Seguimos McGonagall em silêncio e ordenadamente, vez ou outra nós nos lançávamos olhares confusos, em minha mente tinha respostas para possíveis perguntas que a diretora poderia fazer, um pequeno diálogo envolvendo todos se passava por minha cabeça.

Depois de alguns minutos percebi que estávamos indo em direção à antiga sala de Dumbledore (“O assunto é sério” pensei) Minerva disse a senha tão baixo que acredito que nenhum de nós tenha ouvido. Ainda em silêncio nós subimos os degraus.

–Muito bem- disse McGonagall assim que se sentou- sentem-se.

Obedecemos.

–Alguém tem algo a dizer?

Um silêncio um tanto constrangedor tomou conta da sala.

–Ninguém dirá nada? Tudo bem, eu começo- ela respirou fundo, engoli seco- nesta noite houve um problema, a área “afetada” estava sem monitoria, ou seja, não teve ronda.

Eu não precisava lembrar, não tinha ronda naquele dia.

–Bem todos vocês são monitores- Mel abriu a boca- ou tem ligação próxima com um- Mel abaixou a cabeça.

Sério que Mel tem “medo” da McGonagall?

Todo mundo tem Ronald.

–Professora- chamou o Rony verdadeiro- a senhora realmente não acha que nós fizemos aquilo não é? Quer dizer, por que nós faríamos.

–É bem provável Weasley- respondeu a diretora meio ríspida- motivo? É isso que eu quero saber...

–Se você desconfia de nós por “sermos monitores ou ter ligação com um”... - começou Mel.

–Por que não chamou todos os monitores aqui?- completei

–Boa pergunta garotas- a diretora abrir um sorriso fino e depois o fechou- os outros monitores estavam em ronda, somente Weasley, Granger, Goldstein e Potter que não estavam.

–Então somos inocentes- exclamou Tony- quer dizer, é bem mais provável que...

–Os outros monitores tenham escrito, eu sei Antônio, mas há um porém: nenhum dos monitores escreveu.

–Ora, como tem tanta certeza?- Tony tinha um tom desafiante, dei um chute no seu pé discretamente e ele caiu na real- desculpe...

–Você está certo Goldstein, não poderia condená-los assim com tanta... Certeza- a diretora pigarreou- acontece que, como sabem os monitores quando estão fazendo ronda...

–Não saem do seu lugar de ronda- completou Gina- se a pessoa quisesse “causar” ia simplesmente sair...

–Não seja estúpida- interrompi- ela queria dizer “Os monitores quando estão fazendo ronda recebem um feitiço que não podem nem sair do seu lugar de ronda muito menos fazer algum mal ou dano para a escola”.

–Com total consentimento do Ministro da Magia- completou a diretora, e lançou um sorriso pra mim.

–Então está desconfiando de um de nós? Não podia ser um amiguinho dos outros monitores?- exclamou Casey.

–Poderia, mas estavam todos na cama- Gina abriu a boca- tenho fontes confiáveis que dizem isso- Mel fez um muxoxo- e vocês não estavam, por que sempre estão envolvidos?- ela olhou para mim, Harry e Rony.

–Acredite professora. Nunca vamos achar a resposta para essa pergunta- falou Harry pela primeira vez desde que foi chamado.

Por um momento achei que a diretora riu.

–Eu tenho a certeza que um de vocês não fez isso...

–Então por que me chamou diretora?- interrompeu Gina.

–Não, não é você Gina.

“Anotado” pensei “rir disso quando sair daqui”

–Essa pessoa, que não vou dizer quem é, irá me “ajudar” para descobrir qual dos outros seis que fez isso. Creio que essa pessoa já sabe que é ela.

–Mas pichar a parede merece meditas tão... Drásticas, professora?- perguntei.

–Não é só por isso Granger! Há coisa pior- Ela parecia preocupada.

–Acha que é sério? Sobre sermos suspeitos?- disse Rony assim que os Grifinórios estavam indo para a torre.

–Acho que sim Rony- respondi- ela não brincaria com uma coisa dessas...

–Mas Mione- disse Harry, sorri ao ouvir “Mione”- estamos sendo suspeitos por pichar a escola, não acredito que ela faria algo muito ruim com o culpado.

–Ou a culpada- disse Gina olhando para mim.

–Ela não está nem ligando para quem pichou a parede Potter- disse Mel- ela está preocupada com “a coisa pior”

–O que seria essa “coisa pior”?- perguntei.

–Qualquer coisa- respondeu Harry.

–Vocês perceberam que não estamos indo para o Salão Principal?- indagou Rony.

–Você ainda sente fome Rony? Depois de tudo que aconteceu?

–Acho que ninguém mais sente- murmurei.

Ao entrar na Sala Comunal descobri que estava certa: todos os alunos estavam lá, sem exceção de nenhum, todos conversavam baixinho e quando nos viram fizeram cara de medo e silêncio.

–Hermione- exclamou Mel quando estava na porta do dormitório feminino- você tem o seu próprio quarto o que faz aqui?

–Costume- ri- vamos pra lá?

–Claro!- disseram as duas juntas.

–Eu sei quem é!- disse Mel pegando um doce que estava em cima do meu criado-mudo e se jogando na cama.

–Eu não comeria isso se fosse você- disse de repente- chegou semana passada e acho que... Ta... Estraga...

Gritei, por que foi a única coisa que consegui fazer. Mel tinha comido o doce, e estava engasgando, mas não como uma pessoa normal engasga, ela estava completamente roxa e com um super cara de dor.

–FAZ ALGUMA COISA- gritei para Casey.

–O QUÊ?- gritou a morena.

–QUALQUER COISA- respondi mergulhando para pegar minha varinha no chão.

–Ana... An... Anapneo- berrava Casey com a voz tremida.

Mel só piorava.

–Casey- chamei.

–O q-que?- a garota estava visivelmente preocupada, assim como eu, “elas sempre foram melhores amigas, entendo” pensei.

–Vai chamar a Minerva!

–Por quê?

–Só vá chamar a Minerva!

Casey saiu e eu abri o armário, sabia que tinha lá, joguei tudo para fora, estava completamente desesperada. Mel soltou um grito.

–Harry... Você faz falta- murmurei, sim, Harry teria achado antes, ele sempre acha tudo antes...

A caixinha que continha Bezoar estava no fundo do armário, sempre questionei o fato de tê-la, nunca imaginei que realmente ia precisar usá-lo. Peguei um Bezoar e fiz Mel engolir. Aos poucos ela desengasgou e sua pele voltou a cor normal, mas ela ainda parecia terrivelmente mal.

–Acho... Que não estava... Estragado Mione- Disse enquanto tossia- está envenenado.

Antes que eu pudesse responder Mel desmaiara, Casey e McGonagall entraram logo em seguida.

–O que houve?- perguntou a diretora.

Os olhos de Casey estavam vermelhos, senti um nó na garganta, não queria chorar, Mel ia ficar bem.

–Mel comeu um daqueles doces, professora, estavam envenenados, acho.

–Doces é?- ela pegou a caixa e leu- isso são balas de amendoim- abriu algumas- Melanie teve certo azar, somente algumas estavam com o “veneno” olhe.

Observei, realmente dava para perceber algo nas balas, como se estivessem com confete.

–Estranho me mandarem isso, por que sou alérgica a amendoim- disse.

–Pra você isso seria um veneno Granger- a diretora suspirou fundo ao olhar para Mel desmaiada na cama, com um aceno de varinha a garota sumiu dali- ela foi transportada para a enfermaria- suspirou novamente- acho que ficará feliz em receber visitas garotas.

–Claro professora- dissemos juntas.

A diretora saiu, mas eu pude escutar “três problemas em um dia não”.