- Nossa! Será que ele voltou de vez? – perguntei a Sara que não parava de olhar pra casa dele, pela minha janela.

- Se ele voltou de vez eu acho uma falta de respeito e acho ele um cretino. – ela me olhou – Ele sabe que você o ama, não pode simplesmente voltar e morar em frente a sua casa com a ex dele.

- Atual. – a corrigi, fazendo ela me fuzilar com seus olhos amendoados – Desculpa. – fiquei sem entender.

- Se ele transar com ela você vai ficar olhando? – Sara me olhou já com um sorriso no rosto.

- Para de ser pervertida. – balancei a cabeça – E ele não transaria com as cortinas abertas.

- Você fazia isso. – Sara fingiu pensar.

- Mas ele era o meu vizinho, então ninguém veria. – novamente balancei a cabeça – Para de falar nisso e pare de ficar dizendo que ele esta transando com a ex dele.

- Atual queridinha. – ela me corrigiu e revirei meus olhos – Ok. Ela saiu do quarto e não apagou a luz, deve voltar né?

Dei uma olhada. Pensando se dava pra ver eu e Sara do quarto deles, já que deixei tudo escuro em meu quarto. Sentei ao lado de Sara e fiquei observando.

- A gente parece duas obsessivas. – Sara deu uma risada baixa.

- Cala a boca. – coloquei a mão na cabeça.

- Opa, olha ela de novo no quarto... hun. – Sara me olhou rapidamente antes de voltar o olhar pro quarto dele – Aquela camisola dela, sei não. – fiquei olhando a linda mulher com uma camisola linda e perfeita pra uma noite de delírios. Eu não poderia pensar naquilo. Ela então apagou a luz, deixando o quarto totalmente escuro – Droga, assim não dá pra ver nada. Mas eu acho o que vai acontecer dali pra frente.

Fiquei de pé puxando Sara pelo braço.

- Acho que já chega, está tarde demais – respirei fundo soltando Sara que já estava de pé – Acho que já pode ir embora, já vimos o bastante e nos divertimos muito.

- Se eles transarem e se de pra ver me ligue. – ela piscou, dando uma risada – Com todo o respeito é claro.

- Você é impossível, precisa fazer um tratamento, isso é doença sabia? – fui guiando ela até a saída de casa.

- Poxa, você tem uma mania feia de me expulsar. – ela reclamou quando abri a porta e demos de cara com Warrick que estava com a mão pronta pra tocar a companhia – Eu não o vi sair de casa. – Sara franziu a testa.

- O que? – Warrick perguntou sem entender.

- Nada. – dei uma risada sem graça – Ela só está um pouco chapada.

- Não estou não... – ela me encarou e fiz uma careta pra ela – Ah. É claro, preciso ir embora, estou com dor de cabeça. – ela saiu dando um leve tapa no ombro de Warrick – Oi gato.

- Oi Sara. – ele sorriu pra ela, enquanto ela ia embora sem olhar pra trás – Ela é sempre estranha, não é? – ele deu uma risada.

- O que está fazendo aqui? – eu queria que ele me agarrasse, me beijasse, me levasse até o andar de cima e fizesse loucuras comigo. Mas ele não estava ali pra isso. Não mesmo.

- Posso entrar? – ele perguntou olhando em meus olhos. Suspirei baixo e dei espaço pra ele entrar, logo depois fechando a porta. Segui-o até minha sala. Ele sentou casualmente em meu sofá soltando um suspiro alto e me pedindo pra sentar no sofá a sua frente.

Aquilo estava errado, ele estava na minha casa, não na dele.

- Desde que cheguei você não fala comigo. Passa por mim e me ignora. – ele balançou a cabeça.

- Quando vai embora? – perguntei, me arrependendo logo depois. Ele se ajeitou, se sentindo mal com a pergunta.

- Desculpa Cath, mas não vou embora. Minha esposa gostou daqui e quer ficar. Então... Desculpa. – ele mordeu os lábios – E o seu trabalho?

- Vai bem. Vou partir em menos de duas semanas. – falei rápido demais não tendo muita certeza se ele me ouviu bem.

- Ah. Fico feliz por isso. – ele forçou um sorrio, parecia nervoso também – Poderíamos ser amigos. – ele deu sua sugestão.

- Não vamos mais nos ver daqui a alguns dias, não precisamos disso.

- Não quero que continue me ignorando! – ele sussurrou.

- Eu não queria tanta coisa. – balancei a cabeça – E você foi embora. – passei uma mão no rosto, respirando fundo – Olha, o que passou, passou. É tudo passado. Você está casado, não vamos ser amigos, não olhe pra mim que também não olharei pra você e acabou, daqui a alguns dias então você se esquecera de quem foi Catherine Willows. Agora por favor, vai embora, porque não temos mais nada para conversar e sua mulher deve estar lhe esperando.

Ele ficou de pé em silêncio e então tirou um envelope do bolso e se aproximou de mim, me deixando nervosa e fazendo certas vibrações fluírem. Então ele me entregou o envelope amarelo.

- O que é isso? – perguntei franzindo a testa.

- É o convite do meu casamento. Eu ainda não me casei com ela.

-Seu desgraçado. – taquei o envelope no chão, já chorando – Vai se casar aqui? – gritei.

- Foi ela quem quis. Não tenho culpa... Eu... Desculpa Cath. – ele se aproximou mais, sua mão chegou perto de meu rosto, ele iria me acariciar, mas sua mão tombou – Eu jamais poderia me esquecer de quem foi Catherine Willows. – ele sussurrou, sua voz atingindo meus ouvidos como notas musicais, como a voz de um anjo, mas um anjo mal. Meu coração a mil, querendo sair pela boca, o meu chora que parou em minha garganta e o nó só ia crescendo mais me deixando com dificuldade para respirar, ele não podia fazer isso comigo, não comigo. Então ele se virou indo embora.

Mais uma vez. E num simples silêncio horrível.