahh – Dionísio bufou.

-Vamos, Thalia. – Quíron me chamou. Algo em seus olhos me deixou intrigada... Será que ele realmente entendeu o que minhas palavras diziam?

-Será que posso trocar de roupa, primeiro? – eu estava usando um short extremamente curto e cinza claro e uma blusa folgada em um tom de cinza chumbo.

-Pode. Coisas de menina... – eles continuaram parados no mesmo lugar e eu ergui uma sobrancelha... Tipo, meus deuses o que é que eles tão pensando? Será que ouviram a minha pergunta?

-Tchau! – disse em voz alta e bastante grossa e eles pareceram se tocar do que havia acontecido.

-Coloque a camiseta do acampamento. – o deus rosnou e saiu com o centauro fechando a porta... Aquilo foi estranho...

Levantei-me relutante e segui até o guarda roupa. Peguei um jeans normal e achei a camiseta laranja do Acampamento Meio-Sangue; para completar, calcei os coturnos. Deixei meus cabelos soltos mesmo e tive o trabalho de conferir que o camafeu não ficaria marcado nem na blusa e nem a corrente no pescoço.

Saí do chalé e encontrei os dois me esperando. Eu não apenas sentia como via quase todos os olhos presos em mim. Senti uma súbita vontade de perguntar o que tanto olhavam. Como o Quíron havia dito, eu tinha passado 10 dias lá dentro, já deveria ter deixado de ser assunto.

Passamos pelo refeitório (onde soube que cada chalé tem o seu; no caso, Percy e eu ficávamos sozinhos), a parede de escalada (nessa coisa eu não vou!), os estábulos (onde fiquei encantada com os cavalos; mas não demonstrei.), e passamos em frente ao arsenal (alguns filhos de Hefesto olharam para mim com aberta curiosidade, mas apenas um sorriu para mim; retribui em um pequeno movimento com os lábios) e chagamos na arena.

Quíron contava como os treinos funcionavam; normalmente, ia-se um chalé por vez. Mas não prestei atenção nas palavras do centauro. O que eu via me prendia a atenção de uma maneira nova para mim.

Uma menina lutava de forma feroz com um lança elétrica (lógico que não era como a minha e que comigo funcionaria ainda melhor), mas uma faca estava presa ao cinto e uma espada nas costas. Era uma filha de Ares, eu não duvidava disso. Mas parecia faltar alguma coisa nela...

A menina voltou seus olhos para mim, deixando de fitar os bonecos de palha. Então todo o chalé pareceu nos notar ali, mas nada conseguiu quebrar o olhar intenso destinado uma a outra. Senti Quíron ficar tenso ao meu lado, mas não fiz mais nada.

-Ora... Se não é a bonequinha de Zeus que saiu do esconderijo. – Um menino brincou e os irmãos riram... Não neguei um sorriso.

-Se me chamar de boneca de novo, você será a nova boneca de Hades. – disse ainda com um sorriso, mas um sorriso irônico. Senti o menino ferver de raiva e alguns ficarem tensos, mas outros riram abertamente do moleque abusado.

-Acho que você não sabe quem nós somos... – A menina que lutava começou em um tom quase ofendido...

-São filhos de Ares, mas até agora não vi nada do pai de vocês. – os outros chalés já se encontravam lá e observavam com medo e interesse.

Os moleques ficaram vermelhos e a menina estava prestes a colocar aquela lança na minha garganta.

-Se acha superior só porque é filha de Zeus, mas nós nunca vimos nada de extraordinário vindo de você! – a menina cuspiu as palavras e depois cuspiu no chão próximo aos meus pés.

-Acho que é o contrario. Você se acha superior porque acha, só acha, que luta melhor. Você não tem experiência. Nenhum de vocês. – olhei para cada filho e Ares e pude sentir todos os outros campistas prendendo a respiração.

-Ótimo! – Dionísio sorriu finalmente achando alguma coisa interessante – Clara...

-Clarisse! – a menina corrigiu.

-... A líder e melhor campista do chalé de Ares irá lutar em um combate individual com Tainá...

-Thalia! – corrigi com um tom grosso e ríspido e até o deus voltou seus olhos faiscantes para mim.

-... Filha de Zeus.

A menina dos bonecos de palha sorriu achando que já tinha a luta ganha. O único menino de Hefesto que sorriu pra mim, se manifestou protestando contra a luta:

-Mas Thalia esta bastante pálida e parece cansada. Seria muito mais sensato adiar o combate...

Milhares de campistas partiram defendendo a idéia de que eu poderia precisar de mais tempo em repouso, mas os campistas de Ares pareciam acreditar que talvez essa fosse uma das únicas chances da irmã poder ganhar o combate... Estava tudo uma baderna até uma única voz se sobrepor...

-Ela consegue. – Annie tinha um olhar um pouco preocupado, mas um sorriso radiante no rosto – Vocês nunca a viram lutar como eu vi. Ela consegue. – Annie voltou a repetir e Clarisse sorriu aprovando a opinião da loira.

A guerreira pegou a lança elétrica e o escudo do chão e voltou a me encarar. Não me agüentei e ri, quase gargalhando e pude ver a tensão se acumular em todos.

-Você espera me vencer nessa luta com isso? Uma lança elétrica contra uma filha de Zeus, o Senhor dos Raios? – não me agüentei e ri de novo.

-Pegue suas armas. Já que tem coisa melhor. – A menina rosnou.

Bati em meu bracelete e pronunciei o nome; Aegis se ativou e vi todos desviarem o olhar. Saquei minha lança elétrica e pude ver uma leve cintilação de medo nos olhos de Clarisse. Joguei a lança no chão, fazendo a ponta se prender no chão de terra e pude sentir uma leve eletricidade percorrer sobre o solo, fazendo os pés de todos formigarem com a força. Desativei o escudo e joguei o bracelete do lado da lança pregada ao chão.

-Não acho justo lutarmos com armas elétricas, já que causariam um grande dano nesse acampamento. – comentei e Clarisse se livrou da lança, jogando-a para o irmão mais próximo. Os campistas de Hefesto vieram em minha direção, assim como Percy e Annie.

-Acho que isso pode servir. – o menino voltou a sorrir de forma gentil, me oferecendo um escudo muito bem feito, mas continuou segurando-o – Não é melhor do que aquele que você tem, mas acha que pode te servir bem. Ah, e sou o Charles Beckendorf, filho de Hefesto.

-É um prazer, mas acho que você ja sabe quem sou e quem é meu pai. – dei um sorriso de lado e ele também.

-Acho que ela pode te servir bem... – Percy me mostrou sua espada, a incrição em grego para contracorrente gravada foi facilmente compreendida por mim.

-Tem certeza? – perguntei.

-Não vai te servir tão bem quanto me serve, assim como tenho certeza de que sua lança não corresponderia muito comigo. – ele bagunçou os cabelos e me deu um sorriso e um breve abraço de lado e riu com a minha careta. –Boa sorte.

-Se lembra dela? – Annie sussurrou para que só eu ouvisse suas palavras. Como eu poderia esquecer? Aquela lamina pequena havia sido um dia de Luke e minha mente ainda parecia ter as lembranças da noite em que encontramos a pequena Annabeth tão claras quanto se é possivel imaginar.

-Lembro. – Annie me entregou a faca e foi à única que viu aonde eu a escondi. Me virei de frente para a filha do deus da guerra e a vi com uma armadura completa. Outros campistas vieram me oferecendo uma armadura tão completa quanto à da menina. Vesti o colete de couro e meus pulsos foram envolvidos com o mesmo material, mas dispensei o resto da armadura.

Percy me entregou a espada e Beckendorf o escudo; guardei a espada na parte de dentro do escudo, ao alcance da minha mão e outro campista me entregou uma lança comum.

...Seria uma boa luta...

Clarisse sacou a lança e caminhou na minha direção... Seus passos se aceleraram e logo estávamos, as duas, dando passadas rápidas na direção uma a outra.

Ela ergueu a lança e tentou me acertar, mas eu desviei para o lado. Ela recuou nas mesmas passadas rápidas. Segui quase correndo em sua direção e, com muito mais força do que aparentava ter, bati a ponta da lança com força sobre o escudo.

O impacto foi forte e Clarisse recuou cambaleando de leve. Ataquei por baixo, mas fui impedida pelo escudo... As lanças começaram a se chocar, se cruzando; cada uma impedindo um golpe de ser feito. Minha lança passou a milímetros do pescoço da menina que, com um golpe similar, me forçou a flexionar meu tronco para trás. Ergui o corpo já atacando suas costas... O golpe foi defendido pelo escudo.

O pessoal que assistia parecia chocado. Pelo visto, a menina não era do tipo que defendia, mas sim o tipo que ataca. Minha lança foi parar na lateral do seu corpo no sentido horizontal. A filha de Ares a prendeu no sentido oposto achando que me desarmaria... Mas foi o contrário. Com o escudo, quebrei a ponta de sua lança e por muito pouco não a atingi na cabeça.

Forcei-a recuar e voltei a erguer o escudo. Clarisse atacou apenas com o escudo e eu forcei minha lança para um ataque em baixo; minha lança foi quebrada com chute bruto e ela sacou a espada das costas. Bloqueei o primeiro ataque com o escudo e em um giro rápido, saquei a minha espada no exato segundo de repelir outro golpe.

Percy tinha razão. A espada era muito bem feita, mas era própria para um filho de Poseidon. Ela me servia bem, mas era um pouco pesada em minha mão, mas nada que pudesse prejudicar essa luta.

A melodia aguda e mortal das espadas se chocando parecia despertar um instinto adormecido em mim. Filhos de Zeus possuem grande maestria com a espada, mesmo uma lamina que não foi feita para você. Eu havia nascido para lutar, tinha a guerra no sangue, um espírito de guerreira maior do que grande parte dos semideuses, isso era uma certeza... Mas Clarisse também tinha.

Os sons das pedras rolando em nossos pés eram quase inaudíveis e um vento gostoso se apoderou da arena por míseros segundos, me enchendo de força e bagunçando meus cabelos soltos. Em um golpe rápido, Clarisse chegou perto de abrir uma brecha no colete de couro, mas isso foi breve... Mas fez o ego dela subir.

Ela tentou um golpe possivelmente mortal, mas que foi aparado por mim: seu braço da espada estava impossibilitado no momento e o escudo permanecia ao lado do corpo. Ela tentou ergue-lo, mas um golpe forte com a espada a aturdiu... Assim pulei no ar e chutei seu peito coberto pelo colete.

Ela tropeçou em uma pedra e nos restos da lança, caindo no chão sobre o escudo. Os campistas voltaram a prender a respiração e só então me dei conta. Todas haviam se afastado o máximo possível de nós duas com medo dos golpes.

Ela se livrou do escudo devagar, parecendo sentir dor no braço. Seu corpo parecia encharcado de suor e seu rosto se encontrava vermelho. O suor ainda começa a se formar na minha testa, mas acho que essa luta acabaria antes.

-Levante-se Clarisse. – ela continuou no chão, mas já dava sinais de querer voltar à luta. – Você e seus irmãos ainda têm que entender com quem estão brincando. – disse com raiva e joguei o escudo no chão.

... Agora era só eu e a espada...

Ela se aproximou correndo, também apenas com a espada. Em sua raiva cega, seus movimentos me pareceram quase previsíveis. A luta ficou mais rápida agora; cada movimento que eu descrever a você, saiba que foi em uma fração de milésimos:

A espada de Clarisse veio pela direita e depois pela esquerda; em cada golpe inclinei meu corpo para o lado sem nem tirar os pés do mesmo lugar. Meu terceiro movimento foi girar para trás do corpo da menina cortando sua coxa.

O grito de raiva veio junto com a espada... Contracorrente colidiu com o bronze da outra espada. As duas lâminas estavam cruzadas em forma de X e Clarisse não parecia disposta a recuar, então eu faria com que recuasse. Forcei as espadas, empurrando-as para longe de mim e Clarisse não conseguiu sustentar o golpe.

... Ela sacou sua faca e a lançou na minha direção... Ouvi os campistas gritarem, alguns pensando que ela havia vencido e outros que aquele golpe poderia realmente me matar... Agarrei o cabo da lâmina ainda no ar e em um giro, lancei-o de volta para a dona.

A faca se alojou na mesma perna do corte na coxa; pare ser precisa, bem na frente do corte. Ela ofegou e em meio segundo eu estava na sua frente. Um golpe tão rápido e simples tirou a espada das mãos da menina.

Dei as costas para ela dando um giro no sentido horário, enquanto ela retirava a lamina da pele... Coloquei a perna direita atrás das suas duas e forcei o mesmo ombro contra o seu... Em um semi giro, completando a volta que eu começara, saquei a faca de Annabeth do mesmo lugar onde escondi o colar, entre meus seios, minha espada estava na parte de trás de seu pescoço e a faca na frente.

O corpo da menina dependia do meu apoio e do meu cotovelo que apoiava suas costas, impedindo que sua pele encontrasse a lâmina da espada, mas a faca estava realmente encostada em seu pescoço.

Eu via medo, surpresa, raiva e respeito em seus olhos... A lâmina curta da menina foi largada no chão e seu tilintar ecoou por bastante tempo.

-Lâmina fria, não? – perguntei em tom amigável como se apenas conversássemos sobre facas. Soltei seu corpo que caiu no chão de terra. Ela ofegava bastante, mas se sentou ainda olhando para mim com uma mistura de emoções.

Devolvi a espada para Percy e a faca a Annabeth enquanto todos os campistas me olhavam com medo. Andei em passos firmes e autoritários de frente para os vários semideuses e sátiros que estavam reunidos. Eles pareciam recuar assustados; eu tinha certeza que meus olhos faiscavam e que meu semblante era temível.

-Mais alguém? - Perguntei em tom quase normal; ninguém respondeu. Voltei meus olhos para o chalé de Ares – MAIS ALGUEM? – eles abaixaram a cabeça.

Segui até a minha lança e meu bracelete; guardei os dois e voltei para uma Clarisse chocada e sentada no chão. Estendi a mão para que pegasse, mas ela me olhou desconfiada.

-Vamos, é só uma mão. – eu tinha um leve sorriso e isso pareceu tranquilizá-la; ou aterrorizá-la ainda mais? Ela aceitou a ajuda e ficou de pé na minha frente. – Você é uma excelente guerreira, mas não tem experiência lá fora. E Acho que você pode ser ainda melhor do que nos mostrou hoje. – ela pareceu sorrir como se o elogio viesse de outro... Como se viesse de um deus... Do meu pai.

Peguei sua mão e conduzi seu braço ao redor do meu pescoço, apoiando-a e retirando o peso da sua perna ferida. Dois irmãos vieram correndo na nossa direção e levaram Clarisse para a enfermaria.

Em um segundo todos me olhavam com medo e com o fôlego preso, no outro, aplausos e gritos eram tão audíveis quanto o possível.

-ISSO – Quíron gritou, mas baixou o tom de voz – foi extraordinário. – o centauro voltou seus olhos para Annabeth – Ela lutava assim antigamente?

-Sim! Foi muito melhor do que eu lembrava! – Annie veio me abraçar e os aplausos recomeçaram de novo. Tirei as peças de couro e perguntei a Annie e Percy;

-Com quem eu tenho que lutar pra conseguir um lanche? – eles riram e me levaram até a cozinha.

[...]

O crepúsculo se aproximava e eu me encontrava de frente para a Casa Grande. Quíron havia me chamado e dizia que tinha um assunto importante para conversar comigo. Eu estava sentada na grande área observando a mudança de cor no céu e, por um segundo, pensei ter visto os mesmos olhos que os meus.

O som de cascos deixava claro que Quíron se aproximava.

-O que queria comigo? – perguntei sem deixar de olhar o céu.

-Quero conversar. – seu tom era amigável e me fez sentir em casa... Em casa... Será que eu alguma vez soube sentir o que é isso?

-Quer falar sobre o que? – as cores se misturando me encantavam e os primeiros pontos prateados apareciam no céu; não levaria muito tempo para Apolo sumir e Artemis brilhar na vastidão dos reinos de meu pai.

-Sobre você e Luke – virei meus olhos para ele.

-O que?

-Quero falar sobre quando você vivia nas ruas com os dois semideuses, Luke filho de Hermes e Annabeth filha de Atena.

-Por que quer falar sobre isso? Pensei que o passado estava morto assim como logo muitos estarão.

-Agora, com uma guerra se aproximando, vejo que o passado pode significar muito no presente... E no futuro. – ele fez uma pausa enquanto eu pensava em suas palavras; tinha medo do que poderia vir a seguir. – Você me deu a entender que, de alguma forma, você não está muito bem.

Permaneci em silencio; eu sabia aonde ele iria chegar e negaria tudo o que fosse possível...

-Você e Luke... O que eram um para o outro?

-Como assim?

-Eram conhecidos, amigos...? – ele iria continuar, mas não deixei.

-Éramos amigos.

-Deu a vida para um amigo, Thalia... Ele não era nada mais? – ele me olhava com ternura e esperava por uma resposta que eu nunca daria.

-Éramos como irmãos. Ele me defendia e eu o defendia; discutíamos um com o outro, mas no fim acabávamos rindo de tudo. – eu disse olhando o céu que já estava muito mais escuro.

-E por que seus ferimentos morais, seus sentimentos ainda estão machucados? Ele te decepcionou?

-Luke nunca me decepcionou... Mas foi a primeira pessoa em quem eu realmente confiei, a única pessoa em quem eu realmente confiei à vida toda.

Passou-se um momento em silencio.

-Vocês não eram nada mais?

-Não.

-Você diz que ele não a decepcionou...?

-Acho que existi uma diferença bastante grande entre decepcionar alguém e magoá-la.

Me levantei e segui em passos lentos para o chalé de Zeus... Fazendo grande esforço para não pensar nele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro meu.
Me mandem opiniões e, se quiserem, sugestões do que pode acontecer agora!
BJss =D