O Amor Acontece. escrita por Mellody Holmes


Capítulo 2
Capítulo 2 - Desenterrando cartas.


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco, mas, aí está; mais um capítulo da fic. Alguém aí tem um palpite sobre o que a carta dizia?



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     Enquanto Victor cavava, Lara imaginava o teor da carta deixada por ele. Da sua lembrava bem; um recadinho literalmente infantil sobre amizade, mas, e a dele? Como estaria? “Ele tinha doze anos tanto quanto você, não pense bobagem!”, ela repreendia a si mesma, no entanto, também pensava: “Mas, ele parece tão empolgado, deve ser algo mais importante que uma dúzia de palavras desejando meramente amizade eterna, por exemplo.”.

      Deve ser dito aqui, com mais pura franqueza, que a garota estava semeando a decepção vinda a seguir ao ver entusiasmo onde não havia. Victor se empenhava muito pouco na atividade, motivo que explica o porquê da mesma lhe tomar longos dez minutos. O mistério que fez acerca do que escrevera era de natureza experimental: desejou testar a reação da moça, saber se ela alimentava expectativas. Ficaria feliz se ela esperasse mais da carta, foi o que pensou pelo menos, mas, logo descobriria que felicidade não é bem o que viria a seguir.

      Com a caixinha em mãos, Victor diz:

      ___ Devo fazer as honras?

      ___ Oh sim, por favor. Comecemos pela minha!

      E lá estava; em um papel castigado pelo tempo e em letras pequenas e arredondadas, a carta de Lara:

                       “Victor,

      Acho que não tenho muito o que falar, estou contando com o nosso reencontro nas próximas férias, mesmo que seus pais digam o contrário. Mesmo assim, preciso escrever algo!

      Não tive muitas ideias sobre o que pôr aqui, e já estou pensando há minutos. Não preciso dizer os motivos pelos quais somos amigos, isso é óbvio: O bolo de chocolate da Sra. Laurinda é maravilhoso e ela é sua avó, mas que conveniente, não?! Ah, e... Claro, você é LEGAL.

    Pensando melhor, eu até tenho o que escrever. Acabo de lembrar que temos 12 anos; duas vezes a idade que tínhamos quando nos conhecemos. Sabe o que significa? Que já passei metade da minha vida ao lado do meu melhor amigo.

    Não me esquece, heim?”.

      Ele riu durante quase toda a leitura da carta e, ao final desta, brincou:

      ___ Você sempre foi tão profunda...

      ___ Eu fui ótima: deixei uma bela reflexão sobre nossa amizade e ainda fugi do clichê que essas cartas costumam ser. – Dizendo isso, ela se mostrava quase à vontade na companhia do garoto.

      ___ Você não mudou tanto quanto pensei.  – Ele falou sorrindo, parecendo maravilhado com a descoberta.

      ___ Acha que mudei? – Uma espécie de alívio a tomou ao pensar que ele sentia o mesmo que ela quanto às mudanças dos dois. Victor corava e desejava não ter feito tal observação.

       ___ Mais ou menos... Quer dizer, não sei. Você acabou de chegar e... Fisicamente, aliás, aparentemente... Acho que está na hora de ler a minha carta.

        Lara provavelmente não teria deixado que ele mudasse de assunto desta forma se não estivesse extremamente curiosa. Pegou a folha restante na caixinha, abriu-a e começou a ler:

         “Lara,

         Você é uma menina muito inteligente, divertida e alegre. Tenho orgulho em ser seu amigo, espero que sinta o mesmo por esse bobão aqui.

         Eu não sei quando você estará lendo isso, espero que em breve, porque vou sentir saudade das nossas brincadeiras... Se isso demorar muito, vamos ser velhos para brincar, e não é isso que queremos!

         Já sinto sua falta.

        ___ “Seu eterno amigo.”.

      Acabou a leitura. Repetiu mentalmente aquilo que havia pensado há pouco: “Mas, ele parece tão empolgado, deve ser algo mais importante que uma dúzia de palavras desejando meramente amizade eterna, por exemplo.”, em seguida releu a assinatura na carta; “Eterno amigo” fora exatamente o termo empregado. Envolvida em seu desapontamento, esquecera-se de Victor, apenas fitava a carta pensativa. Começou a se sentir boba e precipitada  Poe estar chateada, porém, não conseguia desfazer-se da ideia de que aquela mensagem precisava dizer algo mais. Interrompeu sua frustração, quando ouviu:

      ___ Parece decepcionada, por acaso meu bilhete soou clichê demais?

      Péssimo momento para ser bem humorado. Lara começou a notar a diversão por trás da pergunta e quase explodiu de raiva por pensar que deixara transparecer aquilo que esperava ler. Antes que dissesse algo, notou que falar – com a indignação pulsando em suas veias – apenas forneceria mais algumas certezas ao garoto. Atirou a folha ao chão e caminhou o mais rápido que pôde de volta a casa da tia.

       ___ Lara! Lara! O que foi? Volte aqui...

       Ela ignorava os gritos que pareciam estar cada vez mais perto.

       ___ Não pode ter sido tão ruim assim – Falou Victor, segurando o braço da menina, uma vez a alcançado.

       ___ Foi. Foi sim. Só não sei o que foi pior: o seu deboche ou eu ter me deixado levar por essa sua brincadeira.

      ___ O quê? Mas, que brincadeira? – Diante do olhar de fúria de Lara, ele continuou mesmo sem resposta – Não tive a intenção de te chatear, muito menos de parecer estar debochando.

      ___ tarde demais.

      Com estas palavras, Lara escapou das mãos que seguravam seus braços e praticamente voou para o quarto. Passando pela cozinha novamente, sua tia disse:

      ___ Olha você aí! Não quer comer? Saiu cedo, nem mesmo...

      ___ Não estou com fome. – Ela disse, num tom entrecortado.

      O resto da manhã, Ela permaneceu trancada no quarto. Às vezes chorava de raiva, mas, na maior parte do tempo, apenas se perguntava se não estava exagerando, isso até se convencer – instantes depois - de que Ele fora o errado. Já por voltar das 10:00 horas, sua tia batia na porta com a notícia:

      ___ Lara? Victor está aqui. Não vai vir falar com ele?

      ___ Nããão !

      ___ O que está acontecendo aqui? Eu nunca vi vocês brigarem, nem mesmo uma vezinha.

      ___ Só o mande ir embora, tia. Por favor. – Assim sua tia fez.

      Quando sentiu que enfim precisava comer, destrancou a porta e almoçou. Era a única na cozinha, porque todos já haviam comido, e isso a deixou contente; não teria que explicar nada a ninguém. Estava muito quente e, quando deixou o prato sujo no balcão, resolveu tomar banho. A essa altura se perguntava por onde Ele estaria; se não iria aparecer mais por ali. De qualquer forma, apressou-se em sair logo do banheiro. Como planejava trancar-se novamente no quarto, vestiu o pijama que usara noite passada e atravessou a sala como num salto. Abriu a porta com um pouco de pressa, entrou sem olhar em volta e rodou a chave. Virou e se deparou com Victor sentado na cama. Assustada, ela disse (um pouco alto):

      ___ O que você...? – E foi interrompida pelo pedido de silêncio do menino, que já havia se levantado da cama.

      ___ Tudo bem aí, querida? – Indagou a tia preocupada.

      ___ Sim.

      Quase num sussurro, Victor disse:

      ___ Antes de me expulsar, preciso que me ouça.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Logo poderão saber o que Victor disse e Lara. ^^