As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 18
Um grito de socorro




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LUKE



Preciso dizer que esta foi a tarde mais maravilhosa de toda a minha vida? Eu acho que não.

Bom, quando a chuva passou, nós nos dirigimos em direção ao rio. Demos um mergulho rápido e fomos nos secar ao sol. Thalia, novamente, havia conseguido nos secar quase por completo. Pegamos mais algumas maçãs e nos sentamos na sombra de uma arvore. Eu como um ser muito folgado, deitei no colo de Thalia, enquanto esta mexia em meus cabelos loiros.

O sol se punha á nossa frente em um espetáculo maravilhoso de cores no céu. E toda aquela paisagem exuberante parecia que se preparava para dormir: flores se fechando e todos os tipos de animais se escondendo em arvores ou embaixo destas.

Sai do colo de Thalia e me deitei na grama. Ela se deitou ao meu lado e segurou minha mão em busca de algo no qual a prendesse a este momento e não em preocupações futuras. Passamos ambos, a olhar para o céu que começava a ficar estrelado.

Estava tudo perfeito!

É... Eu falei muito cedo.

Adormecemos lado a lado e mergulhamos em um sono profundo.

Não posso dizer que tive sonhos. Seria melhor dizer que tive pesadelos.

Eu estava novamente naquele beirada de um profundo abismo escuro e sombrio. Senti todo o meu corpo se arrepiar ao ouvir aquela voz fria e áspera que parecia me cortar por dentro.

– Ora, veja só, se não é o meu escolhido! Como andam as crianças da grande profecia?

– O que você quer dizer com isso? – rebati com outra pergunta, porque não fazia a mínima ideia do que aquela coisa dizia.

– Hah, então você e a menina ainda não sabem o que o destino guarda para vocês?

– Eu não sei do que você esta falando.

Minha voz saiu tão fraca e impotente que eu não tinha certeza se o dono daquela voz havia ou não ouvido alguma palavra minha.

– Guarde bem estas palavras: os deuses sabem muito bem o futuro dos seus filhos e não fazem nada para muda-lo. O que eles, deuses – ele pronunciou com tanto desprezo que eu passei a achar que havia muito mais do um simples ódio – já fizeram por você? O que eles já fizeram para a menina de Zeus?

Eu não tinha resposta e mesmo se tivesse as palavras pareciam não querer sair da minha boca. Eu tinha muitas perguntas para fazer e minha voz continuava presa na minha garganta.

A criatura desconhecida soltou uma gargalhada que fez todo o abismo tremer. Se existe outro nível ainda mais alto de pavor, era exatamente isso o que eu sentia.

– Guarde estas palavras semideus... Guarde bem!

De repente sinto uma pressão enorme e muito incomoda em meu peito. Eu não sabia o que significava aquela sensação, mas o desespero cresceu dentro de mim. Era como se todo o meu corpo soubesse o significado daquela sensação, mas ela não chegava ao meu cérebro.

Mais uma gargalhada sombria...

No fundo de tudo isso eu pude ouvir um som terrível. O causador de todo aquele meu desconforto. Era um grito. Um grito de socorro...

Um grito de Thalia.

Isso me despertou completamente. Mas o que eu vi... Bom, só consigo dizer que não acreditei nos meus olhos.

As três Fúrias. TODAS as três estavam em cima de Thalia.



THALIA



Como foi mesmo que Luke disse? Ah é: “Não posso dizer que tive sonhos. Seria melhor dizer que tive pesadelos”.

Para começar, tive que assistir a uma cena com a qual me identificava muito: a garotinha finalmente fugiria de casa.

Eu estava novamente no pequeno quarto arrumado. É... Não estava tão arrumado assim. A loirinha estava aparentemente trancada no quarto e jogava todos os seus brinquedos e livros no chão.

–Por... Que... Você... Nunca... NUNCA... Acredita... Em mim? – a cada palavra alguma coisa ia parar no chão.

– Por quê? – Ele encostou as costas na parede e se permitiu deslizar até o chão, do mesmo jeito que as lagrimas desciam por seu rosto.

Ela estava inconsolável. Aquilo... Aquela visão partiu meu coração.

A loira levantou a cabeça decidida. Ergueu o corpo do chão e enxugou suas lagrimas. Prendeu seu cabelo em um rabo alto, de modo que agora seus cabelos não chegavam ao seu rosto. Deu uma ultima fungada e se dirigiu até a janela.

Com um aperto no peito, senti meu coração errar dois batimentos. Ela iria embora; fugiria da família.

Ela pulou a janela e correu até desaparecer do meu alcance de visão.

Da escuridão surgiu minha “estimada” meia-irmã Atena.

– A guiarei até você, Thalia.

Eu apenas assenti ainda um pouco atordoada com o sofrimento da menina.

De repente Atena expressa surpresa. No exato segundo eu não entendi, mas então senti garras no meu pescoço. Elas me sufocavam e arranhavam minha pele...

Eu gritei.

Você não entendeu muito bem, não é?

Bom, vou te explicar melhor. As três Fúrias estavam em cima de mim. TODAS as três!

Luke levantou de um salto e sacou a espada. Sua velocidade foi impressionante, mas a fúria que estava mais próximo a ele, arrancou a espada de suas mãos e rosnou. As outras duas nem ao menos desviaram seus olhos de mim. Todas as garras estavam no meu pescoço cortando minha pele e privando meus pulmões de oxigênio.

Minha visão começou a ficar embasada e aos poucos comecei a perder os sentidos... Não!

Eu não daria esse gostinho á Hades! Recuso-me a abandonar Luke e aquela criança.

Senti eletricidade. Mas não era como antes. Essa força, essa energia não vinha de algo próximo a mim ou mesmo de um objeto. Vinha de mim. E apenas de mim.

As duas Fúrias levaram um choque apenas por estarem tocando em mim. Mas eu sabia que isso não seria o suficiente para elas irem embora. Elas não desistiriam de mim apenas pela minha aparência ou por medo. Independente do que acontecesse, elas dariam um jeito de me levar até Hades.

Foi o suficiente para elas se afastarem e eu poder levantar. Rápido como um raio, meu bracelete se ativou e as Fúrias recuaram ainda mais. Por durante dois ou três segundos eles se mantiveram afastadas e eu pude ver Luke: ele rolava na grama com a terceira Fúria em uma briga particular e violenta.

Não consegui ver quem vencia, pois as outras duas já haviam se recuperado do susto. Por instinto peguei o spray de pimenta: minha lança elétrica, e passei a atacar ao invés de apenas defender.

Que fique claro: eu não sou o tipo de menina que espera calmamente o príncipe encantado vencer a bruxa má. Se for para eu viver a minha vida, não quero ser caçada! Mas se, por acaso do destino, eu for caçada, tenho que derrotar meus inimigos, sozinha! Definitivamente não sou uma pessoa dependente.

As Fúrias eram fortes demais para mim. E duas de uma só vez... Por que o mundo é tão cruel comigo?

Eu me esquivava, abaixava, pulava... Mas não era suficiente. Senti meus braços e minhas pernas serem rasgados pelas garras afiadas. Senti meu sangue quente escorrer pela minha pele fria.

Eu não via como derrota-las. Era noite e a escuridão reinava. E a escuridão é domínio de Hades.

Continuamos nossa batalha. A cada instante minha raiva crescia mais em relação à Hades e o desejo de saber o porquê dele me querer morta só fazia aumentar em meu peito. As duas Fúrias estavam cada vez mais violentas e agressivas.

Enquanto travávamos nossa luta fomos nos aproximando do rio. Elas hesitaram quando eu molhei meus pés nas águas claras do rio... Luke estava vindo também em direção ao rio.

Pensei rápido e num impulso agarrei o pulso do loiro e juntos mergulhamos no rio.


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Notas finais do capítulo

comentar não mata!!! :)