Observei aquela cena por um longo tempo, sem acreditar no que estava vendo.

Aquela menina, a que estava sempre parecendo triste, a mesma que eu “adotara” como irmã no dia anterior, ela estava brincando com as outras crianças, parecendo se divertir.

E ela estava sorrindo.

Um tanto abobado, eu me aproximei um pouco mais, apenas para ter certeza de que não estava me confundindo, e de que aquela não era apenas uma garota parecida.

Não havia dúvidas: era ela.

Uma sensação de alívio tomou o meu peito: mesmo eu não tendo conseguido ajudá-la, ela havia superado aquelas memórias ruins sozinha. Pelo visto, aquela menina era uma criança bem mais forte do que sua pequena e frágil aparência fazia parecer.

- Acho que você não precisa mais de mim... – murmurei, e de repente, me senti um pouco solitário.

Chacoalhei brevemente minha cabeça. Não, ao invés de solitário, eu devia estar me sentindo feliz por aquela garota: mesmo que não precisasse mais de mim, e mesmo que não pudesse me ver, ela estava sorrindo alegremente, e isso é tudo o que realmente importava.

Finalmente, eu me permiti sorrir: vê-la feliz, inexplicavelmente, também me deixava incrivelmente feliz. Eu realmente gostaria de poder passar mais algum tempo ali, ao lado dela, mas...

Olhei brevemente ao meu redor, pensativo, apertando levemente o cajado em minha mão. Talvez, tivesse chegado a hora de deixar aquele lugar.

Com um breve suspiro baixo, acabei tomando minha decisão.

- Adeus, pequena... – murmurei, olhando para aquela adorável menina uma última vez – Foi divertido ser o seu irmão.

E então, chamei o vento, me afastando rapidamente pelos céus. Outras cidades deviam estar precisando de nevascas, e eu, como sempre, estava precisando me divertir.