Capítulo 1 - A carta.
"Write Me A Letter, write it today
I'm going away, I'll be away forever"
 

- Se é assim tão importante, me deixe ler !

- Eu sinto muito Ness, eu não posso deixá-la ler, eu não quero que você se sinta culpada por nada.

-Não vou me sentir Jacob, agora me dá essa carta !!

Noite de inverno, todos os Cullen em festas socias importantes de mais para ficarem em casa e só um casal se encontrava na maior mansão da cidade. Um casal que daria tudo para não estar lá agora.

Eu falo de 2015, sete anos após o nascimento da pequena Reneesme, hoje nem tão pequena assim. Para os vampiros a despedida de Forks foi dura, mas foi necessária, a menina crescia absurdamente rápido e não sair com ela seria desperdício da sua curta vida como criança. Jacob, o mais novo dos Black e futuramente parente dos Cullen, os acompanhou por onde que fosse : Alaska, Rússia, Eslováquia, Islândia, Canadá, Dinamarca, até então Amsterdã. Pelos cálculos, eles poderiam ali se instalar por uns bons 4 anos, já que Nessie crescia mais lentamente chegando a sua fase final.

Tirando o desconforto de certos moradores da casa a presença de um lobo, tudo corria perfeito, até então. Uma carta vinda de La Push indicava que coisas nada boas estavam a acontecer, e elas já haviam começado.

- O que diz essa maldita carta então? Que te fez ficar tão triste? Que fez minha mãe ficar tão triste? Me diga Jacob! - Reneesme gritava com o melhor amigo a plenos pulmões. Não ligava para vizinhos, para reputação, a agonia de seu 'irmão' a consumia por dentro deixando-a cada vez mais nervosa, por não saber o que ele tinha, nem poder ajudar.

- É... é meu pai Nessie... - desabafou por fim o moreno, deixando-se jogar na cama do quarto rosa.

- Billy? O que ele tem? Nós o visitamos à dois meses ele estava bem, morando com vovô e Sue, e-e o Seth... Jacob, pelo amor de Merlim não me deixe nesse desespero.

Lágrimas fáceis já se formavam em seu rosto, a calma e sorrisos contantes não faziam mais parte de seu rosto perfeito. O desespero, a mágoa, a agonia do menino não contida em seu rosto, era refletida no rosto da sua pequena-ruiva parada a sua frente.

"Não posso deixá-la assim", pensava. Mas era algo que supria as necessidades psicológicas dos dois, era seu sangue, era sua família que sofria a kilómetros de distância. Ele deveria partir, sendo essa sua decisão forçada ou a escolhida de boa fé.

A menina sentou-se a seu lado, contendo as lágrimas, segurando as emoções ao máximo. Não permitia-se ser fraca, não nesse momento, muito menos na frente de quem mais precisava dela. Era a sua vez de mostrar que podia alguma coisa naquela relação de mútua necessidade. Ela precisava dele feliz, assim como ele precisava dela em seus braços.

Nessie era teoricamente, pequena demais para entender o porquê de ela ser tão importante para Jacob, mas querendo ou não ele era, senão mais, tão necessário e indispensável quanto para a menina.

Ver seu melhor-amigo, seu irmão, seu porto-seguro desmoronar na sua frente, a deixava sem chão, sem esperanças. Porque sem Jacob ela já não era a mesma. Mas pelo bem e não pelo egoísmo ela dessa vez faria tudo certo, ela seria tudo que ele precisasse, e nesse momento, era de um ombro compreensivo.

- Diga-me Jake, o que houve? - Perguntou passando a mão pelo rosto dele. - Em que posso ajudar?

-Não pode Nessie, ninguém pode de fato.

O lobo olhou para a ruiva a seu lado com os olhos mareados de lágrimas. Viajar o mundo ao lado do seu mundinho-particular de 1,70m era a mais pura e sincera das felicidades, mas sentia falta de casa. De seu pai, de suas irmãs, seus amigos e até mesmo sem bando, Seth e Leah que se recusaram a abandoná-lo. Apesar de tudo, ele havia passado 18 anos convivendo com eles. Ele crescera ali e nada no mundo o faria esquecer tal lugar.

A saudade não doía, mas ela batia forte quando o tempo sem vê-los era longo. Mas dessa vez era diferente, não era saudade de casa, era saudade daquela que ele não queria e não podia abandonar, mas iria.

- Eu tenho mais uma semana, eu já comprei minha passagem. - ao dizer isso, contudo se arrependeu no mesmo momento. A menina até então forte como uma muralha, cambaleou para trás incrédula.

-Uma semana Jake? Como assim, SÓ uma semana? E-eu não posso, i-isso não pode estar certo.

Reneesme andava desesperada para trás, esbarrando com força na parede. Ela queria fugir da verdade esmagadora, ela queria fugir da realidade que a destruiria.

"Uma semana, uma semana" sem subconciente repetia sem parar. Era muito pouco tempo, era MUITO pouco tempo, mesmo. Ela não conseguiria se acostumar com a idéia de não ter Jacob por perto em apenas 7 dias. "Sete dias não, seis e algumas horas no máximo, cada vez menos tempo".

Sua mente não absorvia a informação recebida, era pesada demais, era dolorosa demais.

-Não Jake... por que agora? Assim do nada? - foi tudo que ela conseguiu gaguejar antes de se entregar as lágrimas que teimavam em sair, ela já não tinha mais força para segurá-las.

O gosto de água salgada atingiu seus lábios em um instante. Caiam rios de seus olhos.

- Nessie, por favor não chore, por favor. - pediu o menino se agaixando no chão ao lado dela - E-eu sinto muito, papai está muito doente. Ele não quis me contar na vez que fomos lá. A carta é de Charlie, ele que tomou a decisão de nos avisar. Ele achou que eu não iria para lá por você, mas mesmo assim quis contar.

- Então por que você vai, Jake? Por que vai me abandonar assim? - as palavras sairam com mais raiva do que ela pretendia. Mas ele era seu Jake, era seu e somente seu, como poderia deixá-lo ir embora assim tão facilmente?

- Nessie, entenda, ele é minha única família com a qual eu realmente mantenho contato. Rachel se mudou com Paul e nunca mais mandou notícias, minha outra irmã nem se fala. - passava as mãos no rosto da menina a fim de secar suas lágrimas. - Ele precisa de mim Nessie, e eu preciso estar lá por ele. Eu prometo que assim que ele melhorar eu volto, não vai demorar tanto tempo assim.

Mas e se demorasse? Nenhum dos dois poderia se dar a esse luxo. Nenhum dos dois tinha tempo para desperdiçar, a eternidade nesse caso, parecia simplesmente curta demais.

- Eu... eu entendo, Jake - disse por fim, após longos minutos de silêncio.

Deitou-se no colo do menino, no chão de qualquer jeito. Não queria perder um segundo que fosse longe dele, e odiava desperdiçar seu tempo dormindo, mas seu corpo simplesmente não parecia concordar com ela.

Jake passava seus dedos no cabelo da menina, o que fez com que ela adormecesse três vezes mais rápido do que deveria. Não queria ir embora, mas não podia simplesmente deixar seu pai morrer. E ele sabia que tudo que havia falado para Nessie era mentira, mentir para ela era melhor do que simplesmente a fazer sofrer mais ainda com a verdade logo de cara. Só esperava que um dia ela pudesse o perdoar por te-la enganado.

Não, ele não voltaria tão cedo, e infelizmente não, Billy não sobreviveria. Os dois, e provavelmente Charlie também, sabiam que esse dia chegaria. A anos que Billy não está bem, e a doença só evoluiu nesse tempo todo. Ele próprio mal sabia o que o pai tinha de tanto que ele se recusava a falar sobre o assunto. Só o que sabia era que dessa vez era pra valer, dessa vez ele teria que ficar ao seu lado, não importando o quanto isso pudesse doer.

Olhou com carinho para a menina em seu colo. As lágrimas haviam deixados marcas em seu rosto perfeitamente feito, mas de qualquer modo não alterando a beleza sobre-humana que a menina exalava. Seu rosto sereno se alargava em sorrisos toda vez que Jacob acariciava-o, seu peito subia e descia acompanhando a respiração irregular da menina. Ela não estava bem, mas por ele, ela tentaria.

Seus sonhos foram conturbados, cheios de reviravoltas. Não que se lembrasse de nada nitidamente,mas não fora legal e ela sabia bem disso. Quando acordou, estava em sua cama novamente, com a roupa da noite anterior, mas pelo menos, mais confortável que o chão. Jacob havia durmido ao seu lado, tomando as precauções suficientes para se manter ao mínimo de distância que Edward permitia.

Ao vê-lo ainda desacordado, constatando que ainda não havia mais ninuém na casa, Reneesme se aproximou do menino, deitando a cabeça em seu peito, abraçando-o gentilmente.

Mesmo que o gesto tivesse sido o mais leve possível, a noite mal durmida fizera Jacob acordar com o simples toque da menina. Ao vê-la abraçada em si, não pode deixar de abraça-la também.

Talvez fosse a última vez. A primeira e última vez.

- Eu te amo minha ruiva. - sussurrou.

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Minha beta chorou nesse capítulo haha, reviews?