Aquilo realmente me chocou, e me fez, novamente, me prender ao pensamento de que eu era uma completa idiota. Sentei na grama, e abaixei minha cabeça e disse tentando me manter o mais equilibrada possível.

  -Wrath não disse que Antonella havia sido morta?

  -Era o que parecia... Mas parece que ela não irá descansar até se vingar de você. –Respondeu se acalmando.

  -Por mais que seja estúpido, e é; eu queria lhe pedir desculpa por tudo o que fiz hoje. –Eu disse voltando o olhar para ele. –Suicídio não é um mal caminho para agora é? –Perguntei seriamente pensando nisso.

  -Selene, para, não tem nada que fazer suicídio. –Sebastian respondeu.

  -Tenho sim Sebastian, já era para eu estar morta a muito tempo. O que está me impedindo de morrer este tempo todo é você, Adella e Wrath e a sorte. Apenas isso. –Falei.

  -Não importa por quanto tempo a morte te atormentar, você sabe que eu estarei te protegendo. –Sebastian disse, e isso me fez sentir mais idiota, outra coisa que já era para ter acontecido a muito tempo era Sebastian ter desistido de mim, e eu fiquei fazendo coisas idiotas o tempo todo com ele.

  -Olha, Sebastian, eu não queria fazer isso, e quero que saiba que não você não fez nada de errado, pelo contrário, fez tudo certo e mais um pouco. Mas acho que até eu pensar em tudo que está acontecendo em minha volta, é melhor darmos um tempo... –Tomei uma decisão.

  -Se é assim que quer tudo bem... Mas saiba que eu continuarei ao seu lado, te protegendo. –Sebastian finalizou indo até mim, se abaixando e beijando minha testa.

  -Ora, ora, ora, se não é o meu casal preferido? –Uma voz sarcástica disse entre as árvores. –Ou será que não...

 Me levantei do chão rapidamente e Sebastian sussurrou.

  -Antonella...

 Logo após do sussurro ela deixou a escuridão da floresta e se revelou a claridade da luz.

  -Saudades... Selene. –Deu ênfase em meu nome.

 -Saudades também, Antonella. –Fiz o mesmo.

  -Veja só quem está corajosa... –Antonella debochou.

  -Veja só quem continua a vadia de sempre. –Retruquei.

  -Você sabe que não deveria ter dito isso... –Disse em um tom ameaçador.

  -Por que não? –Perguntei a enfrentando. Sebastian, apenas nos olhava e escutava; estava preparado para qualquer coisa que acontecesse.

 -Porque eu trouxe amigos... –Ela disse sorrindo e atrás dela surgiram dois homens. Um era loiro, pele clara, usava trajes modernos demais, e parecia durão. O outro possui cabelo moreno, pele clara, olhos castanhos, e usava trajes mais comuns. –Estes são Dustin, - Apontou para o loiro. –E este, Jared. –Mostrou o moreno.

 Por um momento achei que eu e Sebastian estava em uma mal hora e um mal momento para encontrar com Antonella, e seus, aparentemente, capachos. E era. Os homens foram se aproximando de nós, e com cautela eu e Sebastian fomos dando passos curtos para traz.

  -Eles não mordem... –Antonella ironizou.

  -Mas eu sim. –Sebastian se transformou inesperadamente em lobo e começou atacar os dois homens, o problema era que um possuía uma seringa com um líquido que paralisava os sentidos de qualquer pessoa, e simplesmente injetou no corpo de Sebastian, e ele caiu e ficou deitado sem se mover, apenas respirava e mexia os olhos. Eu fiquei desesperada por dentro, mas mostrava um pouco disso por fora, com medo do que aconteceria comigo.

  -É melhor ficar quietinha pra que não aconteça com você igual aconteceu com o seu namoradinho... –O homem que se chamava Dustin disse se aproximando de mim, e claro, eu não fiz nada, qualquer coisa poderia acontecer, e eu lá sabia quais seriam os poderes deles. Eles me pegaram pelo braço com força, sendo que eu não faria nada contra, porque, final, nem perto da água eu estava. O homem que se chamava Jared chutou com muita força a barriga de Sebastian, e ele, rosnou.

 Dustin ficou encarregado de me vendar e me levar para algum lugar, e Jared levava com dificuldade, Sebastian em forma de lobo, também com uma faixa cobrindo os olhos. Como tudo estava numa escuridão, tentei me acalmar para não fazer besteira, como eu já havia feito demais em um só dia. Em alguns tropeços, puxões e arranhões, chegamos ao lugar misterioso que estavam nos levando.

  -Podem tirar as vendas... –Antonella mandou em Dustin e Jared. E, ambos, como perfeitos capachos, retiraram nossas vendas. O lugar era estranho, parecia com uma vila abandonada, casas com paredes rachadas, a pintura falhada, formigas andando pelas laterais das casas, era como se fosse uma vila deserta, apenas um círculo com algumas residências e curvas.

  -Deve estar se perguntando por que eu os levaria para cá? –Antonella perguntou e respondeu. –Porque aqui, Selene, você sofrerá o que me fez passar, e, Sebastian, você verá tudo com privilégio... –Sebastian rosnou. –Leve-os para a Igreja. –Antonella ordenou.

 Pedido, e feito, Dustin e Jared nos levaram para a Igreja. Dentro da mesma, havia bancos de madeira cortados ao meio, mofados, o chão cheio de terra, tudo muito abandonado.

  -Ficaram aqui até quando nós decidirmos qual será a decisão de Antonella. –Jared alertou. –E nem tentem fugir, pois a porta irá estar trancada.

 Saiu e fechou a porta, e ouvimos o barulho de chave trancando a porta. Janelas, eram das mais pequenas possíveis, apenas para iluminar uma pequena parte.

  -Acha que vai passar logo esse efeito de paralização? –Perguntei. –Oh, me esqueci, se sim, rosne, se não, dê um suspiro.

 Sebastian, logo suspirou. Fiquei assentada no chão imundo que havia naquela Igreja e se passou alguns minutos. Depois destes, Sebastian voltou a se mexer e se transformou em humano.

  -Eu vou matar a Antonella. –Disse furioso.

  -Calma Sebastian, eu sei que é meu inútil, mas ficar com raiva não vai adiantar, temos que pensar em algo para nos livrarmos dela e dos capachos. –Eu disse mais calma do que o normal.

  -Não tem como pensar em alguma coisa sem saber quem são eles, e quais os seus poderes... –Sebastian disse.

  -Então vamos ter que esperar... –Eu disse, e ele me estranhou.

  -Selene, você comeu alguma coisa? –Indignou-se. –Até descobrirmos já terão nos matados, eu sei como são os métodos de tortura da Antonella. –Afirmou.

  -Mas então o que faremos? –Questionei.

  -Alguém irá levar algumas mordidas... –Sebastian disse sarcástico e sério.