Veneno De Rosas escrita por Annabel Lee


Capítulo 10
Atiro Umas Facas


Notas iniciais do capítulo

Próximo capítulo: surpresas!!!



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Acordo mais cedo que o alarme. Gale ainda estava com a cabeça apoiada no meu colo, o que me faz deduzir que eu dormi ali na cama dele (coisa que jurei de pé junto não fazer).

        Coloco devagarinho a cabeça dele no travesseiro e levanto. Olho meu braço. Daqui a pouco é hora do café da manhã, então o alarme vai soar em alguns minutos.

        Olho para o garoto adormecido na cama. Parecia tão indefeso assim. Encolhido nos cobertores, com os arranhões cicatrizando. Os olhos fechados agora despreocupados, deixando seu posto de olhos extremamente alertas.

        O que eu estou fazendo? Observando o Hawthorne dormir? O que é isso, Camilla? Foco! É só isso o que você tem que manter com você além da carta do pai. E quase perdeu seu foco olhando um caçadorzinho de merda dormindo!

        Vou para o banheiro lavar meu rosto. E fico um tempinho com meu rosto embaixo da torneira. Então ouço o alarme.

        Gale abre a porta do banheiro. Ele me vê e a fecha rapidamente.

        – Desculpe – ele diz.

        – Relaxa – eu abro a porta – não estou fazendo nada demais!

        – Só está enfiando a cara na torneira!

        Começo a rir. Então paro e pego a toalha para secar o rosto.

        – Por que você quase nunca ri? – pergunta.

        – Eu rio bastante...

        – Ah, nem vem com essa.

        Saio do banheiro, mas ele para na minha frente. Me deixando corada.

        – Não vai responder? – pergunta.

        – Não sei a resposta.

        Ele fica observando meu rosto. Acho que aquilo me deixou vermelha como um tomate... Mas por que diabos eu fiquei vermelha como um tomate?

        – Você tem o rosto tão familiar – ele diz distante.

        – Tá na hora do café – passo por ele e saio do Compartimento.

        Vou para o refeitório, e fico aliviada em perceber que Gale não me acompanha. Provavelmente teria alguma reunião com os ativantes da rebelião ou algo assim.

        Também fico aliviada em tomar café sozinha. As pessoas daqui estavam sendo legais demais, o que dificulta um pouco minha frieza necessária.

        Quando termino meu café, percebo que tenho treinamento. Legal. Vai ser legal colocar a mão em uma faca, coisa que há muito eu não fazia.

        Chego no andar do treinamento e entro numa turma para iniciantes. Isso não me incomodou. Nem o fato de que maioria dos soldados tinham 14 ou 15 anos.

        Uma mulher com postura estilo “marcha soldado” caminhou até mim com uma prancheta.

        – Nome! – ela disse quase gritando.

        – Camilla Clearwater. 17 anos.

        – Soldado Clearwater. – ela disse – tem alguma experiência em batalha?

        Milhões.

        – Sim – respondo – tenho algumas, sim.

        – Alguma especialidade em particular?

        Dou um sorriso malicioso.

        – Facas – respondo.

        Ela responde o sorriso de mesma forma.

        – Bom, vou começar uns testes em você. Depois vamos ver essa sua habilidade com facas.

        Maioria dos testes envolvia esforço físico em lugares como florestas ou desertos. Tirei um 10 nas florestas. Experiência própria, devo dizer.

        O deserto foi um pouquinho complicado. Mas consegui um belo de um 8, então fiquei satisfeita.

        Uma garota treinava comigo. Havia chegado agora também. Seu nome era Silvia, se não me engano. Mas a chamavam de Soldado Rocha.

        Então a treinadora me chama. Ela me leva para uma área cheia de armas postas de forma organizada sobre um pano vermelho. E havia vários bonecos alvos.

        As facas eram simplesmente maravilhosas. Algumas longas e turvas, outras estreitas, outras pequenas como minha navalha, outras pareciam muito “máquina mortífera”.

        Pego todas. E atiro de forma certeira nos bonecos. Uma caiu no olho do boneco, outra no coração, outra na testa, outra nas partes íntimas.

        Quando terminei, a treinadora ficou me olhando incrédula. Depois bateu palmas. Sorri, um pouco envergonhada.

        – Acho que você vai pular de fase mais cedo – ela diz.

        Ela nos dá um tempo para descanso.

        Silvia fica do meu lado enquanto bebo um gole d’água.

        – Soube que você divide o quarto com o Gale Hawthorne.

        – E daí...

        – Ele é bem bonito – ela diz tímida. Ai, eu mereço!

        – Jura? Nem notei...

        – Soube que ele e o Tordo vão para o Distrito 12 hoje.

        – É.

        Ela então resolve me deixar em paz.

        Quando meu treinamento termina, decido dar uma passada na Garagem de Aerodeslizadores e continuar o "jogo". E, não sei porque, a noite passada começa a ficar se repetindo na minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

Silvia Rocha é uma personagem minha... meio chata ela, né?! rsrs