Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 5
Capítulo 5 - EDMOND & SARAH DESCULPAS


Notas iniciais do capítulo

William Shakespeare
Não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso



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Edmond

Olhei pra trás, vendo Sarah colocar mais água no baldinho de plástico e correr para a areia. Ela vinha com seus passinhos saltitantes, e o vento bagunçava seus cachinhos. - Edmond onde está o Seth? Edmond, não está me ouvindo?


Eu continuava a ignora-la, construindo meu castelo de areia. Ela bufou impaciente e me jogou um punhado de areia molhada. Deitei no chão, me contorcendo, fingindo ter sido atingido no olho. Ela já pulava ao meu lado preocupada.




– Edmond, me desculpe. Você não me respondia... Machuquei você, meu irmão? Por favor, fale comigo.




– Eu estou cego, Sarah! Não enxergo nada. Você jogou areia no meu olho, pirralha.


Ela se apavorou. Correu para casa em desespero gritando:

– Mamãe, mamãe!!!

Ri, tirando a mão da cara, correndo para pegá-la antes. A alcancei sem dificuldades, a levantando e a jogando no ar.

– Há! Agora você fala, né? Sua preguiçosa.

– Você não está cego, Edmond. Você me enganou.

– E você sabe falar!!

– Para! Me solte, seu tratante. Vou contar pra mamãe que você está mentindo pra mim.

– Ô! Coitadinha da bebê. Vai contar pra mamãe, vai?

Comecei a fazer cosquinhas, e ela ria gargalhando com vontade. Minha mãe apareceu na varanda, atendendo os gritos de Sarah e colocava as mãos na cintura vendo nossa bagunça. Fingiu estar zangada, mas logo corria, se juntando à gente. Rolamos na areia, atacando Sarah com cosquinhas também. Ela tentava reagir, mas era inútil. Seu corpinho de criança de três anos, era atacado por mim e minha mãe.

– Parem, parem. Eu me rendo. Vocês ganharam. Onde estão papai e Seth nestas horas, para me salvar de vocês.

– Olha, Edmond! Ela está querendo chamar pelo seus salvadores. Agora, é que você vai ver mocinha. Pegue os braços dela, Edmond. Vamos jogá-la no mar.

Ri, atendendo o pedido da minha mãe.

– Não, não!!! Eu vou me comportar.

Já estávamos bem próximos. As ondas estavam bem tranquilas. Minha mãe segurava nas pernas de Sarh e eu os braços. Riamos os três.

– Vamos, Edmond. Um, dois e... três.

Soltei, mas minha mãe a segurou em seus braços, mergulhando com ela no mar. As duas riam, quando voltaram à superfice. Minha mãe já enchia ela de beijinhos.

– Há! Ninguém tem coragem de dar uma lição nesta garota, só por que ela é um bebezinho.

Minha mãe me olhou divertida. Pegou meu pé no fundo da água, me fazendo perder o equilíbrio. Caí dentro da água, e ela me agarrava, me dando beijos salgados por todo o meu rosto. Sarah ria e também me dava beijos na bochecha.

– Você também é o bebê da mamãe, amor. Afinal, só tem três anos também. Só que parece com um menino de dez.

Limpei os beijos, com a água do mar, me afastando delas e de seus ataques de beijos salgados.

– Eu tenho dez anos.

Disse, aborrecido. Elas fizeram juntas, seus sons de deboche.

– HUMMMMMM!!!!!!

E riram, saindo do mar.

– Venha menino de dez anos, vamos almoçar.

Sarah saiu de mãos dadas com ela, mas olhou pra trás, me dando língua divertida.

– Ora, sua fedelha.

Elas correram para casa, comigo atrás, tentando pegá-las. Mas tudo era uma brincadeira. Já estávamos rindo como bobos de novo. Minha mãe estava com a roupa toda molhada. Subiu, me deixando com Sarah, que a olhava se afastar.Esperou até que ela estivesse longe e falou na minha mente.

Hoje ela está feliz, Edmond. Não devemos aborelece-la com nada.

– Não é com a gente que ela se aborrece, Sarah. Você sabe. Mas chega de conversas mentais. Lembresse o que o biso Carlisle disse a você.

Você precisa falar, Sarah. Com sua voz. Não vou mais responder, se continuar falando na minha mente.

– Qual a diferença? Vocês me entendem de qualquer maneira. Seth não se importa.

– Seth não se importaria se você falasse com ele em Javanês*. Ele ia achar lindo e ia fingir entender tudo.

– Não fale assim do Seth. Ele é meu amigo. Você tem ciúmes dele, isso sim.

– Você tá de brincadeira né, pirralha. Sabe que eu não sinto ciúmes dele.

– Sente sim. Sente ciúmes porque ele se transforma em um lindo lobo cor de areia e você não. E tem ciúmes por eu gostar dele e quando ele chega eu largo você de lado.

– É assim né, garota? Então não quero papo com você também. Vai dormir sozinha com seus pesadelos.

Ela arregalou os olhos assustada, e eu já estava arrependido de ter dito isso. Ela sentou na cadeirinha dela, roendo as unhas, preocupada. Me olhou em súplica.

– Desculpe, Edmond. Eu não devia ter dito isso. Sei que vai se transformar e papai ficará cheiro de orgulho de você. Eu lamento mesmo. Fico nervosa quando você fala do Seth. Eu não sei o que me dá. Me desculpe.

– Tá, tá, tá, pirralha!!! Chega! Não fique pedindo desculpas toda hora. É um saco.

– Mamãe disse, que quando fazemos algo errado ou magoamos alguém, temos que pedir desculpas do fundo do coração.

– Seria melhor, tentar não magoar as pessoas e nem fazer algo errado, para não ter que ficar pedindo desculpas toda hora.

Ela levantou o dedinho para falar mais alguma coisa, mas parou me olhando. Eu levantei a sobrancelha e ela desistiu, fazendo bico.

– Você está certo, Edmond. Como sempre, irritantemente certo.

– Do que estão falando?

Minha mãe perguntou, já com outra roupa e com nossos pratos, colocando o de Sarah e o meu na mesa.

– Edmond me explicava a sua teoria sobre desculpas, mãe.

– É mesmo? E qual sua teoria, filho?

– Que perderíamos menos tempo, não magoando as pessoas e não fazendo nada de errado, do que pedindo desculpas toda hora.

– Hum! Interessante, mas mesmo os erros fazem parte do que somos. É errando, que se aprende. Às vezes, temos que nos perder, para nos encontrar. E no caminho, magoamos pessoas que amamos. E o que podemos fazer, é pedir desculpas do fundo do coração.

Sarah me olhava vitoriosa, com a colher na boca, fazendo um eu te disse gritar na minha mente.

– Mãe, a Sarah não para de falar na minha mente.

Sarah me olhava indiguinada, com a boca aberta e o olhos arregalados pela traição. Eu olhei para ela bem no fundo dos seus olhos.

– Me desculpe do fundo do coração, Sarah.

Mas a bomba já tinha sido lançada. Era só eu me deliciar com o resultado que viria. Eu não gostava de ser o infrator solitário. Adoro uma companhia. E Sarah, é sempre bem vinda nessas bronquinhas familiares.

– Filha, já conversamos. Você precisa falar com a boca, meu bem. Lembra como foi difícil da primeira vez. Tem que se exercitar, se não, vai regredir tudo de novo. Mesmo pequenas palavras, fazem diferença.Usamos a mente só para falar coisas que não queremos que os outros saibam. Mas em casa não precisa, meu bem. Não temos segredos uns para os outros aqui. Deve falar sempre.

Sarah me olhava com raiva, e me vi dentro de um canhão, sendo arremessado pelos ares, com ela acendendo o pavio bem ao estilo desenho animado. Ela colocou esta imagem na minha mente, com intenção de me fazer medo. Mas eu tive que rir de sua infantilidade. Sarah era surpreendentemente infantil, com suas borboletas, bonecas e desenhos, os quais Seth sempre a acompanhava como um belo cão guarda que é. Às vezes, ela me surpreendia com sua conversa inteligente. Seu conhecimento da mente é impressionante. Como ela consegue avaliar o caráter pessoa. Ela não lê a mente das pessoas como vovô Edward, apesar de todos acreditarem que logo terá este dom, pela força que sua mente tem. Ela consegue dizer, só de olhar a pessoa, se ela era uma pessoa boa ou não. Se está bem intencionada ou se está mentindo. Analisando seus gestos corporais. É impressionante, mas eu não dizia isso a ela ela. Ela já é metida demais com seu dom. Enquanto eu tenho que me conter, não me é permitido usar meu dom em nenhum de meus familiares ou amigos. Tenho que treinar com os animas, o que é chato. Já que eu faço isso desde pequeno. Eu quero manipular pessoas, fazer elas obedecerem. Mas meu pai arrancaria meu couro se descobrisse que estou usando meu dom em beneficio próprio. "Somente para se defender, Edmond. Defender você ou sua irmã. Nunca em inocentes, por motivos banais." É chato! Eu sempre tenho que me policiar, para não fazer, mesmo sem querer.

– Em que está pensando, Edmond? Parece distante.

Minha mãe me fez despertar de meus pensamentos. Ia mentir, mas Sarah iria me denunciar. Então falei a verdade.

– Gostaria de poder usar meu dom nas pessoas.

Ela arregalou os olhos, e vi medo e frustração neles, o que fez me arrepender imediatamente de ter aberto minha boca enorme.

– Em quem gostaria de usar seu dom, Edmond? Em mim? Na sua irmã? Seu pai? Seth?

– Seth não, mamãe.

Sarah protestou. E eu não conseguia olhar para minha mãe. Estava envergonhado por ter dito isso.

– Talvez queira usar em seus avós ou no povo da reserva. Vá Edmond! Use-o! Faça isso agora mesmo. Não terá ninguém impedindo você. Mas esteja certo, meu filho. O que isso implicará a você. O preço que pagará por isso. É um menino inteligente, Edmond. Já sabe distinguir o que é certo e errado. Já foi dito isso a você. Mas se quer escolher os caminhos errados, eu não poderei impedi-lo. Nem mesmo seu pai o fará. Mas esteja pronto, meu filho, para arcar com suas escolhas.

Minha mãe se levantou, recolhendo nossos pratos, indo para a cozinha. Sarah me olhava, balançando a cabeça negativamente.

– Qual a parte que não devemos aborelece-la com nada você não entendeu, Einstein?

– Não enche, fedelha.

Pequei ela no colo, a tirando de sua cadeirinha. Recolhi o restante da mesa, levando para a cozinha. Minha mãe já lavava a louça e eu sentei na bancada, a olhando. Ela estava de costas. Respirei fundo...

– Desculpa, mãe.

– Para quem não gosta de se desculpar, esta se desculpado muito hoje, Edmond. Deveria seguir seus próprios conselhos, e evitar tantas desculpas.

– Ok! Eu mereci ouvir isso. Eu entendo, mas gostaria que você e o papai também me entendessem. Eu quero usar meu dom, não para fazer o mal. Eu poderia fazer um ladrão desistir de assaltar uma lojinha de conveniência. Um suicida em cima de um prédio a não se matar. Poderia impedir um assassinato, roubo, mortes e tantas outras coisas horríveis, que os humanos fazem. Eu usaria meu dom para o bem, mãe. Nunca para o mal.

Minha mãe se virou, me olhando e tinha lágrimas em seus olhos. Eu olhei desesperado para porta. Se meu pai entrasse e visse ela assim, eu ia pro castigo, sem nem mesmo poder abrir a boca para contar o que tinha acontecido. Ela percebeu minha aflição e secou as lágrimas, no pano de prato. Tocou meu rosto num carinho.

– Me enche de orgulho ouvir falando assim, Edmond. Mas entenda filho. Não somos como os super-heróis que você vê na teve, filho. Não podemos interferir na vida das pessoas. Elas tem suas escolhas a fazer. Não cabe a nós, dizer o que devem ou não fazer. As escolhas que só cabem à elas. Use seu dom, somente para se defender ou atacar alguém que esteja ameaçando seus amigos ou parentes. Nunca. Nunca mesmo, para mudar a escolha de alguém. Sei o que está falando. Sei que seu coração é bom, filho. Não devia ter duvidado de suas boas intenções, mas não faça isso, amor. Com o tempo, você vai entender que tudo tem um motivo pra ser. Que não somos donos do destino. Ninguém é! Por mais poderoso que seja.

– Poderia tentar trazer Jason pra casa, mãe. Poderia usar meu dom para buscá-lo.

Minha mãe soltou meu rosto, e seus braços caíram ao lado de seu corpo. Minha boca tava frouxa hoje. Nem eu sabia o que estava acontecendo comigo. Mas como ela não me interrompeu, continuei com minha falação.

– Sarah sonha com ele e me passa o sonho pela mente, mãe. Ele chama pela gente quase todas as noites. Ela tem medo que algo esteja errado com ele.

–Não tem nada errado com ele, amor. Ele está bem. Eu sei. Sinto isso. Não tente se comunicar com ele, Edmond. E diga para Sarah não falar com ele nos sonhos.

– Por que, mãe?

– Não é seguro. Onde ele está, não podem saber que você e sua irmã existem. Mesmo Jason não deve saber, para sua própria segurança.

– São os Volturi, não é, mãe? É lá que ele está. Com eles. Aqueles do quadro, no escritório do biso Carlisle.

– Sim! É lá que ele está, amor. Mas ele não está sozinho. Um bom amigo da mamãe está cuidando dele. Ele não vai deixar que nada de mal aconteça ao seu irmão. Ele vai voltar para nós, amor. Mas terá que fazer isso sozinho. Não podemos buscá-lo.

– Por que mãe? Por que não podemos buscá-lo?

– É o destino dele, filho. Ele deve nos encontrar e fazer suas escolhas, mas não agora. Porque ele é um menino como você. Forte, mas só um menino de três anos.

– Destino, mãe? Acredita nisso?

– Já vi muita coisa, filho, para duvidar de algo. Não duvido de mais nada. Já vi a magia, a maldade, o bem, o mal, a ganância, a morte, o poder, a falta de justiça e mesmo a perda de um filho. Não somos nada, perante o destino. Perante as forças que regem o universo. Sei que Carlisle lê a bíblia para você e Sarah. Ele também lia pra mim, quando tinha a idade de vocês. Não duvide de nada que esta lá, meu amor. Olhe tudo ao seu redor e não duvide de nada. Não seja inteligente somente. Seja sábio também.

Ela me deu um beijo na testa, me deixando com meus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

javanês;. Língua malaio-polinésia de Java.