Kay era um garoto que tinha entre quinze e dezesseis anos e vivia em Hikoutruro. Até aí, tudo bem, existiam muitos garotos nessa idade que viviam nesse país. Mas Kay era bem diferente dos outros garotos de lá...

Kay falava muito pouco. Só respondia o que lhe interessava, alguns o chamavam de mal educado, evitava as pessoas o quanto podia, preferia a noite que o dia e o frio ao calor, não tinha amigos, mas todos o conheciam, sabiam q era um garoto muito habilidoso no que fazia, e bem forte para sua pouca idade.

Passava seu tempo livre vagando por lugares desertos pensando em tudo o que queria fazer, tentando descobrir um meio de fazer, isso quando não estava treinando.

Numa certa manhã, ele estava sentado perto do topo do monte akihito admirando o céu, vendo o movimento das folhas sendo levadas pelo vento, e sentindo o sol aquecer sua pele, sensação que não gostava muito, mas sentia certa necessidade de sentir. Kay fita a posição do sol, e conclui q são por volta de 8 horas da manha.

_Droga, atrasado de novo para o trabalho, o velho Oroke não vai gostar...

Mas sem pressa nenhuma ele se levantou e foi caminhando calmamente até a ferraria de Oroke, onde trabalhava, que ficava aos pés do vulcão Himustoro. Quase uma hora de caminhada depois, ele chegou até seu posto de trabalho, e quase foi atingido pelo seu avental voando a toda velocidade na sua direção.

_Oroke, eu já disse que não gosto dessas criancices! Olha sua idade! Você já tem idade para estar morto! - disse Kay para o patrão.

_Garoto, você tem que se divertir mais ou você quer mesmo perder o melhor da vida?!

Oroke era o mais próximo de um “amigo” que Kay possuía. No passado, Oroke havia combatido no exército Akistaru (Estrela Vermelha) junto com o avô de Kay e depois da morte dele, Oroke havia se tornado o melhor amigo do pai do rapaz... Antes "daquilo" acontecer...

Oroke era um velho com dois metros de altura (por dois de barriga, diga-se de passagem), cabelos grisalhos, muitos segredos e 1002 histórias para contar. Vivia reclamando da falta de humor, e alegria na vida de Kay, mas ele sabia o motivo. Por isso sempre tentava alegrar o garoto com suas brincadeiras. Muitas vezes não funcionava. Oroke olha para Kay que continua de cara fechada, e resolve parar de brincar.

_Já que você não conversa, vamos ao trabalho! - Oroke disse isso se encaminhando para uma fornalha encravada na parede do vulcão.

Há algum tempo Kay pensava em sair, viajar, para o garoto, seria a única maneira de pelo menos tentar fazer o que estava obstinado a fazer, oque ele considerava o motivo de ainda estar vivo.

Depois de algum tempo, Kay vira para Oroke e decide dizer sobre parte de seus planos:

_Oroke, acho que vou viajar por algum tempo... Aqui na cidade está muito agitado... você sabe que eu não gosto muito disso, vou procurar me fortalecer, quero ser um guerreiro.

_Garoto, eu sei o que você vai fazer... Você vai é procurar o cara que matou seus pais. Eu te conheço a um bom tempo, não precisa tentar me enganar.

_Cala a boca, velho! Não me lembre daquele dia! Eu vou sim vingar meus pais! Custe o que custar!

_Kay, você quem sabe da sua vida! Se você não quiser seguir os conselhos desse velho aqui, o problema é seu! Mas nessa viagem, você vai sofrer... você é um garoto muito forte, mas você ainda não esta pronto pra essa força.

_Quem sabe da minha vida sou eu! - disse jogando o avental no chão e em direção à saída - Eu passo aqui a tarde pra pegar meu ordenado.

***

Os pais de Kay foram mortos da pior maneira imaginável.

Seu pai era um influente general conhecido por todos em seu país e odiado por muitos dentro e fora de Hikoutruro. Ele era um dos principais Senhores da guerra.

Há alguns anos, voltando da escola da escola, o pequeno e alegre Kay Kibitsu, chegou em casa guardou a mochila, tirou os calçados e entrou.

_Mamãe! Papai! Cheguei! Olhem só o que eu fiz hoje na esco...

O garoto de apenas sete anos chega no quarto de seus pais e se depara com eles amarrados e um homem cinzento, sem rosto segurando uma katana encostada na garganta de sua mãe.

O pequeno ficou atônito. Não tinha forças nem para gritar! O homem, rapidamente, pegou o garoto, amarrou-o e jogou-o no chão.

_Boa tarde, Kay! Só faltava você para nossa festinha começar...- o homem sem rosto fez um pequeno corte no rosto do menino, que gritou.

O homem foi na direção dos pais do garoto e os mutilava, cortando partes de seu corpo. O menino, que via tudo, sofreu mais que os pais que estavam sendo torturados!

_Isso já está sem graça! - disse o homem. Kay reparava que ele tinha uma tatuagem de um cristal azul alongado no ombro direito.

Ele cortou friamente a jugular do general e da senhora Kibitsu na frente da criança de sete anos.

O assassino ainda pegou o corpo dos dois pais e saiu pela janela desaparecendo na penumbra da rua que já estava escura e vazia.

Kay permaneceu naquela posição sentado amarrado por dois dias sem mover um músculo, sem ao menos piscar. Até que Oroke, estranhando a falta de movimento na casa, entrou e o viu, desamarrou e levou para a sua ferraria...

E agora, essas cenas se passavam na cabeça do jovem Kay Kibitsu que chegava em casa para fazer as malas para a viagem e via a porta do quarto dos pais.

_Por que não me matou, desgraçado?!!! Por quê? Por quê!!!

O garoto deu um tapa no próprio rosto e correu para pegar suas coisas.

Kay morava sozinho desde seus 11 anos, antes disso, morava com Oroke, que o criara desde o acontecido com seus pais. Para que pudesse se sustentar Oroke permitiu que trabalhasse em sua ferraria, onde fabricava diversos tipos de armas. Kay era um ótimo aprendiz, com muita facilidade no aprendizado, mas se revelava muito mal educado muitas vezes, mas Oroke nunca se importou com essas atitudes, sabia pelo que o garoto havia passado. Oroke sabia muito bem a sensação de ser separado para sempre de quem se ama...

Além de ensina-lo a ser um ferreiro, e fabricar armas, Oroke também ensinava Kay a utilizar as armas que tinham, e a lutar sem elas também, ele sabia que Kay tinha grandes chances de ser o garoto da Profecia. Por isso nunca descuidava do treinamento físico e mental dele.