Thomas Lestor

Distrito 11.

Annie e Riven saíram da sala me deixando mais uma vez sozinho, pensei que alguém ia vim me levar para o trem, como aconteceu com tantos outros tributos, mas ao invés da mulher outra pessoa entrou um homem com cabelos grisalhos e um bigode que cobria quase toda a sua boca. Reconheci meu professor do quinto ano.

-Thomas, olhe, eu já vivi muito e vi muitos Jogos, então tenho um conselho para você.

-Qual? – perguntei.

-Tome cuidado – ah, valeu – E quando chegar à arena, não importa o que aconteça, saia correndo, se esconda, quando a noite chegar, tenha certeza: os carreiristas irão atrás dos outros tributos, então, vença por nós.

Apertei a mão estendida dele.

-Obrigado senhor.

Ele saiu da sala me deixando sozinho pensando: Porque diabos ele fez isso?

Uma porta que eu não tinha visto, porque estava atrás de mim, se abriu e a mulher que me sorteou entrou segurando Catherine pelo ombro.

-Pronto Thomas? – assenti com a cabeça – Ótimo, desculpe, não me apresentei, meu nome é Hiria, agora vamos, nós temos que ir para o trem, você e Catherine irão para a Capital.

Saímos pela porta lado a lado, e seguimos para a ferrovia, observei, talvez pela última vez, os campos cheios de plantações, um trem vermelho estava parado, os pacificadores estavam parados ao lado da porta, mas somente dois estavam lá, provavelmente os outros estavam dentro do trem esperando para nos vigiar 24h por dia.

Toda a população do onze estava parada no mesmo lugar, olhando para o trem, então de repente fizeram uma coisa que eu só presenciei uma vez: Ergueram o braço esquerdo para o alto, com o punho fechado e desceram em uma meia lua, come se fosse cortar capim, esse era o sinal de respeito do onze.

Hiria fez uma cara de horror e nos empurrou em direção ao trem, lancei um ultimo olhar para trás e entrei no trem, a porta se fechou, nos levando em direção a Capital.

-Thomas, Catherine, me sigam - começamos andar por um corredor longo enquanto a locomotiva andava.

Paramos em uma porta de metal, Hiria pegou um cartão no bolso do casaco preto de couro e colocou em um sensor na maçaneta, a porta abriu e vi um quarto grande, com uma cama de casal e um abajur, além do banheiro.

Ela olhou em uma prancheta que segurava e falou:

-Catherine, é o seu quarto.

-Hiria, quando iremos chegar à Capital? – perguntou Catherine, percebi que era a primeira vez que ela falava.

-Ao amanhecer, por quê?

-É que eu queria perguntar, porque tem uma cama?

-Porque também usamos esse trem para a Turnê dos Vitoriosos, que pode demorar dias, agora, mais alguma pergunta?

Catherine balançou a cabeça e entrou no quarto, Hiria abriu uma porta mais a frente do corredor e eu entrei.

Sentei-me na cama, com os joelhos dobrados, os braços nas coxas, as mãos no queixo, pensando: A ultima edição, eu contra 23 tributos, ou mais, eu não tenho a mínima chance, com certeza irei morrer no primeiro dia, me deitei na cama e acabei adormecendo.

Acordei com batidas na porta.

-Thomas! Thomas, acorde, hora do jantar – Hiria gritava, olhei pela janela e vi que já estava anoitecendo, sai do meu quarto com a mesma roupa, calça jeans e camiseta branca com mangas.

Me espremi por um corredor e cheguei ao compartimento de jantar, uma mesa cheia de comidas e bebidas estava em um canto e outra que Hiria, Catherine e outro garoto, mais novo que eu, com uns treze anos estavam sentados jantando, me sentei ao lado do garoto.

-Thomas, quero que conheça Rodrick, seu mentor.

(...)

Depois de alguns minutos, o único pensamento que consegui formar foi: Como assim meu mentor é um cara mais novo que eu?

-Hã, como assim um pirralho é meu mentor? – perguntei, ele se levantou furioso.

-Olha aqui, pirralho é o escambau, eu venci os jogos ok? E consegui isso sozinho – ele disse totalmente irritado.

Suspirei.

-Ok, tá, o que tenho que saber? – perguntei me jogando ao lado de Hiria, embora tenha visto muitas edições dos Jogos Vorazes, eu precisava saber.

-Primeiro o que vocês sabem fazer? – Rodrick perguntou mordendo uma coxa de ganso.

Olhei para Catherine e ela deu os ombros.

-Eu sei mexer com foices – falei, Catherine pegou uma faca afiada da mesa, observou-a, pegou um papel, jogou para trás e jogou a faca para parede, a faca pegou o papel se cravou na parede, assoviei.

-Eu jogo facas – ela deu os ombros.

Rodrick se levantou boquiaberto e nos chamou com um aceno.

-Foice é? Venham comigo – ele foi para seu compartimento, que era igual ao meu, com uma única diferença, sua cama estava cheia de armas, de adagas simples a espadas e lanças, e tinha uma foice no meio, negra com a lâmina branca, eu peguei-a maravilhado, me afastei um pouco deles e desferi alguns golpes – Ei, Thomas – Rodrick me chamou e lançou uma adaga em mim, rapidamente girei o corpo aparando a arma com minha foice.

-Gostei – Rodrick colocou um dedo no queixo – Agora, Catherine, pensa rápido – ele pegou uma espada e tentou cortar a cabeça dela, mas ela foi rápida e pegou uma faca, se esquivou para detrás dele e colocou a faca em sua garganta.

-Gostou disso? – ela perguntou.

Rodrick corou, voltei meu olhar para foice, olhei pelo espelho e vi uma coisa que não queria.

Ashley Snow

Capital.

-Ei, Ashley, acorda – abri os olhos infimamente e vi um par de olhos cor de chocolate me encarando, abri totalmente meus olhos e me sentei na cama, havia cochilado, Taylor e Jessica estavam sentados na minha cama me olhando.

-Que foi? – esfreguei os olhos com os nós dos dedos.

-Vem ver isso – Jessica chamou e foi até a porta, estranhei que estava aberta, mas segui-a do mesmo jeito, ela foi até uma escada que dava em uma espécie de varanda, ela apontou para o céu, onde varias luzes piscavam, consegui identificar um desenho, uma...

-O que é isso? – perguntei confusa.

-Algo que... – Taylor ficou triste – É que isso representa uma coisa que significava muito para mim.

-O que? – perguntei.

-Minha amiga, quer dizer, minha conhecida, isso é pra ela.

-Quem é ela? – franzi a testa.

-Primrose Everdeen, a irmã de Katniss Everdeen.