Nami In Wonderland escrita por Leh Paravel


Capítulo 9
Cura


Notas iniciais do capítulo

Olá! Prometi que lançaria mais um antes do fim do ano e aqui está. Mais de 5K eu to muito feliz!!! Seguinte, esse cap finaliza a primeira fase da história. A partir de agora teremos muitos conflitos e alguns caps mais pesados. Espero que gostem e feliz natal XD



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Nami acordou sentindo-se ótima, seu corpo teve o merecido descanso assim como seu espírito. Ouviu um grunhido e sentiu braços quentes lhe apertarem um pouco e um cheiro amadeirado invadir seus sentidos.

“Luffy” sussurrou. Este lhe respondeu apenas com um gemido e depois enterrou seu rosto no pescoço dela.

“Mais cinco minutos” ele disse ainda com os lábios colados na pele pálida do pescoço dela, causando arrepios.

“Acho que já dormimos o suficiente, Luffy” a única resposta que recebeu foi uma trilha de beijos na nuca e mãos em seu quadril fazendo leves carícias em seu abdômen e braços.

“Você tem cheiro de laranja, eu adoro isso” ele comentou dando uma leve mordida em seu pescoço arrancando um suspiro de surpresa e prazer da ruiva.

“Ah vocês são uns amores juntos!” os dois acordaram na hora e encararam a figura do outro lado do quarto, Luffy estava alerta, pronto pra lutar se necessário, Nami encarou seu convidado inesperado e sorriu quando viu quem era.

“Lightning?” Sua ‘cópia’ sorriu assentindo. Percebendo que Nami conhecia aquela pessoa, Luffy relaxou um pouco. “O que faz, aqui? Precisa se recuperar pra curar o Sanji” o moreno arregalou os olhos, então essa era o Lightning?

“Minha querida, não percebe? Eu já me recuperei há tempos. Ter você por perto restaura minha força” a garota disse com gentileza e adoração.

“Mas então…?”

“O que eu te disse é verdade, eu precisava dos seus sentimentos e você me deu eles ontem a noite, você me ativou” Nami estava confusa “Ao confessar seus sentimentos para o nosso querido Chapeleiro, você me encheu de amor, carinho e proteção. Era tudo o que precisava para curar a maldição do Sanji” assim que processou o que Lightning disse, Nami sorriu com alegria, poderia curar Sanji finalmente.

“E meu príncipe...” ela disse olhando pra Luffy que a mirou confuso com o modo de chamá-lo “Infelizmente só posso salvar o Sanji agora, Nami precisa ficar ainda mais forte pra eu poder cuidar de você, por isso seja forte e continue dando o máximo de amor à Nami” a mulher desapareceu voltando a ser o bastão dourado de outrora.

Demorou alguns minutos pra ficha cair, mas quando caiu, Nami levantou da cama eufórica, querendo ir para a ala médica de camisola e tudo. Luffy olhou aquilo e em vez de ficar feliz, um sentimento perigoso de ciúme o dominou.

“Finalmente! Finalmente vamos poder curar o Sanji” Nami estava tão animada que nem notou a mudança de humor repentina do chapeleiro.

“Por que se importa tanto com ele, princesa?” Nami congelou ao ouvir aquele tom de voz. Virou-se para ele e confirmou suas suspeitas ao ver o vermelho nos olhos do outro.

“Chapeleiro” ela sussurrou.

“Sim, minha princesa, sou o melhor lado desse carinha aqui”

“Você me ama como a outra parte?” seu tom foi mais de confirmação que desafio, porém o moreno sorriu e a mirou de cima a baixo com um olhar repleto de desejo, mas também apreço.

“Muito mais, minha princesa” Nami sentiu-se corar com o escrutínio óbvio, mas sua curiosidade era maior. Era a primeira vez que esse lado aparecia em uma situação calma, onde pudessem conversar. “Mas você ainda não me respondeu, princesa. Por que o Sanji é tão importante pra você?” Nami ficou tensa de repente e o chapeleiro reparou. “Aconteceu algo que eu deva saber?” a ruiva percebeu que, por trás daquele tom confiante, havia um toque de ciúme e apreensão.

“Nada aconteceu, pelo menos não aqui” o Chapeleiro franziu o cenho com aquilo “No outro mundo, onde eu cresci, existe um rapaz que é exatamente igual ao Sanji, inclusive nome e personalidade. Quando eu o vejo aqui, não consigo deixar de lembrar do meu amigo”

“Você e esse seu amigo são próximos, princesa?” Nami concluiu que preferia ver o outro Luffy com ciúmes, esse dava um pouco de medo. Ela sentou na cama, mas não chegou a tocá-lo.

“Mais ou menos, não mais do que sou de vocês se for comparar” o moreno relaxou visivelmente. Ela decidiu que não contaria que o outro lhe propôs casamento antes de vir pra cá.

“Ótimo. É bom saber, princesa”

Nami ficou quieta a observá-lo, ele tinha maneirismos diferentes do Luffy. Sua aura emitia uma confiança que beirava a arrogância e sua expressão era cínica e desconfiada, mas sua postura estava tranquila, confortável.

“Quem é você exatamente?” ela relaxou sua postura ao máximo pra deixar claro a ele que ela não o temia e que confiava nele “Como você ficou assim?” Chapeleiro pareceu considerar a pergunta.

“Eu sou a parte do Luffy-chan que ele não quer que você veja. Eu surgi logo depois que ele viu os irmãos dele morreram pra protegê-lo” Nami arregalou os olhos em choque “Ele começou a enlouquecer e se machucar e foi aí que eu surgi.” Chapeleiro se ajeitou na cama, ainda sem tocar em Nami “Eu apareço sempre que ele está em perigo ou estressado, mas principalmente...” ele se aproximou dela e a encarou com intensidade “Quando você está envolvida, princesa. Eu sou tudo o que ele não consegue lidar às vezes com você, seja raiva, ou ciúme...” ele deixou os rostos a milímetros de distância “...ou desejo” ele tão próximo de si daquele jeito a deixava tonta.

“P-por que você me chama assim?” princesa parecia um termo tão distante. O moreno vagou seu olhar pelo rosto alvo da ruiva, sua mão pegou uma mecha alaranjada e brincou com os dedos, parecia uma mania que ambos compartilhavam, concluiu ela.

“Você me abandonou, princesa” sua voz agora era fria como gelo “Luffy não deixa isso claro, mas nós sofremos muito com isso. E agora você está aqui e a ideia de que podemos perder você de novo é insuportável, então, até que eu te perdoe, vou te chamar de princesa o quanto eu quiser.” Nami levantou a mão devagar e com cuidado tocou o rosto do Chapeleiro, ele não se afastou, porém não parecia feliz pelo contato.

“Agora eu entendo algumas coisas. Eu não vou prometer que vou ficar, porque estaria mentindo pra você, mas...” ela aproximou o rosto e colou sua testa na dele, exatamente como noite passada. Uma onda de calor gostosa atravessou seu corpo “Isso é real, meu sentimento por você é real, por vocês dois. Eu amo vocês dois, sou de vocês dois assim como vocês dois são meus.” o Chapeleiro adorava esse fogo no olhar dela quando Nami deixava claro o que queria. Nami podia ter muitas qualidades, mas ela era naturalmente uma pessoa egoísta. Ela não compartilhava o que ela considerava ser dela e ele não se importava com isso, porque ele era dela, só dela. Esse pensamento o deixava muito excitado.

“Sim, sou só seu e você é só minha” ele sussurrou roçando seu rosto no dela “E se algum dia você me permitir, eu vou te mostrar o quanto eu e ele amamos você” Chapeleiro apertou a cintura fina e deu um beijo longo abaixo da orelha, ganhando um gemido baixo e necessitado de Nami “Até mais, princesa. Espero vê-la em breve” Nami viu claramente quando o Chapeleiro desapareceu, a arrogância sumiu e o sorriso ficou mais leve.

“Olá” ela falou com um sorriso.

“Yo” Luffy respondeu ainda meio confuso, no entanto não se afastou dela.

“Você lembra do que aconteceu?”

“Mais ou menos. Eu só sei o que ele me deixa saber” ele fechou os olhos e aspirou o aroma dela.

“Luffy, ele é uma parte sua. Por acaso você já tentou… Sei lá, fundir vocês dois de novo?”

“Ele não quer.” o moreno respondeu “Ele diz que não pode. Que tem algo impedindo ele”

Que estranho, será que é sobre isso que Lightning fala quando diz que Luffy precisa da ajuda dela?

“Nami, ele não machucou você, não é?” ele indagou sério.

“Não, ele nunca me machucaria. Ele é você” só um pouco mais louco e distorcido. Luffy ficava preocupado que sua ‘outra metade’ por assim dizer pudesse causar algum dano a Nami como fez a tantas outras pessoas, mas a garota parecia de boa com isso. “Mudando de assunto, Luffy, é melhor você ir. Eu vou chamar a Nina pra me ajudar com as roupas.” o moreno fez uma carinha de cachorro abandonado, mas não disse nada. Em vez disso, Luffy a puxou para perto de si e lhe abraçou com carinho, enterrando seu rosto na curva do pescoço macio da ruiva e dando leves beijos na pele com cheiro de laranja.

“Eu não vou poder ficar te abraçando o tempo todo quando sair daqui, então...” Nami entendeu e deixou ele a segurar em seus braços o tempo que quisesse. Era uma sensação gostosa tê-lo tão perto de si.

“Me espere lá fora e aí vamos ver o Sanji juntos” Luffy deu um leve beijo nos lábios de Nami e saiu do quarto.

 

OOO

 

Law se considerava uma pessoa calma e calculista, todos os seus passos, gestos e palavras eram cuidadosos e com significado, jamais perdendo o controle e a paciência, porém, embora já há muitos anos como médico, sentia-se aflito agora.

Sanji teve uma péssima noite, a morfina fazia cada vez menos efeito e agora ele não parava de gritar e se debater. Em seu estado de agonia, o loiro conseguiu nocautear dois enfermeiros e estava dando a Bepo, um enorme urso branco e enfermeiro chefe, uma enorme dor de cabeça.

“Nós temos que fazer alguma coisa, Law” disse o urso “Nós não podemos mais mantê-lo assim!” o médico sabia disso, não precisava que o outro lhe dissesse.

De repente, o loiro abriu os olhos e Law viu neles uma dor excruciante e pura. Ele viu naqueles olhos a chama do inferno que consumia todo o corpo de Sanji e, pela primeira vez em toda a sua vida, quis trocar de lugar com um paciente para livrá-lo da dor.

Como o Luffy-ya naquele dia

“Vamos amarrá-lo, não podemos mais impedir a dor, mas podemos prevenir que ele se machuque”

Ande logo, princesa-ya. O tempo dele está acabando. Pediu o moreno.

 

OOO

 

Sanji queria morrer.

Sanji queria morrer, queria que alguém enfiasse uma faca em seu coração para que finalmente pudesse descansar. Só queria morrer. Morrer por fazer todas aquelas criaturas sofrerem, por fazer a Nami sofrer. Não merecia a piedade dela e nem a de ninguém. Todos o pintavam como um monstro, mas ele não era só isso.

Era muito pior.

Quantas mães ele deixou sem filhos e quantos filhos sem mãe? Quantos amantes ele separou e viu com prazer um suplicar pela vida do outro? Ele matou, torturou, mentiu, iludiu e massacrou tantos lugares e tantas pessoas que nem uma vida de desculpas seria o suficiente para amenizar os seus erros.

Hancock... Esse era o preço a se pagar por amá-la? Por que era tão difícil? Tudo o que ele sempre quis foi amá-la, aquela deusa negra e rubra que o encantou. Mas agora era tarde, ele morreria e não havia nada que pudesse fazer. Seu corpo já não lhe respondia, tudo queimava e tremia como se estivesse levando um choque. Se pudesse fazer um pedido, só queria ver o rosto de sua rainha tirânica mais uma vez.

Então, subitamente, no meio do mar de fogo, uma luz azulada o rodeou e preencheu. Era uma luz morna e acolhedora e Sanji se viu buscando mais e mais.

Quem...?

“Sanji...”aquela voz, ele conhecia aquela voz “Você ainda tem coisas a fazer, meu cavaleiro, não deixe a maldição te levar” Sanji abriu os olhos e viu cabelos prateados.

“Nami?” a pessoa sorriu enquanto negava.

“Eu apenas assumi a forma dela. Enquanto ela cura a maldição por fora, eu te curo por dentro” o loiro sentiu lágrimas correrem por seu rosto.

“Lightning” ele suplicou com a voz embargada “Me deixe morrer, eu não mereço sua atenção e nem a de Nami” a nuvem rubra começou a cobri-lo novamente, mas Lightning era teimosa e não o deixaria ir. Sem pressa, ela o envolveu em seus pequenos braços e o abraçou, fazendo com que a nuvem rubra recuasse.

“Não, Sanji. Seu lugar é ao lado de Nami. Como eu disse, você ainda tem uma tarefa a cumprir e eu não posso te deixar ir antes disso.” a garota o apertou com mais força, temendo que ele caísse se não o mantivesse preso “Eu gosto de você, Sanji. Você conseguiu manter o seu coração intacto mesmo com a maldição sobre você durante todos esse anos. Você não tem culpa de nada do que fez enquanto estava sob controle dela, mesmo que você não acredite nisso.” Ele fez menção de falar, mas ela o impediu “Eu não vou discutir esse assunto com você e por isso ofereço uma maneira de pagar sua dívida. Volte e proteja Nami e Luffy, os dois precisam de você para o que está por vir” Lightning parecia ansiosa e preocupada e Sanji não perdeu isso.

“O que é que está por vir?”

 

OOO

 

Nami estava encharcada de suor da cabeça aos pés, Lightning estava em suas mãos e ele brilhava e transbordava de energia. Luffy estava perto dela para que pudesse pegá-la caso desmaiasse, enquanto Law e os outros apenas observavam o que acontecia.

“Ela já está nisso há quase três horas, tem certeza de que ela vai conseguir?” quis saber Bepo.

“Alteza-ya nunca fez isso antes, é normal demorar. Além disso, não é fácil salvar uma pessoa que não quer ser salva.”

“O que quer dizer com isso, Law” mas o médico não ofereceu resposta.

Lighting foi bem clara com Nami sobre o que ela veria e o que deveriam fazer, mas falar é sempre mais fácil. Sanji estava em frangalhos e sua respiração quase inexistente, seu lindo cabelo loiro parecia palha e sua pele pálida parecia a de um morto.

“Vamos Lá, Sanji. Não desista ainda” ela murmurou.

Sanji tinha que ser curado em dois estágios: primeiro seu corpo e depois seu espírito. As maldições de Hancock consistiam de utilizar diferentes tipos de serpentes invisíveis e com diversos propósitos para “capturar” a vítima. Todos os soldados e serventes em Fortaleza Vermelha estavam sob efeito da maldição da persuasão rubra, que era um estado de adoração e servidão para com a Hancock e a mais comum de se ver também. Sanji tinha essa maldição em seu corpo até que Nami acidentalmente a removeu, no entanto, diferente da maldição rubra, essa agora era bem diferente.

A cobra negra era gigantesca e envolvia todo o corpo de Sanji, injetando seu veneno na região do pescoço. Nami levou um susto quando a viu ao entrar na ala médica - a cobra era invisível para todos, mas se você tinha o poder de destruí-la, então você era capaz de vê-la. A ruiva reuniu toda sua coragem e se aproximou e a serpente, percebendo a ameaça, sibilou feroz.

“Sua maldita, ele não é seu para tomá-lo” ela sibilou de volta, ameaçadora.

Uma energia de fios azuis e laranjas envolveu Sanji por inteiro e pouco a pouco destruía o corpo da serpente, revitalizando o cavaleiro. Lightning disse em sua mente que ficava mais rápido e fácil com o tempo, ela só precisava de experiência e concentração. Nami não queria falhar com Sanji, não queria falhar com ninguém. De repente o Lightning começou a pulsar mais e mais e Nami sentiu que alguma coisa grande aconteceria.

“Todos no chão agora!” Ela ordenou com todas as forças e viu satisfeita todos na sala se abaixarem, com exceção do Chapeleiro que segurou o Lightning junto dela.

“Pronta?”

“Sim” ela relaxou e liberou toda a energia armazenada de uma vez. A onda de choque foi tão forte que as janelas e portas foram arrancadas e arremessadas.

 

OOO

 

“O que foi isso!?” quis saber o loiro exasperado.

“Parece que minha querida princesa completou a parte dela” respondeu Lightning com os olhos cheios de orgulho “Agora só falta você meu cavaleiro. Está disposto a ajudar os dois?” ela a encarou ainda incerto.

“Não tem outra maneira de impedir isso?” a menina apenas negou com a cabeça “Então está certo, eu vou voltar, mas no fim eu quero que você me prometa uma coisa” Lightning franziu o cenho, já imaginando o que o outro pediria “Depois que isso acabar, eu quero que você me mate”

 

OOO

 

A ala médica estava uma completa bagunça e Law ficou aliviado por não haver mais nenhum outro paciente além do Sanji, do contrário o coitado teria voado pela janela.

Então foi por isso que ela pediu pra todos se abaixarem. Concluiu ele.

Nami estava exausta e mal se aguentava em pé. Luffy estava ao lado dela ajudando-a. O Lightning ainda estava em seu tamanho maior, ajudando sua mestra a se recuperar.

“Nami, você tá bem?” Perguntou Luffy do seu lado.

“Sim, só preciso descansar um pouco” um gemido foi ouvido e os dois se viraram para a cama onde viram Sanji abrir os olhos devagar.

“Prin...Princesa” ele chamou baixinho, a ruiva correu até ele assim como o moreno que estava muito feliz em ver o outro vivo.

“Eu to aqui, Sanji” ela respondeu com uma alegria que não cabia em si. “Como se sente?”

“Um pouco tonto” eles ajudaram o Sanji a se sentar na cama. Ele parecia exausto e uma camada fina de suor cobria seu corpo.

“Yo Sanji” Luffy cumprimentou com um sorriso no rosto e o loiro sorriu de volta.

“Yo, Luffy”

Law se aproximou da cama dando uma olhada rápido no loiro, apesar de cansado e um pouco desnutrido, ele parecia bem melhor.

“Imagino que você conseguiu remover a maldição” a ruiva olhou pra ele e sorriu em resposta “Ótimo, agora saiam daqui e me deixem fazer um check-up nele” Nami se aproximou rápido de Sanji e sussurrou em seu ouvido

“Jure lealdade a mim, não pergunte, apenas faça” ela ordenou e logo se afastou.

“Só um momento, Trafalgar Law” falou Sanji “Tenho que fazer uma coisa primeiro” Sanji levantou da cama mesmo com os protesto de Luffy e os outros, mas ele tinha que fazer isso. Com cuidado ele se ajoelhou no chão e abaixou a cabeça “Princesa Nami de Marmoreal, filha de Frau e sobrinha de nossa rainha Branca, juro perante todos aqui que deste momento até o fim de meus dias eu a protegerei e a manterei. Minha vida lhe pertence e poderá usá-la como quiser, meus dias são seus e se alguém a fizer sofrer eu o punirei, pois lhe devo minha vida e tens minha gratidão eterna.”

Nami não sabia o que dizer, pediu que ele lhe jurasse, mas não imaginou ouvir palavras tão doces.

“Eu aceito o seu juramento e digo que deste dia em diante, assim como você me protegerá eu também farei o mesmo, pois você salvou a minha vida e do Luffy em Fortaleza Vermelha”

Luffy sorriu com os eventos, mas ficou incomodado com uma coisa e não deixaria passar.

“Tá bom, Sanji, já deu, agora larga a mão da Nami”

 

OOO

Momentos antes

 

Branca estava em sua mesa do escritório, sua postura era tensa e seu olhar duro. À sua frente, haviam três globos luminosos e em cada um deles eram refletidas imagens de outras pessoas, seus colegas de rebelião por assim dizer.

“Isso é terrível” Robin estava rígida como pedra.

“Sim, depois que ela perdeu o Valete, pensei que levaria algum tempo até ela atacar de novo” quem falou foi uma mulher de cabelos rosados.

“Pensou errado, Bonney” retrucou um homem de cabelos vermelhos como o fogo “Mas o que exatamente aconteceu? Ela mesma atacou Alabasta? Pessoalmente? Você não ficou louca de vez, Vivi?” No terceiro globo, uma garota de cabelos azulados e expressão cansada aparecia. Seu rosto estava cheio de fuligem e cortes na bochecha e fronte.

“Eu não vou começar uma discussão com você na frente da nossa rainha, Eustass” Vivi respondeu impaciente “Eu sei o que eu vi e tenho certeza de que você não vai gostar de quem estava ao lado dela no ataque”

“Ah é? E quem é o novo Valete da rainha que te deu tanto medo, Vivizinha?”

“Já chega” disse Branca cortou Vivi “Vivi, quero que junte suas tropas restantes e venha para Marmoreal o mais rápido que conseguir, assim como Eustass e Bonney. Temos que nos preparar.”

“O Valete já morreu então, majestade?” antes que pudesse responder, Robin sentiu um estrondo fortíssimo no chão. “Branca você está bem? O que foi isso?” Bonney e os outros estavam tão surpresos quanto ela.

“Eu não sei, mas acho o Valete está vivo e Nami tem alguma coisa a ver com isso”

“Isso é impossível” disse Eustass cético.

“Só se você acreditar que é”

Robin parou na frente da entrada da ala médica, sim entrada, porque as grandes portas brancas estavam do outro lado do corredor completamente destruídas. Metade de sua corte se juntou ao redor para saber o que estava acontecendo, mas nenhum se dignava a entrar. Quando chegou mais perto entendeu o por quê.

“O que houve, Bepo?” Bepo estava parado na entrada impedindo que qualquer curioso passasse. O urso olhou pra sua rainha e chamou Trafalgar.

Será que ela conseguiu salvar o Sanji? E se conseguiu, o que vou fazer com ele?

Bepo foi para o lado e Branca viu Law vir em sua direção com cara de poucos amigos.

“Majestade-ya”

“Law”

“Entre, por favor” ela mal passou e o urso barrou novamente a entrada. Robin observou o local e viu que estava completamente revirado, como se uma onda de choque tivesse varrido tudo. Em comparação, os residentes pareciam bem e, na última cama, estava um soldado de cabelos loiros sentado na cama, parecia cansado, mas bem e ao pôr os olhos nela, levantou rapidamente da cama, sua feição demonstrava incerteza e vergonha.

“Majestade” ele fez uma leve reverência, seu corpo ainda não estava curado.

“Sanji” o tom foi neutro, mas o loiro ficou satisfeito por não haver nenhuma raiva ou desprezo “Você nos deu muitas dores de cabeça” Sanji encolheu em vergonha.

“E-Eu...”

“Apenas descanse” ela o cortou “Até que eu diga o contrário, você está proibido de deixar essa sala. Depois haverá um julgamento pelos seus crimes, mas não antes que se recupere” ele assentiu e deitou na cama, ainda estava fraco demais.

“Eu esperava por isso” ele respondeu.

“Considerando sua situação, acredito que o exílio seja a única chance que tem” Branca ouviu muitos murmúrios satisfeitos na sala.

“Robin” dessa vez um sorriso apareceu em sua face quando ouviu aquela voz. Nami estava sentada na cama ao lado - que foi colocada lá de volta depois do choque de energia - seu corpo era circundado pelos braços do chapeleiro.

“Bom trabalho, Nami” ela queria dizer mais, mas agora não era o momento “Descanse também e venha na minha sala quando se sentir melhor”

“Obrigada, Robin, mas é sobre o Sanji que eu quero falar” Robin franziu o cenho.

“Depois” seu tom foi mais sério que o necessário e a ruiva percebeu, porém não se intimidou.

“Agora. Sanji jurou fidelidade a mim como cavaleiro. Quaisquer que sejam seus crimes, de acordo com as leis daqui, eles são perdoados até que eu mesma decida o que fazer com ele.”

Branca a encarou com assombro e indignação.

“Como você sabe disso?” Branca não estava brincando e seu olhar dessa vez intimidou até o Luffy.

“Eu li sobre as leis na biblioteca” Nami respondeu sem hesitar “Cavaleiros juramentados à rainha ou seus herdeiros só podem ter seu destino decidido por eles mesmos.” Branca olhou para os lados, seus súditos estavam indignados e irritados com a decisão da princesa.

“Saiam todos” ela ordenou.

 

OOO

 

Nami ficou rígida ao ouvir o tom de Robin e percebeu que quem agora estava ali na sua frente não era sua tia, mas a rainha regente de toda Wonderland. Quando só restou elas e Luffy e Sanji por motivos óbvios, Robin se voltou pra ela contrariada.

“Há quanto tempo você sabia?”

“Desde que me disse que eu não poderia decidir o futuro do Sanji, eu pesquisei tudo o que pude sobre as leis e juramentos e encontrei essa saída”

“Você entende que passou por cima de mim nessa decisão na frente de todos, não é?”

“Sim” Branca suspirou.

“Nami, não importa o que aconteça agora, você é a responsável por tudo o que o Sanji fizer. Ninguém tirará satisfações com ele, mas sim com você, se alguém quiser desafiá-lo ou matá-lo, terá que matar você primeiro” então foi por isso que ela ficou tão alterada, concluiu a ruiva. Robin estava apenas preocupada com ela.

“Desculpe te causar essa preocupação, Robin, mas essa foi a minha decisão e eu sabia das consequências, eu salvei o Sanji, porque era o certo a se fazer.”

“Nami, eu admiro que proteja seus ideais, mas lembre-se que se você quiser ser rainha, deve levar em consideração os desejos de seus súditos também. Tenha isso em mente, está bem?” Robin olhou Sanji e viu ele sério “Sanji, você junto de Luffy são os responsáveis por proteger a minha sobrinha agora, não me decepcione”

“Não vou, majestade”

“E nem eu, Robin” disse Luffy com seriedade. Branca apenas sorriu e caminhou até a porta.

“Estou feliz que estejam todos bem”

 

OOO

 

Nami dormiu o resto da manhã e o início da tarde. Luffy ficou com ela o tempo todo e só saiu para almoçar. Seu corpo estava dolorido e por isso não podia se mover muito bem, ela até pediu pro moreno ficar na enfermaria e proteger o Sanji, mas Luffy disse que ninguém queria enfrentar o Law.

“É melhor eu ir ver a Robin, ela parecia tensa por outros motivos”

“Deve ser porque as outras facções estão vindo”

“Como é?!” ela indagou sentando na cama “E por que você não me contou?”

“Achei que você soubesse. Parece que Alabasta foi atacada mais cedo pela Hancock”

“O que é Alabasta?”

“Nossos amigos do oeste, os líderes são Vivi e Kohza Nefertari. Parece que a Hancock foi pessoalmente atrás deles dessa vez”

“E como você sabe de tudo isso?”

“O pessoal da cozinha fala muito”

Quer saber de alguma coisa? Pergunte pras empregadas.

“Agora temos mesmo que ir falar com ela”

Os dois andaram pelos corredores de mármore sem prestar muita atenção em quem ia e vinha, bom, na verdade Luffy não prestava atenção, mas Nami sim e ela não ignorava os olhares mistos que recebia de todos que iam desde curiosidade até rancor, provavelmente pelo Sanji. No entanto, ela não se importava, ela escolheu isso.

Chegaram no escritório e entraram depois de serem anunciados. Robin tinha um sorriso leve no rosto, mas seu semblante deixava claro sua preocupação com alguma coisa.

“Podemos conversar?”

“Claro, sente-se por favor” Nami percebeu que numa enorme almofada perto dos pés de Robin estava um gato bem conhecido por ela.

“Chess!” o gato respondeu ao chamado com um grunhido leve e logo voltou a dormir.

“Você aparece e nem avisa, né Chess?” Luffy não se abalou com a falta de resposta do gato e começou a cutucá-lo. O felino ficou tão irritado que acordou e ficou a flutuar pela sala.

“Deixem o pobre gato em paz vocês dois” Luffy voltou ao seu lugar com um sorriso no rosto “Então, Nami, temos algumas coisas pra falar, não é?”

“Bom, Luffy me disse que Alabasta foi atacada pela Hancock. Sofremos muitas baixas?” O sorriso de Branca não sumiu, mas endureceu.

“Tenho que tomar mais cuidado com as empregadas daqui” murmurou Robin mais pra si mesma que qualquer outra coisa “O que você sabe sobre os grupos, Nami?”

“Quase nada”

“Bom, nós somos em quatro: Marmoreal, Alabasta, Skypiea e Hazard” Robin explicou enquanto organizava documentos em sua mesa “Hazard é o grupo do norte e seu líder é Lord Eustass. Skypiea é o grupo do sul e seus líderes são Lord Trafalgar Law e Lady Jewelry Bonney”

“Espera, Law é um Lord? Com aquela atitude?”

“Acho que isso não tem muito a ver, Nami. Luffy é o cavaleiro líder do meu exército, duque e noivo da futura rainha de Wonderland, mas ele não age exatamente como deveria, não é?” a ruiva encarou Luffy com surpresa, Luffy tinha todos esses títulos?

“Viver rodeado de frescuras é um saco, prefiro ser livre pra ir e vir como quiser” as duas sorriram em aprovação com a resposta, esse era o Luffy.

“Bom, e o último grupo é Alabasta do oeste liderado por Vivi Nefertari e Kohza. Alabasta é uma fortaleza de pedra e areia quase impenetrável e nunca um ataque lá teve sucesso… até ontem à noite.”

“Foi a Vermelha que atacou eles mesmo, Branca?” Luffy quis saber “Eu mesmo já tentei invadir lá e não consegui”

“Por que você tentou invadir lá, Luffy?”

“Nem queira saber shishishi”

“Voltando ao assunto, eles não foram invadidos. Alguém destruiu as paredes do castelo” o queixo dos dois caíram com a notícia.

“Quem fez isso, Robin?” Luffy indagou sério, não admitia que alguém machucasse seus amigos.

“É alguém que eu nunca imaginei que ouviria falar novamente” Nami se aproximou da mesa e tocou as mãos de Branca.

“Quem, Robin?”

“Doflamingo Donquixote, ele também é o novo Valete da rainha” Nami não compreendia completamente o peso daquele nome, mas ao ver a face pálida do chapeleiro, deduziu que quem quer que aquele homem fosse, ele não era ordinário. Ela respirou fundo e perguntou com a voz baixa.

“Quem é ele?”

“Ele… Antigamente ele era um dos duques de Wonderland e o prometido de minha mãe até...”

“Até?”

“Até uma dia, em seu castelo no sul, ele torturar e matar mais de quinhentas criaturas em uma só noite”

O que?!

Nami arregalou os olhos e levou as mãos a boca em horror, como um único homem foi capaz de fazer algo assim? E por que?

“P-Por que ele…?”

“Faria uma coisa dessas? Ele disse na época que queria dar a sua prometida uma fortaleza vermelha só pra ela então usou o sangue….” Nami não precisava que ela terminasse pra entender, mas Robin continuou mesmo assim “Ele pintou todas as paredes do castelo com o sangue dos moradores” Luffy sentou no apoio da cadeira de Nami e lhe abraçou, sabendo que essa história não era fácil de ouvir pra ninguém. “Quando minha mãe e os pais dela viram o que ele fez, Doflamingo foi preso e sentenciado à morte, mas minha mãe ainda nutria sentimentos por ele e pediu que ele fosse encarcerado em vez de morto.”

“Mas quanto tempo faz que isso aconteceu? Ele não deveria estar morto?”

“Os membros da família Donquixote podem viver até cinco mil anos. A magia corre forte no sangue dos Donquixote, foram eles que criaram o Lightning e o BloodySnake e deram à família real para protegermos o reino até mesmo deles um dia”

“Sábia escolha”

“Antigamente toda a família real morava em Fortaleza Vermelha, porém depois do golpe de estado de Hancock, tudo que havia lá passou a ser controlado por ela, inclusive os prisioneiros perpétuos.”

“E por que do nada ela resolveu soltar e pensar que pode controlar um homem como esse?”

“Eu não sei, mas Doflamingo conhece bem o BloodySnake e o Lightning e por isso, pode ser uma ameaça pra você que Hancock jamais será.” Nami sentiu o Lightning nas dobras do seu vestido, um calor cálido preencheu seu corpo como se a própria arma a estivesse consolando e pedindo para não se preocupar. Luffy também massageou suas costas com as mãos passando a mesma segurança, então Nami soube naquele momento que não importava o que Doflamingo fizesse, enquanto ela tivesse esses dois, ela ficaria bem.

“Depois do ataque desse homem” Nami não se dignava a dizer o nome dele “Lady Vivi e Lord Kohza sobreviveram?”

“Sim, eles, assim como todos os outros, chegarão aqui em dois dias e estão muito ansiosos pra conhecê-la”

“Eu não quero o Eustass aqui e nem a Bonney”resmungou o Chapeleiro.

“Ué? Por que, Luffy?”

“O Eustass é um problema e a Bonney come a comida dele” respondeu Branca divertida “Mas esse não é bem o único motivo, não é, Luffy?” o moreno fez uma careta “A verdade é que Eustass desde pequeno brigava com o Luffy pra ser o seu prometido” a ruiva então entendeu o porquê dessa careta e só pôde gargalhar com ideia, afinal, Luffy era o único pra ela.

“Bom, acho que terminamos nossa conversa, melhor você voltar pra cama, Nami, ainda precisa se recuperar”

“Sim, com licença, Robin” os dois levantaram e saíram, Luffy ainda com uma careta.

“Ei, não se preocupe, ok? Eu não vou deixar você pelo Lord Eustass” Luffy apenas olhou pra ela. Não conseguia evitar de sentir ciúmes, Nami já disse que o amava, mas ainda tinha tanto medo de perdê-la, e se ela olhasse o Eustass e decidisse que gostava mais dele? Sua cabeça estava borbulhando, mas então Nami pegou sua mão e sorriu e ele se acalmou, pelo menos por enquanto.


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Notas finais do capítulo

O próximo cap focará muito mais na Hancock e Doflamingo, vamos conhecer um pouco mais desses dois e teremos também a chegada dos rebeldes em Marmoreal (podem esperar muitas trocas de farpas entre Eustass e Luffy) e uns casais inusitados. Talvez eu lance ainda esse ano, talvez não kkk
Até a próxima



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