Beauty And The Beast escrita por Annie Chase


Capítulo 55
Fim


Notas iniciais do capítulo

Oi! Olha eu aqui com o tão esperado último capítulo, cara! Que emoção. Eu queria ficar aqui falando, mas quero que vocês leiam logo o capítulo. Então, quando acabarem, leiam as notas finais, okay?



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Pov: Narradora.

Ninguém disse absolutamente nada. Ninguém se atrevia a dar um pio, parecia que nada daquilo poderia ser mesmo real. Quer dizer, quem poderia imaginar algo assim? Em parte porque passaram anos tentando aceitar e conviver com a maldição de um amigo, até chegarem em um ponto em que aceitaram a permanência da maldição. Deveriam aprender a viver com aquilo e aceitar as limitações de Percy. Mas pelo visto as coisas não são tão imutáveis assim. Pois agora Rachel, Nico e Grover olhavam para o amigo sem medo e sem serem bloqueados pela estranha visão da antiga máscara branca sinistra que cobria-lhe as feições.

O rosto de Percy era surpreendentemente lindo. Os traços perfeitos, olhos brilhantes e cabelo rebelde. Ao certo, todas as moças que o vissem caíriam de amores, Annabeth era muito sortuda por conseguir agarrá-lo antes que toda aquela beleza fosse revelada ao mundo.

Percy achou que os tivesse assustado, como sempre fez com aqueles que viam seu rosto desprotegido, mas acabou percebendo que os olhares eram mais de surpresa e admiração do que de medo. Obviamente, estranhou o fato e logo perguntou:

–Pelos Deuses, digam-me o que estão vendo? -pediu.

–Percy... Você... está... -Rachel não conseguiu completar a fala.

–Sem a sua maldição. -completou Annabeth. -Eles estão vendo-o como eu o vejo. Sua verdadeira face. -ela disse adimirada e contente, finalmente aquele peso fora retirado dos ombros de seu marido e o maior flagelo de todos agora poderia ser apenas uma lembrança ruim de um passado que logo se tornaria distante.

–Não pode ser possível. -disse Percy passando as mãos um tanto aflito por seu rosto descoberto.

–Mas é. Nossos pais, eles... eles conseguiram fazer aquilo que Afrodite os impôs e agora você está livre! -ela disse sorrindo de orelha a orelha. -Deuses, Percy... -ela não pôde completar a fala pois o filho de Poseidon a puxou contra si roubando-lhe um beijo. Os amigos comemoraram e logo depois abraçaram Percy.

Pov: Annabeth.

A maioria das pessoas passam a vida toda sem entender o quanto pequenas vitórias podem ser demasiadamente importantes ao longo do caminho. Com o passar do tempo, aprendemos que a realidade é que a vida é uma guerra, uma guerra que inclui travar uma batalha todos os dias, às vezes nós as perdemos e às vezes nós as ganhamos, isso pode variar bastante de um dia para o outro, mas nós nunca devemos desistir. As batalhas podem ser perdidas, contanto que diante da derrota você aprenda alguma coisa. E podem ser apenas pequenas coisas conquistadas nesses dias de derrota. Talvez descubramos quais foram as palavras erradas, as estratégias falhas ou mesmo as atitudes que tomamos.

Eles dizem que não podemos desfazer o que foi feito, mas eu acredito que sempre podemos dar um jeito de arrumar nossas bagunças. Muitas das vezes parece que os erros recentes ou passados são maiores que as vitórias e, por mais que seja verdade, não significa que não comemoraremos as vitórias. Por menor que seja, uma vitória pode significar a grande virada de uma história, não importa em que momento sua história se encontre.

Eu sei que parece que não estamos no controle das coisas, pois além de nós mesmo existem muitas outras variáveis coexistindo em nossas vidas. Mas eu garanto que há sempre uma forma de contornar a situação e seguir em frente, sempre.

Eu já perdi as contas de quantas vezes perdi as batalhas, mas eu não me entreguei, tampouco aqueles que lutam ao meu lado e por quem eu lutaria sem pensar duas vezes. Nunca achei que um dia poderia respirar fundo e pensar que daqui para frente as batalhas seriam menores -porque, de fato, não vai ser bem assim, mas é importante sonhar um pouco. -Mas eu acredito que todas as batalhas perdidas e todas as pequenas vitórias somadas me trouxeram ao meu momento de glória. Eu não sei por quanto tempo ele durará, mas estou disposta a aproveita-lo cada segundo que eu puder.

–Perdida em devaneios? -perguntou Percy, abraçando-me por trás.

–Não exatamente me perdendo. -eu disse e sorri virando-me para ele.

–Sei... -ele disse num tom divertido. -Você fica realmente encantadora pensativa, não que não fique da mesma forma em todos os outros mil momentos em que a observo, mas acho que esse é um dos meus favoritos. -ele disse e eu selei nossos lábios calmamente.

–Sempre encantador... -sussurrei encostando-me mais nele e o fazendo olhar para a mesma paisagem que eu observava antes que ele chegasse.

Estávamos abrigados na casa de meu pai, apenas por um tempo antes que possamos descobrir o que fazer em seguida. As pessoas da cidade ainda estão confusas diante de tudo o que ocorrera em minha fracassada cerimônia de casamento, ainda não dei nenhuma declaração oficial, tampouco quero fazê-la. Por enquanto, nenhum de nós sabe direito para onde ir, mas estamos procurando por uma solução. Nico e Rachel estão aqui também, assim como Grover. Não vamos seguir para caminhos opostos, ainda mais porque se o Destino nos pôs juntos, é porque estamos predestinados a ficarmos juntos para o que der e vir para sempre. Somos, afinal, uma família.

Meu pai não se incomodou em nos receber, até minha madrasta não se pronunciou. Em parte porque ficou realmente muito agradecida por termos trazido meu pai de volta para a família e, em parte, porque viu o que podemos fazer quando queremos algo que nos é negado e que nada pode nos atrapalhar. E por falar em meu pai, Frederick Chase voltou a ser o mesmo homem de sempre, talvez agora mais temeroso e cuidadoso comigo. Pela primeira vez, em anos, eu o vejo agir como um pai amoroso comigo. Lembro-me de nossa conversa, horas antes:

–Annabeth... -meu pai chamou enquanto Percy, Nico, Grover, Rachel e eu ainda estávamos na praça, ainda celebrando e aproveitando nossa novidade: o fim da maldição de Percy. Logo que ele chegou, todos pararam de falar e passaram a fitá-lo, como se ainda avaliassem se ele era ou não uma ameaça em potencial. -Será eu poderia falar com minha filha por um segundo? -perguntou um pouco sem jeito diante de todos nós. Meus amigos e Percy esperaram por uma resposta de minha parte, todos atentos.

–Sim, é claro que pode. -eu disse parecendo segura, mesmo que não me sentisse assim. Pedi que saíssem e assim eles fizeram, mesmo que eu soubesse que eles estariam por perto, provavelmente observando a cena de longe.

–Obrigado. -ele esperou todos saírem antes de começara a falar muito nervoso: -Já faz muito tempo que não temos uma conversa de pai para filha, não é mesmo?

–Sim... Muitos anos. Eu ainda era uma garotinha quando você sentou e conversou comigo abertamente.

–Eu me arrependo muito de termos nos distanciado minha filha e sei que a culpa é toda minha. E também sei que não tenho como recompensá-la diante de tudo o que a fiz passar, mas gostaria que soubesse que quero... Quero fazer alguma coisa que posa fazer com que você me despreze menos. -ele disse e eu logo rebati:

–Eu não o odeio, pai. Não poderia fazer isso. Por mais que você tenha cometido todos os erros que alguém pode cometer, eu ainda acho que você me ama. Porque, querendo ou não, você nunca deixou de se preocupar comigo.

–Você está certa. Eu sempre me preocupei. Eu queria ter me expressado melhor com você e ter cometido menos erros, mas eu não posso voltar no tempo.

Eu precisei me separar de você e achar que a tinha perdido para sempre para um monstro para ver o quanto precisava do meu amor para viver. Eu sei que não tenho nenhum direito de pedir por seu amor ou muito menos por seu perdão, mas eu gostaria que soubesse que eu me arrependo muito de todo o mal que lhe fiz. Você é meu presente dos deuses, deveria ter zelado mais por seu bem-estar. -ele disse baixando a cabeça.

–Não sinta tanto...

–Eu preciso! Ainda nem sei direito o que aconteceu comigo recentemente, mas sei que a prejudiquei mesmo em ter consciência sobre meus atos. Mas, minha filha, eu a amo. E você certamente merece saber isso.

–Pai... -eu disse calma, apesar de estar muito emocionada. -Eu sei que você fala a verdade e... Por mais que tanta coisa ruim tenha nos separado, eu aprendi que preciso me manter perto de todos que me querem bem e que eu quero bem.

Não posso perder mais ninguém, muito menos alguém que me deu a vida. Minha mãe passou a ser realmente minha mãe recentemente, acho que você poderia fazer o mesmo. Todo o erro, afinal, pode ser reparado.

–Espero mesmo que seja assim. Mas, diga-me... Por onde posso começar a reparar meus erros?

–Talvez pudesse nos ajudar a encontrar uma desculpa para tudo o que aconteceu e, sei lá, poderia oferecer abrigo por alguns dias. Minha casa foi destruída...

–Não se preocupem. Podem ficar por aqui, não importa quanto tempo leve e se algo os incomodar, eu tratarei de resolver.

De assim seguiram para a residência dos Chase. Se acomodaram confortavelmente nos quartos vagos. Não era uma casa muito grande, comparada com a mansão em que Percy e eu vivíamos, mas todos conseguimos um espaço. Parecia que as coisas estavam começando a entrar nos eixos novamente.
Nico e Rachel parecem estar em um momento de "conhecimento mútuo", o que deixa as coisas bastante engraçadas para nós e constrangedoras para eles, afinal... Quem não gosta de observar um casal recém formado? Grover está bem conosco, mas não deixa em pensar em sua namorada, Júniper, ninfa da floresta, que mora nos arredores de nossa antiga residencia. Ainda precisamos pensar num plano B, algo que virá no "depois" em nossas vidas.

–O que acha que devemos fazer agora?-perguntei para Percy. Fazia um bom tempo que não tínhamos algo definido. Antes, apesar de todos os perigos que tínhamos de lidar, ao menos sabíamos o que devíamos fazer, mesmo diante essas situações. Algo como "ah, agora vamos impedir o casamento de Annabeth" ou "vamos lutar contra a vadia dos mares". Mas, e agora?

–Procurar uma casa. Por mais que eu goste de ficar aqui e ver um monte de coisas que você usava na infância, precisamos de um lugar para nós. Além disso, acho que você deveria falar com seu... Hã... Noivo. Não seria muito educado se você fosse embora e a ele não fosse dada nenhuma explicação.

–Não acho que Charles precise mesmo de uma explicação, mas seria realmente muito bom falar com ele e perguntar sobre Silena e ele, a relação deles em geral agora que nada os impede.

–Desculpe, mas acho que perdi algo...

–Quando Charles se propôs a casar comigo, para me ajudar como amigo... Ele estava apaixonado por Silena. -contei e ele pareceu surpreso.

–Nossa... Com certaza mais um fato estranho para nossa cota. -ele disse rindo um pouco. -Então, você acha que eles tem chance agora?

–Acho que esse é o momento deles e aposto que Afrodite vai adorar ter mais um casal para tomar conta, ainda espero que ela se canse da nossa história e vá trabalhar mais arduamente em outra, não que eu não aprecie seu trabalho, mas é hora de investir em outra dupla -pensei em Silena e Charles, mas é claro que Afordite também poderia pensar seriamente em dar mais atenção à Rachel e Nico, cujo o relacionamento era uma novidade muito bem vinda no meio dessa história toda-... Acho que atingimos nossa cota de aventuras. -eu disse pensativa, mas ele logo me corrigiu.

–Não tenha tanta certeza.... Acho que, na verdade, nossas aventuras estão só começando. -disse ele pousando calmamente a mão em meu ventre. É. Ele estava certo...
* * *

Passei algum tempo sem notícias de Silena. Já fazia uma semana que estava de volta a casa de meu pai e as coisas iam bem. Muito bem, na verdade. Rachel e minha madrasta engataram um tipo de amizade estranha, provavelmente resultante do fato de a família de Rachel, os Dare, ser uma velha amiga da família de minha madrasta. Interessante.

Sendo assim, ela deixava de ser um problema para Percy e para mim, mesmo que eu duvidasse bastante que ela pudesse vir a interferir em alguma coisa, uma vez que meu pai mostrava-se mais do que contente em nos ter como hóspedes. Meus irmãos, que antes passavam as férias do internato também longe de casa até mesmo resolveram visitar a família para passar mais tempo com a meia-irmã -já não mais considerada como "bastarda"- e ter, assim, tempo de conhecê-la, visto que nunca tiveram tempo ou vontade de fazer isso, ou mesmo porque nunca foram encorajados a fazê-lo. Levando em conta tudo isso, a casa estava cheia. Lotada, na verdade, mas de um jeito confortável e aconchegante. Havia lugar para todos. Percy e eu dividíamos o quarto, assim como Rachel e Nico -apesar esse último fato ter sido, provavelmente, o momento mais engraçado durante nossa estadia na residência dos Chase. Afinal, quem poderia imaginar que a pele pálida de Nico conseguiria ficar em uma totalidade de vermelho tão forte quanto o cabelo de Rachel?

Durante essa semana, fiquei sem notícias de Silena. Nem mesmo Charles havia dado sinal de vida. E mesmo que eu quisesse procurá-los e matar as saudades, assim como a curiosidade que me atingiam, eu, assim como os demais, ainda não tínhamos coragem de sair nas ruas da cidade. O incidente do casamento ainda era uma memória vívida no imaginário popular e era realmente muito mais prudente manter distância de qualquer um que não tivesse prévio esclarecimento sobre meio-sangues, deuses e maldições.

–Estou tentada em fugir e procurá-los. -eu confidenciei a Rachel na manhã do oitavo dia na casa.

–Suponho que tenha sufocado a tentação. -ele disse calma. -Eu entendo o quanto pode ser agonizante, mas você deve ser racional. -logo que disse isso, ela fez uma careta, como se as palavras não fizessem sentido para ela logo em seguida. -Deuses! Eu disso mesmo isso a uma filha de Atena? Sou muito presunçosa.

–Não se recrimine. -eu disse. -Você está certa e eu, quando trato de meus amigos, simplesmente não consigo ser racional. Devo mesmo esperar... -suspirei alto. Minutos depois desta conversa acontecer, quando ainda estávamos na sala de estar enquanto os outros passeavam pela sala, liam ou mesmo se divertiam na cozinha, adulando a cozinheira; ouvimos batidas na porta.
Meu pai foi atender e logo vimos que se tratava apenas do mensageiro. Quando este foi embora, após meu pai dar-lhe uma moeda, fui chamada para pegar minha correspondência.

–É para você. -disse meu pai ao analisar meu nome escrito com uma letra delicada no envelope.

–De quem é? -perguntei antes mesmo de pegar o envelope.

–De alguém, cuja as noticias você ansiava receber. -ele disse sorrindo, logo depois se afastou, após depositar um beijo em minha testa.

–Graças aos Deuses, é de Silena! -eu disse ciente de que dera uma espécie de pulo de felicidade.

–Ande logo, abra e tenha suas respostas. -disse Rachel sorrindo para mim.
Decidi que merecia um pouco de privacidade para ler a carta de minha amiga, em parte porque havia o barulho confortável das conversas altas, o que poderia atrapalhar minha leitura, uma vez que a concentração já era mesmo uma árdua tentativa e, em parte, porque aquele momento lembrava-me aquela época em que eu era uma completa desconhecida vivendo na mansão de Percy, sem conhecer meu marido e sem saber como seria o dia seguinte e apenas tinha notícias do mundo fora dos muros da propriedade Jackson por meio das cartas que eu trocava com minha melhor amiga.

De certa forma, ainda era empolgante estar ali.

Querida amiga,

Lembra qual foi a última vez que trocamos cartas? Você estava prestes a fugir e estava muito chateada com algo que eu nem mesmo lembro e, ouso dizer, que você também não lembrará seus motivos. Não sei se cheguei a lhe responder a carta e, se esta tiver sido escrito além da hipótese, se chegou em suas mãos.

É estranho como essas coisas que foram importantes em um momento, tornam-se completamente irrelevantes em outros. Chega até a parecer que não estávamos mais vivendo a mesma história, mas nós estamos. E para nos lembrar que esta ainda é a mesma história, procurei lhe escrever esta carta, apenas para não perdermos o velho hábito.

Por onde eu deveria começar? Tanta coisa aconteceu em apenas uma semana. Em um dia eu estava triste vendo você se casar com o homem que eu deseja com todo o meu coração e, no outro, estava mais do que feliz em ver seu casamento acabado. Adimito, isso sou egoísta. Não que eu estivesse torcendo para que aquela cerimônia não acontecesse, mas não posso dizer que não me alegrei com isso.

Geralmente, o fracasso de um é o deleite de outro. Mas, em nosso caso, acabou sendo mais do que proveitoso para as duas. Interessante, não? Mas enfim, logo após os acontecimento de seu casamento, Charles e eu saímos juntos da confusão. Ele estava mais do que receoso em estar sendo apressado demais, afinal, mal a cerimônia de casamento fora destruída e ele já pensava em outra.

Desta vez comigo.

Eu lhe disse que devíamos esperar um pouco e ele esperou apenas algumas horas antes de pedir minha mão a meu pai, que aceitou sem nem mesmo pensar por um segundo. Acredito que se eu não estivesse completamente apaixonada por ele, teria achado a atitude de meu pai mais do que mal educada e desrespeitosa para comigo, mas pouco me importei, na verdade.

Eu estava lá, com Charles e tudo parecia ir maravilhosamente bem. Eu precisava saber como você estava para ter certeza que estávamos finalmente caminhando para um desfecho nessa longa saga que vivemos.
E que saga, não concorda?

As pessoas vivem anos e anos, mas, na verdade, não vivem de verdade. Apenas sobrevivem e não têm todas as emoções que nós, mesmo com relativa pouca idade. vivemos nos últimos tempos. Parece outra vida, não é?
Você tinha acabado de se casar com um homem que não conhecia e estava indo embora morar na propriedade dele, longe da cidade, da família e de mim. Acho que nós duas pensamos que estava tudo findado ao fracasso. Você por estar casando com um desconhecido e eu por estar perdendo minha melhor amiga e esperando ter o mesmo final que você. Mas então mantemos contato por carta, você contava-me como era ser uma estranha onde morava e como estava infeliz com a situação e eu tentava consolar você e oferecer todo o apoio que conseguia colocar em um mera folha de papel manchada com tinta.

Achei, sinceramente, que passaríamos anos assim. Mas não demorou tanto tempo assim, foi de uma hora para a outra, na verdade. Um dia você queria voltar a sua vida antiga e, no outro, acabara de conhecer seu marido e estava mais do que animada para conhecê-lo melhor. De uma hora para outra, tudo mudou.
Acho que o amor é mesmo assim. De repente, tudo muda e muda drasticamente para algo melhor (ou não), depende do seu ponto de vista. Eu sei que, por ser filha da Deusa do amor, deveria estar mais preparada para lidar com este sentimento, mas nós duas sabemos que quando se trata de amor, somos todos tolos.
Muito tolos, por sinal.

E, sinceramente, de uma tola para a outra, é muito bom sentir isso, não concorda? Os batimentos acelerados, os sorrisos bobos formados apenas quando uma lembrança vem a mente, as mãos trêmulas e a constante falta de atenção devido ao fato de simplesmente não conseguirmos ocupar nossas mente com outra coisa se não em pensar naquela pessoa que faz com que possamos nos sentir destemidas.

Acho que devo me despedir por aqui. Escrevi demais e nem mesmo sei se falei coisa com coisa. Devo informá-la que estou de casamento marcado -será no final deste mês- e que estou convidando-a para ser minha madrinha, se aceitar o convite é claro, serei a noiva mais feliz do mundo. Após meu casamento irei mudar-me, não para muito longe da cidade, apensar em um terrirório nas redondesas. Acho que podemos continuar nos vendo, já que não irei muito longe. Não sei como as coisas estão para você agora, mas espero que estejam tão boas quanto para mim.

Por isso, me responda assim que puder. Ou venha aqui me ver e contar pessoalmente. Será incrível...
Espero vê-la logo, minha cara.

Até logo.

Da sua querida amiga

Silena

Terminei de ler a carta ciente que estava com um sorriso nos lábios. Silena sempre sendo Silena e, como provou durante todos os acontecimentos até mesmo desde o princípio, estava certa. Muito certa. Eu deveria até sentir-me envergonhada por o papel da sábia entre nós ser desempenhado por ela, mas pouco me importava agora. Se fosse mesmo verídico o que dizem sobre a razão e os sentimentos (sobre o fato de não poderem andar juntos), bem nós duas não seríamos amigas, em primeiro lugar. Esses ditados estão sempre errados. A razão é o amor falando para ter mediania, de qualquer jeito, há sentimento em toda a forma racional de agir, não importa o quanto se tente fugir disso.

–Posso saber o motivo desse sorriso? -perguntou Percy encostado na porta, como uma moldura.

–Silena- eu disse mostrando-lhe a carta em minhas mãos.

–Eu não sabia que vocês ainda trocavam correspondências.

–Não fazemos mais. Esta é uma espécie de bônus. -expliquei-lhe.

–Pelo visto, você recebeu boas notícias.

–Sim, mais do que boas! Incríveis! -disse me levantando. -Ela está feliz, está bem e de casamento marcado com quem ama. Não poderia estar melhor. Convidou-me para a ser a madrinha da união.

–Ninguém poderia ser melhor.

–Certamente.

–Bem, você já parece muito feliz com tudo isso, portanto duvido que as notícias que tenho aqui poderiam fazê-la ainda mais alegre, por isso acho que terei de adiar as boas novas para que possa observar sua satisfação quando puder tornar-me o mensageiro responsável por este sentimento. -ele disse com um sorriso travesso nos lábios, desde que a maldição se fora e o uso do máscara se tornara desnecessário, eu não cansava de olhar para as feições perfeitas dele e me perguntar o tamanho da crueldade daquela que lhe fez esconder por tanto tempo aquela beleza incomum.

–Por favor, você não pode dizer algo assim e depois fingir que não quer contar as notícias tanto quanto eu as quero ouvir. -eu disse lhe dando um deve empurrão no ombro para que não mais me contrariasse.

–Talvez eu espere até amanhã.

–Perseu! -falei empurrando mais uma vez, fazendo-o dar uma gargalhada alta.

–Tudo bem, tudo bem... Você nunca aceitaria um "Não" como resposta. Pois bem, eu recebi uma mensagem de Íris de meu pai, com saudações de Atena. Parece que agora eles estão se dando, por mais incrível que pareça, bem agora.

–Como amigos ou coisa parecida? -perguntei confusa, nunca poderia imaginar algo assim.

–Mais ou menos isso ou até mais... -ele disse com uma expressão estranha. -Melhor não tentar definir isso.

–Certo... -falei pensativa. -Mas o que eles disseram?

–Eles querem nos dar um presente de casamento atrasado... Bem atrasado.

–E o que seria? -falei curiosa.

–Nosso lar de volta. -ele respondeu calmo.

–O quê? Sério? A mansão.

–Exatamente. Quem poderia esperar?

–Não acredito! Deuses, esse é o melhor presente que poderiam pensar em nos dar. Nem acredito.

–Acho melhor começar acreditar, pois em breve estaremos de volta a nossa casa. -ele disse me puxando para perto cuidadosamente e roubando um beijo calmo. -Temos tantas lembranças, podemos revivê-las e criar novas agora que teremos nossa casa reconstruída. Eu pedi que eles fizessem do mesmo jeito que estava antas, até mesmo o jardim. Tudo para que não pareça que um dia ela foi destruída.

–Não sei nem mesmo o que dizer. Acho que só posso agradecer a eles.

–Eles sabem... Querendo ou não, podendo ou não... Sei que eles estão sempre nos observando e, visto tudo o que eles têm feito, tenho certeza que agora zelam e torcem por nossa felicidade. Eu posso sentir.

–Eu também...
* * *

Nossa casa ficou pronta nas véspera do casamento de Silena. Nossas coisas foram levadas para lá por criados invisíveis, mesmo que agora não precisássemos mais deles, já que Percy não podia mais causar dano a ninguém (a não ser que ele quisesse, claro- o que eu duvido que faça, visto que nossos inimigos estavam longe). Mas é claro que nosso criados invisíveis garantiam sigilo e privacidade que ainda não sabia se estávamos prontos para abandonar. Talvez resolvamos mantê-los por um bom tempo.

–Estou ansiosa. -eu disse quando entramos na carruagem.

–Eu também, morei lá por tanto tempo que me apeguei de uma forma descomunal aquele lugar.

–Eu entendo. Foi sua prisão por muito tempo.

–Mas também foi meu paraíso. Desde que você chegou.
* * *

–Tem certeza que nos querem aqui? -perguntou Nico. -Quer dizer, somos amigos, é claro, mas não vamos atrapalhá-los?

–É claro que não. -eu disse imediatamente. -Queremos que você e Rachel estejam aqui porque são parte da família e não queremos que fiquem longe. Não podemos nos afastar da família.

–E, além do mais, a casa é enorme. Podem ficar com o lado sul só para vocês e nos encontrar no salão sempre que quisermos partilhar da companhia um do outro, jantarmos e compartilhamos livros. -disse Percy. -Fora esses momentos, é como se fossem várias casas em apenas uma. Ainda mais, fiquei tanto tempo solitário aqui que nem imagino como seria ver esta casa novamente habitada por poucos.

–Não queremos abusar da hospitalidade, ainda mais depois de vocês permitirem que nosso casamento fosse aqui. -disse Rachel olhando para Nico.
Essa fora uma história engraçada. Não era nem um pouco normal que duas pessoas que estejam em uma espécie de relacionamento, namorando, por exemplo, bem não poderiam morar juntos. Na sociedade tradicional isso seria uma espécie de sacrilégio, praticamente. É certo que nenhum de nós havia atentado para esse fato, em parte por não sermos nem um pouco tradicionais e, em parte, porque as coisas estavam correndo bem demais para nos pegarmos a esses detalhes irritantes. Mas houve uma hora que Rachel reparou, ela era uma moça de família, fora criada seguindo essas regras, pôde relevar todas elas por um tempo, mas logo se sentiu incomodada com a situação e praticamente jogou Nico em uma parede e o obrigou a pedir sua mão.

Não que Nico não tivesse a intenção de fazer o pedido... Um dia, mas ele provavelmente não esperava que as coisas fossem ocorrer assim tão rápido. Mas ele fez o pedido. Não fora nada muito bem ensaiado, ou qualquer coisa parecida com algo que as moças sonham ao pensarem em seus casamentos futuros, mas acho Rachel ficou satisfeita. Nada na relação deles mudou, não ficaram mais distantes e nem mais prudentes já que agora estavam ligando para a etiqueta. Nenhum de nós se importava com as tradições, mas se Rachel ficasse mais tranquila, bem... Todos entramos na história.

–Não é incômodo nenhum. É um privilégio tê-los aqui e se tocarem nesse assunto novamente, eu vou ter que bater em vocês e olha que eu estou grávida. -Respondi olhando-os da forma mais ameaçadora que alguém poderia, mas creio que só consegui causar risadas. -Estou falando sério.

–Eu garanto que ela está. -disse Percy escondendo o riso. -Nunca duvide da capacidade de uma filha de Atena. -ele disse dando-me uma piscada sedutora. Eu apenas ri.
* * *

Resolvidas as questões relacionadas a nossa mudança, os preparativos se voltaram para Silena e Charles. Percy e eu seríamos os padrinhos, voltaríamos à cidade para participar da cerimônia, esperávamos que os ânimos do lugar estivessem centrados na luxosa cerimônia e não em nossa presença. E assim foi, graças aos Deuses.

Silena brilhava de tão feliz e Charles não estava diferente. Acompanhamos os votos e quando os noivos saíram correndo de mãos dadas em direção a saída da igreja. Eu Silena não tivemos muito tempo para conversar durante a festa, ela precisava atender aos outros convidados e dançar com seu marido. É claro que nossa falta de comunicação são seria problema, pois em breve eles se mudariam para uma propriedade não muito longe da mansão onde vivemos. Visitas aconteceriam a todo o momento.

Sim, parecia que estávamos mesmo começando a ver que todo aquele sonho era mesmo real. Acho que pararíamos de esperar o pior sempre que um sorriso surgisse em nossas faces. Sim, acho que, por ora, estamos no capítulo final dessa história. Mas é bem óbvio que este é apenas o começo de uma história ainda maior, que poderá envolver todo o tipo de aventura -como por exemplo a chegada de um bebê-mas, no momento, eu gostaria de fechar o livro e guardá-lo na estante assim como todos os outros.

Certo, talvez dizer que este é o final do livro seja muito audácia de minha parte. Vamos dizer que, pelo menos, esse capítulo termina aqui. Um capítulo longo, mas o primeiro de muitos na minha história com Percy. E, enquanto as linhas vão se acabando, quase chegando ao final da página, gostaria de perguntar a você se ainda se lembra de como tudo isso começou.

Então, você se lembra? E eu, o que lembro?

Bem, vamos juntar nossas memórias, caro leitor. Porque, se chegamos até aqui, é porque seguimos um longo caminho, não concorda? Eu me lembro de como estava triste por estar me casando. Eu fora praticamente vendida por meu pai, odiava tudo o que estava acontecendo comigo. Minha vida fora radicalmente transformada e eu sentia como se não nunca mais pudesse retomar o controle de tudo.

Meu pai e minha madrasta eram como inimigos, fizeram de tudo para se livrar de mim e conseguir um bom negócio e fora exatamente o que tiveram. Silena eram minha conexão com o mundo quando cheguei a casa do temido homem para quem havia dito "sim" -não que eu tivesse outra opção na época.
Quando cheguei naquela casa, tudo começou a mudar na minha história. Tudo parecia estar finfado a um fracasso completo, mas eu não sabia o quanto estava errada. Os primeiros dias foram, sim, horríveis. Eu me sentia incrivelmente sozinha, mas depois as coisas melhoraram. E muito, na verdade.

Pois eu o conheci. Na biblioteca, no escuro, como um golpe de sorte ou do Destino, como preferir. Então Percy e eu tivemos nossa primeira conversa. Não fora muito longa e nem muito reveladora, mas ela existiu. Lembro de praticamente ter implorado para que ele conviesse comigo.

Aquilo fora só o começo. E então, mesmo contra todas as esperanças, minhas e dele, ficamos amigos. Convivemos juntos, compartilhamos segredos e ele contou-me o porque viver isolado.

Cada passo foi dado com calma e quando parei para ver, já estava no alto da escada olhando para baixo e tentando entender como eu chegara até ali, completamente apaixonada por ele. Nos apaixonamos calmamente... Do jeito mais puro e delicado que alguém pode amar.

Recebemos, é claro, a desaprovação de minha mãe, ainda ressentida pelo passado com o pai de Percy, Poseidon. E, mesmo com tudo para nos separar conspirando junto, nós decidimos lutar para ficar juntos. Percy, muitas e muitas vezes pediu para que eu fosse embora e me protegesse e eu, muitas e muitas vezes, tive de fazê-lo entender que só estaria bem se estivesse perto dele.

E então chegou Rachel. Eu imaginei que era o fim. Não conseguia imaginar nada de bom na chegada da ruiva, naquela época, achei que ela poderia ser a pior coisa que poderia acontecer nos últimos tempos (como eu estava errada).

Uma série de erros foi seguindo até pararmos aqui. Eu fugi, foi ferida, conheci Nico -ele nem de longe foi um erro, mas eu o conheci em uma situação complicada-, lembro de voltar para casa e de tudo dar errado novamente. Meu pai, que já nem era mais meu pai realmente, junto com pessoas raivosas da cidade, atacaram meu lar, separaram-me de meu marido e de meus novos amigos, fui levada de volta para casa e lá fui levada a acreditar que perdera o amor de minha vida.

Poderia ser o fim, mas não foi. Nem de longe, era apenas uma reviravolta. Acho que minha vida está repleta delas. Foi então quando descobri que estava grávida e que ainda não tinha acabado. Revi minha amiga e conheci quem mais tarde seria o marido dela e também um dos meus melhores amigos, Charles. Fiquei noiva novamente, para proteger minha criança. E, quando achei que me casaria novamente, descobri que Percy não estava morto e que viera me buscar.

Nossos inimigos estavam a espreita e nos atacaram. Percy mutou. Nosso mais ajudaram e muito, muito mesmo para nos juntar e fazer-nos vitoriosos. E vencemos.

O resto, bem, você já sabe. Chegamos até aqui. Ao final do capítulo. Mas apenas no começo de outro e do resto da história.

Não encare isso como uma despedida, longe disso, apenas veja como uma forma de renovarmos essa história. Uma vez ouvi dizer que grandes histórias de amor nunca terminam, elas se renovam e acontecem várias e várias vezes de novo. Seja lá quem disse isso, bem... estava certa.

Essa foi uma parte da história da garota que casou com homem que não conhecia, mas sabia que era amaldiçoado e deste, que achava que nunca poderia encontrar o amor devido a sua condição... Mas a vida os surpreendeu. O amor os surpreendeu. Pois ele foi além das aparências.

Essa foi a história da Bela e da Fera...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanharem a história até aqui, eu amo escrever e escreve para vocês foi um privilégio. Muito obrigada por me permitir. Obrigada mesmo! Ah, eu nem sei o que dizer... Não gosto de finais e nem de despedidas... Mas elas acontecem, fazer o quê?
A gente vai se ver logo. Eu prometo.
Se quiserem eu posso escrever um bônus de Poseidon e Atena, mas seria só para constar mesmo. Não faria mais parte da fanfiction, propriamente dita.
Logo estarei lançando uma nova fanfiction e espero que acompanhem também (provavelmente o nome será "look after you" e será percabeth)
Então, deixem reviews.
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Beijos, até mais *---*