November Rain escrita por Smile


Capítulo 9
O amor é reconfortante.




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Cinco horas da manhã eu acordei assustado, estava no colo de Takano. Enrubescido pelo que havia acontecido há algumas horas atrás eu me levantei para ir ao banheiro quando senti uma mão me puxando, fiquei em choque.

- Aonde você vai Onodera?

- A- ao banheiro – Respondi meio que gaguejando.

- Quer que eu vá com você?

- Não precisa, posso ir sozinho.

- Tudo bem, não demore.

Sai rapidamente dali, meu rosto parecia uma pimenta e meu corpo uma vara de bambu, não parava de tremer por um segundo sequer. Lembrei-me de tudo o que aconteceu há algumas horas atrás em alguns segundos. Cérebro maldito! Nessas horas eu agradeceria que meu cérebro ficasse quieto no seu canto, odiava vê-lo fazer me lembrar de coisas que não gostaria.

Cheguei ao banheiro e fiz minhas necessidades, lavei as mãos e sai dali. No meio do caminho de volta para a sala, as luzes do corredor todo se apagaram de uma vez. Ficou tudo escuro ali, dava até certo medo de andar sozinho, mas você não era mais criança não é mesmo Onodera? Claro que não, não deveria ter medo de escuro ainda não é? De novo, cérebro maldito, porque teve que me lembrar de que eu tinha medo de escuro?

Via sombras nas paredes e isso fazia aumentar meu medo.

Ouvi passos atrás de mim, parei de andar, fiquei paralisado ali mesmo, não dava pra ver nada nem quem vinha e nem quem ia, simplesmente nada. Os passos chegavam mais perto, e mais, e mais, até que uma mão pegou no meu ombro, sabe qual foi minha reação?

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, SOCORRO, UM FANTASMA! – Sim, essa foi minha reação.

- Onodera, se acalme, sou eu, Takano.

- Como posso ter certeza de que você é o Takano? Você pode muito bem ser um bicho que tem a voz dele.

- Larga de ser idiota, sou eu mesmo.

- Prove.

- Fiquei trancado aqui por sua culpa, perdi um dia de trabalho por sua culpa, não estudei direito por sua culpa, quer mais?

- Não, você é o Takano mesmo.

- Ótimo, e agora? Acabou a energia.

- Tem alguma lanterna por aqui?

- Não sei, talvez tenha em alguma sala por aqui... Espera, eu tenho uma pequena lanterna na bolsa, não é grande coisa mais deve servir pra gente caçar algo por ai.

- Vamos voltar para a sala.

- Mas de que lado é a sala?

“...”

- Estamos perdidos.

- Legal, estamos perdidos no corredor, sem luz, água, comida, cama, vamos morrer.

- Também não é pra tanto. Logo a energia volta.

E como num passe de mágica a energia voltou.

- Você tem que me ensinar esses truques Takano, funcionam que é uma beleza – Disse rindo.

- Mas... – ele começou a rir também – Vem, vamos para a sala, logo amanhece.

- Você sabe que horas são?

- Já é quase seis horas da manhã, é melhor nos mantermos acordados até amanhecer.

- É.

Voltando no quarto, nos deitamos novamente no que chamamos de uma cama improvisada e cada um passou a ler seu livro, já que ninguém mais estava com sono e não havia outra coisa mais interessante pra fazer. Às vezes havia uma troca de olhares entre nós, mas logo eram desviados, pois dizem que os olhos são as janelas para a alma, e na verdade sentíamos que estávamos vendo algo a mais do que apenas nossos olhos. As horas se passaram e logo o sol nasceu, decidimos então guardar as coisas que pegamos e fingir que não ficamos presos ali à noite toda.

- Está frio – Disse tremendo quanto guardávamos os colchões, logo em seguida abraçando meu próprio corpo a fim de esquentá-lo.

- Tome – Disse ele dando seu casaco pra mim – Eu não estou com frio, além de que tenho essa outra blusa aqui que estava usando.

- Obrigado – Fiquei vermelho e abaixei a cabeça para ele não ver meu rosto, dei um pequeno sorriso e coloquei seu casaco.

- Ei, Onodera...

- O que foi Taka... – Quando eu me virei para ver o que ele queria, ele rapidamente me beijou,claro que eu retribui, afinal eu o amava, amava seu cheiro, seus lábios, sua pele, enfim tudo. E já me convencia disso, mas por enquanto não admitiria isso a ele. Quando o beijo acabou, demos as mãos e fomos para a sala em silêncio, esperamos lá então, a aula começar.

Logo todos foram chegando, um a um e acabou que ninguém desconfiou que havíamos passado a noite ali, e nem saberiam se dependesse de mim. A aula começou rápido, talvez porque eu estava me ocupando lendo, mas do mesmo jeito que começou acabou praticamente num piscar de olhos. A prova não foi difícil, Takano e eu havíamos estudado bem, apesar dos imprevistos que acontecera, tenho certeza que para ele também havia sido fácil.
Quando a aula acabou, voltei com ele para a casa, pois agora meio que morávamos juntos e, além disso, Yokozawa não havia ido para a escola hoje.

- Ei, Takano, posso fazer as compras hoje?

- Pode, mas por quê?

- É que eu estou na sua casa a troco de nada, pelo menos as compras e a limpeza da casa eu posso fazer, não é?

- É, só não se esforce, vai desmaiar de novo.

- Não vai acontecer nada.

- Eu espero que não, fico preocupado, sabia?

Fique vermelho, abaixei a cabeça e não falei mais nada a respeito disso. Chegamos a casa dele e o folgado já foi jogando tudo o que tirava do corpo por aí.

- Ei! Tente ser mais organizado.

- Essa é minha casa, me deixa fazer do jeito que eu acho mais conveniente.

- Tudo bem...

Ele tirou o cinto e a gravata e os jogou em cima do sofá, tirou os sapatos e as meias e os jogou por aí, bagunçou o cabelo e foi para a cozinha fazer o almoço. Para não ficar igual uma barata tonta sem saber o que fazer, recolhi as roupas que ele jogou e as lavei para serem usadas amanhã novamente, arrumei os sapatos e guardei o cinto, logo depois fui tomar um banho para relaxar até o almoço ficar pronto, quando terminei estava quase tudo na mesa já. Peguei os pratos e me sentei. Eu simplesmente adorava a comida do Takano.

- Takano, você cozinha muito bem, adoro sua comida!

- Que bom, seria ruim se não gostasse.

- Já está pronto pra casar – Disse rindo – Com um marido desses que mulher precisa cozinhar?

Ele riu também.

- Mas sabe, não pretendo me casar.

- Não? Por quê?

- Você ainda se pergunta? Claro que é porque eu te amo.

Incrível que mesmo dizendo tais palavras com tanto sentimento ele as soltou como se fosse algo natural e continuou comendo, fiquei em choque, paralisado pro alguns segundos e depois voltei a comer, só que dessa vez sem falar nada.

- Disse algo que não devia?

Silêncio.

- Não me ignore, Onodera.

Silêncio. Houve um silêncio da parte dele também.

O resto do almoço foi silencioso, quando terminei, levantei-me e fui lavar a minha louça suja enquanto eu lavava, Takano veio por trás e me abraçou, aninhando sua cabeça no meu ombro.

- Ei... Takano... Eu tenho que lavar a louça...

Silêncio da parte dele.

- Me solte, por favor, Takano...

- Não vou soltar. Não precisa lavar a louça agora – Ele me virou de frente para ele e me beijou, ah como eu amava o beijo do Takano, tinha gosto de morango.

- Ei, eu te amo, Ritsu.

Ele havia me chamado pelo primeiro nome, e disse que me amava, novamente pude sentir o sentimento que vinha dessas palavras, não eram só ditas por dizer, eram ditas transmitindo um sentimento forte.

Fiquei tão feliz que não pude conter o sorriso.

Ele olhou para mim e sorriu também.

- Takano idiota.

- Onodera tonto.

- Te odeio.

- Te amo. 


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