A Última Carta escrita por Camí Sander


Capítulo 16
Posso matar a sua irmã?


Notas iniciais do capítulo

Agradecendo a todos os comentários do capítulo anterior, está aqui o próximo! Espero que vocês gostem o suficiente para comentar.
PS: Uma irmã dessas não é como deveria! ¬.¬



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Não preciso dizer que Alice quase teve um surto quando viu-me ao lado de Edward ao abrir a porta. Seu atelier era algo enorme e organizado. Quando ela falou aos modelos, cerca de vinte estavam ali, contando com Edward, que eu era a nova modelista, os murmúrios encheram o lugar e os lhos verdes do irmão dela ficaram colados em mim com espanto enquanto ele lhe perguntava a razão das mudanças.

Claro que a Colcci não tinha apenas esses modelos, mas em geral, eles vinham por causa do porte físico e provas de roupas. Confesso que foi constrangedor medir Edward para fazer os moldes, mas depois de algumas vezes, eu tive que me acostumar.

Estava chegando junho e, como sempre, Alice apareceu com vários e vários modelos de vestidos e alguns ternos, pedindo para que eu fizesse meu trabalho a tempo do seu aniversário. Ela fazia anos seis dias antes do irmão e ultimamente, a festa era conjunta.

Fiz tudo com ela mandou e as roupas ficaram prontas antes mesmo do dia 5 de junho. Nesse dia ela me trouxe um croqui novo de um vestido deslumbrante. E pediu urgência.

–Mas para quem é esse? – perguntei assim que não vi o nome da modelo que o usaria.

–Para a namorada do meu irmão – ela deu de ombros e eu estranhei.

Tive que fazer o tal vestido nos três tamanhos aceitáveis, por não ter as medidas da garota. Fiz bem feito, até, para quem estava com vontade de sabotar e deixá-la nua no meio da festa. No entanto, eu tinha certeza de que Edward me colocaria para a rua se isso acontecesse. E, bem, era legal trabalhar com os Cullen. Certo, era legal trabalhar pertinho do Edward, admito, embora ele vivia ocupado viajando para verificar obras de prédios de luxo ou hospitais e essas coisas todas, em outros estados.

O dia da festa chegou e Alice teimava em me fazer ir. Era sábado e ela dera folga para todos os funcionários. Ainda eram nove da manhã e a festa seria às oito da noite.

–Não vou, Alice – falei pela décima nona vez pelo telefone.

–Mas, Bella, por que não? – ela choramingava de mentirinha.

–Preciso dizer os motivos todos novamente?

–Sim!

–Eu não vou porque não conheço ninguém direito, não tenho roupa, não sei dançar, não bebo e não faço nada do que você faz numa festa, além do mais, não sei se vou gostar da música – repeti pela quinta vez, mas agora ela fazia estalinhos com a boca como se estivesse repetindo e eu sorri triunfante.

–Ou seja, você é uma chata! – falou finalmente.

–Isso aí. – concordei tentando fazer com que ela me deixasse em paz.

–Perfeito, te vejo mais tarde então. – ela disse animada.

–Não, Alice, eu não vou – insisti.

–Mando alguém para te buscar às cinco da tarde, beijos, até mais tarde, Bellinha! – e desligou antes que eu retrucasse mais.

Passei o dia todo pensando em um jeito de dispensar a carona e, caso isso não fosse possível, arranjar uma roupa apresentável. Afinal, eu só fazia os moldes das roupas, não era uma modelo nem a estilista para ter uma penca de vestidos de festas à minha disposição para quando eu quisesse. E estava muito em cima da hora para alugar um.

Às quatro e cinquenta e nove uma buzina soou do portão. Eu ainda estava com as roupas normais e não encontrava nada razoável o suficiente. Abri o portão e dei de cara com o volvo prata de Edward entrando minha garagem.

–Oi, eu vim te buscar – ele saiu do carro, sorrindo envergonhado. Nem ele estava pronto ainda.

–Eu não vou, diga à Alice que estou morrendo de cólica e estou sem clima para festas.

–Sabe que ela nunca engoliria isso, Bella – ele revirou os olhos e colocou as mãos nos bolsos da calça jeans. – E ela disse que eu não poderia aparecer na festa sem levá-la.

–A festa é sua também.

–Precisa estar acompanhado e com o acompanhante que ela colocou na lista.

Fechei os olhos com força e respirei fundo, entendendo aquelas palavras mais do que deveria. Alice me pagaria caro um dia desses. O irmão tinha namorada e ela me colocava como acompanhante? Quem a outra levaria? O amigo? Poupe-me!

–Vou fechar a casa, não quero que você perca sua festa, senhor Cullen. Um momento, por favor, também preciso pegar um traje.

–Alice falou-me que seu traje está com ela. É por isso que ela mando-me cedo.

–Virar bonequinha da miss Cullen! – falei meio que reclamando e ele riu.

Corri fechar a casa e pegar uma bolsa para minhas coisas.

O trajeto foi um pouco torturante, pois não iríamos para a casa deles, Alice havia alugado um hotel – sim, o local inteiro – para a festa, então iríamos direto para lá. Edward estava nervoso, fato dado pelo constante movimento de suas mãos em seus cabelos, e parecia querer falar alguma coisa. O silêncio era estranho.

–Eu queria agradecer pelo terno – ele disse finalmente.

–Ah, não foi nada, eu estava fazendo meu trabalho, apenas – dei de ombros.

–Você é uma ótima modelista.

–Se eu não fosse, alguém iria me matar – eu ri e ele me acompanhou.

Ficamos mais uma vez em silêncio. E para a minha completa falta de sorte, Ben apareceu sentado no carona.

–Fala com ele. Edward quer que você fale com ele – ele disse. Dei de ombros levemente, para não despertar a atenção de Edward. – Tratamento de silêncio comigo também? Que injustiça! O que eu fiz para você me tratar assim, Bella? – ele dava espaço para que eu respondesse, mas eu continuava calada. – Vou te atazanar até você falar comigo, garotinha! Vou puxar o seu cabelo. – avisou e fechei os olhos enquanto sentia meu cabelo sendo puxado com força. – Ah, nem assim? Vou puxar o dele.

Olhei para trás imediatamente, fuzilando Ben com os olhos, mas não disse nada.

–Aconteceu alguma coisa? – perguntou Edward, preocupado.

–Vi uma coisa que me chamou a atenção, mas já passou – dei de ombros.

–Quer que eu volte? Quanto mais demorarmos, menos tempo Alice poderá torturá-la – propôs sorrindo torto.

–Não, não. Tudo bem. Outra hora eu vejo isso.

Ele deu de ombros e continuou dirigindo até que Ben cumpriu o que falara e puxou os cabelos de Edward. Este parou o carro no acostamento e virou a cabeça para trás.

Merda, Benjamín, para de ser ciumento! Eu quero ter cabelo enquanto apresento as peças da sua irmã, por favor?! – ele rosnou.

Fitei Edward assustada até que ele olhou para mim e deu um sorriso caloroso, desprezando seus atos.

–Acostumei-me a brigar com alguém invisível e sei que você não teria coragem de puxar meus cabelos – ele deu uma piscadela e eu ri.

–Você acha que Ben existe agora?

–Se eu achasse isso me internaria, moça. Só cansei de ser saco de pancadas do azar e coloquei o nome do seu “irmão” nele – ele riu e voltou a dirigir. – Mas pela sua carinha, era mesmo o Ben.

–Era – assenti.

–O que ele queria?

–Que eu puxasse assunto.

–E você não falou nada, por quê?

–Acha que eu faço tudo o que me mandam, senhor Cullen? Só me pagando e olha lá!

Ele riu. Senti-me compelida a fazer a pergunta que me matava desde semanas atrás.

–E a sua namorada?

–Que namorada? – ele me olhou rapidamente, confuso. – Não tenho namorada.

–Mas a Alice pediu para fazer um... – enquanto eu falava, a ficha ia caindo. – Posso matar a sua irmã?

–Fique a vontade para tal ato – ele sorriu. – Mas o que ela fez?

–Enganou-me de novo, talvez?

–Alice faz isso sempre. Pensei que você já tinha se acostumado, afinal, vocês não vivem para cima e para baixo como gêmeas siamesas?

–Não, ela vive assim com Kate, você bem sabe.

–Verdade, ninguém resiste à Kate, com aqueles olhos azuis! – ele parecia sonhando. – Elas são amigas desde...

–Desde sempre – interrompi, morrendo de ciúmes. – Mesmo ainda há oito anos atrás, elas já eram amigas.

–Como nós – ele me olhou e deu um sorriso torto, eu assenti. – Bella, teve aquela carta que você me mandou. Ontem eu estava vendo umas coisas e acabei achando-a e...

–E você percebeu que eu só queria ser sua amiga e não precisava ter sido tão cruel, bloqueando o contato da sua família com a minha – completei.

–Fui um idiota – ele sorriu se desculpando. – Chegamos. – ele parou o carro.

Assim que desci do carro, Edward veio ao meu encontro, pois o porteiro bloqueava minha entrada. Tive que mostrar minha identidade ao homem, porque ele não acreditava que eu era Isabella Swan. Depois do transtorno na portaria, fomos de elevador até o penúltimo andar, onde estariam os quartos de Edward e meu, frente a frente.

–Alice deve estar te esperando aí dentro – ele deu um beijo na minha bochecha. – Boa sorte, você vai precisar – e entrou na outra porta, me deixando sozinha no corredor.

Respirei bem fundo e, antes de abrir a porta, alguém gritou.

–Bando de incompetentes! Como deixaram que ele passasse? Falei que ele só passaria se a Isabella estivesse com ele! Vocês não prestam mesmo! Eu deveria deixar de pagar seus serviços de segurança! Se Edward conseguiu passar, depois de eu ter especificado bem claro que ele não poderia, imagino que tipo de ralé não virá!

–Alice? – pude distinguir a voz calma de Edward. – Ei, Alice?

–Vocês vão ver, nunca mais esse será um hotel cinco estrelas, depois que Alice Cullen falar sobre os serviços daqui!

ALICE! agora ele gritou e ela parou de reclamar. – A Bella está no quarto dela. Para um pouco e vai ver se não tenho razão antes de mandar todos irem para onde você quer mandá-los.

Consegui ouvir a garota bufar e vi a porta ser aberta com brutalidade. Ela estancou assim que me viu ali. Só percebi o telefone em sua mão quando ela o voltou para a orelha.

–Oh, sim, foi um engano, sinto muito pela confusão – e desligou correndo em minha direção e me abraçando. – Bella! Você veio! Estou tão feliz!

–Como se eu tivesse tido escolhas, não é? – murmurei enquanto ela me esmagava.

Rindo, ela me empurrou para dentro do “meu” quarto e começou a me fazer de boneca, utilizando de todas as suas habilidades em transformar alguém.

Duas horas e meia depois, ela disse-me que eu estava pronta e foi se arrumar. Como par, Alice escolhera Jasper, seu primo que ela tinha uma queda do Grand Canyon. Eu iria como acompanhante de Edward com o vestido que ela designara para a “namorada” do mesmo. Sorte minha não ter fraudado aquilo quando pude.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Eu estou pulando demais? Mandem reviews? Beeijos, minhas flores!



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