Kuwabara E A Garota Fantasma escrita por Malk


Capítulo 7
Viagem à China


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas tá pronto. Boa leitura.



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Kuwabara e Mayumi ficaram chocados ao ouvir tal revelação.
    _Quer dizer que você é o tal do Chung _ disse Kuwabara de boca aberta.
    _Impossível! Você teria que ter mais de cem anos _ disse Mayumi, descrente.
    _Cento e quarenta pra ser mais exato _ respondeu Chung.
    _Explique por favor _ falou Kuwabara.
    Chung suspirou e começou a falar:
    _Pois bem. Meu nome é Chung Tao, já fui um monge do templo Ching Ling, na China, e vim para o Japão há cento e dez anos atrás. Antes que me perguntem como pareço tão jovem e bonito, sou conhecedor de técnicas terapêuticas que podem prolongar muito a vida de um humano. Há relatos de mestres Ching Ling que viveram mais de quatrocentos anos...
    _Caramba! Mas o que o fez vir pro Japão? Que eu saiba, os monges Ching Ling deveriam ficar no templo protegendo a caveira de Baphomet._perguntou Kuwabara.
    _É verdade, mas eu me desentendi com os outros monges por questões ideológicas. Eles defendiam que os monges deveriam ficar apenas no templo, já eu sempre achei que deveríamos disseminar o Ching Ling pelo mundo em sua forma mais pura, e não diluído como foi no passado. Eu acho que nós, humanos, devemos saber nos defender de ameaças externas, e por isso vim ao Japão, para encontrar discípulos _ repondeu Chung.
    _Agora tá fazendo algum sentido _ falou Mayumi.
    _Já tive alguns discípulos, mas todos eles acabaram não aguentando o treinamento e desistindo. Esses dois são os que estão comigo há mais tempo, estão indo bem até agora. Na verdade, gostaria de agradecer por tê-los derrotado, assim eles ganharão humildade e treinarão com mais dedicação _ completou o velho.
    _Que bom que ajudei mas...e quanto á caveira? Aonde podemos encontrá-la? _ perguntou Kuwabara.
    _Eu te darei um mapa, e quando estiver em posse dela, traga até aqui que eu mesmo faço a passagem da garota. Terão que ir à China, estão dispostos? _ disse Chung.
    _Com certeza _ responderam em coro.
    _Ótimo, venham comigo. Primeiro preciso tratá-lo, assim como a meus alunos. Com um pouco de acupuntura você vai ficar bom rapidinho.
    Todos entram. Dentro da casa havia algumas esteiras no chão, onde Kuwabara, Makimono e Sukyaki se deitaram e foram tratados com acumputura pelo mestre Chung. A terapia foi tão relaxante que Kuwabara dormiu, exausto da batalha. Acordou horas mais tarde, vendo Chung tentando, sem sucesso, tocar os seios da Mayumi.
    _Ahhh...já to bem melhor, obrigado! _ disse Kuwabara se espriguiçando.
    _De nada jovem. Vejo que já está melhor, vou te dar duas coisas.
    Após falar isso, Chung abre um baú de tira dois pergaminhos de dentro dele.
    _O primeiro pergaminho é o mapa para o templo Ching Ling, na China. Devo avisá-lo: os monges não irão te entregar a caveira, você terá que lutar por ele.
    O mestre entregou o pergaminho ao Kuwabara. Em seguida, lhe entregou o segundo pergaminho.
    _Este outro é um diagrama com os chacras do corpo humano. Você luta bem garoto, mas deixa os seus pontos energéticos muito desprotegidos. Se os meus dois discípulos conseguiram acabar com sua energia espiritual, não irá sobreviver se precisar lutar com um mestre Ching Ling. Estude este documento, conheça seus chacras e como eles funcionam. Só então vá para a China.
    _Obrigado. Agora temos que ir _ falou Kuwabara, se despedindo.
    _Foi bom ter tido a visita de vocês. Antes de partir pro outro mundo, me visite tá bom linda garota _ falou Chung.
    Mayumi não disse nada, mas respondeu com um sorriso sarcástico, e mentalmente falou “Nem nos seus sonhos seu velho”. Já era noite, Kuwabara e Mayumi desceram a montanha e foram pra casa.
    Ao chegar emcasa, Kuwabara estava muito empolgado e foi direto pros pergaminhos. O primeiro era um mapa, parecia ser de alguma parte alta da China, talvez na subida para o Tibet ou mesmo na fronteira com o Nepal. Ele guardou o mapa e foi para o outro pergaminho, com todos os Chacras espirituais do corpo humano. Ficou até de madrugada estudando-os, procurando saber onde eles estão e como tocá-los. Se ele passasse a dominar esse conhecimento, poderia evitar que sua energia espiritual fosse drenada e também eliminar a energia de um adversário.
    No dia seguinte Kuwabara acordou cedo, apesar de já ter dormido de madrugada. Viu Mayumi sentada na cabeceira da sua cama, e depois daquele tempo todo que ela o acompanhava, já não se assustava mais com aquela visão logo ao abrir os olhos.
    _Bom dia Kuwabara! O que vamos fazer hoje? Espero que não fique semanas estudando esse papel que o velho babão te deu..._disse Mayumi.
    _Ah garota, adorei o que tem nesse pergaminho mas posso ler em qualquer lugar. Temos uma viajem pra China e não tenho a menor idéia de como conseguir o dinheiro da passagem _ respondeu Kuwabara.
    _Bom, eu tenho uma sugestão..._disse Mayumi, ficando com as bochechas vermelhas.
    Kuwabara não entendeu, sempre viu Mayumi desinibida e sarcástica, mas parecia estar envergonhada. Na verdade, ele até então não sabia que espíritos coravam de vergonha. Disse a ela:
    _Pode falar.
    _Nos meus dois últimos anos de vida eu me mantinha vendendo meus uniformes para lojas _ disse ela com um suspiro.
    _Como assim? _ perguntou Kuwabara, sem entender.
    _ Tem homens que pagam caro por uniformes de colegiais usados. Eu usava os meus e depois vendia pra uma loja especializada, por dez vez o preço que comprei _ respondeu Mayumi.
    _ Tudo bem, você ganhava dinheiro desse jeito, mas se eu chegar na loja com um uniforme novinho duvido que eles comprem _ replicou Kuwabara.
    _Relaxa, eu tenho um plano!_ Mayumi falou.
    Logo depois da Mayumi dizer isso, a mãe do Kuwabara o chamou pra tomar o café da manhã. Ele foi pra cozinha, comeu e depois voltou pro quarto pra continuar a conversa.
    _Agora fala, que plano é esse _ disse Kuwabara intrigado.
    _Eu tinha uns uniformes sobrando no meu antigo apartamento. Que eu saiba, ele ainda tá fechado, você pode entrar lá, pegar e vender. Eu sei onde vender _ falou Mayumi.
    _Hum...pode ser. É só me levar lá.
    Os dois saíram de casa e foram andando até um bairro vizinho. Mayumi guiou Kuwabara até um bairro com prédios residenciais e alguns comerciais. Não era um grande centro urbano para os moldes japoneses, mas era um local bastante ocupado, com prédios de altura nem muito baixa nem muito alta.
    _É esse o prédio _ falou Mayumi, apontando para um prédio de cinco andares.
    _Mas como eu vou entrar? Tem porteiro? _ perguntou Kuwabara.
    _Eu não tinha pensado nisso...na época não tinha, mas agora talvez tenha. Vou lá dentro verificar.
    Ela voltou alguns minutos depois.
    _Tem um cara lá sim, mas tenho uma idéia.
    _Qual? _ perguntou Kuwabara.
    _Eu sei mover objetos mesmo sem corpo. É um movimento descordenado mas vai servir: eu entro lá, assombro o cara e você aproveita pra entrar escondido. _ disse ela.
    _É isso aí! Ou eu entro ou me pegam e vou preso _ falou Kuwabara com uma estranha empolgação.
    _Esse é o espírito. Só não esqueça, é o apartamento 202, segundo andar.
    Ela entrou, Kuwabara ficou observando. Ela começou a jogar os objetos da portaria no chão, e logo o porteiro, amedrontado, se escondeu atrás de uma mureta. O Kuwabara aproveitou a chance e subiu as escadas correndo, até chegar ao partamento 202. Estava trancado, mas Kuwbara arrombou a porta se dificuldade.
    Era preciso ser rápido. Kuwabara foi direto para um velho guarda roupa, e encontrou três uniformes  lá dentro. Pegou todos rápido, correndo para a saída do apartamento. Mas antes de sair, se deparou com Mayumi assustada:
    _Kuwabara, a portaria tá lotada de moradores, não vai dar pra passar por lá.
    _Caramba, e agora?
    _Pula a janela _ disse ela.
    _Tá doida? Devem ser uns quatro metros, eu vou morrer!
    _Que nada. Você já enfrentou inimigos que a maioria dos humanos nem sonha que existe, e tá com medo de uma quedinha?
    Ele não respondeu nada, mas sabia que ela estava certa. Não havia outro jeito, ele se dirigiu à janela, tomou coragem e pulou. Ao cair, suas pernas perderam a força e ele ficou caído no chão, mas por apenas alguns segundos. Logo ele levantou, pegou as peças de roupa da Mayumi, que caíram ao chão, e saiu correndo.
    Após se afastarem do prédio, Kuwabara parou, já cansado. Ele e Mayumi simplesmente pararam, olharam um para o outro e começaram a rir sem dizer nada. As pessoas passavam e ficavam achando que Kuwbara era um louco ou um pervertido: suado, carregando uniformes de colegiais velhos e rindo sozinho. Depois de terminarem de rir, Mayumi olhou pra ele e falou:
    _Bom, vou te levar agora na loja que eu vendia quando era viva. Espero que ainda exista.
    Os dois andaram uns dez minutos, até entrarem em uma galeria. Tinham algumas lojas lá dentro, umas oito mais ou menos, e tinha lojas de tatuagens, de mangás e vídeos adultos, enfim, um comércio que embora não fosse proibido, não ficava exposto nas ruas ou shoppings. Eles foram ao segundo andar, e entraram em uma loja de fachada roxa e letreiro vermelho.
    Foram recebidos por um homem aparentando uns trinta anos, cabelos curtos arrepiados e barba cerrada. Ele perguntou:
    _E aí garoto, veio comprar o que?
    _Não vim comprar, vim vender _ kuwabara pega as roupas e põe em cima do balcão.
    O vendedor olha, cheira, analisa.
    _Isso tá bem velho, parece estar há muito tempo guardado _ disse com uma expressão de desdém.
    _Sabe senhor, esse uniforme foi da minha tia quando jovem. Hoje ela está doente e precisando de dinheiro, então pediu para eu vender _ disse Kuwabara com uma expressão triste.
    Kuwabara não era de mentir, mas o que ele diria? O homem falou:
    _Tudo bem, itens antigos também tem os seus admiradores. Te dou 100 000 ienes por eles.
    Kuwabara entregou os uniformes e pegou o dinheiro. Indo para casa, Mayumi perguntou:
    _Será que dá pra passagem pra China?
    _Vai ter que dar. Minhas aulas na escola nova começam em quinze dias, e eu preciso resolver nosso assunto antes disso _ respondeu Kuwabara.
    Ao chegar em casa, os dois foram direto para o computador pesquisar sobre passagens para a China. O dinheiro era apertado, mas dava pra ir de avião e voltar de navio, o que era até mais seguro, afinal, ninguém vai deixar um garoto japonês entrar com um crânio dentro de um avião. E ningém sabia qual era o tamanho nem o formato desse crânio.
    Após uma semana, Kuwabara já estava com a passagem comprada e também um visto de turista. Foi ao aeroporto, malas arrumadas com roupas pesadas, afinal, ia para montanhas geladas. Também levava alguma comida, e não tinha reservado nenhum hotel ou coisa parecida, pois na verdade, eles pretendiam apenas ir ao templo, pegar o crânio e voltar pro Japão.
    A viajem foi tranquila, e em poucas horas estava descendo no aeroporto, já em territóro chinês. Era um aeroporto pequeno apesar de fazer vôos internacionais. A cidade em que desembarcaram também era pequena, com alguns habitantes locais, mas também era possivel ver alguns turistas ocidentais, provavelmente praticantes ou entusiastas de religiões orientais, já que ali era o início de uma rota repleta de templos budistas e taoístas.
    _Bom, esta cidade está no mapa, basta segui-lo. _Kuwabara disse isso, sem tirar os olhos do mapa.
    Ainda era de manhã, então so dois começaram a subir a montanha. Pararam ao meio dia para comer, depois seguiram. Antes do anoitecer, Kuwabara já ofegante olha para Mayumi e reclama:
    _Caramba, porque os monges tem mania de fazer templo no alto de montanhas?
    _Sei lá, ou é pra se isolar do mundo ou pra ficar mais perto do céu _ respondeu Mayumi.
    Nesse momento, os dois avistaram um construção mais acima. Animados, subiram mais rápido até chegar ao local, que era visivelmente um templo. Apesar de já estar escurecendo, puderam ver que havia umas cabras ao redor do templo, plantação de alguma coisa que não sabia o que era e o som de mantras vindo do interior do templo. Entraram em silêncio para não atrapalhar os monges, e fizeram as reverências de praxe. Algum minutos depois, sua presença foi notada, então um jove monge típico veio falar com ele, mas disse algo que eles não compreenderam, estava provavelmente em algum dialeto chinês. Kuwabara começou a fazer jestos e disse “ching Ling”, esperando por alguma informação. O jovem monge foi chamar alguém, e logo aparece um monge mais velho.
    _O que quelem visitantes? _disse o monge, arranhando um japonês.
    _Estamos procurando o templo ching Ling _ respondeu Kuwabara.
    _Ching Ling...faz tempo que nao ouvo falar. Se ele ainda existir, é no topo da montanha. _disse o monge.
    _Sim. Podemos passar a noite aqui? _ pediu Kuwabara.
    _Pode sim. Mas ploque disse podemos? Tem mais alguem aí?
    _Não, é só mania minha mesmo.
    Kuwabara esqueceu que só ele estava vendo Mayumi. Após a conversa, ele ordenou que um dos monges mais novos levasse Kuwabara até um dormitório. Era um quarto coletivo, com vários monges se preparando para dormir. O rapaz entregou uma esteira de bambu, que Kuwabara estendeu no chão e dormiu nela. Mayumi passou a noite ao seu lado.
    Acordou logo ao amanhecer com o toque de um gongo. Kuwabara acomapanhou os monges ao salão de refeições. Tomou chá, e depois de terminarem, cada um foi fazer sua tarefa. O monge mais velho, provavelmente o líder, foi até Kuwabara:
    _Lapaz, duvido que o templo Ching Ling ainda exista, mas se quiser visitar suas ruínas, aplesse-se, você ainda tem uma longa subida.
    _Obrigado pela estadia. Agora vou indo.
    Kuwabara se despediu e seguiu viagem junto com Mayumi. Subiram a montanha o dia inteiro, passando por locais que apenas alpinistas experientes se aventuram, mas como Kuwabara era forte a habilidoso e Mayumi era um espírito, eles conseguiram subir mesmo sem equipamentos de alpinismo. Já no fim do dia, Kuwabara olhou o mapa e disse para Mayumi:
    _Segundo o mapa estamos no lugar certo, mas só vejo neve e pedras.
    _Bom, talvez tenha alguma passagem secreta _ ela repondeu.
    Os dois começaram a vasculhar a área, procurando alguma coisa. O sol já havia se posto, então Kuwabara empunhou sua espada espiritual, para que o seu brilho iluminasse o local. Cerca de meia hora depois, Mayumi gritou:
    _Vem aqui, achei alguma coisa!
    Kuwabara foi correndo até lá. Ela disse:
    _Achei essa caverna mas não sei porque não consigo entrar. Parece que tem uma barreira.
    Kuwabara entra nela sem dificuldade, mas ao entrar, sua espada some.
    _Deve ter alguma barreira contra espíritos aqui. Minha espada se desfez, deve ter alguma coisa a ver com isso _ disse Kuwabara.
    _E o que vamos fazer? _perguntou Mayumi.
    _Eu vou entrar, tenho certeza que aqui é o caminho para o templo. Você fica aqui e me espera.
    Kuwabara adentrou à caverna mesmo na total escuridão, enquanto Mayumi o esperava do lado de fora.


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