As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 21
A noite no refugio




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THALIA

Caminhamos de forma lenta para podermos apreciar a noite. A pequena Annabeth havia adormecido há algum tempo em meus braços, e embora eu estivesse cansada minha prioridade era dar aquela criança todo o conforto possível e que em um dia lhe fora negado.

Luke caminhava do meu lado sempre com uma espada em punho; atento a qualquer monstro que pudesse nos atacar. Agora, como ele havia recuperado sua espada, eu não sabia! Bom, ele é um filho de Hermes, e essa é a única explicação que eu possuo no momento.

Chegamos a uma rua um tanto deserta e paramos na frente de um pequeno chalé não muito distante do Rio James. Havia uma inscrição logo acima da porta em grego antigo: Haven για ημίθεους. Traduzida, a inscrição dizia: refugio para semideuses.

Antes de qualquer coisa, pude sentir que o lugar era protegido por magia.

Luke abriu a porta e entrou na frente checando o interior da casa para saber se era seguro. Em um sussurro quase inaudível ele chamou meu nome confirmando que era seguro entrar.

O interior do pequeno chalé era muito confortável comparado com o chão duro ao qual estávamos habituados. Havia duas camas e três sofás espalhados pelo pequeno local.

Com cuidado, coloquei a pequena Annabeth em uma das camas. Corri meu olhar por todo o ambiente e localizei o que procurava. Luke me seguia com olhar o tempo todo, até entender o que eu estava fazendo.

Havia um pequeno armário em um canto mais afastado. Dirigi-me até La e retirei um cobertor e voltei para a cama da pequenina e cobri-la. Observei ela se aconchegar sob o peso confortável do edredom. Era visível que ela se sentia querida e segura.

Senti uma mão me segurando pela cintura e me puxando para mais perto de si. Permiti-me olhar para o loiro e sorrir. Aconcheguei-me em seus braços enquanto sentia seus lábios quentes em minha testa.

Qualquer um que nos visse agora diria que parecemos uma família. E nós somos! Era tão bom poder pensar que independente do que acontecesse nada mudaria entre nós três. Sempre seriamos uma família.

Fui em direção do sofá e me sentei ainda olhando a menina dormindo em um sono profundo sem sonhos. Luke se sentou ao meu lado; seu olhar ia e vinha de Annabeth até mim. Juntei meus cabelos soltos e os joguei em cima do meu ombro.

Luke olhou para mim um pouco preocupado e perguntou:

- Vamos contar para ela amanhã? Digo... Que ela é uma semideusa?

- É o certo, não? – minha voz soou mais baixa que um sussurro – Ela merece saber quem é.

- Então explicaremos tudo a ela amanhã. – ele completou meus pensamentos.

Luke reprimiu um bocejo. E eu não consegui conter um sorriso.

- Você dorme na cama. – eu não sugeri; eu afirmei.

Ele olhou para mim como se fosse discordar, mas eu não lhe dei oportunidade. Fiquei de pé na sua frente e peguei suas mãos puxando ele de modo que ele também ficasse de pé. Ele abriu a boca para tentar protestar, mas, novamente, eu não deixei: selei seus lábios nos meus em beijo curto, mas cheios de significados.

Aos poucos fui empurrando o rapaz até chegar ao lado da cama e o empurrei. Luke caiu deitado no colchão. Ele deixou escapar um sorriso, embora seu olhar tentasse, tentasse, me repreender.

- Boa noite. – sussurrei e me dirigi até o sofá onde me deitei e adormeci no mesmo instante.

LUKE

Rolei no colchão pelo o que me pareceram horas, mas na realidade não passou de vinte minutinhos. Um sorriso bobo parecia petrificado em meu rosto e eu não conseguia desfazê-lo ou deixar de pensar no motivo dele estar em meu rosto.

Família.

Eu finalmente tinha uma família!

Tinha ao meu lado duas meninas lindas que fariam parte da minha vida para sempre. Elas sempre seriam a minha prioridade.

O sono não me vinha, enquanto em flashes meu pensamento voltava estar nas duas meninas. Pensar em como ambas ficaram surpresas com a minha resposta de sermos uma família. Pensar em como dois belos sorrisos haviam aparecido com a promessa de sermos uma família.

Sentei-me no colchão e passei a observar as meninas mais importantes da minha vida: Annie dormia tranquilamente. Quando olhei para Thalia percebi que ela tinha uma das mãos no peito e segurava algo prateado.

Levantei e me ajoelhei ao seu lado. Assim que me aproximei do sofá, Thalia deixou que sua mão pendesse e que seus dedos soltassem o estranho objeto prateado. Era um camafeu. Quando abri vi duas fotos: em uma estava uma jovem de cabelos negros lisos e olhos castanhos profundos. A outra era um jovem executivo de cabelos castanhos levemente cacheados e olhos azuis como o céu... Azuis como os de Thalia.

Percebi que estava olhando para os pais da menina e me senti um intruso em suas memórias. Mas algo me surpreendeu: ainda dormindo, Thalia esboçou um pequeno sorriso e as imagens no camafeu começaram a mudar. Agora era visível uma jovenzinha de olhos cinza e cabelos loiros. A outra foto era de um rapaz loiro de olhos azuis. Com um susto percebi que olhava para o meu rosto.

As imagens se alteravam entre os pais da menina, Annabeth e eu.

O camafeu mostrava as pessoas mais importantes para você, aqueles ao qual, você querendo ou não, esta ligado. Pessoas com quem você se importa e que nutre um sentimento forte por elas.

 O camafeu era encantado. E eu tinha certeza de que fora o próprio Zeus quem deixara ele para a sua amante.

Fiquei imensamente feliz por ver minha imagem e a de Annie em seu camafeu e percebi que era aquela menina a razão da minha insônia.

Tomei Thalia em meus braços com delicadeza e comecei a andar em direção a cama. Parei durante um minuto para observar a menina em meus braços e quando baixei meu olhar, Thalia encostava seu rosto em meu peito, como se estar em meus braços trouxesse todo o conforto para o seu ser. Foi a minha vez de sorrir.

Coloquei seu corpo no colchão com ainda mais delicadeza do que antes e observei meu ótimo trabalho durante poucos segundos. Tratei de esconder o camafeu dentro da blusa da menina e só então quando deitei no sofá o sono me veio.

Aquela foi a melhor noite da minha vida: sem sonhos, sem pesadelos, sem visões sombrias.

No exato momento em que amanheceu, despertei do meu sono. A primeira coisa que notei foi à claridade dourada do sol refletida claramente nos cabelos de Thalia e Annabeth: os fios loiros da pequena Annie pareciam ser pequenos raios de sol, enquanto os fios de Thalia pareciam estar mesclados com ouro. Era difícil saber qual era mais bonito!

Fui em direção ao pequeno jardim do lado de fora do chalé. Chequei todo o perímetro da casa para ter certeza de que estávamos todos seguros. Depois de ter absoluta certeza, passei a observar o pequeno jardim que cercava a propriedade: estava muito mal cuidado!

Era visível muitas ervas daninhas espalhadas pelo gramado excessivamente alto. Mas algo se destacava em meio a tanto mato: duas delicadas rosas. Uma branca e a outra vermelha.

Não perdi tempo e colhi as duas flores tendo o cuidado de tirar todos os espinhos. Esgueirei-me para dentro da casa e me aproximei das duas camas. Olhei primeiramente para Annie deitada de bruços e deixei a rosa branca ao lado de seu pequeno rostinho.

Voltei meus olhos para Thalia. Ela estava com uma das mãos no peito, onde eu tenho certeza estava o camafeu escondido sob a blusa, e a outra mão ao lado do rosto com a palma virada para cima. Deixei a rosa vermelha em sua mão e novamente fui para o lado de fora, desta vez procurar o que comer.


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Notas finais do capítulo

Me deixem feliz: comentem!