Bradley e Grace estavam sentados ao meu lado cuidando de meus machucados, Kate e Mia arrastaram Christian para longe e com certeza agora ele está escutando um sermão daqueles. Bem feito, grita meu subconsciente. Enquanto tento ignorar a dor de meus ferimentos, repasso toda minha briga com Elena. Agora eu tenho certeza que ela é a culpada de tudo, só preciso achar a melhor maneira de expor a verdadeira monstra que ela é.

Tentando focar meus pensamentos em outra coisa para não sentir a dor dos ferimentos, repasso minha briga com Elena, lembrando-me de cada tapa que dei naquela vadia descarada.

Flashback On.

Ela avançou diante mim e revidou meu tapa, pude sentir que ela colocou toda sua força nele. Elena era muito mais forte do que eu, mas eu tinha muitos mais motivos para querer matá-la. Não perderia essa briga por nada.

Fui logo ao ponto fraco de qualquer mulher. O cabelo. Segurei firme e puxei-a para o chão, onde eu teria vantagem e evitaria que ela acertasse minha barriga.

Que exemplo Anastasia, brigando grávida. – grita meu subconsciente.

Minha deusa interior estava a mil, com luvas de boxe, dentro de um ringue, pronta para o próximo golpe.

Eu estava por cima, e como Ray me ensinou, segurei a cabeça de Elena com a esquerda e com a direita dei um soco em seu queixo com toda a força que eu tinha. Ela deu um grito alto e ensurdecedor. Foram três socos seguidos até ela reagir.

Elena me empurrou e bati de costas no chão. Então, ela subiu em cima de mim e deferiu uma sequência de tapas. Um de seus aneis abriu um machucado em meu supercílio, e enquanto eu tentava me livrar dela, consegui arranhões por todo o braço.

Ela só parou quando Grace, Mia, Kate, Bradley e Christian apareceram e a tiraram de cima de mim.

Como já era de se esperar, Grace, sem perder a classe, lhe deu um tabefe, que com certeza foi bem forte, que a vadia saiu o salão com o nariz sangrando.

– Ana, você está bem? – Bradley vem em minha direção.

– Não muito, mas vou ficar quando matar aquela monstra. – tento me levantar, mas sinto dores nas costas que me impedem e Bradley faz menção de me ajudar.

– Saia de perto da minha mulher. – Christian o empurra para o lado e me ajuda a levantar.

– Ei cara, fica na sua. Você ainda não percebeu que ela não te ama mais? – Bradley provoca.

– Brad, pare. – Tarde de mais... Meu subconsciente ri. Christian esmurra a cara de Bradley. Um soco rápido e preciso, sem chances de defesa.

– Acho melhor você ficar na sua! – Christian grita.

– Chega Grey! – grito.

Flashback Off.

– Ana... – Christian surge ao lado de Grace me tirando de meus devaneios e percebo que Bradley não está mais por perto. – Você está bem?

– Ainda está cedo, então consegui permissão de vôo. Charlie Tango já está esperando por nós.

– Ana, com calma. – Grace me alerta.

– Tenho, apenas vamos embora rápido. – Saio do aperto de Christian e dou um breve abraço em Grace.

– Claro querida.

Quando voltamos para o salão principal onde estava acontecendo a festa, peguei no braço de Christian e fui caminhando rapidamente ao seu lado até o estacionamento. Avisto Victoria de longe e aceno com a cabeça. Ela notando meu estado, acena de volta dando-me carta branca para poder sair rapidamente dali.

A viajem no Charlie Tango parece mais demorada do que na ida, o que me deixa irritada. A tensão entre Christian e eu é quase visível. Como ele pode não falar nada com Elena? Será que ele não se lembra dos últimos anos como ele disse? Ou simplesmente decidiu apagar isso da memória dele para aliviar o peso da consciência por ter passado a noite com uma mulher daquelas.

Assim que chegamos em Seattle, Sawyer estava esperando por nós no heliporto e nos levou direto para casa.

–-

Quando acordo, ainda está escuro. Olho no relógio e nele marca 4:50hrs da madrugada. Não dormi quase nada. Espreguiço-me e me sinto dolorida. Me levanto e saio do quarto em direção a cozinha quando ouço uma música. Não são as mesmas lamentações de Bach que Christian costumava tocar quando se sentia mal, nem as alegres que ele tocava para mim e Teddy. Era uma música diferente, ele nunca tinha tocado aquela, mas já era uma canção conhecida. Um pedido de desculpas.

Parei na soleira da porta e fiquei ali quieta, torcendo para que ele não me notasse, observando o homem mais lindo do mundo cantarolando e cantando "The Scientist".

(Música)

Nobody said it was easy

(Ninguém disse que seria fácil,)

It's such a shame for us to part

(É uma pena nós nos separarmos)

Nobody said it was easy

(Ninguém disse que seria fácil,)

No one ever said it would be this hard

(Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim)

Oh take me back to the start

(Oh, me leve de volta ao começo...)

De repente ele para de tocar e percebo seu olhar. Ele levanta e caminha lentamente em minha direção, apenas com uma calça de moletom cinza clara que cai perfeitamente em seu quadril, o deixando incrivelmente sexy. É impossível não desejar esse homem.

– Me perdoe, Ana. Eu te amo. - implora.

– Eu não posso Christian. – suspiro. – Não consigo.

– Me deixe amar você. - ele beija levemente meus lábios.

– Prometa-me que amanhã você não estará ao meu lado, e que vai parecer como se tivesse sido um sonho. - suspiro. – Não posso me machucar mais.

– Prometo. – Ele se inclina, segura meu queixo, erque minha cabeça e finalmente nossos lábios se tocam. Um beijo intenso e cheio de paixão. Com fervor e saudade. 

– Christian...

– Shiu baby... Você é minha. – Ele me pega no colo e me carrega para o quarto, ou melhor, para o paraíso.