My Beating Heart Belongs To You escrita por MsTigerOwl


Capítulo 2
Sickened


Notas iniciais do capítulo

Geeente, to postando treze minutos mais cedo, mas não se acostumem, ok? Amo vocês, continuem sendo os leitores maravilhosos que vocês são!! Aproveitem! Esse é narrado pela nossa loira dançarina preferida Brittany S. Pierce



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Estava deitada em meio aos lençóis macios da minha cama, encarando o teto branco, sentindo meu corpo ficar anestesiado de novo, e meu coração ardia, como se tivessem jogado amarras sobre o músculo e puxassem para baixo, prensando-o contra a caixa torácica, meu cérebro fervilhava em milhões de possibilidades, desde de manhã que eu tenho a sensação muito ruim, como se jogassem gelo nos meus pulmões, eu não conseguia respirar corretamente, minha cabeça doía e um enorme bolo tinha se formado em minha garganta, me deixando nauseada.

O barulho musical ecoou por entre as paredes floridas novamente, mais uma mensagem, pesquei o iPhone branco do meio do meu livro de biologia e olhei, antes de sibilar lentamente, era mais uma mensagem de Artie, a quarta naquela tarde, eu tinha faltado a aula naquele dia por causa de todas aquelas sensações que estava tendo desde de manhã, mas de alguma forma, tudo aquilo se resumia a uma só sensação, ou premonição, de que algo estava errado, algo estava muito errado, e eu tinha quase certeza que tinha a ver com Santana, algo estava errado com ela, apertei "ler".

- Por que você faltou aula hoje? Quer ir ao Breadstix mais tarde? - Artie.

Mordi o lábio e me senti ainda mais frustrada por não conseguir mandar aquela sensação embora, joguei o celular com força em cima da minha poltrona e levantei de uma vez da cama, meu irmão Theo estava na sala jogando videogame, olhei-o de canto de olho, Theo tinha começado a namorar a filha da vizinha dos Lopez, Gaby, há algumas semanas, por isso, era como meu mensageiro para saber quando Santana estava em casa, já que ela não me procurava mais desde que tinha se declarado para mim e eu disse que não podia terminar com o Artie. Me sentei ao seu lado no sofá e fiquei observando o avatar se mexer na tela enquanto ele apertava os botões no controle, de alguma forma, de repente, eu tinha certeza que toda aquela premonição tinha a ver com Santana.

- Quer novidades? - ele perguntou, sem tirar os olhos da tela, e eu o olhei, atenta e assenti rapidamente, ele pausou o jogo e me olhou, sério. - Vinte pratas. - cobrou, estendendo a mão, o olhei com raiva e peguei o dinheiro do bolso do meu short para dar para ele, que sorriu, satisfeito, esticou a nota com as duas mãos e a ergueu para analisá-la embaixo da luz do lustre, antes de me mandar um sorrisinho cafajeste e colocar o dinheiro no bolso do jeans. - A sua namoradinha gostosa tá em casa, pelo que a Gaby me disse, não sai de casa há alguns dias e não está muito bem.

- Mais alguma coisa? - perguntei, ansiosa, me inclinando levemente para olhá-lo.

- Não, a Gaby só sabe disso porque a Eleanor é amiga da mãe dela. - ele disse, voltando a pegar o controle, apertando play novamente e voltando ao seu mundo dos jogos, passei os dedos pela estampa da almofada que tinha no colo, deixando que meus pensamentos voltassem ás vezes que Santana ficara doente, só se lembrava de três ocasiões, aos onze anos, ela pegara uma virose que a fizera ficar seis semanas de cama, aos catorze, teve uma crise de asma por ansiedade, já faziam oito anos que ela não tinha nenhuma e da vez que ela pegou meningite e ficou internada um tempão.

Eleanor é a mãe da Santana, ela é uma mulher que parece mais jovem do que realmente é, com seus cabelos pretos quase tão sedosos e longos como os da filha, seu olhar cor de chocolate com um brilho jovial e adolescente muito bonito, ela tinha a mesma pele cor de caramelo que a filha, e era casada com Antonio desde muito nova, Santana tem três irmãos, Fernando, de 23 anos, que cursa em medicina como Antonio, que é neuro-cirurgião, Jade, de 19 anos, que cursa design de moda na universidade de Lima e Kayla, de 7 anos.

Minha família é menor, Amy, minha mãe, é filha de holandeses e se mudou para os EUA aos dois anos, ela é loira, tem olhos azuis e é quase albina, já George, meu pai, é filho de franceses e se mudou para nosso país aos vinte e sete anos, por isso ele resmunga em francês e já me ensinou a falar um pouquinho, eu tenho dois irmãos, Theo, de 20 anos e Hannah, de 8 anos, Hannah e Kayla se dão muito bem, já Theo e Jade sempre estiveram em pé de guerra e Theo e Fernando eram apenas indiferentes e nunca tentaram uma aproximação, minha mãe e a mãe de Santana sempre foram amigas e nos conhecemos em um parque aos doze anos, mamãe e a mãe dela tinham passado muito tempo sem se ver e desde que nos conhecemos, elas voltaram a se falar.

Passei a semana passada toda muito irritada, acabei falando o que não queria para minha mãe e agora estava de castigo, olhei o relógio e praguejei baixinho, queria poder sair agora e ter certeza de que ela estava bem, eu olhei novamente em direção da televisão, ali era nosso cantinho, meu, de Theo e de Hannah desde pequenos, tinha várias fotos de nós ali na estante, muitas delas eram com os irmãos Lopez, já que eles sempre tiveram certo espaço na nossa infância.

Mas uma foto chamou minha atenção, me levantei e peguei o porta-retrato cor de rosa, Hannah e Kayla sorrindo alegres no jardim da casa de Santana, Bingo! Eu sei que é meio errado usar minha irmãzinha, mas parece que nada funciona, então, que seja.

 - Hannah! - gritei, andando rapidamente pelo corredor, ouvi Theo dar uma risadinha atrás de mim, abri a porta da minha irmã, que estava assistindo Procurando Nemo deitada sobre algumas almofadas no chão e abraçada a Lord T.

- O que foi, Britt? - ela perguntou, docemente, pausando o DVD e sentando sobre o tapete, me sentei de frente para ela.

- Soube que a Kay está em casa? - perguntei, e vi seus olhinhos azuis brilharem, Kayla era um ano mais nova do que Hannah, sendo que a Kay ainda estudava no Prédio McKinley Infantil e Hannah já tinha passado para o Prédio Midley, que era de crianças de 8 a 15 anos, então, elas só se encontravam muito raramente, o que era meio triste, já que sempre foram melhores amigas no Prédio Infantil. 

- Sério? Você me leva lá, Britt? - ela perguntou, inocentemente.

- Você tem que perguntar pra mamãe se eu posso te levar. - falei, apertando os lábios. 

- Okay, você vem comigo? - ela perguntou e eu sorri, me levantando e ajudando-a a fazer o mesmo com cuidado, depois de Hannah ameaçar bater a cabeça no chão e dar umas boas esperneadas no chão da cozinha, papai chegou, pediu para falar com mamãe á sós e ela deixou, peguei minha irmã no colo, a coloquei no carro e fomos até a casa dos Lopez, eu conhecia todo o caminho de cor, algumas casas eram novas, outras tinham sido abandonadas, outras estavam ali há tempos e nunca haviam mudado, mas eu conhecia aquelas ruas de Lima Heights Adjacent desde os treze anos de idade, eu decorei cada poste, cada rua, algumas casas, eu até conhecia os moradores, como a casa de Gaby e principalmente de Santana.

Assim que estacionei na frente da casa dos Lopez, Hannah pulou para fora, sendo acompanhada por mim, a casa dos Lopez era uma das maiores da rua, tinha a fachada coberta por uma hera charmosa, a grama bem cortada e um carvalho com balanço de pneu na frente, ele era de Fernando, apesar de eu e Santana termos brincado escondidas nele várias vezes quando crianças, mas a casa da árvore no quintal de trás era minha e de Santana, o local do nosso primeiro beijo aos doze anos, três meses depois de nos conhecermos.

- Kay! - ouvi Hannah gritar quando a irmã de Santana abriu a porta, apressei o passo até as duas meninas que se abraçavam, sorri para a menininha morena, ela me lembrava muito a irmã, tinha os longos cabelos escuros presos em marias chiquinhas de fitas cor de rosa, a pele cor de caramelo mais clara do que a de Santana, os olhos de chocolate líquido como os da irmã que por sua vez tinha puxado de Eleanor, e o sorriso de dentinhos brancos de leite com covinhas que eram quase iguais as de Santana.

- Oi, Kayla, cadê sua mãe? - perguntei docemente, olhando para dentro de casa, procurando alguma coisa que indicasse que Santana estava por ali, não vi nada além da mobília em tons de marrom e vermelho nova dos Lopez, de repente, Fernando dobrou no corredor e nossos olhos se encontrarem, sorri, eu e Fernando sempre tivemos uma boa relação, talvez porque ele sempre soube o que acontecia entre mim e Santana e nunca tinha falado para ninguém, apesar de sempre me alertar que se eu a fizesse sofrer, arrancava minha cabeça, mas apesar disso, sempre nos demos bem, só não me dava bem com Jade, que sempre foi extremamente chata e narcisista, nunca ligava para ninguém além dela e muitas vezes já deixou Santana magoada por causa de suas ações que claramente diziam: "eu não importo pra nada e para ninguém"

- E aí, Britt. - ele falou, vindo até mim e me abraçando, me erguendo uns cinco centímetros do chão, ri e dei um tapinha em seu braço, Fernando era uns bons palmos mais alto que eu, quase do tamanho de Finn, talvez um pouco mais alto, tinha o corpo musculoso e bem trabalhado, era muito forte e tinha um senso de humor ótimo, ele sempre foi meu irmão de Santana favorito.

- Hannah, você quer ver meu novo Elmo que sente cosquinha? - perguntou Kayla, e minha irmãzinha assentiu, correndo casa adentro com a amiguinha, 

 - E aí, Nando? Como anda a Kay? - perguntei. - Trouxe a Hannah para vê-la, fazem dias que elas não se encontram.

- A Kayla ta bem, ela e a Hannah lembram muito você e a San, sabia? - ele disse, olhando para o corredor que tinha ao lado da escada, onde as duas sumiram há alguns segundos.

- Sei e a... - comecei.

- Santana? Sabia que você tinha vindo por causa dela. - ele me cortou, sorrindo de canto. - Acho que ela ta meio que precisando de você. - seu sorriso sumiu e se tornou uma expressão preocupada, Nando é a meu ver, o irmão mais velho perfeito, o que eu quero para minhas filhas, como Antonio estava sempre viajando com aqueles negócios de médico, Nando acabou virando um pai postiço para elas, tentando cuidar delas e impedir que se machucassem, principalmente Santana e Kayla, já que Jade sempre foi muito orgulhosa e nunca aceitava ajuda de ninguém, ás vezes Santana era parecida com ela nesse quesito, mas haviam duas pessoas que sempre a faziam dispensar as barreiras, que eram Eu e Nando.

- O que aconteceu? - perguntei, preocupada, procurando ver alguma movimentação dentro da casa, mas ela estava em silêncio a não ser pelo riso alto das duas meninas que estavam na sala de brinquedos.

- Papai está viajando, a Santana chegou aqui quarta feira, parecendo muito bem, e duas horas depois, ela estava com a Kay e começou a ficar com febre, vomitou e... Bem, ela é a Santana, nunca vai aceitar ajuda, mas ela ta com muita cólica e disse que vai esperar o papai chegar. - ele explicou, e eu me senti um pouco tonta por alguns segundos, pois quarta feira foi o dia que nós discutimos sobre sentimentos no corredor da escola.

- Acha que se eu for lá ela melhora? - perguntei, o estudando, afinal, Santana estava com raiva de mim, talvez fosse piorar se eu fosse lá.

- Acho que sim, B, vai lá, mamãe foi comprar uns remédios que o papai falou por telefone, ela ta no quarto, qualquer coisa me chama, vou ficar de olho na Kayla e na Hannah, mas é melhor trancar a porta porque a Jade ta em casa. - falou, piscando para mim e eu sorri, Nando sempre nos apoiou, quando ele tinha dezenove anos e nós tínhamos treze, ele descobriu o que rolava e nunca falou para ninguém, talvez porque pensasse que era curiosidade de criança, mas mesmo depois de um tempo, ele nunca falou nada.

Sorri uma última vez antes de andar a passos decididos até a porta do quarto de Santana, acariciei a maçaneta com a ponta dos dedos e ouvi um gemido vir de dentro do quarto, ela estava com dor, eu conhecia como Santana ficava vulnerável quando estava com dor, finalmente girei a maçaneta com firmeza e me esforcei para tentar ver alguma coisa no breu ao meu redor, as luzes estavam apagadas, o ar estava abafado, e a única luz que entrava ali vinha de uma minúscula fresta na cortina de tecido escuro, eu já tinha estado naquele quarto várias vezes e o conhecia mesmo no escuro, a cama de lençóis escuros (onde eu e Santana tivemos a nossa primeira vez) com a cabeceira acolchoada, os criados mudos um em cada lado do móvel com os abajures, o despertador que até hoje me pergunto como ainda funciona, já que Santana sempre dá pancadas bem fortes nele e algumas caixinhas e papéis, a janela, que dava para a parte de trás da casa e era emoldurada por uma cortina escura, a penteadeira, com um espelho, o armário e o tapete cinza, eu sabia exatamente onde encontrar tudo. E naquele momento, o perfume de Santana chegou ás minhas narinas e eu paralisei na porta, percebendo como estava perto, ela estava deitada na cama á apenas alguns metros de mim.

- Bit? - ouvi sua voz romper o silêncio, e ela estava fraca e rouca, como se a morena estivesse fraca de mais ou com dor demais para falar, dei um passo a frente e virei meu corpo levemente para trancar a porta, andei pelo cômodo no escuro até onde sabia que estava a cama, meus olhos rapidamente se acostumaram com a escuridão e eu pude ver suas íris castanho-chocolates brilharem enquanto me procuravam, sentei na beirada da cama e ela deixou que sua cabeça despencasse no travesseiro.

A observei por alguns segundos, os cabelos pretos estavam levemente grudados em sua testa pelo suor, sua boca estava seca e seus dentes batiam de frio, seus olhos brilhavam ao se encontrarem com os meus, ela me parecia um pouco pálida e isso fez com que me sentisse um pouco mal.

- Como se sente? Nando disse que não estava bem. - falei, me segurando para não acrescentar: "E agora vejo que estava certo" porque ela me parecia muito frágil, e mesmo de longe, podia ver que estava febril apenas por estar perto dela.

- Eles só estão... Exagerando. - ela falou, com a voz falhando levemente. - Por que está aqui? - perguntou, e eu mordi meus lábios antes de estender a mão e testar sua temperatura, ela estava ardendo em febre e não era nenhuma novidade que estivesse com frio mesmo no quarto abafado.

- Soube que estava mal e vim te ver, por que? - perguntei, pondo seu cabelo para trás da orelha.

- Não preciso de ajuda, pode voltar para o cadeirante.- ela disse, se afastando de meu toque, e gemendo ao fazê-lo.

- Onde dói? - perguntei, preocupada que um movimento tão simples tivesse lhe causado dor.

- Não preciso de ajuda, Brittany, vá embora. - ela insistiu, mas eu sabia que não poderia, porque eu não ia sossegar enquanto ela não estivesse bem, podia ter brigado com ela, mas ainda era minha San ali na cama com dor e febre.

- Onde dói, Santana. - repeti, e ela me olhou e respirou fundo.

- Minha barriga... Ela está doendo desde que comecei a vomitar, na quarta feira. - ela disse, e eu tremi levemente, observando-a levar a mão para o estômago e fazer uma careta de dor, arranquei minhas sapatilhas e me deitei na cama, primeiro ela negou o contato mas logo se aconchegou nos meus braços, enterrei minha cabeça em seu cabelo escuro, sentindo-a tentar se aquecer do frio da febre em meu corpo, sendo que todo o corpo dela estava em uma temperatura quase impossível de tocar.

Fiquei ali, sentindo seu cheiro de lavanda suave e sua respiração em meu pescoço, o engraçado é que aos catorze anos, quando começamos a ter essa nossa… Amizade Colorida, uma noite nós estávamos tentando dormir, eu me deitei de frente para ela e ela me abraçou, mas quando me aconcheguei em seus braços, percebi que ela ia acabar ficando dolorida, porque seus braços eram pequenos e ela estava fazendo o máximo para me abraçar completamente, então me soltei de seu abraço e a abracei eu mesma, Santana sempre foi pequena, principalmente nessa época (aos catorze anos ela era a menor da sala), hoje não teríamos mais esse problema, mas já virou um costume que eu a abraçasse para dormir.

- Não precisava ter vindo. - ela falou, quebrando o silêncio do quarto e eu esfreguei meu nariz lentamente sobre o topo de sua cabeça, memorizando seu cheiro, apesar de realmente não precisar disso, pois já o tinha decorado.

- Claro que precisava, você é minha melhor amiga. - respondi, a apertando mais contra mim, com medo que fugisse de meus braços. - Se você estiver mal, eu vou estar aqui. - continuei, sorrindo levemente.

- Eu estou bem, Brittany, já disse, pode voltar para o Rodinhas. - falou, se distanciando um pouco mas sem olhar nos meus olhos. Mais uma vez Artie estava na conversa, eu também tinha um carinho muito grande por ele, eu o amava, claro que amava mais Santana, sempre meu amor por ela seria maior, não importa o que acontecesse, mas eu amava ele o suficiente para não querer magoá-lo. Não respondi, apenas a puxei para mais perto, primeiro ela relutou, mas segundos depois, ela jogou os braços em volta do meu pescoço, se ergueu no colchão e soltou um gemido de dor alto.

- Por que você não quer ver um médico? - perguntei, preocupada.

- Eu... Não preciso. - ela disse, com a voz falhando levemente, como sempre, ela teimava para não ter ajuda, involuntariamente, pus a mão em sua barriga.

- Dói aqui? - perguntei, baixinho, e ela assentiu levemente, em um grau que se eu não estivesse tão perto, não veria, me levantei da cama lentamente, tateei pela mesinha de canto até conseguir ligar o abajur, ela gemeu com a luz em seus olhos e se cobriu com o lençol, andei até o banheiro, acendi a luz e me assustei com o cheiro de vômito apesar de parecer ter sido lavado recentemente, procurei pela bancada até achar a garrafa de hidratante de algodão, andei até a cama, me sentando em sua beirada e espalhando o creme cheiroso em minhas mãos, ela me olhava com atenção e eu sorri. - Tira a blusa. - pedi, e ela o fez rápido, sem tirar os olhos de mim.

- O que você está fazendo? - ela perguntou, enquanto eu me deitava ao seu lado e passava o creme em sua barriga macia e bem definida, tocar sua pele quente me relaxava, comecei a fazer movimentos de uma massagem suave, ela fechou os olhos e soltou o ar dos pulmões abruptamente, continuei fazendo aquilo por alguns segundos, tentando ignorar o fato dela estar ali na minha frente só de sutiã e short curto de pijama.

Depois de alguns minutos, percebi que sua respiração tinha se relaxado e seu corpo parecia mais pesado sobre o colchão,

ela tinha dormido, a observei por alguns segundos, ela me parecia muito magra, me peguei me perguntando se ela tinha comido alguma coisa. Passei as mãos pelo lençol para limpar os vestígios de hidratante e a cobri com cuidado, me levantei da cama e marchei para fora do quarto, desci as escadas dois degraus por vez até chegar na sala, onde estavam Eleanor, Nando e Jade, os três me olharam e eu sorri, me sentando no outro sofá.

- Ela dormiu. - falei, encostando meu cotovelo no braço do sofá e encaixando a mão em minha bochecha.

- Dormiu? - perguntou Jade, me olhando estranho, Eleanor sorriu para mim e Nando estava com os olhos vidrados encarando o canto da sala.

- Hannah também. - falou o moreno, ainda encarando o canto da sala. - Ela e a Kay.

- Então acho melhor deixá-la em casa. - falei, olhando para o corredor onde ficava a sala de brinquedos.

- Eu liguei para Amy, ela disse que tudo bem vocês dormirem aqui, ela e o George vão sair e Theo vai chamar a Gaby para passar a noite. Tem roupas suas dentro da terceira gaveta da Santana. - falou Eleanor, e eu sorri.

- Obrigado, tia Elle. - Jade estava me encarando com a cara feia e juro que fiquei com vontade de falar umas boas pra ela.

- Fico feliz que esteja aqui, você faz bem pra ela, Santana não dormia desde quinta, quando ela começou a sentir essas dores. - falou Eleanor, parecendo preocupada. - O pai dela acha que é infecção intestinal e está vindo de Miami para examiná-la amanhã, é bom que esteja aqui para ficar com ela até lá.

- Ela comeu alguma coisa? - perguntei, me lembrando de ter percebido o quão magra e abatida ela se encontrava.

- Nada para no estômago, ela vomita dentro de minutos tudo o que come, e o pior é que ela começou a vomitar sangue também. - falou Nando, e eu arregalei os olhos, sem saber a verdadeira gravidade da situação.

- Pode ir tomar banho no meu quarto para não acordá-la? Eu vou acomodar a Hannah e a Kayla no quarto da Kay e aí vou ver se precisam de alguma coisa. - pediu tia Elle, e eu sorri, assentindo.

- Vai levar alguma coisa pra ela comer? - perguntei, desenhando a estampa do braço do sofá com os dedos.

- Vou já levar canja de galinha pra ela. - respondeu.

- Vou tomar banho pra dormir, ok? - perguntei, e ela assentiu.

Subi as escadas até o quarto de Eleanor e Antonio, entrei no chuveiro e enquanto a água quente descia pelo meu corpo, as palavras de Santana naquela quarta feira se repetiam em meu ouvido, e eu deixava que minha mente vagasse para o momento onde tudo começou, em que nossa amizade se tornou algo maior, não foi nosso primeiro beijo, mas nosso primeiro beijo foi no parque em que nos conhecemos, extremamente rápido e nebuloso, então considero esse como o nosso primeiro de verdade.

MODE FLASHBACK ON

- Um, Dois, Três, Quatro... - eu contava com a cabeça encostada na parede de madeira da casinha da árvore.

- Não Britt, eu não quero mais brincar de esconde-esconde! - reclamou a morena, e eu a olhei, enquanto ela se deixava despencar em cima do sofá cor de rosa.

- Quer brincar de que então? - perguntei, me sentando ao seu lado, e ela me olhou, estendendo a mão e pegando uma revista na estante, ela deitou a cabeça nas minhas pernas e abriu a revista para lê-la. Olhei em volta, do outro lado do pequeno sofá ficavam os nossos antigos brinquedos, peguei a Barbie e o Ken que tinha por ali e comecei a mexê-los enquanto Santana lia.

Eu encostei as bocas dos bonecos em um beijo fictício, tinha doze anos e nunca tinha beijado ninguém, isso me entristecia um pouco, mas o Gabe, da escola, tinha me chamado para o cinema e eu aceitei, isso poderia ser minha chance, quando olhei para baixo, a morena tinha parado de ler a revista e observava os dois bonecos logo acima de sua cabeça, eu não levava em conta o nosso quase-toque-de-lábios que tivemos no mesmo ano.

- Você já beijou alguém? - ela me perguntou, jogando a revista no chão e olhando em meus olhos.

- Não. E você? - perguntei, estudando seus olhos cor de chocolate, eles sempre me lembravam o rio de chocolate de Willy Wonka e a Fantástica Fábrica de Chocolates.

- Eu já beijei o Tom. - ela falou, e eu mordi os lábios, Tomas Uller era um garoto rico que morava na área nobre da cidade, ele sempre teve seu interesse por Santana, eu não gostava disso, mais tarde descobri que era ciúmes.

- Eu não sei... Acho que eu não sou bonita o suficiente. - falei, fazendo beicinho.

- Que bobagem, B, você é linda. Qualquer garoto da sala em sã consciência iria gostar de te beijar. - ela falou, sincera, sentando ao meu lado. - Eu te beijaria. - A olhei, curiosa, ela estava com as pernas em cima do sofá e as mãos descansavam em seu joelho.

- Sério? - perguntei, com um sorriso, que ela devolveu e assentiu. 

- Claro que sim.  - falou, e eu de repente me senti curiosa, coloquei minha mão sobre as dela em seus joelhos e fui chegando perto, ela não se mexeu, e quando já estávamos respirando o mesmo ar e meu nariz roçava no dela, nós duas fechamos os olhos, ela primeiro, avancei um pouco mais e nossas bocas se encontraram, tive a sensação de fogos de artificio, choques corriam meu corpo e eu sentia como se estivesse pegando fogo, um fogo gostoso que me dava vontade de ir para cima dela, senti sua mão ir até meu rosto e ela colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, encaixando sua mão em minha bochecha, escorreguei minha mão até sua cintura e fui empurrando-a contra o braço do sofá, ficando por cima dela, nos separamos as duas já ofegantes, não tinha sido um beijo de língua, até mesmo porque nessa época não sabíamos beijar de língua, mas tinha sido incrivelmente prazeroso, ficamos nos olhando por alguns minutos.

MODE FLASHBACK OFF

Sorri embaixo da água morna, a sensação gostosa daquele primeiro beijo me pegando novamente, mais tarde descobri que Santana tinha mentido, ela ainda não tinha beijado o Tom naquela época. Desliguei a água e saí do chuveiro, foi meu primeiro beijo e o dela também.


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