Veneno De Rosas escrita por Annabel Lee


Capítulo 27
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E acabou a história, pessoal! Espero que tenham gostado, e agradeço pelos leitores nos quais o comentário sempre vejo. Um beijo e um abraço para voces.



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Estou sentada na cadeira de balanço da nossa casa. Minha e dele. Nós a construímos quando Gale conseguiu um trabalho no Distrito 2. Nossa casa fica na montanha. A mesma montanha que me causou e até hoje causa milhões de pesadelos e as vezes sonhos esperançosos.

Ainda posso ver os destroços da Noz.

Minha mãe morreu faz cinco anos. Eu só a vi uma vez, quando dei a luz ao doce menininho de cabelos negros e olhos cinzentos que agora desenha árvores no chão ao meu lado.

Gale insistiu que eu deveria visita-la para apresentar seu neto a ela. Eu nunca a vi tão feliz em toda a minha vida. E ela mesma nunca me viu tão feliz, em meio a tantos problemas, a alegria de segurar meu filho nos braços me parece tão poderosa quanto as lembranças da minha jornada de muitos anos atrás.

Meu filho se chama Darius. Em homenagem ao único homem que mudou minha vida além de Gale. O homem que neste momento, meu filho ajuda na superação de sua morte, sem nem mesmo saber sobre ele. A existência de Darius, me ajuda a sorrir nas manhãs do frio inverno.

E meu pai... o único homem que neste momento, depois de 10 anos, posso ver subir a colina e acenar para mim com um sorriso. E me pedir para acompanha-lo. E a escrever: Sempre te amarei. Numa velha carta de papel ofício.

O único homem que ainda vejo sua língua ser cortada e mutilada à noite, quando durmo.

São nesses momentos que agradeço por ter Gale. Que é o único que me abraça quando tudo isso acontece.

A carta está aos poucos virando pó. Levando minha única ligação com aquele homem incrível no qual chamo de “pai” mesmo sem conhece-lo.

Eu e Gale sacrificamos muitas coisas para chegar onde chegamos. Ele perdeu a única amizade verdadeira que possuía. E sei que ainda sente falta de caçar junto dela. E sei que esse vazio eu nunca poderei preencher. Assim como há um vazio em mim que ele nunca poderá preencher.

Não. Meu filho não saberá de nada disso. E ele pode se contentar com qualquer mentira que eu direi em relação a como conheci seu pai, a como fugi de casa. E a quem foi seu avô.

Mas há coisas boas, e ás vezes, eu fecho os olhos e penso em todas essas coisas que ganhamos através de nosso caminho. Todos os momentos maravilhosos que eu e Gale ainda temos. Juntos. Sempre juntos.

Mas quando venho a montanha só vejo uma coisa. E neste momento vejo. Vejo sua cabeleira ruiva e enrolada lá embaixo, no vale. Está parada me observando. E em seu olhar posso ver uma mensagem silenciosa, que afirma que sente orgulho de mim. E que sempre vai me amar.

Volta para mim, eu imploro mentalmente. Mas ele apenas sorri. Um sorriso simples e feliz de verdade. Ele leva os três dedos médios a boca e os beija, depois os lança em minha direção. Já vi Gale fazer esse gesto quando está emocionado de verdade. É do Distrito 12.

Então, ele vira de costas e vai andando pelo vale. Desaparecendo aos poucos. Me deixando apenas com lágrimas e berros. Implorando para que ele volte.

Como meu filho está acostumado a fazer, me dá um beijo na bochecha ( a fim de me acalmar), quero me acalmar. Quero beijar o rosto de meu filho e sair deste pânico, quero dizer a ele que estou bem. Ele diz para que eu ficasse calma, então entra em casa e chama o pai.

Gale vem correndo. Ele me faz levantar, ainda berrando e chorando, e me abraça muito forte. Como sempre faz. Como sempre fará. Ainda posso ver meu pai andando para longe. Mas dentro de mim, sei que eu o verei de novo. Mais tarde, aqui na montanha.


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Notas finais do capítulo

O fim.