Quando abri os olhos, vi a lua cheia verde e enorme em cima de mim. As estrelas já não eram pontinhos, eram borrões estranhos e com menos brilho que o normal. O silencio reinava agora que aviões e carros não funcionavam mais. Eu fiquei ali, deitado olhando para o céu, meio desacordado ainda pelo desmaio, até levar um tapa. Uma mão pesada acertou meu rosto em cheio, fazendo com que eu recuperasse os sentidos ou, pela dor, perdesse um dente.

- Belo tapa Urameshi! – quem dizia isso era o maldito Zoro, enquanto estralava os dedos – Deixe-me ser o próximo!

- Não! – disse Ed em minha defesa – Um tapa do Yusuke é suficiente pra levantar um leão. É mais do que o suficiente.

- Correção. – falei, tentando me levantar. – Um tapa do Yusuke pode MATAR um leão.

Edward suspirou em alivio. Yusuke me esticou a mão para que eu levantasse.

- Que bom que acordou loirinho! – disse Yusuke – Eu não ia carregar marmanjo pra enfermaria não!

- Eu desmaiei por quanto tempo? – perguntei, limpando a sujeira da minha calça

- Bom... Você caiu pra trás, bateu a cabeça, te chacoalhamos e o Yusuke te deu o tapa. – falou Ed, enumerando as situações nos dedos – Acho que... Uns 15 segundos?

15 segundos? Eu podia jurar que estive uma meia hora naquele quarto de veludo azul!

- Eu diria que é um recorde no desmaio! – disse Zoro, com a mão nas espadas – Não deve ter tido tempo nem de sonhar.

Sonhar... Foi tudo um sonho não é? Tudo um incrível sonho bizarro e confortável como... Veludo! Quando coloquei a mão no bolso da calca eu senti o conforto do veludo. A pequena chave de veludo. Não foi um sonho, foi real!

- Eu vi... Um lugar azul. – Falei, tentando ver se eles associavam alguma coisa.

- Parece que não vamos ver azul por algum tempo. – disse Yusuke, olhando para a cidade. – Tudo aqui está estranhamente verde.

Zoro deu um soquinho no ombro do Yusuke.

- Pelo menos nosso cabelo está bem na moda agora! – disse Zoro rindo da própria piada.

- Vamos deixar os loiros no chinelo! – disse Yusuke dando um soquinho de volta em Zoro. Depois ele olhou para baixo. – Ei Hiei! Tranque os portões e vamos falar com o Kurapika. Ele deve ter bolado um plano para manter esses piralhos seguros.

Hiei foi puxando o portão enquanto saímos do telhado. Eu tinha que voltar para a Hinata! Eu queria contar para ela e talvez para o Sasuke o que havia acontecido naquele quarto estranho com o narigudo.

- Mas que diabos...? – disse Ed parando na minha frente.

Eu estava pensando em conversar com o povo e nem estava prestando atenção no caminho. Estávamos no corredor do terceiro andar, faltava um andar para chegarmos à nossa sala. Mas uma coisa estava muito estranha. Na escada que descia havia um caixão! Um caixão preto com as bordas vermelhas. Eles não ficavam deitados no chão, estavam em pé flutuando.Olhei para o corredor e havia mais alguns caixões por ali.

- O que seria isso? – disse Zoro bem perto de um caixão – São caixões flutuantes?

Yusuke cutucou um e fez uma cara estranha.

- São bem maciços. São estranhos.

- Esqueçam eles por ora. Vamos logo ver como está o pessoal na sala! – falei, passando por um caixão flutuante e seguindo a escada.

- Tomara que o Al esteja bem! – disse Edward que estava no meu encalço, com Yusuke e Zoro vindo logo atrás.

O segundo andar também tinha os caixões estranhos. Meu coração acelerou. O que quer que isso fosse poderia ser algo ruim para meus amigos que estavam ali. Droga! Cheguei na porta da sala e ela estava fechada. Quando a abri, uma mão voou no meu colarinho e me levantou.

- O que você... Ah! Naruto! – Sasuke me desceu – Ei Hinata, seu loiro chegou.

A Hinata levantou-se da cadeira dela e correu em minha direção. Ela chorava. Porque? Ela me abraçou bem forte e eu correspondi o abraço. Enquanto isso olhei a sala. Onde deveria ter 40 alunos, haviam apenas a Hinata, o Sasuke, o Al, mais 5 alunos e uns 30 caixões flutuantes! Meu coração acelerou mais por ter visto aqueles caixões.

- Estou tão feliz em te ver! – disse Hinata, ainda chorando – Você é tão lindo...

O que lindo tem a ver nessa hora?

- Eu sou o que? – perguntei totalmente confuso

Ela olhou para meu rosto sorrindo.

- Seus olhos azuis são lindos...

- O que? Não me diga que.... – falei, boquiaberto.

- Exato Naruto. – Al disse, enquanto acenava para Ed – Por algum motivo a Hinata voltou a enxergar!

Esqueçam a noite verde! Esqueçam caixões flutuantes! Eu até esqueci a chave de veludo no meu bolso! As lagrimas que escorriam do meu rosto só diziam uma coisa somente. Alguma coisa mágica estava acontecendo no mundo. E essa magia trouxe a visão da Hinata de volta! Fiquei chorando ali por um tempo com ela. Caramba, isso me pegou de surpresa!

- Como... Como é possível? – perguntei, secando as lagrimas

- Não sei. – disse Sasuke, descontraído – A luz verde da lua tomou conta da sala e as pessoas viraram caixões. Foi então que ela gritou dizendo que enxergava.

- Isso é bem bizarro! – disse Yusuke, que estava dentro da sala. – Então isso são os alunos?

Ele e o Zoro analisavam os caixões, embora eu ache que não tem nada para fazer com eles.

- Mas Hinata...  Você viu alguém? – perguntei pra ela. Será que o Igor tinha algo a ver com isso? – Você sentiu algo?

- Na verdade, eu senti. Uma força crescendo no meu coração, querendo sair. Eu fechei os olhos por um segundo e depois... Eu enxerguei! – falou Hinata, o choro vindo novamente. – Eu consegui escutar algo também... Algo como “Eu sou você, Você é eu. Eu sou Per...”

Antes que ela pudesse terminar, a porta se abriu e o Kuwabara apareceu.

- Tsc! Quantos caixões! – ele reclamou

- Ora, Ora! Veio trabalhar é? – disse Yusuke

- Seu delinquente de uma figa! Você vem pra escola em um dia desse? – gritou Kuwabara. – Enfim. Vocês, todo mundo pro anfiteatro.

- Para o anfiteatro? – perguntei – Porque?

- O diretor Kurapika quer reunir os alunos que sobraram. – disse Kuwabara – Vamos ter que tomar algumas atitudes!