Susana estava com o tornozelo enfaixado assim como Theo e Zoë. Mimí ao reencontrar Theo lhe deu um beijo. Todos olharam estranho, mas depois sorriram, já não era sem tempo deles dois ficarem juntos.

– Precisamos de um plano – disse Zay.

– Peraí aquilo não é... – disse Alícia apontando para uma pulseira de prata com um pingente de coração rosa avermelhado.

– Sim, é a pulseira de Afrodite – disse Zoë.

– E o que ela tá fazendo ali? – perguntou Zay.

– É parte de um ritual – disse Theo. – Aquele perto do trono de gelo é Licáon o líder dos lobos, eles se alimentam de carne humana, mas Zeus os amaldiçoou, e eles não conseguem mais comer carne humana, mas aí há um modo de reverter a situação, eles precisam da garota mais bela do mundo para fazer o ritual – disse Theo.

– Quem é a garota mais bela? – perguntou Alícia.

– Como eles sabem que a garota mais bela está entre nós? – perguntou Mimí.

– A lenda conta que Ravenna lhes concedeu um desejo em troca de se aliarem a ela, e esse desejo foi que eles saberiam quando a garota mais bela estivesse por perto – disse Zoë. – Li isso num livro de lendas da Bianca.

– E quem seria essa garota? – perguntou Mimí.

– Moças bonitas são o que não faltam aqui – disse Zay olhando para Zoë.

Zoë pulou encima dele, mas foi retirada por Theo. A jaula quadrada começou a balançar, estava sendo pendurada por um cabo de aço.

– Ei quando foi que seu cabelo cresceu? – disse Alícia a Zoë. – Me diz o nome desse tratamento capilar, porque seu cabelo...

– Depois falamos disso, com quem mais vocês vieram? – perguntou Zoë.

– Todo mundo menos Liliandil que ficou tomando conta de Alêx e Rilian – disse Mimí. – Porque ela está tão pálida? – perguntou apontando para Susana na ponta da jaula.

– Ah meu Deus! – disse Zoë desesperada. – Ela tá perdendo muito sangue!

Theo enfaixou mais o tornozelo de Susana que sangrava sem parar, e ela estava tendo calafrios toda hora, estava muito pálida e com os olhos entreabertos.

– Acho que ela está com inicio de hipotermia – disse Theo preocupado.

Zay tirou seu casaco e deu a Susana, o mesmo fizeram Alícia, Mimí, Zoë e Theo, Susana pareceu ter melhorado, estava conseguindo até falar, apesar do horrível frio que ali fazia. Zoë desejou que ali tivesse água, por que com água ela tem o dom de se adaptar a qualquer temperatura.

– Desse jeito todos nós vamos morrer de hipotermia – disse Zoë.

– Podem ficar com alguns casacos, eu não me importo – disse Susana humildemente estendendo os casacos.

– Você precisa mais – disse Alícia.

– Ela está certa – disse Zoë e todos concordaram.

Eles esperaram mais quarenta minutos. Os lobos só uivavam, o rei observava o restante e o frio aumentava.

– Eu tô virando um picolé – disse Alícia encolhida.

– O.k. gente se vocês querem esperar Pedro, Asafe, Caspian e Edmundo tudo bem, mas eu não vou morrer congelada – disse Zoë.

– Você está certa, temos que fazer alguma coisa – disse Zay á Zoë.

– Por favor, não dirija a palavra a mim a não ser que eu esteja pedindo – disse Zoë o mais rispidamente e educadamente possível.

– Se por acaso nós conseguíssemos sair daqui, como iriamos enfrentar todos esses lobos? – perguntou Mimí.

– É morrer de frio ou ser o lanche, dá no mesmo – disse Alícia sarcástica.

– Ei, mas eles não comem carne humana lembra? – disse Zoë.

– Não – respondeu Alícia. – Mas eles podem rasgar a carne, arranhar, picar e... bom, sei lá o que mais!

– Eu já sei – disse Theo. – Temos que nos mantar aquecidos para não morremos de frio, e isso só acontece quando estamos nos movimentando...

– Ei, não tem espaço pra correr nessa gaiola – disse Zoë mal-humorada.

– Mas tem espaço para a gaiola andar – disse Theo.

– E como a gente vai fazer isso? – perguntou Susana interessada.

– Eu tive a ideia quando você pulou encima de Zay – disse Theo a Zoë. – Vocês fizeram a jaula balançar, podemos fazer isso de novo.

– Eu tô com tanto frio que nem consigo me mexer – disse Alícia abraçando suas pernas.

– Nem e-eu – gaguejou Mimí encolhida.

– Nem eu – disse Theo. Havia tempo que ele estava encolhido sem se mexer.

– Você não espera que eu e ele... – disse Zoë apontando para Zay.

– É isso ou morrer de frio – disse Theo se tremendo.

– Sem chance! – disse Zoë torcendo o nariz. – Morrer de frio é mais legal!

Zay e Theo cochicharam entre si por um tempo, pareciam estar bolando um plano enquanto todos congelavam.

Zoë estava quase tremendo de frio quando Zay pulou encima dela e a jaula balançou, para esquerda e direita e fez movimentos circulares. Os dois ficaram um por cima do outro por um momento enquanto a jaula se movia e eles não conseguiam se levantar, quando a jaula parou, Zoë se jogou encima de Zay e os dois balançaram a jaula mais forte, todos se moveram e pararam na ponta da jaula. Zay e Zoë começaram a brigar, se empurrando de um lado para o outro, mas não era para ajudar, da parte de Zay era, mas a parte de Zoë só queria matar Zay mesmo.

Balanço vai, balanço vem eles já estavam aquecidos o suficientes para ficarem em pé, esperaram Caspian, Ed e Pedro durante meia hora se balançando na jaula, nenhum deles veio.

– O.k. gente isso é sério, temos que sair daqui! – disse Susana.

– Já sei! Mimí, sua espada de fogo pode cortar o ferro! Mas antes precisamos de um plano pra fugir dos lobos – disse Theo.

– Mimí pode dar saltos bem altos não? Ela já me mostrou, ela pode se esquivar dos lobos e procurar ajuda – disse Zoë. – É o único jeito.

– Ela está certa – concordou Mimí – Eu vou.

– Não Mimí, não vou deixar você se arriscar desse jeito – disse Theo.

– Eu sou a única que posso fazer isso – disse Mimí.

Os dois se beijaram.

– Eu te amo – disse Mimí.

– Eu também – disse Theo.

Zoë fingiu vomitar, mas parecia feliz pelo irmão. Mimí pegou sua espada, uma vela de ouro imperial do sol, ela soprou ar quente no pavil e o apertou com o indicador e o polegar, a vela virou uma espada, só que a lamina era de ouro imperial em chamas, a espada é muito boa e só não é imune á água, a lamina se apaga e a espada vira uma vela. Alícia, Zoë, Zay e Theo pegaram alguns casacos e prenderam nas barras de ferro estigio da jaula para os lobos e o rei dos lobos não verem o que estavam fazendo, Mimí encostava a lamina no ferro e com alguns momentos ele derretia, ela fez uma passagem realmente boa e eles tiraram os casacos da jaula.

Mimí desceu pelo buraco na jaula e ficou pendurada por alguns segundos, saltou-se e deu um mortal caindo na ponte de gelo entre o trono e os lobos, correu para os lobos onde estava a saída.

Ela corria se esquivando dando mortais pulos bem altos, isso a fez lembrar-se do que ela fez na luta com Lúcia em Solaris. Por pura sorte ela conseguiu sair dali viva, apenas com alguns arranhões, ela foi perseguida por uns seis lobos dos maiores, chegou até a mansão dos lobos e viu Asafe, Pedro, Caspian e Edmundo pendurados de cabeça para baixo há poucos metros de um caldeirão fervendo em fogo alto, em frente ao caldeirão estava um lobo forte e enorme e ao lado deles quatro filhotinhos de lobo chorando.

– Calma filhotinhos, é só o ritual ser completado e vocês vão ter a sua primeira refeição, calma, mamãe está aqui – disse a loba.

Mimí estava atrás da loba e fez um sinal para os quatro perceberem que ela estava lá, as espadas deles estavam ao lado do caldeirão. Os meninos começaram a se balançar em suas cordas para quando Mimí cortasse as cordas eles não caíssem, Mimí correu velozmente e pulou da borda do caldeirão conseguindo cortar a corda que prendia os meninos, depois de um mortal caiu ao lado do caldeirão e os meninos caíram no chão, tudo isso foi muito rápido.

Eles correram de lá. Caspian viu que tinha uma armadilha, uma pedra amarrada a uma corda que tampava a passagem para o quintal e a caverna, ele cortou a corda enquanto a mamãe loba ia passando e ela foi esmagada pela pedra, a pedra não cobria toda passagem, deixou algumas brechas pelas quais os filhotinhos passaram, mas eles não eram ameaças.

Quando chegaram á caverna, tiveram que lutar contra os lobos.