Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 3
Capítulo 3 - SIMPLESMENTE SETH CLEARWATER


Notas iniciais do capítulo

SONETO DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes



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SETH CLEARWATER


Deitado no chão da campina, olhando os raios de Sol, que brigavam com as nuvens pedindo passagem, eu pensava em tudo que tinha passado na minha vida até aquele momento. Quase sempre era assim em Forks. Dias nublados. O Sol estava lá, mas pouco se via dele, a não ser que estivesse como eu agora, em lugares altos. Mas poucos conseguiriam chegar até aqui com o frio que está fazendo. Contemplava esta briga do Sol com as nuvens, com um sorriso no rosto e uma paz que invadia todo meu corpo. É muito bom sentir isso. Essa quietude interna. Aquela procura, impaciência e o fogo descontrolado. Tudo tinha se acalmado. Eu não sou mais assim. As minhas dúvidas e medos foram todos deixados para trás assim que eu a vi pela primeira vez. Seus olhinhos de um verde profundo me aprisionaram para sempre, mas eu não me importava de estar alí naquela prisão sem grades , que são seus olhos. Eu queria era jogar a chave fora e não sair dalí nunca mais. Eu pude entender tudo. Todas as coisas fizeram sentido pra mim. Eu só existia para ela. Por ela! Para protege-la. Para ser o que quisesse que eu fosse. Minha Sarah! Minha! Mesmo que ela depois não me queira, isso nem mesmo era importante agora . É pra ela que eu estava aqui e sempre estarei. A única coisa difícil e dolorosa até, era ficar longe dela como agora, quando ela ia com Alice ao shopping, e eu era proibido de ir, por ser programa de meninas. Minha pequenina nem mesmo entendia isso ainda, mas Alice faz questão de arruma-la como um boneca. E aí de mim devolve-la com o vestido levemente amassado. Recebia olhadas de morte de Alice. Não via a hora de Alice viajar logo. Assim, terei minha criança em paz, sem seus ataques de febre de shopping. Mas Sarah gostava de ir. Voltava sorridente, com os cabelinhos arrumados em cachinhos perfeitos. Isso me fez despertar dos meus devaneios. Sarah está se acostumando com coisas boas e caras. Eu jamais poderia dar a ela as coisas que sua família está dando. Eu sou um desempregado que acabou de sair da faculdade, sem nem mesmo ter exercido a minha profissão. Não! Eu preciso de dinheiro. Preciso dar uma vida boa a Sarah. Se ela vier a me escolher algun dia , preciso estar à sua altura. Saí da campina, tirando minha bermuda, explodindo em lobo. Corri até o chalé. Jake estava lá fora, brincando com Edmond de futebol. Entrei na brincadeira. Eles me fizeram de bobinho, se desviando de mim com a bola. Ficamos nisso um tempo, até Nessie chamar Edmond para tomar banho.Quando ele saiu foi minha deixa .


– E aí, irmão? Que cara é essa? Alguma coisa está te preocupando, Seth. Desembucha logo.

Nada passava despercebido de Jacob. Ele me conhece muito bem. Não só a mim. À todos da matilha. Sem precisar nem mesmo ver nossas mentes. Ele sabia quando estávamos impacientes, nervosos, preocupados ou felizes. Dever ser coisa de alpha, não sei.

– Preciso de um emprego, Jake. Não quero ir pra Seattle, para procurar. Porque não quero ficar longe de Sarah.

Falei tão rápido, que ele ficou me encarando. Pensei que ele não tivesse me entendido. Já ia repetir, mas ele me interrompeu.

– Calma, Seth! Eu já entendi. Fale com Embry, ele vai te levar para conhecer a oficina de Forks. Cuide dela. Fique com a parte burocrática, irmão. Está uma bagunça. Coloque tudo em ordem. Eu, Embry e Sam entendemos dos carros e motos, mas toda aquela parte burocrática, me deixa impaciente. Vai ser ótimo ter você lá irmão.

E e foi assim que eu comecei trabalhar com Jake, Sam e Embry. Eles são os meus patrões, mas eu já tinha uma participação nos lucros, porque humildemente, eu tenho que confessar que estava tudo uma bagunça até eu chegar. Logo, eu estava cuidando de toda a parte burocrática das duas oficinas. Mesmo a de Seattle, que ficava com Paul. Logo abrimos outra em Port Angeles, a qual, Jared ficou responsável. Já são três oficinas, e já eramos conhecidos e respeitados até pelas grandes montadoras, que nos indicavam como autorizadas para os serviçosde seus carros e motos. Eu ainda moro em La Push, em minha antiga casa. Minha mãe vinha às vezes ficar comigo, mas praticamente morava com Charlie. O que é bom, pois eu tinha sempre que estar no trabalho, e quando eu não estava trabalhando, eu fico com Sarah. Ela ficaria sozinha se não tivesse Charlie. Minha única tristeza é Leah. Ela ajuda no hospital, mas como é um trabalho voluntario para a comunidade da reserva , ela teve que arrumar um emprego no mercadinho da reserva. Eu insisti para ela ficar comigo nas oficinas. Até mesmo Jake insistia. Mas ela, orgulhosa como sempre, disse não precisar de esmola de lobo. Coisas de Leah! Já era um avanço ela ficar no hospital com Bella, Edward e Carlisle. Ela gostava, mesmo sem admitir. Carlisle a encimava muitas coisas, e sempre a requisitava, por causa dos seus conhecimentos de enfermagem. Isso virou uma camaradagem entre eles. Mesmo ela não admitindo, corria prontamente quando o doutor a chamava. O que, é claro. Virou motivo de piada entre a gente. Ela é minha irmã. Não posso deixar de pegar no pé dela. Faz parte, é claro! Ela não perdia a chance de me encher com Sarah. Toda vez que me via de batom ou brincos de brinquedo, pois Sarah tem isso. Acha que eu sou uma de suas bonecas. Então eu sou uma de suas bonecas, com tudo que o cargo de boneca se aplica, com direito a batom, chás em xícaras de brinquedo, maquiagem, jóias, frufrus e tudo mais. Uma vez, fui até coroado. Fui a princesa das bonecas. Mas tudo isso eu faço com um sorriso no rosto, pois era pra ela. Para minha Sarah. Jacob ainda tem seus ataques de ciúmes. Principalmente, quando Sarah preferia dormir no meu colo do que no dele. Ou quando eu era o escolhido para contar suas estórias para dormir. Eu tenho que disfarçar o quanto isso me deixa feliz. É como ser o cara mais feio da festa, e a menina mais bonita, mais legal te chama pra dançar. Não tem como descrever o quanto é bom ver ela correndo pra mim, quando eu chego. De ver como seus olhinhos brilham, quando eu a pego no colo. De como ela sempre me procura, quando chega em algum lugar e não me vê de imediato. De como meu coração quase saiu do peito, quando ele falou pela primeira vez e disse meu nome. Eu quase tive um infarto, quando eu ouvi sua voz pela primeira vez. Foi como ouvir os sinos de uma catedral.


Flash back :


Estávamos caçando. Jake ia na frente com Edmond nas suas costas, Nessie ao seu lado. Eu ia com Sarah mais devagar. Ela ainda era muito pequena. Tinha um ano e alguns meses. Eu cantava mentalmente pra ela sua música favorita , a da borboletinha, e ela deixava imagens de várias borboletas voando passar na minha mente. Borboletas de todas as cores. Isso me distraia um pouco, e não vi mesmo quando nos afastamos demais de Jake e Nessie. Estava tão distraído com as benditas borboletas voando na minha mente, e entorpecido com o cheirinho doce de Sarah de morangos e framboesas. Mas de repente, as imagens das borboletas sumiram e um cheiro selvagem invadiu minhas narinas. Algo corria muito rápido em nossa direção. Abaixei, fazendo Sarah deslizar pelos meus pêlos até ficar no chão. Falei mentalmente para ela ficar alí. Ela me olhava assustada. Jake já começava a voltar, com Nessie vendo na ninha mente, que tinha algo errado. O cheiro ficou mais forte e eu ouvia patas no solo, amassando as folhas secas do chão. Agora o animal não corria, vinha rondando o perímetro, analisando. Seus olhos saíram de dentro da mata. Ele era grande! Um urso . Eu nunca tinha visto um tão de perto. Olhei para Sarah, que tinha o olhar perdido. Ela estava se comunicando com alguém. Não esperei o urso se aproximar. Eu não podia deixar ele nem mesmo pisar na pequena área da mata, onde estava Sarah. Voei para cima dele, mostrando os dentes. O urso rasgou minha carne com suas garras afiadas, mas eu o mordi firme, fazendo-o sangrar. Não soltei ele mantive ele o máximo que pude nos meus dentes . Ele me empurrou de encontro a uma pedra. Soltei um ganido pela dor, mas estava bem. Ele nem mesmo tinha quebrado algum osso. Foi aí que eu ouvi.

– Seth!!! Pai, Ed. Aju...m S..eth!!!

Isso me fez parar completamente. O urso se aproveitou do meu estado catatônico, me arremessando com força no chão e se jogando em cima de mim, com seu peso. Mas logo depois disso, ele se levantou lentamente. Parecia hipnotizado. Rugiu baixo, bufando contrariado. Olhei ao redor, e vi Nessie amparando Sarah, que chorava aos gritos. Ouvia seus gritos pela primeira vez. Eu nem estava sentindo a dor do ferimento. Estava preso nela, em seu choro desesperado. Edmond tocava os pêlos do urso, o mostrando a floresta, sem falar nada. O urso seguiu a direção contrária. Jake vinha me ver. Eu estava na forma humana. Tinha voltado sem nem ao menos me dar conta. Nessie colocou Sarah nas costas de Jake. Ela não tirava os olhos de mim. Nessie veio até mim. Olhou meus ferimentos.

– Tente voltar à forma de lobo, Seth. Não tem nada fora do lugar. Você não guebrou nada, mas volte à forma de lobo. Jake está impaciente de ver sua nudez na nossa frente.

Ela disse, com um sorriso divertido. Eu me encolhi, me protegendo. Mas eu estava ainda meio idiota. Será que foi só eu que tinha ouvido Sarah falar?

– Você a ouviu? Oviu Sarah, Nessie?

– Ouvimos. Todos ouvimos, Seth. Ela já gritava em nossas mentes, com sua própria voz. Ficamos até um pouco confusos, sem saber quem era. Edmond que nos disse primeiro, que era Sarah. Corremos pra cá, e ela gritou com sua própria voz para ajudarmos você.

Nessie se afastou, e eu deixei o fogo da transformação vir. Nessie pegou Sarah das costas de Jake. Ela ainda chorava. Trouxe-a pra mim, e ela esticou os bracinhos, afagando meu pêlo, me apertando para vir mais pra perto dela. E eu pude ouvir de novo sua voz suave e melodiosa dançar na minha mente.

– Seth, você está dodói? Eu vou cuidar de você. Aquele urso não vai machucar mais. Ed mandou ele ir embora.

Ouvimos Jake rosnar. E ele falou na minha mente.

– Chega, Seth! Mostre a ela que está bem, para que ela se acalme e pare com essa melação toda.

Sorri em minha forma de lobo para ela, e ela sorriu de volta. Nessie a sentou de novo em minhas costas e Colocou Edmond nas costas de Jake. Partimos todos juntos para caçar. Depois desse dia, Sarah sempre fala. Mesmo pouco. Ela prefere se comunicar pelo elo mental, mas sempre está falando. Nessie a incentiva. E todos da família dizem o quanto sua voz é bonita, e é mesmo. Para que ela cante ou leia em voz alta. Eu fico só babando. Minha menininha, que cresce , como uma criança normal. O que me deixa feliz, pois ela vai ter uma infância como qualquer criança. Edmond cresce no mesmo ritmo que Nessie cresceu. Um pouco mais lento talvez . Até parece um irmão mais velho e não gêmeo de Sarah. Eles quase sempre estavam juntos. Se entendem só com olhares. Vivem discutindo, mas não se largam. Os dois tem gênios fortes. Edmond é como a Nessie. Completamente teimoso, mas extremamente protetor com Sarah. O que me deixa tranquilo. Sempre peço à ele para tomar conta dela, quando eu não estou por perto, e ele me faz um ok com os dedos. Sarah é alegre, sorridente e obediente. Nunca fala alto. Pede por favor, toda educadinha. Minha princesa! Sempre com um sorriso de derreter até mesmo os corações mais duros. Todos babam com ela. Jake faz tudo que ela quer, e ela se derrete todo, com o pai babão ou bobão, como Nessie fala.

Meu anjo! Nem sei o que faria se há um ano atrás fosse ela a ir para Volterra. Provavelmente, eu iria junto de brinde para os vampiros. Seria o cachorro dos sanguessugas sem problema nenhum, só para ficar ao lado dela. Sei que é egoísta, mas fiquei aliviado, quando não foi ela quem partiu. Mas meu peito se aperta, quando ela me conta de seus pesadelos. Todos com Jason. Ele ainda criança, na idade que partiu, chamando por ela, em meio a uma neblina escura. Ela não chora na frente de Nessie ou Jake, mas sei que Edmond sabe dos pesadelos. É para ele, que ela corre quando não estou com ela. Peço todos os dias, para que Jason retorne logo. É uma ferida no coração desta família, que nunca vai cicatrizar, até que ele retorne. Mesmo quando estão todos juntos no natal ou em alguma comemoração. Quando toda a família se reúne, é uma falta. Um buraco que não pode ser preenchido. Todos sentem. É visível e triste.







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