A Última Filha escrita por Ariane Rosa


Capítulo 3
Capítulo Três




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Eu caminhava pelo corredor da escola me sentido culpada. Todos aqueles olhos em mim...

Mesmo com meus fones de ouvindo eu podia ouvi-los, seus pensamentos eram em direção a mim. E isso estava começando a ficar irritante.

Eu cheguei até ao meu armário e havia um garoto lá. Ele era loiro e devia ter um metro e oitenta, ele estava com umas marcas e escoriações no seu rosto branco.

Quando me aproximei dele, eu tirei meus fones, ele se desencostou e disse:

– Oi.

Ele ficou me olhando com aqueles grandes e lindos olhos azuis.

Eu senti uma quentura subir para meu rosto, e torci para não ficar vermelha, não que eu ficasse, mas isso era raro.

– Oi. – Eu lhe disse.

Eu passei por ele e abri o armário. Eu comecei a pegar alguns livros e ele disse:

– É Haide, não é?

Eu parei por um momento, o encarei e disse:

– Olha, se vai me convidar para o baile por causa de uma aposta, melhor dá o fora.

– Não estou aqui por causa de uma aposta. – Ele disse sério.

Eu fechei meu armário violentamente e perguntei:

– Então por que está aqui?

Ele suspirou e disse:

– Você se esqueceu? Você salvou minha vida ontem.

E então o reconheci. Uns flashes de ontem vieram em minha cabeça. Eu pisquei algumas vezes por causa disso.

– Ah, é você. – Eu disse com a expressão vazia.

– É, oi.

Eu sorri para ele e comecei a caminhar para longe. E então ele começou a me seguir pelo corredor cheio de pessoas nos olhando.

– O que está fazendo? – Eu lhe perguntei envergonhada.

– Estou indo com você até sua sala. – Ele respondeu com um grande sorriso.

– Ah, mas eu não tenho mais cinco anos.

Ele não disse nada pelo caminho e eu tive que aturar aqueles olhos em mim.

Quando chegamos até sala, eu parei na porta, me virei para falar com ele e pude ver que todos que entravam na sala nos olhavam.

Eu suspirei frustrada e disse:

– Olha... – Eu parei tentando adivinhar seu nome.

Ele me olhou e disse:

– Noah.

– Noah. – Eu repeti. – Se você gosta de ter uma reputação, é melhor ficar longe de mim.

– E quem disse que eu tenho?

Eu o olhei e disse:

– Certo. Você quem sabe.

E então o sinal tocou e ele disse:

– A gente se vê depois.

Eu lhe dei um sorriso, me virei e entrei na sala.

...

– Por que se envolveu naquela briga? – Eu perguntei a Noah.

Estávamos no almoço, ele havia se sentado no lugar onde geralmente era vazio.

– Por que eu adoro aventura.

– Aventura? Tomar um soco na cara é uma aventura? – Eu lhe perguntei pasma.

Ele riu e disse:

– Não, mas é emocionante.

Eu o olhei sem acreditar.

– Certo. Você é um completo de um maluco. – Eu disse pegando uma batata frita de seu prato.

Ele ficou me olhando de um jeito estranho e então eu perguntei:

– O que?

Ele me olhou por mais alguns segundos e então perguntou:

– Como conseguiu acabar com todos eles?

Eu não demonstrei, mas eu estava apavorada, ele percebeu.

– Eu malho. – Eu disse.

– Não parece. – Ele disse tentando olhar bem nos meus olhos.

Eu desviei o meu olhar do dele.

– Josh é bem forte. Como você conseguiu bater nele e nos outros daquele jeito?

Eu voltei o olhar e disse:

– Olha, tem coisas que eu prefiro nem comentar.

– Eu estou curioso.

– E vai ficar por muito tempo. – Eu lhe disse com um sorriso.

Ele me olhou sem acreditar.

Eu suspirei e perguntei:

– Não tem coisa melhor pra fazer?

– Como assim?

Eu olhei em volta e vi pessoas nos olhando ainda.

– Está com uma esquisita.

– Você não é esquisita. – Ele disse sério.

Eu sorri fracamente e disse:

– Não isso que seus amigos pensam.

Ele levantou a sobrancelha e disse:

– Eles não são meus amigos. E eu não ligo para o que eles pensam.

– Por que não?

– Porque eles só têm amor próprio, eles te chamam de esquisita porque você é um pouco assustadora, só um pouco.

Eu sorri para ele.

– Só um pouco? – Eu repeti ainda com um sorriso.

– É. – Ele concordou também com um sorriso.

Eu suspirei e disse:

– Obrigado por ser sincero.

– Disponha. – Ele disse pegando uma batata de seu prato.


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