Saint Seiya: A Rosa Infernal escrita por Nyahnah


Capítulo 2
O Broto




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“O mundo instável dos humanos é realmente magnífico! Eles se apegam tanto às suas frágeis vidas que acabam tendo um forte motivo para lutar e seguir em frente. Deuses não sabem o que é isso.”



Berlin, Alemanha, século XVIII. Dia 20 de Março, 6 horas e 13 minutos da manhã. Dia do (re)nascimento de Megaera, agora nomeada como...

— O nome não importa! Peguem aquela menina! – Gritou o padeiro.

O motivo de tanto estardalhaço era, obviamente, uma garotinha (10 anos) de longos cabelos negros e olhos verdes como duas esmeraldas. Sua pele era rosada, denunciando seu gosto pelo sol. Suas roupas eram típicas de inverno, mas é claro, na noite anterior havia nevado e agora as ruas de Berlim estavam brancas como o brilho da lua.

O crime? Roubo de pão às 6 horas de uma fria manhã de inverno.

— Essa menina é muito rápida! – Ofegou o guarda que retornava, como sempre, de mãos abanando a padaria que tinha seus pães religiosamente furtados todos os dias pela mesma menina.



— Como é bom ser humana! – Anunciou Megaera a si mesma em um beco próximo a um rio congelado.

Ela comia o pão furtado com muito gosto que enchia suas bochechas gordas. Alecto e Tisífone a castigariam se vissem o que acabara de fazer e só de pensar nisso ela caía na gargalhada.

— Esse mundo instável e cheio de emoções... É muito melhor que o Elíseos! – Comentou alegremente e de boca cheia. Ela engoliu o último pedaço do pão e caminhou para fora do beco, certificando-se de que não havia nenhum guarda ou padeiro para levá-la à justiça.

E então, sua expressão de alegria mudou quando viu uma sombra passando pelo céu nublado de Berlin.

“Um espectro...? Não, o cosmo dele é muito maior!” Pensou ela enquanto seguia a sombra com o olhar. Foi então que ela sentiu um cosmo caloroso muito, muito distante de onde estava.

Curiosa, Megaera olhou em volta e, não avistando ninguém, projetou quatro asas escarlates e levantou voo atrás da sombra que ela eventualmente interceptou, reconhecendo imediatamente.

— Kairós?

Kairós era irmão caçula de Chronos. Ele já era homem feito, em seu rosto havia uma barba mal aparada e seu olhar refletia alegremente a história de todas as vidas que ele havia arruinado até então. Estava sempre vestido de terno e gravata. Sobre seus cabelos bagunçados, estava uma cartola negra e entre seus lábios o cigarro. Em suas costas havia um par de asas negras, materializadas da mesma forma das de Megaera.

— Ora, ora... – O homem sorriu maldosamente sob sua cartola. Seu rosto estava enevoado pelo cigarro. – Se não é a jovem Megaera! O que faz aqui e nesse corpo tão humano...? – Ele a olhou de cima a baixo, medindo-a com o olhar.

— Apenas curiosidade. – Respondeu seriamente. Quando percebeu, já estava envolta pela fumaça do cigarro de Kairós que a agarrou como se fosse sua amante. – Ora! Solte-me!

— Curiosidade, você diz? HAHAHAHAHA...!

Enojada pela risada e o cheiro de cigarro dele, Megaera riu baixinho, sustentando uma expressão aterrorizante.

— Do que ri garota?

— E o que você faz nesse corpo tão humano? Acaso está aqui por vontade própria? Ou seria decisão de se irmão mais velho, Chronos?

Megaera mal terminou sua sentença e foi apertada pelas mãos grandes de Kairós. Ele a encarou nos olhos com um olhar profundo e sinistro que não a amedrontou.

— Você não deveria brincar com as palavras, erínia.

— E você não deveria brincar com uma erínia.

Kairós não se conteve. Ele riu alto do que ela dissera. Parecia tudo muito desconexo para ele e Megaera simplesmente se desvencilhou de seus braços.

— Gostaria de partir numa aventura, garota? Ao santuário de Atena, talvez?

— Atena? Não me diga que...?

— Sim, esse cosmo é dela. Da jovem Atena.

— Com a condição de que você não me agarre novamente!

— Eu não cumpro nenhuma condição, garota.

Então ambos voaram em direção ao sul, onde é mais quente e onde está localizado o Santuário de Atena.



Megaera e Kairós levaram alguns dias para chegarem ao Santuário. Uma vez que tinham corpos humanos, necessitavam de descanso e boa alimentação. Era noite quando enfim chegaram às redondezas do Santuário, eles se separaram. Kairós inventou a desculpa de que precisava ver alguém e seguiu no rumo contrário de Megaera que, curiosa, voou sobre as doze casas. Contudo, antes de se separarem, o seguinte diálogo ocorreu:

— Você não vem? – Perguntou Megaera

— Não. Eu preciso encontrar alguém e já estou atrasado. – Comentou Kairós com uma risada sinistra. Ele continuou sua sentença. – E eu também não quero estragar um dos momentos mais importantes de sua vida humana.

E rindo, ele se afastou.



Megaera ainda pensava nas palavras de Kairós enquanto voava sobre as doze casas zodiacais. Quando, enfim passava sobre a casa de Peixes, um pentagrama surgiu no ar, impedindo Megaera de se mover.

— Quem ousa!? – Perguntou ela surpresa de tamanha a ousadia do ser que a aprisionara.

— QUIETA! – Ordenou uma voz imponente.

— Essa voz...!? Thanatos?

O caminho dos deuses foi aberto, distorcendo as dimensões e Thanatos, o deus da Morte, surgiu em frente ao corpo frágil da deusa que estava ajoelhada em uma prisão de energia.

— Finalmente te encontrei erínia estúpida!

— Não ouse falar isso a uma deusa maior, lacaio de Hades!

— SILÊNCIO!

Megaera sentiu o cosmo dele se elevar. Thanatos estava irado e qualquer comentário seria o fim de sua adorável vida humana. Se perdesse aquele corpo, ela teria de voltar ao submundo imediatamente.

— Sua fuga foi considerada, pelo senhor dos mortos Hades, uma traição, porém conveniente.

— Conveniente?

— Você entrará no Santuário, ganhará a confiança de todos e dará fim a vida de Atena.

— E o que faz você acreditar que me subjuguei ao seu senhor? – Retrucou em tom ousado.

— Você não tem escolha. Será minha marionete.

— Nunca! – Ela levantou com dificuldade e materializando quatro espadas a sua volta. – Sou Megaera, a Vingadora! Faço o que bem entendo e não me subjugo a nenhum deus, nem mesmo Zeus! NEM MESMO SEU PRECIOSO HADES!

— Marionetes não tem poderes. – Thanatos apontou o dedo para Megaera e ela se ajoelhou novamente tamanha a pressão da energia dentro do círculo com o pentagrama negro. Suas asas e espadas desapareceram e o poder da deusa fora selado.

— Nunca! – Megaera insistia em se levantar, inutilmente.

— Marionetes não têm memória. – Thanatos moveu a mão como se fosse uma lâmina e, em seguida, um corte surgiu na nuca do corpo humano de Megaera que logo caiu entre as rosas diabólicas da casa de Peixes.

Ela estava desacordada e perdia sangue pelo corte.



Dias depois Megaera acordou e percebeu que seu pescoço estava enfaixado. O primeiro rosto que viu foi o de um jovem muito belo vestido em uma armadura dourada. Ele parecia ter pouco menos que 20 anos. Ela, então, se sentou com dificuldade, pousou a mão na nuca e o olhou cheia de dúvidas.

— Eu me chamo Albafica, sou o guardião da décima segunda casa zodiacal. Quem é você? – Perguntou o jovem polidamente.

— Eu... Não sei.

Ela olhou em volta, como se procurasse as respostas para a pergunta dele e não importava para onde olhava, não se lembrava de quem era.

— Vienna.

Ela voltou seu olhar para Albafica, tentando entender o que ele acabara de dizer.

— A menos que você se lembre de quem é, seu nome agora será Vienna.

Vienna... Aquele nome a agradou e, com isso, sorriu para Albafica que retribuiu com um sorriso. Ela tentou abraçá-lo, mas ele se afastou, confessando sobre seu sangue venenoso.

Mesmo que sem um abraço caloroso, o olhar paternal de Albafica com relação à Vienna a fazia se sentir muito feliz. A partir dali, ela saberia como é a vida de uma humana que, na verdade, desconhece sua origem.



Santuário de Atena, Grécia, século XVIII. Dia 20 de Março, 12 horas e 12 minutos da tarde. Dia do nascimento de Vienna.


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