Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo


Capítulo 36
Pequena conversa, grandes planos




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  -Por que não avisou que tinha chegado? –Sebastian entrou no quarto e sentou-se ao meu lado.

  -Não te vi, achei que tinha saído.

  -Ah, chegou quando eu estava colocando comida para os pégasos...

  -Deve ser por isso mesmo... –Falei me assentando, mas encostada na cama ainda. –Pode pegar um copo de água pra mim?

  -Claro.

 Sebastian saiu do quarto e fiquei esperando. Quando chegou, se assentou ao meu lado e me entregou o copo d’água. Laçou um de seus braços em meu ombro, e ficou me olhando. O copo que eu havia pedido, não era para beber, mas para fazer hora. Comecei a rodar meu dedo indicador em círculos em cima do copo com água, e a água se movia do jeito que fazia estes movimentos. Subi meu dedo e a água subiu também, flutuava. Com uma mão controlando a água, coloquei, com a outra, o copo numa pequena mesa que se encontrava ao lado da cama. E desde então, eu estava fazendo pequenas acrobacias com a água. Isso tudo apenas para aliviar a minha tensão sobre a voz que me deu conselhos.

  -Vou ficar o tempo todo ao seu lado, na Guerra ou não. –Sebastian disse. Eu dei apenas um sorriso de lado. –Por que está assim?

  -Assim como? –Perguntei com os olhos fixos nas minhas acrobacias.

  -Calada, sem demonstrar nada, neutra... Você não é assim. Aconteceu alguma coisa? Eu posso ajudar? –Respondeu todo atencioso.

  -Ok, eu vou te contar o que aconteceu.

 Sebastian se mostrou completamente preocupado comigo, contei toda a história, desde quando saímos até quando terminei de domar o pégaso. E em toda a história, foquei meus olhos no movimento da água para tentar aliviar ainda mais a tensão. Quando terminei de contar, olhei para Sebastian e ele estava completamente sem reação, ele não sabia o que dizer sobre o que aconteceu comigo e com o pégaso mas logo caiu na real, e ficou mais do que o normal, preocupado comigo.

  -Eu sei que a decisão é sua, mas, com a possibilidade de ser Antonella, ou qualquer outra pessoa querendo lhe fazer mal, acho que deve ir para a Guerra, pelo menos lá, eu posso te proteger.

  -Eu pensei nisto também, já me decidi, eu vou para a Guerra. –Falei voltando meu olhar para a água.

  -Vai dar tudo certo. –Sebastian disse beijando minha cabeça.

  -Com toda a certeza. –Concordei.

  -Vamos ficar um pouco juntos agora? –Sugeriu.

  -Tudo bem. –Falei colocando a água dentro do copo. –Olha, não me ache uma idiota, mas eu não estou passando bem, estou com um cansaço, não prometo ser a pessoa mais meiga agora. –Eu disse sendo sincera, eu realmente estava com dor de cabeça, mas não estava com vontade de ficar namorando naquele momento. Sebastian disse que tudo bem, que era para eu descansar, ele perguntou se eu queria ficar sozinha, mas preferi a companhia dele. Ele continuou assentado encostado na cama, eu coloquei minha cabeça em seu peitoral, coloquei uma das minhas mãos sobre sua barrida, e fechei meus olhos. Ele começou a acariciar meu cabelo, o que me deixou com mais sono, e não aguentando, dormi naquela posição mesmo.

 Após um tempo, acordei, olhei para Sebastian e ele havia dormido igualmente. Achei melhor não acordá-lo, afinal, ele estava descansando como eu. Levantei bem devagar e fui até a sala. Encontrei Adella sentada olhando para seu relógio.

  -Cheia dos amores... –Sentei ao seu lado sorrindo.

  -Você não sabe o quão essa visita me fez bem... –Adella disse.

  -Ah, sei sim. Vocês realmente são apaixonados! –Falei.

  -Foi meu primeiro, e acho que único amor que eu terei. –Disse.

  -Acho muito lindo como vocês tratam um ao outro. Confesso que no início me espantei, com tanto amor, nesta idade, mas me acostumei.

  -Minha mãe, biológica, não gostaria nada disso... –Adella confessou.

  -Vamos fazer assim, sei que não sou, e que você tem uma mãe, porque não me considere como uma terceira mãe? –Sugeri.

  -Eu já considerava isto desde quando você me fez mudar. –Aquilo que ela acabara de dizer, havia me emocionado, não sabia se era pela dor de cabeça, e minha fragilidade, mas não consegui conter a emoção, e como um bebê, chorei. A abracei forte e disse que a partir daquele momento, ela era minha filha. Adella não aguentou como eu, e deixou a emoção falar mais alto. Estávamos sentadas em um sofá no qual não tinha muita intimidade, chorando, abraçadas, qualquer um que chegasse na sala iria estranhar tal momento, principalmente pelo fato de Adella, a marrenta da casa, estar aos prantos abraçadas à recém-chegada garota ruiva, que trouxe tantos problemas para aquela liga. Mas por sorte, ninguém se deparou com essa cena.

  -Ainda bem que eu te encontrei... –Adella disse se separando do abraço e enxugando as lágrimas, igualmente a mim. 

  -Eu que tenho que agradecer por ter me encontrado, a esse tempo eu poderia estar morta.

  -Não gosto nem de pensar nisso...

  -Muito menos eu. Mas, enfim, mudando de assunto, eu queria avisar que eu vou sair para dar uma caminhada, estou muito sedentária ultimamente. Se o Sebastian acordar diga para ficar tranquilo porque eu não irei muito longe daqui, apenas respirar um pouco de ar frio. –Avisei.

  -Tudo bem. Quando que eu devo ficar preocupada? –Adella perguntou.

  -Quando o Sebastian ficar desesperado, ai você toma a iniciativa de chamar ele e ir me procurar.

  -Ok. –Adella disse, e logo em seguida deixei a casa.

 Fui em direção ao Leste, onde era mais seguro e menos sombrio. Por um momento pensei em levar o pégaso junto a mim, mas achei melhor não leva-lo. No caminho, fui pensando em estratégias para a Guerra, as vezes, quando me vinha a solução, logo depois eu achava um problema que poderia arruinar tudo. Era muito difícil achar algo que pudesse nos levar à vitória. Passos e pensamentos, era o que eu fazia andando pela floresta. Embora estivesse nevando, havia Sol naquele momento, dava para ver tudo e todos que me rodeavam, era um bom dia no frio do Inverno. E como de costume, sempre há um porém.

 Ao caminho, resolvi assentar-me em uma pedra e descansar um pouco. E comecei a escutar vozes. De imediato deduzi que era aquela voz do cheiro novamente tentando me alertar sobre algo, mas prestei bastante atenção na voz, alias, eram duas, estavam conversando, e não eram nada parecidas com a voz das rimas mal feitas. Era um homem e uma mulher. As vozes se intensificavam cada vez mais, deduzi que estavam se aproximando, por via das dúvidas resolvi me esconder atrás de um arbusto que estava coberto de neve, mas que servia para me refugiar. Fiquei entreolhando o lugar pela beirada, quase não conseguindo ver nada.

 As vozes ficaram nítidas, eu tinha uma ideia de quem era só olhar e confirmar se era mesmo quem eu pensava. Bingo. Antonella e um homem que eu nunca havia visto, poderia ser mais um de seus capachos. Eles conversavam sobre a Guerra, planejavam deixarmos por último queriam uma luta particular, pelo o que eu escutei. Olhei espreitada, novamente, e vi nas mãos do homem uma chama com fogo, claramente, seu poder era relacionado ao fogo. O que era um pouco desvantajoso no Inverno, mas se soubesse controla-los diretos, poderia ser mais útil.

 Depois de um tempo escutando-os, eu ouvi o bastante para dar o fora daquele lugar antes que me descobrissem. Voltei correndo para a casa e fiz questão de avisar a todos, que estavam reunidos na sala.

  -Antonella está viva, e pretende os matar.


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Notas finais do capítulo

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