Entramos e, para minha sorte, o jantar já estava pronto. Coloquei minhas malas na sala e fomos até a sala de jantar para comer. Conversamos bastante. Contei como era Los Angeles, como foi a viajem, contei de Mike e contei de Vitor. Vovó adora Vitor e ficou muito triste de saber que ele iria ser pai. Terminamos de comer e eu ajudei minha avó a lavar toda a louça. 

Meu avô foi para o quarto tomar aqueles remédios fortes dele. Enquanto estávamos na cozinha, minha avó perguntou:

- E seus pais? Estão bem?

- Devem estar - respondi grossa.

- Quando viu eles pela ultima vez? - perguntou ela com a expressão triste.

- À uma semana atrás - murmurei.

Ela murmurou algo, mas não consegui decifrar. Eles eram meus avós por parte de mãe, pois meus avós por parte de pai morreram quando meu pai tinha apenas seis anos. Acho que é por isso que ele é bastante estérico. No fundo meu pai é carente, mas ele esconde muito bem isso.

Minha vó me ajudou a arrumar meu antigo quarto para que eu dormisse. Arrumamos tudo. Fui para o banho. Relaxei totalmente no banho e pude esfriar a cabeça. No dia seguinte iria em busca de uma escola nova e isso iria ser bem difícil, afinal, deixei todos os meus documentos em Los Angeles. Sai do banho e vesti um pijama leve, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo, liguei o ventilador de teto e me deitei na cama.

Peguei meu notbook que estava sobre a cama e liguei-o. Atualizei minhas redes sociais e quando já ia saindo percebi que Vitor estava online. Eu não iria chama-lo e digitar: "E aí amigo, como esta as coisas?", isso seria muita cara de pau.

Fiquei meia hora olhando para a tela do computador dispersa em meus pensamentos. Fui interrompida com o som de uma notificação. Era Vitor me chamando para uma conversa de vídeo. Eu queria vê-lo, mas eu não podia fazer isso! Iria ser como levar uma flechada no peito. A vontade de vê-lo falou mais alto, então, aceitei o pedido.

Em questão de segundos apareceu Vitor em  minha tela. Olhando para mim com os sentimentos a flor da pele. Eu não podia mais ler suas expressões. Ele estava sério. Nem feliz, nem triste e nem com raiva!

- Oi - murmurei com tristeza. 

- Olá - respondeu seco.

- Esta tudo bem com você? - perguntei e me arrependi assim que fechei a boca.

- Claro que esta! À dois dias descobri que vou ser pai, meus pais estão furiosos comigo e não nos falamos a algum tempo e minha melhor amiga foi embora no momento em que eu mais precisei dela. Está tudo ótimo, não acha? - irônico, sempre.

- Vitor, olha... - tentei me explicar, mas ele me interrompeu.

- Vitor nada! Eu sempre confiei em você! Sempre que você precisava era eu quem estava lá contigo para te ajudar! E agora, oque você fez comigo? - fez uma pausa e enxugou uma lágrima que ameaçava cair - Você me deixou aqui, sozinho! Você me decepcionou muito.

- Vitor, me desculpa! - eu estava desesperada, queria chorar, mas não podia.

- Espero nunca mais precisar olhar na sua cara. - disse-me com um olhar sombrio.

Eu não estava acreditando que eu mesma causei aquilo! Não podia ser! Perdi Vitor pra sempre! Nada mais podia dar errado naquele dia. Ou pelo menos eu esperava isso.