O Mundo Secreto De Ágatha. escrita por Koda Kill


Capítulo 6
O cavaleiro negro


Notas iniciais do capítulo

Ok, mais um capitulo ditado, sei que não está tao bom, mas vai melhorar kkkkk COISAS QUE VOCÊS PRECISAM SABER ANTES DE COMEÇAR A LER:
Agastar = Aborrecer-se, Zangar-se
Cínica = Quem tem ou denota cinismo
Autômato = Pessoa que age como maquina sem raciocínio ou vontade própria
Isto = Esta coisa.
Viajante = Quem viaja
Legista = Medico que se dedica aos aspectos jurídicos da profissão. (Aplicando-se ao conto = Quem tortura ou disseca cadáveres)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/318489/chapter/6

− Ícaro, apronte o Cruzado. Vou dar uma volta. – Pedi entrando de supetão no estábulo. Eu não entendo porque Ícaro gosta de passar tanto tempo nesse lugar.

− Tudo bem. Vou com você. – Disse ele se levantando.

− Não! Na verdade... – Ele me encarou confuso. – Eu estava querendo ir sozinha. – Ícaro parou pensativo e com um sorriso torto brincando em seus lábios.

− Devo dizer, eu te avisei? – Perguntou debochado.

− Cala a boca. – Reclamei. Ícaro me empurrou conta a parede segurando minhas mãos e ficando a menos de dez centímetros do meu rosto.

− Você sabe que eu nunca calo a boca. – Disse ele ainda risonho. Odiava saber que ele estava se divertindo com aquilo.

− Infelizmente, algumas pessoas não sabem a hora de parar. – Revidei soltando meus braços.

− Auch! Essa doeu. – Riu ele se afastando. Ícaro me ajudou a subir em Cruzado e abriu as portas para nós. Cruzado ainda estava meio molhado. Aposto que Ícaro tinha deixado ele ficar no lago mais tempo do que devia. Por conta disso quase escorreguei das costas de Cruzado.

Corri com ele pelo vale até meu castelo virar apensa um pontinho ao longe e entrei na floresta, correndo até achar uma clareira com um pequeno lago. Desci das costas de Cruzado e meio a contra gosto deixei que ele se divertisse por ali.

− Cuidado com as pedras! – Gritei antes que ele sumisse debaixo d’água.

Me mantive longe da copa das árvores. Elas eram sábias, mas também muito enxeridas. E por mais que dissessem a verdade, não era o que eu queria escutar agora. (Valeu Ícaro!)

Perambulei por perto até encontrar um lindo e enorme penhasco. Peguei uma pedra bonita e vistosa do chão e a apertei contra meus dedos, apreciando por alguns segundos sua textura rude e áspera.

− Com licença madame... – Uma voz disse atrás de mim. Porém estava eu tão absorta em meus próprios pensamentos que não escutei nada. – Madame... – Repetiu a voz. Mas eu não escutava. Entao uma mao pousou no meu ombro. Levei um susto tao grande que fiquei branca, amarela, azul... soltei um grito e joguei a pedra pro alto desesperando-me em seguida para resgatá-la. Ela bateu varias vezes em minhas mãos enquanto eu tentava segurá-la, ate que finalmente consegui. Pousei-a no chão murmurando desculpas, porem acredito ter levantado muito rápido ou talvez foi ver um homem enorme e de armadura completamente negra... Fato: eu escorreguei da beira do penhasco e fiquei suspensa no ar me segurando apenas em uma raiz, que pendia para fora das pedras tentando sobreviver.

− Você não sabe que não deve assustar pessoas na beira de um penhasco? – Perguntei enfurecida. – Você poderia ter simplesmente me chamado!

− Mas eu chamei! – Falou ele rindo e se abaixando para me ajudar.

− Quando eu sair daqui... Vou te dar uma surra. – Vociferei transtornada.

− Para de falar besteira e me dá a mão. – Pediu ele se divertindo com aquilo. Idiota!

− Não preciso da sua ajuda! – Reclamei.

− Assim você vai morrer. – Falou ele estendendo a mão novamente.

− Prefiro morrer a dever a vida a alguém! – Gritei.

− Tudo bem. Você que sabe. – Falou ele levantando as mãos em sinal de redenção e rindo sozinho enquanto eu resmungava tentando subir novamente. Se ele achava que só porque ele era duas vezes o meu tamanho e tinha lindos olhos azuis, ele pensava que ia escapar da luta, estava muito, muito errado.

A raiz cedeu um pouco, quase me fazendo cair. Dei outro grito instintivamente e comecei a me esforçar ainda mais para subir. Enquanto isso o cavaleiro negro se sentou confortavelmente encostado a uma pedra e começou a brincar com uma pequena faca.

− Estou te esperando pra lutar. – Falou reclamando da demora.

− Seu verme! – Gritei.

− Sim? – Perguntou ele olhando-me de soslaio.

− Tire-me daqui de uma vez! Já que VOCÊ me colocou nessa situação! – Ordenei.

− Pensei que preferia morrer que ter minha ajuda. – Disse ele girando a faca nas mãos.

− Cala a boca! Mandei me tirar daqui. – Insisti enfurecida. Rindo presunçosamente, ele caminhou ate onde eu estava me puxou de volta à terra firme. Cai por cima dele vermelha de raiva, minhas sardas deviam estar ainda mais evidentes.

− Oi nervosinha. – Falou ele com um sorriso torto desconcertante. Levantei-me rapidamente e saquei a espada, apontando-a para seu pescoço.

− Levante-se... Anda verme, levante-se! – Exigi. Ele se levantou risonho, novamente com as mãos levantadas. − Você sabe quem eu sou? – Perguntei.

− Você sabe quem EU sou? – Perguntou ele levantando uma sobrancelha.

− Você é o cavaleiro negro.

− E você é a garota doida da armadura vermelha. – Concluiu ele. – Agora que fomos formalmente apresentados...

− Eu, sou a garota que vai te dar uma surra tão grande que você vai correr de volta para o buraco de onde saiu. – Expliquei fumegando de raiva. Ele sacou sua espada.

− Isso vai ficar interessante. – Disse ele soltando uma gargalhada.

Investi enraivecida contra ele, que desviou do meu ataque facilmente, enquanto eu tirava o cabelo do rosto, bufando de raiva. Gritei por frustração enquanto eu tentava atacá-lo mais uma vez. Ele apenas deu um passo ao lado e bateu na minha bunda com a ponta da espada. Depois de alguns minutos e muitos ataques frustrados, resolvi me acalmar. Estava com muita raiva. Quando a raiva passou consegui pensar com clareza. Corri novamente em sua direção e quando ele deu um passo ao lado para se desviar, girei junto com ele. Mesmo surpreso ele conseguiu conter minha espada, que vinha rapidamente em sua direção. Comecei a rir enquanto segurava minha espada contra a dele.

− Porque está rindo? – Perguntou ele confuso. – Eu te bloqueei.

− Tem certeza? – Perguntei empurrando sua faca pequena contra o seu estomago. O sorriso finalmente deixou seus lábios. Em contrapartida eu comecei a rir e me afastei dele em direção ao lago. Ele não me seguiu.

Chamei Cruzado de volta à terra firme e confesso que subir de volta em suas costas exigiu uma grande paciência e muitas quedas, já que sua pele estava escorregadia. Na volta para o castelo em um ritmo bem mais lento, ou eu cairia no chão, comecei a escutar ruídos.

Da copa das arvores um grupo de cinco pessoas surgiu brandindo espadas e gritando. Eram três meninas e dois meninos liderados, é claro, por Cínica, uma figura abominável em minha opinião. Cínica era o tipo de pessoa completamente selvagem, sem princípios exceto seus próprios instintos: ficar viva e prejudicar os outros. Sim, eu disse prejudicar. Além de selvagem era ruim por natureza, pois só contava suas vitórias sobre a total humilhação e enojante derrota de outros.

Seus cabelos loiros desgrenhados e seus olhos castanhos frios e desalmados davam uma aparência peculiar ao seu corpo muito magro e mal cuidado como se passasse fome há dias. Seus olhos possuíam um quê de loucura e fome. Não se sabe se por fome de comida ou sede de sangre. Talvez os dois. Seus dentes amarelados, alguns até quebrados, suas unhas longas e sujas, sua armadura enferrujada, que fazia um som estridente cada vez que ela se movia e sua espada torta, completavam sua aparência dando-lhe um ar doentio de desleixo e loucura. Seus comparsas não estavam muito melhores, mas nenhum deles possuía o olhar perturbador de Cínica. Eram ao todo um grupo de mal feitores que se vangloriavam por matar, saquear, destruir e torturar. E eu não estava animada em vê-los. Esperava encontra-los com meus amigos, pois assim estaríamos em pé de igualdade. Agora eram cinco contra um. Cruzado se assustou e começou a se retorcer fazendo-me cair bruscamente no chão em um baque surdo.

– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! – Gritei quando uma dor lancinante subiu pelo meu ombro. Levantei-me rápida e saquei a espada com o braço esquerdo pendendo sem forças ao lado do meu corpo.

– Ora ora, o que temos aqui? – Perguntou Isto, um garoto gordo, desajeitado e muito cruel que colecionava os itens pessoais de quem matava. Seus dentes separados e seus cabelos castanhos e oleosos davam-lhe um ar enojante. – Se não é Agastar, nossa querida amiga.

– E então recebeu meu convite? – Perguntou Cínica com sua voz estridente e irritante.

– Infelizmente. – Respondi tentando ignorar a dor latejante do meu ombro esquerdo. Os cinco começaram a fechar o circulo ao meu redor.

– Não vai ignorá-lo não é? – Perguntou-me Legista passando a mão nos meus cabelos, como se examinasse sua próxima presa.

– Claro que não! – Respondi virando a ponta da espada para o seu queixo. Ela recuou irritada.

– E que bichinho mais feio é esse? – Interrogou Isto enfiando a espada na perna de ferro de Cruzado, que caiu sem equilíbrio.

– Cala a boca! E não toca nele, seu gordo inútil! – Vociferei brandindo a espada em sua direção e quase acertando seu rosto por duas vezes. Cruzado gemia apavorado atrás de mim.

– Tá com raivinha Agastar? – Perguntou Autômato cutucando-me as costelas com a ponta cega de sua espada.

– Afaste-se de mim! – Exigi gritando. Cínica andou lentamente até chegar bem próximo e cheirou o ar como se pressentisse o cheiro de uma nova vitória. Ela fixou seus olhos perturbados em mim e falou em uma voz debochada.

– Te espero hoje à noite. Não vá amarelar. – Disse voltando a se afastar juntamente com seus capangas.

Voltei minha atenção para cruzado que se encolhia de medo no chão sem conseguir se levantar. Acariciei sua cabeça e suas costas tentando tranquilizá-lo. Sentei-me ao seu lado e passei um bom tempo sussurrando ao seu ouvido até que ele se acalmasse. Mesmo assim um problema povoava minha mente. Com a perna mecânica quebrada, Cruzado nunca conseguiria chegar ao castelo, que ainda se encontrava distante. E eu levaria um dia inteiro até que chegasse lá a pé.

Deitei na relva ao lado de Cruzado e fechei os olhos tentando decidir o que fazer. Cada segundo que se passava era um desperdício do tempo que eu precisaria para chegar ao castelo. Depois de alguns minutos naquela posição, senti a luz fugir bruscamente e uma lamina fria encostar-se a meu pescoço. Quando abri os olhos o cavaleiro negro me encarava bem de perto sua respiração, brincava com meus cabelos e seus olhos investigavam meu rosto com curiosidade. Queria me mexer, mas alguma coisa estava no meu caminho. Talvez o corpo gigante dele, mas não tenho certeza. Um sorriso surgiu sorrateiro por entre os seus lábios.

– Acho que agora você me deve uma vida. – Disse ele presunçoso. Meus olhos se estreitaram perigosamente.

– Sai do meu meio! – Exigi irritada. E ainda mais essa, como se eu já não tivesse problemas suficientes.

– Com pressa nervosinha? – Perguntou ele sem mexer um único músculo. E a faca lá...

– Dá pra sair de cima de mim, estou começando a achar que está tentando me beijar. – Provoquei-o. O cavaleiro soltou uma alta e sonora gargalhada.

– Beijar você? Nem se me pagassem. – Disse ele finalmente se levantando. Levantei-me num pulo.

– Já se divertiu? Tenho problemas maiores pra resolver.

– Você me deve a vida, eu não seria tão mal educado assim.

– Some da minha frente. – Falei com os dentes serrados.

– Então me diga, qual o seu problema? – Perguntou enquanto guardava sua faca.

– Não que isso seja da sua conta, ou que eu te deva satisfações, mas um grupo de mal feitores danificou minha montaria e não tenho como voltar para o castelo. – Respondi irritada.

– É só isso? Eu te dou uma carona. – Ofereceu ele. Desta vez fui eu a gargalhar.

– Pegar uma carona? Com você? Mas nem morta!

– Estou começando a achar que você tem uma forte tendência suicida. E além do mais que outra opção você tem? Ir a pé?

– Tudo bem, contanto que eu dirija. – Ele me encurralou contra Cruzado e sussurrou ao meu ouvido.

– Hum, gosta de ficar no comando é? – Insinuou ele maliciosamente.

– O que? Não! – respondi empurrando-o com força para longe.

– Tudo bem, eu dirijo já que faz tanta questão. – Disse ele rindo e soltando um longo assovio. No começo não vi nada, mas em seguida uma forte ventania começou junto com um barulho um tanto incomum. Quando olhei para cima levei um susto ao ver um enorme dragão azul escuro pousando próximo a nós. Saquei novamente minha espada e a brandi em sua direção interpondo-me na frente entre ele e Cruzado. O cavaleiro apenas me olhava com diversão. Ele subiu no bicho e gritou para mim.

– Anda logo! O que está fazendo aí?

– Nós vamos nesse bicho aí? – perguntei amedrontada.

– Algum problema? – Perguntou presunçoso. – Não está com medo, está?

– Claro que não! – Respondi tentando subir no dragão, porém sem sucesso.

O cavaleiro ainda rindo disse-me onde pisar e estendeu-me sua mão para me puxar. A sensação daquela pele dura e aquecida me dava arrepios, como se meu corpo soubesse que eu devia temê-lo. A contra gosto segurei-me nas costas do cavaleiro, tentando tocar-lhe o mínimo possível, uma vez que apenas a sua presença já não me trazia boas sensações. Eu quase podia enxergar o sorriso idiota em seu rosto através de sua cabeça. Com um solavanco saímos de terra firme e voamos rumo ao castelo.

– Você ainda não me disse o seu nome. – Reclamou ele.

– Agastar. – Respondi sem entusiasmo. Na verdade eu estava meio enjoada com o sobe e desce das asas do dragão e algo não muito interessante poderia sair a qualquer momento da minha boca.

– Não vai perguntar o meu?

– Qual o seu? – Respondi brevemente.

– Diogo. – Respondeu ele sem convicção. Depois desse breve dialogo a viagem se estendeu silenciosa. Logo chegamos ao castelo e encontramos uma Amanda apavorada na torre correndo de um lado para o outro sem sair do lugar e gritando:

– Dragão! Dragão! Dragão!  – Escorreguei pelo pescoço do dragão e Diogo veio atrás.

– Obrigada. – Agradeci e virei as costas andando em direção ao castelo. Ele, no entanto segurou meu braço fortemente me impedindo de andar e me puxando para perto sem muita delicadeza.

– Agora você me deve uma vida E uma carona.

– Põe na conta das coisas que eu nunca vou te pagar. Já pode ir embora. – Mandei soltando meu braço bruscamente.

– Mas que falta de educação, não vai nem me convidar pra entrar? – perguntou ele debochado.

– Não quer entrar pra tomar uma xácara de chá? – Falei igualmente debochado.

– Já que insiste. – Respondeu ele se dirigindo-se ao castelo. Porque eu nunca sabia se ele estava apenas sendo debochado ou apenas me convencendo de fazer o que ele queria? Bufei irritada, mas o conduzi até a cozinha onde Danandra discutia com Amanda, não tão discretamente sobre o dragão. Pigarreei interrompendo a conversa.

– Amanda, por que não pega uma xícara de chá para o nosso convidado? – As duas me encararam surpresas.

– Hum, claro. – Respondeu Amanda sem jeito colocando a água para ferver.

– Então você é o dono do dragão? – Perguntou Danandra desconfiada.

– Dentre outras coisas... – Respondeu ele risonho sentando-se à mesa. Virei de frente para ele me abaixei e sussurrei no seu ouvido.

– Não importa o que aconteça, a não ser que queira ser devorado vivo, ou queira ter uma morte muito, mas muito dolorosa, não diga melancia. – Ele me encarou confuso com seus olhos irritantemente azuis, mas não dirigi mais a palavra a ele. – Gente, me desculpem, mas eu tenho um compromisso agora. Danandra, ele é todo seu. – Sai da cozinha e comecei a procurar por André. Eu não o encontrei exatamente. Digamos que a minha testa encontrou a dele.

– Me desculpe, estava distraído. – Disse André me ajudando a levantar. Sim, eu cai de bunda no chão. (Lapsos, lapsos).

– Eu estava te procurando. Já falou com o ferreiro? – Pensei em Cruzado, que deveria estar com muito medo e eu esperava que estivesse sozinho.

– Sim, ele já esta te esperando.

– Você pode me levar lá? Cruzado machucou a perna.

André concordou com a cabeça e me levou até a cidade, onde comprei minha armadura, muito cara, diga-se de passagem, e onde convenci o ferreiro a ir até Cruzado. André me deixou no castelo e seguiu com o ferreiro para encontrar minha pobre e machucada montaria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai o que acharam do Cavaleiro negro? E da cínica e seu bando? O que será que vai acontecer nesse encontro na clareira hein? Porque sera que Diogo não pode dizer melancia? E o mais importante, sera que a pedra ficou bem? Brincadeirinha! Comentem.