Beauty And The Beast escrita por Annie Chase


Capítulo 41
Palavras ao vento.


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores, é bem provável que estejam agora pensando em mais de mil diferentes formas de ma matar, mas antes que entrem em acordo e que eu encontre tio Hades no mundo inferior, devo pedir logo minhas desculpas e tentar explicar que a vida não está fácil e que eu tenho enfrentados problemas muito, mais muito grandes e isso inclui escola e sentimentos (acreditem, meus caros, existem pessoas que podem te deixar completamente fora de si).
Beijos. Espero que gostem.



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Pov: Annabeth.

-O que faz aqui? -perguntei encarando, ainda um pouco surpresa a mulher a minha frente. Talvez porque imaginasse que ela seria uma das últimas pessoas que esperava que viesse falar com ela ou talvez porque realmente não queria falar com ela, ainda mais agora. Sem falar, é claro, que repudiava totalmente o fato de ela chamar-me de "filha".

-Acho que chegou a hora de termos uma conversinha. -ela disse, a voz ela irritava-me de um jeito que nem mesma eu sei explicar. Talvez fosse porque cresci ouvindo a voz dela me dizendo o quanto eu era um peso para meu pai.

-Não vejo nenhum assunto plausível para iniciarmos uma conversa. -falei levantando-me de minha cama, pelo outro lado, tentando passar longe dela.

-Não tente desviar. Posso ver em seus olhos que você não se sente nem um pouco à vontade em ter sido trazida para esta casa mais uma vez, mas deve entender que tudo o que seu pai fez foi para seu bem. -ela disse e virou-se para me encarar. -Crendo você ou não, fazemos tudo que é melhor para você.

Ri com escárnio e sem o menos humor. Como poderia ser tão perniciosa?

-Essa é uma ótima constatação. Foi feita em base em quais fatos? Gostaria realmente de vê-los listados. Pois até agora ainda não consegui encontrá-los durante minha trajetória de vida. -eu disse e ela revirou os olhos por um segundo. Minha madrasta e eu nunca havíamos trocados mais de dez palavras em um dia. Nunca passou por minha cabeça que ela poderia sentir alguma vontade em vir até meu quarto e ter esse tipo de conversa comigo, ainda mais depois de tudo o que passei.

-Ora, não seja tão convencida, menina. Lembre-se que aindas nada sabe sobre esta vida, o que se tem que abrir mão para ganhar o que chamamos de "conforto". -ela disse, dessa vez foi a minha vez de revirar os olhos.

-Não me venha com esse discurso. -eu disse me colocando de frente para ela.

-Menina atrevida e orgulhosa, nem ao menos sabe parar e escultar o que se tem a dizer. 

-Acredite, você é uma das últimas pessoas que eu gostaria de conversar, além do mais, o que você poderia ter de bom para me contar?

-É sobre você e sobre a nova vida que terá daqui para frente. -ela disse com um sorriso no rosto. Não conseguia ver que eu provavelmente não conseguiria ter uma "vida" sem saber se Percy estava bem ou não.

-Diga-me o que você considera como vida para mim nesse momento. -ironizei.

-Ora, não seja tão boba. Você é uma jovem viúva, as pessoas esperam que depois do heroico resgate que trouxe você de volta, sua presença seja mais ativa na sociedade. -ela disse. Era tão fútil que eu mal conseguia ouvir as palavras sendo ditas por ela.

-Poupe-me desse assunto. Não acredito que veio até aqui me perturbar com essa futilidade toda! -desabafei.

-Você não trataria esse assunto dessa forma se realmente soubesse   como é a imagem de alguém ou de uma família é importante. -ela disse. -Infelizmente você é uma moça pouco inteligente e notavelmente não sabe reconhecer uma boa oportunidade. -ela disse e meu estômago revirou, senti minhas mãos se fecharem em punhos e a linda imagem das mesmas acertando o rosto dela.

-Você nunca diria isso se realmente conhecesse quem e como minha mãe é. -eu disse de forma acusativa, pensando no poder de Atena em destruir a vida das pessoas com apenas algumas palavras verdadeiras. -Dobre a língua antes de falar qualquer coisa de mim. -eu disse e ela se levantou e caminhou até mim, até estar bem na minha frente, encarando-me com um fúria incalculável.

-Escute aqui, garota... Você não sabe com quem está lidando. Eu passei anos tendo que conviver com a sua presença insuportável nessa casa e durante todos esses anos eu sempre acreditei que todo o meu pesar por ter de aguentar você por todos esses anos no final viria para um bom motivo um dia, e finalmente esse momento chegou. Você não devia estragar tudo agora que as coisas começam a dar certo! -ela disse aos gritos e eu a encarei cética.

-O que eu posso trazer de bom para você agora? Responda! O que você ganha com minha volta? Devia ter me deixado naquela casa, vivendo com me marido, eu estaria longe de você e não atrapalharia seu caminho. Ambas ficaríamos muito gratas por isso! -gritei de volta, ela me olhou com escárnio.

-Você não entende... Seu pai nunca pararia de reclamar se você não estivesse de novo em casa, por mim você poderia apodrecer naquela mansão... Mas ele estava tão determinado em buscar você que eu nem mesmo pude questionar sem que ele respondesse com ignorância. -ela queixou-se. -Ainda mais quando repentinamente ele resolve que você é mais uma donzela em apuros que precisa ser salva... Tão obcecado com isso que chegava a parecer possuído... -ela disse e de repente sua voz falhou, ela parecia estar lembrando-se de alguma coisa e sua mente parecia trabalhar para assimilar as coisas.

-O que você ganha com isso...? -repeti minha pergunta anterior.

-Prestígio, atenção e quem sabe um pouco mais de consideração de seu pai. Apesar de ele agir incrivelmente estranho, mesmo depois de sua volta... -ela continuou, mais uma vez parecia que as observações estavam vinculadas mais a ela do que a mim, eu já não mais podia ignorar o fato que havia alguma coisa errada com meu pai.

-O que você diz... sobre meu pai, é verdade ou apenas mais um jeito que faz uso para prender minha atenção? -questionei e ela pareceu não entender.

-Eu não perderia meu tempo usando artifícios com você, não valeria o esforço. Mas o fato é : pela primeira vez você pode ser útil para mim e para seu pai, então, por favor, pode ao menos cooperar?

-Você só pode estar brincando comigo! -resmunguei alto. Era inacreditável o poder que aquela mulher possuía de mostrar-se sempre pensando em si mesma, ignorando tudo e todos ao seu redor.

-Preste atenção: eu não pretendo perturbá-la por muito tempo, então podemos negociar... -continuei calada esperando que ela terminasse de falar. -Você faz o que eu peço por apenas alguns dias e eu juro que farei de tudo para convencer seu pai a deixar com que você vá em busca de seu marido. O que me diz?

Por um momento a proposta pareceu extremamente tentadora. Eu devi declinar, era o certo a ser feito, mas havia a grande chance de aquela ser a única maneira que eu iria encontrar para achar Percy. A contragosto e depois de avaliar todos os riscos, eu concordei.

-Temos um trato. -resmunguei.

-É uma ótima escolha. -ela disse forçando um sorriso. -Se me permite, agora irei cuidar da minha vida, algo muito mais produtivo. -ela caminhou rapidamente em direção a porta, mas antes que ela a travesasse e a chamei de volta e ela virou-se em minha direção.

-O que disse sobre meu pai. -eu insisti. -Não era um blefe... não é mesmo?

-Eu queria dizer que sim, mas não. -ela disse, realmente parecia sincera. -Ele planejou seu resgate do começo ao fim e foi ele mesmo quem atacou seu marido. Como ele fez? Não sei, mas gostaria de saber. Antigamente, ele nem ao menos mataria uma aranha para mim e agora está sendo chamado de herói.

-Como isso é possível? -perguntei.

-Não faço ideia, mas acho que demorarei mais um tempo para descobrir, afinal ele viajará daqui a poucos minutos e eu continuarei com minha curiosidade.

-Não. Ele não pode viajar, eu preciso falar com ele. Preciso esclarecer as coisas! -eu disse indo na direção da porta, determinada a sair e confrontar meu pai.

-Tentar falar com ele agora é puramente inútil. Esperar agora é o melhor que pode fazer, ele está fora de si e a "conversa" que gostaria de ter não vai acontecer da forma que espera. Tome um banho, troque de roupa e de enfeite, mas tarde teremos visitas e você pode honrar com sua parte de nosso trato. -ela disse e por mais incrível que pareça, aquela realmente parecia ser a melhor coisa a fazer.

Ela saiu e eu continuei ali parada, encarando o silêncio do meu quarto. Fiquei ali por mais alguns segundos, antes de entrar no banheiro e me entregar aos prazeres de um banho quente.

Minha tarde naquele dia não passou de um borrão onde eu apenas me lembro de estar sentada em um dos divãs do salão de visitas enquanto fingia sorrisos e escutava a conversa fútil de minha madrasta e suas amigas que supostamente vieram para me cumprimentar e oferecer as condolências pela morte "precoce" de meu marido. 

A verdade é que eu sabia que o real interesse delas era me observar e tentar conseguir algumas respostas sobre como era minha vida ao lado de Percy, afinal, nada intiga mais a curiosidade de alguém do que uma pessoas que tenha entrado em contato com algo que elas desconhecem totalmente, algo como estar casada com um homem que carrega uma maldição. Eu não as ajudei nesse sentido, por mim poderiam morrer levando suas peguntas para o caixão. Percy era meu marido e nossa vida juntos só interessava a nós mesmos.

Eu cumpri minha parte no trato, fui gentil, porém sem ser amigável demais... Passei a tarde toda ouvindo frases como:

-Sentimos muito por sua perda...

-Deve ter sido assustador, ficar viúva tão cedo...

-Pelo menos está de volta em casa, seu pesadelo acabou.

-Você ainda é jovem e bonita, pode se casar de novo e ser feliz.

Aquelas eram as piores coisas que eu poderia ouvir e infelizmente durou uma interminável tarde. Tratei de me recolher mais cedo e ignorar o jantar ao lado daquelas pessoas, abrigando-me em meu quarto mais uma vez.

Ouvi quando as senhoras da alta sociedade deixaram minha casa e agradeci aos deuses por elas terem algo mais importante para fazer em suas vidinhas medíocres do que me importunar por mais algum tempo.

Passei o fim de tarde sentada à janela, olhando para a rua e o movimento tranquilo da cidade, eu nunca havia considerado aquela uma paisagem bonita e mesmo assim, nesse momento, ela parecia incrivelmente mais interessante que a convivência com minha madrasta e conhecimento de minha real situação.

O tempo parecia passar devagar e eu observei a lenta caída da noite. A brisa que tocava meu rosto era reconfortante, parecia trazer de volta aquele calorzinho vindo de meu lar, fazendo com que eu me lembrasse daqueles momentos em que ficava na sacada de meu quarto ou no quarto de Percy, onde os braços fortes e acolhedores dele me rodeavam e nossas mãos juntas formavam a melhor visão que eu poderia ter. 

Deuses! Como eu sentia sua falta!

Onde estaria ele agora? Estaria seguro? Que os deuses permitam que sim. Eu precisava estar ao lado dele agora, meu coração estava pesado e visão do homem que amo ferido poderia ser a coisa mais terrível que poderia me ocorrer.

Uma vez li em um livro que continha um romance bobo, mas que lembro muito bem, contava uma passagem bem interessante. Contava que algumas palavras, quando ditas de forma intensa aqueles que estão longe de nós podem ser transmitidas por meio do vento, este levaria as palavras direto para a pessoa amada e assim... a saudade diminuiria um pouco.

Eu não era do tipo que costumava acreditar nesse tipo de coisa, porém eu já não tinha mais tempo e direito para não acreditar mais nessas coisas, talvez porque a situação não me fosse nem um pouco favorável, mas talvez pudesse ser por, bem no fundo, eu gostar de acreditar que o amor (principalmente o meu e de Percy) pudesse ser forte o bastante para fazer esse tipo de coisa impossível acontecer -ainda mais quando sei que ninguém entenda melhor de impossibilidades do que Percy e eu.

-Percy... Onde está você agora? Eu gostaria tanto que estivéssemos juntos. -eu disse para o nada, não que esperasse alguma resposta, mas meu coração parecia estar tão sincronizado e entretido com aquele momento que mal liguei para o que fazia. -Eu sinto tanto sua falta... -eu disse, sentindo uma lágrima escorrer por meu rosto. "-Eu sei que estou tão longe de você. Mas sei que não tenho de procurar alto e baixo para vê-lo novamente. Não importa onde eu vou, não importa onde eu vou estar, você estará sempre aqui. Porque as nossas memórias seguem comigo e isto é tudo que preciso. -eu podia jurar que o vento soprou mais forte naquele momento."¹

Pov: Narradora.

Quando um ser apaixonado diz ao vento o que sente, o vento faz o favor de transmitir a mensagem... Para que a saudade entre os amantes diminua um pouco mais.

Ele estava observando o mar, porque aquele era o lugar onde ele se sentia mais seguro e calmo. A brisa do mar sobrava calmamente, mas em um momento o vento soprou mais forte e ele jurou poder ouvir a doce voz da mulher que ela tanto amava.

Ele não sabia do poder do vento, mas isso não o impediu o garoto dos olhos verdes de mandar sua respostas:

"-É tão fácil sentir sua falta porque você está passando pela minha cabeça um milhão de vezes por dia. Mas estou bem porque você diz que você está fazendo exatamente a mesma coisa." ² -ele disse calmamente. Ele não sabia se ela poderia ouvir, mas esperava realmente que isso pudesse acontecer.

O vento é um grande aliado dos amantes separados, mas ele não é o único fator, principalmente quando se sabe que uma certa deusa do amor nunca descansaria até mostrar a todos que o poder do amor é mais, nem que para isso tenha que gastar todas as suas forças para transmitir uma mensagem, se disfarçando e dissipando no ar.

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¹ e ² são trechos traduzidos tirados da música "All I need" -da cantora Alyssa Bernal.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado *-*
Deixem reviews.
Recomendem.
E bem, sejam legais e digam "oi" para mim.
Ah... Vocês também podem dizer "bem-vinda de volta à vida, autora".
Beijos
até mais *-*