Nami In Wonderland escrita por Leh Paravel


Capítulo 4
Marmoreal


Notas iniciais do capítulo

Esse cap é um pouco mais longo que os outros.



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Sanji sabia que o Chapeleiro evitaria a estrada principal o máximo possível, mas no fim das contas era o único meio de chegar a Marmoreal. E ele estaria lá para recebê-lo. O castelo de Branca era uma fortaleza impenetrável graças a sua barreira natural emanada pelo mármore das paredes, além disso, Marmoreal reconhece Branca como sua mestra então qualquer um com más intenções sobre ela era imediatamente arremessado para fora do maldito castelo. Luffy sabia assim como ele que ao atravessarem o Jardim Branco, limite da barreira, Nami ficaria inalcançável.

“Valete” a carta que colocou de vigia chamou “Eles chegaram.”

“Muito bem, nas suas posições.”

OOO

Mal os pés tocaram a estrada principal e Luffy sentiu que algo estava errado, não sabia o que era, mas tinha.

“wow” ouviu Nami dizer “Aquela é Marmoreal?”

“shishishi é sim.”

Nami não era uma plebeia, já viu castelos e mansões maravilhosos dos mais diversos gostos, mas Marmoreal era… Espetacular. Parecia saído de um conto de fadas, sua estrutura complexa toda coberta em mármore branco ganhava um toque etéreo na luz da manhã.

“É lindo” a ruiva estava encantada com a visão, aquele lugar era exatamente como seu pai descreveu em suas histórias, digno de uma rainha. Novamente aquela sensação nostálgica atravessou seu corpo e ficou feliz, porque mesmo inconscientemente ela sabia que estava em casa.

De repente e com força, Luffy agarrou sua mão “Corre!”

Nami queria perguntar por que estavam correndo, mas logo sua pergunta foi respondida quando ouviu o som de vários cavalos vindo na direção deles, olhou para trás e viu um par de olhos azuis cheios de ódio a encarando. 

“Sanji.”

Os cavalos eram mais rápidos e não demoraram a ultrapassá-los, Luffy e Nami se viram cercados pelas cinco cartas e o Valete, todos a cavalo e dispostos a matar.

“Você foi muito descuidado, Chape. Podia ser mais rápido” ele desceu de sua montaria “E olha quem temos aqui, você se tornou uma bela mulher, Nami, mas uma princesa não deveria se vestir assim” Nami ficou autoconsciente de sua aparência, ainda usava o sobretudo de Luffy como roupa e por isso suas pernas estavam à mostra para todos verem. E pra piorar aquele rosto a lembrava da sua vida no outro mundo, das regras e dos desprazeres.

“Ela não é menos princesa por causa das roupas que usa” Luffy puxou-a para perto de si “Nami é melhor nesse sobretudo do que Hancock naquelas roupas chiques.”

Sanji desembainhou a espada e apontou a lâmina para a ruiva que tremeu diante da lâmina.

“Será que ela ainda será tão boa quando eu a partir em pedaços?”

“Saia de perto dela” os olhos de Luffy ficaram vermelhos “ou eu não vou me segurar” Nami encarou Luffy, sua voz estava diferente, mais sombria e furiosa, com desejo de sangue em suas palavras.

“Você é um covarde, Luffy” Sanji se aproximou, aparentemente cego á fúria do chapeleiro a sua frente “Esperou 150 anos pelo retorno dela e olha só, ela não lembra de você, não conhece você e com certeza não am-”

Já chega!” Luffy avançou contra Sanji, o loiro pensou que o moreno seria um alvo fácil por causa de sua raiva, mas qual foi a surpresa quando um sorriso sádico surgiu no rosto do inocente chapeleiro e este lhe deu um chute cru no abdômen, logo depois uma cotovelada nas costas e chute na cara, arremessando o longe.

O Chapeleiro viu com prazer o homem cair longe sangrando, há quanto tempo não se sentia assim? Tão… Livre? Virou-se para as cartas que tremiam em seus cavalos.

Então? Quem é o próximo?” As cartas não pensaram duas vezes e fugiram, abandonando seu líder. Luffy viu Sanji se mover, pegou a espada do Valete no chão com intenções claras. Sanji ainda estava zonzo por isso não percebeu o moreno se aproximar.

O Chapeleiro perdeu muitas coisas por causa do Valete, não deixaria ele causar mais nenhum mal a ninguém. Ergueu a lâmina para dar o golpe quando Nami apareceu e ficou entre ele e o loiro. Seu olhar era de puro horror e tristeza, por que ela o mirava assim? Não entendia que fazia aquilo por ela? Pra protegê-la?

“Já chega, Luffy” Sua voz saiu trêmula, mas decidida. Tinha alguma coisa errada com o moreno, podia sentir, aqueles olhos cheio de ódio não eram os do seu Chapeleiro.

Seu? Quando começou a pensar assim?

Saia, princesa” ele ordenou “Ele não merece.

Nami deu um passo a frente devagar, temendo irritá-lo, e mais outro e mais outro até tocá-lo. O Chapeleiro vacilou por um instante e seus olhos recuperaram um pouco da doçura habitual. Ela estava com medo, ele estava estranho, mas não o deixaria matar e se arrepender.

“Ele não pode mais lutar, deixe-o ir.”

Você não entende, princesa” ele abaixou a espada “Ele não pode viver depois do que ele fez. Ele viu sua mãe morrer e não fez nada” Nami sentiu a garganta arder com o choro preso, mas se segurou.

“O que aconteceu com você?” Nami tinha uma expressão inconsolável no rosto e o Chapeleiro finalmente pareceu acordar, ela estava arrasada e ele foi o responsável. Ele largou a espada e se afastou.

Não queria assustar você” esclareceu agora bem mais calmo “Nos vamos mais tarde, princesa.

“O que…?”

“Nami” o rubro dos olhos sumiu, Luffy olhou para a ruiva e levou um susto “Nami você tá-?” Interrompeu-se “Vamos pra Marmoreal antes que ele acorde” Luffy começou a andar sem olhar pra trás, Nami o seguiu.

Nami tentava entender o que aconteceu. Luffy virou outra pessoa naquela hora, como se estivesse possuído. Ele estava irado, louco de raiva e ressentimento. E por que o Valete disse que cento e cinquenta anos se passaram?

OOO

Branca estava na entrada do jardim esperando a chegada de Nami e Luffy. Não era algo muito digno de uma rainha esperar seus visitantes literalmente na porta, mas resolveu jogar o decoro pela janela pela sua sobrinha.

Será que ela era mais parecida com o Arthur ou com a Frau? Cabelo curto? Ou longo como a mãe dela? Não importava, só queria vê-la. Riu de si mesma pela ansiedade.

“Branca!” Aquela voz conhecia, era de seu adorado Chapeleiro “Chegamos.”

Branca olhou pra pessoa atrás do moreno e levou um susto. Frau? Aquela era a Frau? Não, os cabelos ruivo alaranjados e os olhos castanhos não deixavam enganar, era Nami. Nami estava de volta. Ela queria ir até eles, mas não podia deixar a barreira, ela impedia pessoas ruins de entrarem, porém desde que a guerra começou, Marmoreal também a impedia, a própria rainha, de sair.

“É muito bom ver você, Luffy” Ele não se curvou para ela e Branca já estava acostumada com isso, era o jeito dele “Correu tudo bem na viagem até aqui?” A feição dele endureceu, pelo jeito não foi nada bem, mas perguntaria depois “Nami?”

A ruiva parecia exausta, contudo fez seu melhor para parecer educada. Branca viu que ela usava o sobretudo de Luffy “encolheram ela” concluiu. Ela era linda como Frau só que os olhos e cabelo eram sem dúvida de Arthur. Uma combinação perfeita.

“Majestade” curvou-se rapidamente. Branca sorriu e segurou o queixo da menina com cuidado.

“É um prazer vê-la de novo, Nami. Mesmo que com poucas roupas” Nami ficou vermelha da cabeça aos pés “Vem, vamos arranjar algo quente pra você. Luffy, Terracota-san está terminando o almoço.”

“Sério!?” Luffy limpou a baba que caia da boca “Vejo você depois, Nami” Dizendo isso ele saiu correndo.

Nami respirou fundo e Branca percebeu. Alguma coisa aconteceu entre esses dois.

A rainha guiou-a pelos vastos corredores do castelo. Todos faziam uma leve reverência quando passavam e Branca respondia com um sorriso. Elas viraram num corredor cheio de portas e entraram na última do lado esquerdo. O quarto era simples, mas elegante, toda a mobília era branca com detalhes dourados, tinha também uma varanda enorme e uma cama king-size.

“Espero que goste” disse a rainha “Este corredor tem apenas o meu, o seu e os aposentos do Luffy, por isso é bem tranquilo. Há também dois guardas em cada extremo caso aconteça alguma coisa. Sua dama está na sala anexa pra lhe ajudar a se vestir” Nami fez menção de falar, mas Branca foi mais rápida  “Conversaremos quando terminar de se vestir, mandei preparar um chá.”

“Tudo bem” ela foi para a outra sala.

Nami voltou da sala usando um vestido azul claro com detalhes. As mangas eram na altura do cotovelo feitas de renda azul escura. Seu longo cabelo alaranjado preso em um coque solto, alguns fios caindo sobre sua face. Uma princesa.

“Este vestido ficou ótimo em você, Nami” Branca sentava em uma mesinha na varanda, o chá quente as esperava.

“Obrigada, majestade” a dama curvou-se e saiu rapidamente. Nami sentou na cadeira de frente para a rainha que sorria.

“Meu nome é Robin, Nami” Ela pegou o bulê e serviu ambas antes que a ruiva pudesse fazer algo “Peço que o use quando quiser.”

“Robin?” Nami pensou que o nome combinava bem mais com ela do que Branca, não que não justificasse todos a chamarem assim, a mulher era branca da cabeça aos pés com exceção de seus olhos azuis calmos e observadores.

“Isso mesmo” Robin bebericou um pouco do chá “Agora me conte, como você está? Como se sente?”

A ruiva ponderou sobre isso, estava bem? Fisicamente sim, mentalmente ainda estava confusa com a reviravolta que sua vida tomou, queria saber tanta coisa, principalmente sobre si mesma e seus pais. Sentia que Branca não esconderia nada então resolveu ir por partes.

“Luffy me disse que Frau, quer dizer, minha mãe ficou pra trás na noite em que meu pai e eu fugimos” Ela respirou fundo antes de perguntar “Ela morreu?” Robin lhe deu um sorriso condescendente.

“Até onde sei, sim. Hancock levou Frau naquela noite, por isso não sei responder com certeza.”

“Entendo” Nami tomou um pouco do seu chá. Era de camomila.

“Hancock, que tipo de mulher ela é?” Robin pensou antes de responder.

“Se perguntar para um homem do vilarejo, ela é uma tirana. Se perguntar para um dos meus soldados ela é o inimigo, mas pra mim…” Robin bebericou o chá “Ela é minha irmã e uma mulher que escolheu o homem errado para amar e enlouqueceu por isso” Nami a mirava com os olhos arregalados. Entendeu naquele momento que Robin tinha a posição mais difícil dentre todos no reino: colocar seus sentimentos de lado e considerar o que era melhor para o seu povo e destruir sua irmã. Ela tinha plena consciência do seu papel.

“Sinto muito, Robin” e sentia, de verdade sentia. Não queria estar na posição dela.

“Obrigada, Nami” Robin pegou um brownie e mordeu um pedaço “Agora me permita fazer uma pergunta. O que aconteceu com você e Luffy no caminho pra cá? Ussop apareceu aqui ontem e deu a entender que vocês tinham uma boa dinâmica”  alguma coisa no tom de Branca dava a entender que ela perguntava sobre algo bem específico, como se quisesse confirmar uma suspeita.

“Valete nos perseguiu. Eles lutaram, mas na segunda vez…” Nami fechou os olhos, não queria lembrar daquilo “Depois disso viemos pra cá.”

“Nami” Robin estava séria, sua postura rígida “O que o Luffy fez?”

“Ele...Ele perdeu o controle, estava agressivo. Sanji estava caído no chão e ele queria continuar” Robin alcançou sua mão e segurou, transmitindo segurança “Eu tive medo, Robin. Eu mal o conheço, mas sei que ele não faria aquilo em seu estado normal, não com aqueles olhos vermelhos…”

“Olhos vermelhos?!” Se antes Robin ficou chocada agora ela estava apavorada. Foi rápido demais, teria subestimado os sentimentos de Luffy tanto assim?

“Robin? O que foi? O que você não está me contando?” Branca parecia perdida em pensamentos, era prudente contar isso Nami agora? Não, melhor não, pelo menos não tudo.

“Ele... Luffy vem de uma família de chapeleiros muito tradicional. Na manufatura dos chapéus eles usam mercúrio, uma substância que enlouquece a pessoa à longo prazo” Ela parou um segundo, pesando as palavras “Luffy entra num estado de insanidade quando está em grande perigo. Ele se torna frio, sádico e sanguinário. Mas não se engane, esse não é ele, ele nunca machucaria você, entendeu?”

“Mas Branca, se mercúrio é tão perigoso, por que ele não para de usar? Ou quem sabe um antídoto?”

“Existe somente uma maneira de curá-lo, mas está fora de nosso alcance no momento.”

“O que é? O que é que podemos fazer para ajudá-lo?” Robin franziu o cenho, achando curiosa essa insistência.

“Ele te dá tanto medo assim, Nami? Por isso quer curá-lo?” A ruiva se sentiu um pouco ofendida com a pergunta. Luffy não lhe dava medo, mas a ideia de perder o seu sorriso para aquela criatura sim.

“Luffy me protegeu, me trouxe até aqui. Ele não me devia nada e arriscou a vida por mim. Quero retribuir o favor” Robin sorriu, Nami não sabia de nada.

“Nami, você não deve nada a ele porque você não o obrigou e ninguém pode obrigá-lo a fazer nada, ele é esse tipo de homem. Além do mais ele gosta muito de você” Nami corou com o comentário “O que não é surpresa já que passaram trinta anos juntos.”

“Espera, trinta anos? O que quer dizer com isso? Eu não sou tão velha assim e nem você, muito menos o Luffy.”

“O tempo funciona diferente aqui, Nami” esclareceu Robin “Um ano no seu mundo equivale a dez anos no nosso. Teoricamente envelhecemos no mesmo tempo que as pessoas no outro mundo, mas a nossa sensação de passagem de tempo é completamente diferente. Pra você quinze anos se passaram, mas para nós e para o Luffy foram cento e cinquenta. Você e seu pai fugiram daqui no seu aniversário de trinta anos.”

Nami afundou na cadeira, trinta anos, ela viveu aqui durante trinta anos! Ela ficou com seu pai e Frau durante trinta anos. Ficou com Luffy durante trinta anos. Sua afeição por ele crescia mais e mais com essa descoberta, mesmo com aquele lado negro que o moreno possuía. Queria ajudá-lo, Robin mencionou que existia uma cura.

“Robin, qual a cura pro Luffy? Onde posso encontrar?” Robin fez menção de falar, mas alguém bateu na porta. Robin mandou que entrasse.

“Majestade, Alteza” era a dama que ajudou Nami a se vestir “O almoço está servido.”

“Obrigada, Nina. Já vamos descer” a dama saiu fechando a porta “Escute, Nami, Luffy não tem consciência deste seu lado insano, por isso não mencione, entendeu?” Robin usou um tom que não dava margem para discussão então, sem escolha, Nami assentiu.

OOO

Valete não estava de bom humor, não mesmo. Conseguiu deixar Nami escapar e levar uma surra no mesmo dia. Cartas malditas, mataria cada uma delas quando voltasse ao Castelo Vermelho. Não queria admitir, mas foi descuidado, não imaginou que Luffy seria tão extremo em proteger a princesinha. O homem virou um animal, cruel, com sede de sangue e pronto a triturar quem atravessasse seu caminho.

Levantou-se, seu cavalo, leal até a morte, esperava-o numa árvore próxima. Montou e galopou até sua rainha em total vergonha, como pôde decepcioná-la dessa maneira?

Não demorou a chegar em Castelo Vermelho, uma das cartas o recepcionou dizendo que a rainha o aguardava. Ele seguiu sem muito ânimo até o escritório da Vermelha. Sinceramente, por mais que amasse sua soberana não estava com cabeça para vê-la, sentia-se frustrado e irritado, não com ela, mas com sua falta de poder e discernimento. Decepcionou-a, não merecia estar mais ao seu lado.

Deu dois toques leves na porta e não demorou a receber a permissão para entrar. Hancock bebia chá calmamente, seu semblante era tranquilo, angelical e Sanji não podia fazer nada além de admirá-la. Como era linda.

“Majestade” curvou-se em respeito. Vermelha apenas olhou para ele.

“Sanji.”

“Trago-lhe más notícias, minha rainha” o loiro franziu o cenho em angústia “Nami retornou a Wonderland e-”

“Eu sei.”

“Perdão?” O que ela queria dizer? Alguém a informou antes dele? Ela sabia do seu fracasso? Então por que ainda estava vivo na presença dela? Hancock não tolerava falhas, mesmo as dele.

“Eu sei que Nami retornou e que conseguiu entrar em Marmoreal por causa da sua falha” sua voz e expressão não mudaram nada, como se não o estivesse acusando “Você me decepcionou, Valete” Sanji abaixou a cabeça em vergonha.

“Sim, majestade” disse. Hancock levantou de sua confortável poltrona e foi até, levantando seu queixo para que a mirasse.

“Quer saber como sei disso?” ela fez uma leve carícia no rosto do loiro e Sanji não conseguiu impedir a sensação prazerosa que atravessou seu corpo da cabeça aos pés “Cinco cartas retornaram mais cedo e reportaram… e ao descobrir que eles deixaram você pra trás mandei que cortassem suas cabeças” Valete a mirou com surpresa, ela matou aqueles soldados por ele? “Estou irritada com você por perder a pirralha, mas você vale por mil desses soldados inúteis, Sanji” Ela se afastou e foi até a janela do seu escritório.

Sanji estava preso no chão, era o dia mais feliz de sua vida, não só a rainha o perdoou como garantiu sua estima por ele. Estava nas nuvens.

“Entretanto” ela continuou “Não darei outra chance a você, meu querido Valete. Temos a vantagem de ter uma coisa que eles querem muito e eu sei que Nami virá pegar pessoalmente. Ela não tem escolha.”

“Oh sim, e quando ela sair será a oportunidade perfeita. Arranjarei os detalhes, majestade. Não a decepcionarei outra vez.”

“Assim espero. Está dispensado, Valete” o homem curvou-se e saiu, deixando a rainha com seus pensamentos.

Hancock sentou em sua escrivaninha e abriu uma gaveta, de lá tirou um cetro de aproximadamente trinta centímetros, todo branco com detalhes dourados.

“Lightning” murmurou para o objeto “Quantas desgraças você trará dessa vez?”

OOO

O almoço foi relativamente tranquilo, Branca tentou deixar Nami o mais confortável possível, porém era difícil com todos analisando cada movimento seu. Sentia como se fosse um ser estranho de outra terra (tecnicamente era), mas eles poderiam ser um pouco mais discretos. Aparentemente Robin deu ordem para que ninguém a perturbasse com perguntas, então os únicos que falavam com ela eram Ussop e Chopper que chegou pouco depois deles naquele dia. Estava feliz por ver fazer faces conhecidas.

Já Luffy parecia ignorar qualquer coisa a não ser a enorme montanha de comida à sua frente - que era realmente gigantesca. Nami perguntou a Robin se era normal ele comer tanto assim e a rainha garantiu que ele comeu a maior porção na cozinha pra não monopolizar a mesa. Nami ficou chocada com a ideia.O chapeleiro não trocou olhares com ela durante todo o almoço e isso a magoou, acostumou-se com sua presença e atenção constante e não tê-la era desagradável. Conversaria com ele depois.

Observando o moreno ela percebeu algumas coisas, não sobre ele particularmente, mas sobre as pessoas sobre ao seu redor. Apesar de ser o mais escandaloso da mesa e sem o mínimo de etiqueta, Luffy ainda sentava do lado esquerdo da rainha (Nami sentava do lado direito) sem nenhuma queixa dos outros presentes e se a etiqueta de Wonderland era no mínimo parecida com a da Inglaterra, aquele era o segundo lugar de honra. Os serventes chegavam e primeiro serviam a Robin, depois Nami e depois Luffy, como se ele fosse da própria realeza.

Parando para pensar, os aposentos de Luffy eram no mesmo corredor que o dela e o de Branca e esta garantiu que ninguém mais ia lá. Seria Luffy um familiar próximo de Robin e dela? A ideia não lhe pareceu tão má. Significava que poderia conversar com ele em qualquer lugar e em qualquer momento sem ser mal-interpretada.

“Nami” chamou Robin do seu lado “Infelizmente tenho tarefas no escritório então não poderei lhe fazer companhia. Posso mostrar onde fica a biblioteca, assim pode aprender mais sobre nós e ninguém a perturbará. O que acha?”

“Eu adoraria” Nami ainda tinha muitas perguntas sobre Wonderland.

Um servente se aproximou de Branca e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Ela suspirou em desapontamento “Nami, sinto muito, mas não poderei acompanhá-la até a biblioteca, um imprevisto surgiu.”

Nami podia ver que Robin estava realmente desapontada por não poder passar mais tempo com ela, no entanto a ruiva compreendia que como governante seu tempo era precioso.

“Não se sinta mal, Branca” garantiu Nami “São suas obrigações”

“Vou pedir pro Luffy ir com você” Nami tentou impedir, mas a rainha já estava falando com o Chapeleiro que mirou-a e depois assentiu.

Luffy levantou da cadeira e se aproximou da ruiva que não sabia bem como encará-lo. O clima estava pesado entre eles e não entendia bem o porquê.

“Vamos?” Ele disse sem olhá-la nos olhos, isso a magoou demais.

“Claro” Ela o seguiu pelos corredores e não trocaram mais palavras depois disso. Luffy andava alguns centímetros a sua frente, liderando o caminho. Nami parou para observar a silhueta do Chapeleiro. Luffy não era tão mais alto do que ela, seus ombros não eram tão largos como os de Sanji. Seu sorriso infantil junto da cartola costumeira em sua cabeça o faziam parecer mais novo e inocente, completamente diferente do hábil lutador que viu na floresta. Ele era forte e rápido e ela viu a hesitação do Valete em lutar contra ele.

Quase trombou com as costas do moreno quando ele parou de repente. Estavam na frente de uma enorme porta dupla de madeira branca. Luffy empurrou-as e Nami ficou de boca aberta. A biblioteca era gigantesca com prateleiras abarrotadas de livros de todos os tamanhos e tipos. 

“Shishi, parece que você gostou”

“Gostei muito! Vou adorar passar o dia aqui”

“Vou chamar alguém então pra ficar aqui com você” Robin explicou que como membro da família real ela seria vigiada quase 24 horas por dia, alguém sempre tinha de estar com ela. Luffy se virou pra ir, mas Nami o segurou pelo braço “Nami?” Ele disse ainda sem encará-la.

“Fique comigo” pediu “por favor” queria que ele olhasse pra ela, mas Luffy não virou. Não queria uma dama de companhia, queria ele.

“Tudo bem” Nami sorriu.

OOO

Robin entrou em seu escritório, o relatório de seus informantes em cima da mesa. Nele estavam os atos recentes de sua irmã no reino. Não era algo agradável de se ler, porém necessário.

No entanto um detalhe logo no primeiro parágrafo a surpreendeu. Valete continuava vivo e todos sabiam como Hancock era: um erro e perde a cabeça. Por que ela escolheu poupá-lo?

Ela estava reunindo suas tropas em Castelo Vermelho também. Não todo o exército, mas um impressionante número. Será que ela previu seu próximo passo? Provável.

O retorno de Nami não era apenas um alívio para o seu coração solitário. Nami era a legítima herdeira do trono e por isso a única capaz de empunhar a arma que antes pertenceu a sua mãe Frau. Uma arma que atualmente estava escondida no coração do Castelo Vermelho.

Lightning.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo :)



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