Um caminhão com soldados egípcios partia do interior para a capital Cairo. O veículo era militar e havia cerca de uns quinze soldados. Na cabine do motorista, o próprio condutor olhava para frente na estrada quando avistou alguém atravessando a pista de uma margem para a outra. Era um garoto mais um animal. Ele parou bruscamente e desceu.

— Ei garoto, você ficou doido? Não viu o perigo que proporcionou para todos nós e pra ti? Onde você mora e pra onde vai? — o soldado esperou a resposta, porém não obteve sucesso — Que garoto estranho. Vai, pode ficar aí se quiser. Torrando nesse sol de meio-dia. Eu vou embora, pois tenho muito que fazer.

— Moço... — o rapaz olhou para o mais velho — Dá-me uma carona até a cidade? Estou precisando ir até lá.

— De que região está vindo?

— Hamunaptra.

Ao escutar isso, o homem começou a rir, sendo imitado pelos outros. Ninguém acreditava na existência dessa cidade. Era uma lenda para o povo egípcio. A cidade dos mortos era apenas uma historia para se contar nas madrugadas no intuito de assustar pessoas.

O menino encarou o homem seriamente.

— O que foi, garoto? Você deve ser piadista pra contar piadas desse tipo. Lorota não é comigo. Vá fazer um show de stand up, que vai ganhar muito mais — ele se virou, porém o garoto se aproximou dele e pegou na mão do homem. No mesmo instante ele ficou paralisado e com os olhos vermelhos.

— Desculpa, moço. Eu não tinha outra escolha. Agora vai fazer o que eu quero. Leve-me para Cairo e me deixe perto do canal, lá no porto. Se você me fizer este favor, eu te recompensarei.

O homem assentiu e permitiu que o menino fosse. Ele se virou para o seu animal, olhou nos olhos dele e o ordenou que voltasse. O camelo retornou sem contestar. Agora o jovem estava a caminho da capital e, de lá, pegar outro transporte para a Grécia.

...

Os três cavaleiros perceberam a presença do inimigo. Eles estavam numa câmara, vendo as imagens de uma profecia do deus da morte. Subiram às escadarias para a parte superior do templo e viram vários homens fortemente armados com armaduras comuns. Eles encararam os inimigos e perceberam que Lekis servia de refém com um deles. Seiya olhou melhor o sujeito e percebeu que era o mesmo em que vira no posto de combustível.

— Quem são vocês? O que pretendem fazendo do nosso guia de refém? — perguntou o cavaleiro de Sagitário bastante sério.

— Achavam mesmo que os guerreiros da deusa Atena viriam até o território do deus Anúbis sem serem notados? Tolos. Não pensem que conseguirão sair daqui vivos. Eu entregarei a cabeça de todos ao meu deus.

O cavaleiro mais velho preparou os outros dois, alegando que todos aqueles soldados iriam atacá-los. Filipe e Siren prestaram atenção a cada possível movimento do inimigo.

O homem ordenou aos seus comparsas que atacassem os três. Os soldados ficaram preparados com suas armas para o ataque. O cerco foi fechado.

— Ataquem!

Cerca de cinco soldados foram pra cima de Seiya, que desviava dos ataques de espadas, marretas, porretes e outros. Ele desviava, mas começou a usar seu estilo de luta para acertar muitos socos e chutes. O cavaleiro de Sagitário sabia lutar artes marciais. Nada mal para um japonês.

Siren se divertia com os homens que vinham em sua direção. Ela ria da situação. Eram todos insignificantes comparados a ela. Nem mesmo vários conseguiam acertar um soco na cara dela.

Filipe derrotava seus inimigos com as suas próprias mãos. O rapaz não era nada paciente como os outros. Ele usou o seu cosmo, para o desgosto do colega mais velho que alertou para que não usasse em território inimigo. Agora era tarde.

— Sekishiki Meikai Hai... Ondas do Inferno! — ele concentrou o seu cosmo no dedo indicador e lançou várias ondas de energia nos adversários que caíram desmaiados — Agora conheçam o seu tormento no buraco de Yomotsu e a quase morte.

Os soldados foram levados para outra dimensão desconhecida. Era a colina de Yomotsu Hirasaka. Palco da luta entre Shiryu e Máscara da Morte, também de MDM, Afrodite e Radamanthys de Wyvern. Os homens olhavam assustados para os cantos. Não entendiam que lugar era aquele.

— Onde estamos?

— Estamos na colina de Yomotsu. Este lugar serve como instrumento de purgatório para aquelas almas atormentadas que não têm destino algum. Não há nada aqui a não ser escuridão, trevas e o próprio vazio. Ali é o buraco e porta de entrada para o mundo dos mortos. Se caírem ali, certamente morrerão — explicou o rapaz com sede de acabar de vez com aqueles homens.

Os soldados não ficaram quietos e atacaram o cavaleiro de câncer. O rapaz sem dó nem piedade avançou contra todos e os lançou de um por um para o buraco. Foram cerca de vinte soldados.

— Vocês que pediram isso — ele retornou para o mundo dos vivos.

Siren apenas desviava das armas dos inimigos. Ela tinha uma rosa vermelha na boca, entretanto não a usou, por enquanto. Até que percebeu o erro de Filipe em revelar seu cosmo. Ela resolveu também o fazer.

— Já que o lindo do Filipe usou sua técnica especial, eu também irei fazer a minha. Preparem-se seus idiotas e provem do espinho das minhas rosas. Royal Demon Rose!

Ela lançou a rosa que estava em sua boca, porém multiplicada em várias. Logo, os inimigos ficaram cercados de flores vermelhas. Seus espinhos causavam arranhões neles, fazendo-os dormir profundamente e matando-os lentamente sem sentirem dor.

— Foi mais fácil do que eu imaginava. As minhas flores são as melhores do meu jardim de rosas — ela prendeu seus longos cabelos rosa com uma rosa.

Seiya deixou de lado o bom comportamento e, mesmo sem sua armadura, lutou pra valer. Aumentou seu cosmo várias vezes, assustando os oponentes.

— Pegasus RyuuseiKen! — várias bolas de luzes surgiram em seus punhos formando meteoros. Tais meteoros atingiram o restante deles, acabando com todos os oponentes. — E então, vai falar quem é você?

— Ora seus... vocês podem ser mais fortes que esses inúteis, porém não mais que o meu mestre Myhara. Adeus tolos — Ele empurrou Lekis e saiu correndo. Os cavaleiros preferiram deixar para lá e se concentrar no fim da missão Egito.

— Quer dizer que são cavaleiros de Atena? — perguntou o guia confuso.

— Somos sim. Viemos para cá no intuito de descobrir se Anúbis iria atacar. Agora temos certeza. Se não se importa, precisamos retornar o mais rápido possível para Cairo — falou o Sagitário.

O guia assentiu, e eles retornaram para o carro. Pegaram a estrada de volta à capital. Seria uma longa jornada de volta.

O dia passou voando na capital egípcia. O garoto saiu do caminhão e ficou caminhando nas ruas. Como era discreto e sempre vivia naquele palácio enclausurado, achou estranha a grande movimentação das pessoas andando de um lado para o outro. Ele deixou algumas pedras preciosas na mão do homem e andando às margens do rio Nilo.

— Onde ficam aquelas embarcações? — avistou um barco e observou que estava preparado para zarpar. Apenas esperava por algo ou alguém.

Um homem cuidava por vigiar o barco do lado de fora. Ao ser tocado por trás pelo menino, ele o obedeceu. O garoto apenas queria entrar na embarcação. O homem deixou.

Seiya e os outros chegaram por volta das dezenove horas. Lekis achou estranho o fato dos cavaleiros terem pedido para ficarem às margens do rio.

— Pensei que iam ficar no hotel e fossem embora de avião? — perguntou o guia.

— Viemos como turistas e pesquisadores. Chamaríamos muita atenção se voltássemos no mesmo dia. Precisamos sair daqui o quanto antes. E você, encontre um local seguro, rapaz. Não quer que aqueles caras o encontre por aí — respondeu o sagitariano.

Um barco esperava pelos três. Assim que embarcaram, o barco zarpou e foi embora. Nele estava o garoto escondido dentro de um barril. Ele ficaria assim a noite inteira até a embarcação atracar na costa da Grécia.

O brutamonte ficou na entrada do grande templo de Anúbis, esperando o seu chefe Myhara. O cavaleiro maligno andou até ele. O local ficava em Hamunaptra, porém apenas os escolhidos podiam achar o lugar. A passagem para o templo do deus era composta por um grande portal com uma porta vermelha gigante.

— Mestre, eu fracassei. Pensei que conseguiria derrotá-los, porém não consegui. Eles são muito fortes e derrotaram os soldados num piscar de olhos — falou o soldado com a cara virada para baixo.

— Muito esperto por parte da deusa Atena mandar seus cavaleiros de ouro como espiões. Pensei que os superestimava, porém eu os subestimava. Eles são espertos. O que temos que fazer é tomar cuidado. O nosso deus ainda não despertou por completo. Agora eu fiquei furioso foi o fato de você se acovardar diante dos cavaleiros de Atena. Manchou a imagem do nosso deus.

— Mas é que eles...

— Não há desculpas — ele mostrou o dedo indicador — conhece um lugar chamado Colina de Yomotsu?

...

Finalmente o grande dia em que Danyel iria retornar chegou. Berenika passou o dia inteiro arrumando a casa e pediu para que Mikhenos não fosse. Eles têm certo atrito, principalmente o rapaz pelo padrasto. Após a arrumação na casa, a mulher foi se arrumar pois queria ficar linda para o filho. Ele teria uma surpresa. Quase um ano depois, ela teria o seu querido Dan novamente.

A limusine da fundação GRAAD saiu do estacionamento da escola e foi ao aeroporto esperar. Ordens de Saori Kido! Ela pediu que a volta do jovem Dan fosse especial. Ela queria ver no que o treinamento o tornou? Num bom cavaleiro? Enfim, ainda tudo eram dúvidas.

Minutos de espera e o veículo saiu da frente do aeroporto com alguém dentro. Esta pessoa pediu para que o motorista parasse numa casa na capital para que ele visitasse.

Já eram quase dez horas da manhã na Grécia quando Seiya desembarcou com seus colegas. Atenas possuía um porto, por isso era mais fácil. O jovem rapaz saiu do barco e ficou seguindo os cavaleiros. Olhou em volta e viu a cidade. Era diferente na arquitetura, urbanização, população, tudo.

— Acho que tem alguém nos seguindo — falou Filipe, andando naturalmente.

— Será que é algum inimigo que veio até aqui se vingar? — perguntou Siren também sem olhar pra trás.

— Ajam naturalmente. Vamos tirar as nossas dúvidas agora — falou Seiya.

Seiya e os outros encontraram uma rua estreita na cidade. O menino correu pra alcançá-los, no entanto, quando dobrou a rua, não havia ninguém ali. Achou estranho e foi caminhando e olhando para os lados. Virou-se e deu de cara com os três olhando para ele. O menino caiu ao chão com o susto.

— Quem é você? — Seiya perguntou.

— Por favor, não me machuquem. Eu só quero ajuda de Atena — respondeu assustado.

...

Nefertiti acordou e levantou-se da sua cama. Esta era bem grande,maior até mesmo que muitas camas de casal. A mulher usava uma camisola de seda negra. Foi até a área de serviço e viu os seus empregados trabalhando no palácio. Uma empregada lustrava os jarros. A rainha foi até ela e perguntou se Myhara havia procurado por ela. A empregada negou.

Ela saiu e foi até o quarto do seu irmão. Bateu a porta, porém ninguém atendeu. Ela girou a maçaneta e abriu vagarosamente. Olhou para todos os cantos, mas não encontrou ninguém. Apenas a luz do sol que entrava pela janela iluminava o ambiente. Um bilhete sobre a escrivaninha era visível. Ela pegou e leu:

“Querida irmã, eu sei que não deveria ter feito isso, no entanto tive que me ausentar. Não aguentei mais a pressão de te ver sempre fazendo coisas que não me agradam. Eu sei que vai ficar chateada comigo, porém eu tive que pedir ajuda a alguém. Ficarei bem, com as minhas habilidades, eu consigo tudo o que quero. Agora fui me encontrar com a tal pessoa. Não direi quem é. Fique tranquila voltarei em breve.”

— O que você fez? Hathor...

...

Berenika ficou sentada no sofá da sua sala, lendo uma revista qualquer. A mulher olhava para o relógio na parede que marcava onze horas pela manhã. Desligou a TV para ficar menos nervosa. A campainha tocou e quase que ela teve um mal súbito. Rapidamente se levantou e foi atender à porta. Assim que abriu, ela teve uma surpresa.

— Danyel? Meu filho?