Nami In Wonderland escrita por Leh Paravel


Capítulo 14
Responsabilidade




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Luffy acordou sentindo-se diferente, a constante sensação de vazio que ele tinha se acostumado nos últimos anos não existia mais graças a Nami. Falando na ruiva, ela parecia bem confortável dormindo apoiada nele.

Respirou fundo, o sol ainda não tinha nascido, tinham ainda uma hora antes que devessem levantar para o confronto com Eustass Kid. Não estava preocupado, pois com seu espírito restaurado e com as memórias de Nami recuperadas, o idiota não tinha a menor chance.

Sentiu Nami respirar mais fundo, recobrando a consciência aos poucos, ele ficou quieto a observar os lindos olhos castanhos que agora tinham um brilho dourado permanente, tornando-os âmbares.

“Bom dia” disse baixinho com um sorriso. Nami olhou para ele e retornou o gesto “Está com dor?”

“Não, meu corpo está um pouco dolorido, mas Lightning já está cuidando disso” Luffy beijou os longos cabelos alaranjados e Nami ronronou em resposta “Como você se sente? Depois de todos esses anos?”

“Aliviado. Eu era consciente das minhas duas partes, mas elas eram tão diferentes” ele comentou enquanto sentia as unhas de Nami desenhando padrões em seu peito “Eu estava sempre com medo de perder a cabeça, mas agora eu me sinto, sei lá, calmo”

Nami moveu-se e deitou em cima do corpo quente de Luffy, apreciando o calor. Os lindos olhos bicolores a encaravam de volta com amor e carinho.

“Eu te amo, Luffy”

“Eu também te amo, Nami” e selou os lábios nos dela, sentindo o gostoso calor que aquelas doces palavras lhe causavam. 

“Queria ficar aqui o dia todo com você” ela disse entre beijos.

“Nós podemos matá-lo e depois ficar aqui o dia todo”

“Que horror!” Ela respondeu entre risos.

“Ou, nós podemos trancar as portas e fazer amor o dia todo” ele girou os dois na cama e agora Nami estava embaixo observando com curiosidade o sorriso sugestivo do outro. Luffy beijou o pescoço alvo devagar, provocante, mas não perdeu muito tempo ali e logo desceu em linha reta deixando uma trilha de beijos, Nami pensou que ele dedicaria algum tempo em seus seios, mas ele passou direto, seu objetivo era bem mais embaixo. Luffy mordeu de leve a coxa da ruiva, silenciosamente pedindo que abrisse um pouco mais as pernas. Nami mordeu os lábios em antecipação.

“E as pessoas que vierem nos procurar?” Ela perguntou entre suspiros ao sentir o moreno se aproximar cada vez mais de onde o queria.

“É só ignorar” Luffy cessou as provocações e beijou onde ela mais o queria, arrancando um suspiro longo e satisfeito da ruiva. Se ele mesmo noite passada não tivesse dito que ele se guardou para ela, Nami teria pensado que o moreno fazia isso há muito tempo. Ela mordeu o punho para não gritar alto quando ouviu um grunhido insatisfeito.

“Grite, quero ouvir você gritar” seus beijos e lambidas ficavam mais intensos e deliciosos a cada minuto e Nami só esperava que os guardas não viessem pensando que seus gritos eram de socorro.

Seu visão ficou branca quando o moreno inseriu um dedo cuidadosamente no interior dela e pressionou o ponto exato que a fez atingir o ápice. Nami suspirou satisfeita. Achou que Luffy não teria energia depois da noite anterior agitada, mas ele a surpreendeu novamente.

“Agora eu não vou sair dessa cama”

“shishishi”

“O sol já vai nascer, temos que nos aprontar” ela andou pelo quarto sem se preocupar com sua nudez, afinal ninguém estava ali para vê-la e Luffy parecia apreciar a vista.

“O que está fazendo?” Em vez de pegar o vestido, Nami foi no closet do outro e pegou um longo casaco vermelho sangue que ia até os pés.

“Eu devia estar muito fora de mim quando decidi usar esses vestidos apertados. Isto é muito mais confortável” Nami fechou alguns botões, mas fez questão deixar o decote bem pronunciado. “Vou para meu quarto me trocar e nos encontramos lá no salão. Prometo que vou fazer uma surpresa” ela deu selinho nos lábios dele e saiu do quarto.

 

OOO

 

A luta aconteceria no jardim branco próximo à entrada lateral do castelo. Tendas e bancos foram postos e uma ala separada para a rainha foi erguida. Branca estava sentada, observava com orgulho a eficiência que seus servos demonstraram ao montar a plataforma onde os combates aconteceriam. Uma enorme peça pedra bruta com dez metros de diâmetro erguia-se, pronta para receber seus desafiantes.

A plateia estava eufórica, a maioria torcia pelo chapeleiro, mas muitos também favoreciam Eustass Kid e o mais importante, todos queriam ver como a princesa se sairia. 

E onde ela estava? Primeiro ela pede o café da manhã em seu quarto e depois dispensa sua dama dizendo que hoje ela se aprontaria sozinha.

“Anuncio a chegada do primeiro desafiante” as vozes cessaram e Eustass Kid subiu na plataforma com seu ar altivo e arrogante. O ruivo era um homem atraente e isso era inegável, muitas mulheres e homens já passaram por sua cama e muitos mais estavam na fila, mas desde o retorno da princesa, Kid dispensou a atenção de todos eles. Ele estava focado no prêmio e não queria nenhuma distração. Ele se aproximou de onde Branca estava e fez uma longa reverência.

“Majestade” o tom suave e agradável quase fez a rainha esquecer o quão insuportável aquele homem era.

“Que os deuses lhe deem a força necessária para atingir seu objetivo” o ruivo curvou-se novamente e foi esperar seu desafiante no meio do ringue.

Onde estão Luffy e Nami?

“Anuncio a chegada da princesa Nami Kingsleigh e do duque Monkey D. Luffy” Gritos de surpresa da plateia fizeram Branca levantar momentaneamente de seu lugar para ver o que estava acontecendo.

“Mas o que?”

 

Um pouco mais cedo…

 

Luffy estava correndo para o pátio, sabia que estava atrasado e não queria ouvir da rainha.

“Luffy” uma voz suave como pêssego o chamou, ele olhou para trás e paralisou.

“Nami...” ele estava travado, não conseguia reagir quando aquele deusa veio na sua direção. Quando Nami lhe disse mais cedo que faria uma surpresa, imaginou qualquer coisa menos isso.

A ruiva vestia uma calça de couro preta, uma bota de salto que ia até o joelho e um corset especial em tons de dourado e marrom que ressaltava muito mais seus fartos seios e deixava a mostra seu belo abdômen. Por cima, ela usava o sobretudo vermelho que ela pegou emprestado dele hoje. Os cabelos soltos e o olhar travesso eram o toque final. Ela estava deslumbrante e sexy e ele queria ela agora.

O que seriam alguns minutos de atraso?

 

De volta ao ringue…

 

Wonderland não se restringia a regras de etiqueta e roupas desconfortáveis e a família real sempre foi composta de grandes guerreiras que não poderiam sempre utilizar vestidos bonitos, por isso era normal ver mulheres utilizando calças, blusas e/ou roupas mais justas, mas desde que chegou, Nami não tinha sido tão reveladora antes, parecia uma outra pessoa.

Jewelry Bonney utilizava roupas provocantes e reveladoras é verdade e ela amou o look que a princesa estava mostrando no momento. Ela estava linda e prática para uma luta. Talvez Nami considerasse se entregar a ela um dia. 

Luffy e Nami atravessaram o ringue sem olhar para o ruivo e prestaram reverência à rainha. 

“Que os deuses lhe deem a força necessária para atingir seu objetivo” Branca disse ao chapeleiro com mais gentileza na voz. Nami curvou-se levemente e sentou-se ao lado de Branca esperando sua vez.

“Imagino que tenha uma explicação para o seu novo visual” ela questionou sem tirar os olhos da platéia.

“Ah, vestidos nunca foram meu forte, Tia Ro” Nami sabia que chamar Robin pelo apelido que ela colocara na outra quando era pequena explicaria tudo de uma vez.

Não esperando menos da rainha Branca, a ruiva viu apenas um leve tremer de lábios e um aceno de cabeça. Sua tia estava abalada, mas feliz, muito feliz.

“Entendo, que bom que encontrou algo mais do seu gosto, Flor de Laranja.” Este era o apelido que sua mãe e tias sempre usaram para se referir a ela. Ouvir aquele nome novamente quase a fez chorar.

“Sim, agora vamos ver o meu noivo acabar com esse ruivo idiota.”

O mesmo soldado que anunciou a chegada dos três subiu até o meio do ringue onde Luffy e Kid o esperavam para iniciar o combate.

“O combate a seguir determinará qual dos dois cavaleiros terá direito a mão da duquesa e herdeira de Wonderland, princesa Nami Kingsleigh” O juiz explicou “Quem conseguir incapacitar o adversário primeiro será declarado o vencedor”

“Com medo, Chapeleiro?” Provocou o Kid.

“Você está?” Os olhos de Luffy brilharam momentaneamente e Kid perdeu um pouco o sorriso.

“A rainha deve agora dar início ao combate” Seguindo a deixa, Robin levanta de sua cadeira e faz um leve aceno de mão.

Kid mal tem tempo de reagir quando Luffy surge na sua frente mirando um soco direto na cara, porém ele é rápido e desvia o suficiente para não receber o pior do golpe, no entanto, o Chapeiro ainda não terminou com ele e um chute no diafragma o acerta em cheio e ele cai no chão com falta de ar. Luffy não o acerta e espera ele levantar.

“Punhos!” Um dos do grupo de Kid lhe lança duas enormes manoplas de aço, pareciam letais.

“Lord Chapeleiro, quer armas também?” Perguntou o juiz.

“Não, não quero”

“Muito bem” o juiz se afastou e dessa vez Kid que avançou com velocidade e muita violência.

Ao longe, Nami observava o combate com cuidado, Luffy sempre lutava pra valer, mas parecia que também estava se segurando para não matar Kid, pelo menos não ainda.

“Acha que o Kid tem chance de vencer?” Perguntou Branca.

“Não, Luffy não permitiria um homem como ele perto de mim”

“Mas e se ele vencer?” Não entendia essa provocação por parte de Robin.

“Ele não vai.”

Voltando à luta, Kid ainda não tinha acertado um golpe no chapeleiro que se movia de forma rápida e eficaz e desferia golpes com precisão em pontos vitais do ruivo. Em menos de cinco minutos, Kid estava novamente no chão.

“Maldito, pare de brincar e me ataque de verdade!”

“Eu estou atacando de verdade”

“Então por que não tenta me matar, não tem medo de eu pegar sua princesinha?” Luffy franziu o cenho “Por que eu vou pegar, eu vou fazer com ela o que eu quiser e só parar quando eu sair satisfeito e oh ela vai adorar”

Nem todos ouviram o que Kid dissera, mas Nami sim e ela viu Luffy ficar louco de raiva e partir com tudo pra cima de Kid.

“Luffy, não!” Mas era tarde e Kid utilizou essa chance pra acertar um golpe certeiro com a manopla de aço bem no rosto de Luffy que foi arremessado pra longe. “Luffy!” Nami queria correr até lá, mas se fizesse isso, o moreno perderia.

“Hahaha, você é fraco, Luffy-chan. Tudo o que tem na cabeça é a ruivinha que abre as pernas pra você toda noite” Ele estava completamente descontrolado e a platéia horrorizada “Mas eu não te culpo, eu mesmo sonho todas as noites com o momento que eu terei ela na minha cama, mas ela é também a porta de entrada para a coroa, seu retardado de merda! Fuder Nami Kingsleigh é ter a coroa na cabeça e você não parece nem ligar pra isso”

“Já chega, ele passou dos limites” Robin disse do seu lugar, mas Nami a segurou “Por que me impede, Nami? Ele está dizendo absurdos”

“Luffy ainda está lá” Nami queria ir lá e matá-lo pessoalmente, estava trêmula de raiva, mas essa luta não era dela. 

Luffy levantou do chão, seu rosto estava coberto de sangue e um de seus olhos estava inchado pelo impacto, mas seus olhos bicolores brilhavam, ele iria gostar disso, iria gostar de ferir Kid pedaço por pedaço.

“Cale a boca, Kid” disse cuspindo um pouco de sangue “Tudo o que você faz é reclamar e reclamar, vamos resolver isso de uma vez”

Os dois se lançaram um contra o outro, mas dessa vez, Luffy não esquivou de nenhum golpe e seus contra ataques eram mais violentos e cruéis, ele sangrava quase tanto quanto o ruivo, mas no fim, quem caiu no chão à beira da morte e gritando como um porco foi Eustass Kid.

“O vencedor do combate oficial de candidatos à mão da Duquesa e herdeira do trono, Nami Kingsleigh, é o Duque Monkey D. Luffy!”

Nami não perdeu tempo e correu até o moreno que mal se aguentava em pé. Ela o pegou e o abraçou com força.

“Bom trabalho, meu querido. Obrigada”

“Shishishi”

“Agora vamos para a segunda parte deste torneio” o juiz começou “A Duquesa deverá dar uma demonstração de seus poderes para o povo como prova de sua herança”

“Fique aqui comigo” ela sussurra para o Chapeleiro.

“A rainha agora irá decidir qual será o desafio” Nami olhou para a rainha que levantou de seu assento para subir na plataforma e ir até eles.

“Nossa missão como reis e rainha de Wonderland é proteger o nosso povo daqueles que querem nos ferir e trazer alento àqueles que estão feridos, por isso, acima de qualquer habilidade, a de trazer à cura deve ser a mais poderosa” Branca deu um pequena pausa, selecionando as palavras “Por isso sua provação será curar três pessoas, uma delas será o Chapeleiro e os ferimentos que ele sofreu no combate de hoje e a outras duas podem se aproximar” Da plateia, uma dupla de gêmeos gordinhos levantou e, com o auxílio dos guardas, subiu na plataforma.

“Esses são Hotori e Kotori. Eles eram os gêmeos cozinheiros de Fortaleza Vermelha quando um deles serviu um prato que desagradou a rainha e ela, em vez de cortar suas cabeças, retirou os olhos de um e arrancou a língua do outro. Eles conseguiram fugir de lá e vieram em busca de abrigo” Robin desceu de seu assento e foi até o centro da plataforma. “Apesar das dificuldades, eles aprenderam a se comunicar novamente criando códigos, mas os ferimentos são uma marca que infelizmente eles tem que lidar diariamente. Eles são duas pessoas que se transformaram em uma só e hoje sua tarefa é consertar isso”

Nami engoliu em seco, era uma tarefa difícil, mas faria seu melhor. Devagar ela se aproximou dos gêmeos que fizeram uma curta reverência para ela.

“Muito prazer” ela disse baixinho, o menor dos gêmeos, que ainda possuía a fala, respondeu e disse que estavam animados em fazer parte dessa experiência “Olha, o ferimento de você é bem antigo e vocês vão se sentir um pouco tontos, mas vai ficar tudo bem. Vocês confiam em mim?”  Ambos assentiram “Muito bem, vamos lá”

Ela não precisava do Lightning em suas mãos, pois a magia vinha de dentro dela e Light era uma apenas um condutor, mas isso não era apenas uma cura, era um teste, uma demonstração e merecia certa pomposidade.

De seu cinto, Nami puxou o bastão dourado que estendeu até seu tamanho original. As pessoas admiravam o belo bastão e a suave luz que irradiava dele.

Você consegue, nós duas juntas.

Nami canalizou a energia em suas mãos e tocou uma bochecha rechonchuda de cada gêmeo. A magia saiu de suas mãos e correu pelos pequenos corpos, mas o impacto foi forte demais e eles caíram desorientados.

“Peço que Trafalgar Law se apresente para checagem dos pacientes.” 

Law subiu na plataforma e, com o cuidado e perícia típicos dele, examinou os meninos um a um.

“Olhos e língua foram curados, esses gêmeos estão com a saúde perfeita” Gritos da platéia preencheram o local junto de palmas e assovios. Ela conseguiu, a princesa deles conseguiu.

“Um momento meus súditos” Branca disse calando a multidão “Ela ainda não terminou sua tarefa. Se puder, Nami” ela pediu com um sorriso no rosto.

“Luffy” Ele estava sentado no chão, parecia cansado e pronto pra dormir. Ela sentou na frente dele e com todo o cuidado, deu-lhe um beijo na testa, curando todos os ferimentos num instante.

“To com fome” o chapeleiro resmungou.

“Aposto que Terracota-san já tem um banquete pronto pra você.” Os dois levantaram do chão e virem que todos os miravam com orgulho.

“Duquesa Nami Kingsleigh, filha de Arthur e Frau Kingsleigh” o tom solene de Branca não passou despercebido e todos aos redor se calaram “Você passou no teste, provou que tem poder e capacidade para aceitar a coroa e tudo o que ela representa” Os olhos azuis de Robin a miraram com orgulho e tristeza? Por que “Á partir deste dia, seu título oficial não será mais duquesa, mas Princesa de Wonderland e governará quando eu não puder mais exercer as minhas tarefas” Nami curvou-se em respeito “Talvez mais cedo do que imagina” completou ela baixinho e a ruiva percebeu que algo estava muito errado.

Nami, tem alguém vindo!

Light nem precisava ter lhe dito, sentiu uma presença terrível vindo na direção do castelo pela entrada principal. Olhou para Robin e viu que ela sentiu a mesma coisa.

“Chegaram mais rápido do que eu esperava” Branca ajeitou a saia do vestido “Nami, transporte nós três para a entrada do jardim, temos convidados”

“Você sabia que eles viriam?”

“Quando Hancock libertou Doflamingo, sabia que era apenas uma questão de tempo”

“E por que não me contou?”

“Porque essa é minha responsabilidade” Branca lhe disse com firmeza “Agora por favor, leve-nos para o portão” Nami assentiu mesmo não concordando com isso.

“Sanji!” O cavaleiro surgiu na sua frente com uma leve reverência “Preciso de você com a cabeça fria, acha que consegue fazer isso?”

“Você não será vista como fraca por minha causa, vamos lá”

Nami transportou ela, Branca, Luffy e Sanji para o portão onde o exército vermelho os aguardava do outro lado da barreira, exército liderado por Doflamingo e Vermelha.

O homem não era nada do que a ruiva pensou que seria, era alto e tinha um sorriso esquisito no rosto, mas no geral era apenas um homem. 

“Hancock, há quanto tempo” a voz de Branca era suave, impessoal, mas Nami detectou um traço de afeto genuíno.

“Então não vai mais se esconder, Robin?” Hancock estava calma e determinada, mas em seu tom, diferente do da irmã, não tinha qualquer sinal de afeto “Sabe o que viemos fazer aqui, não é?”

“Sim, eu sei” Nami segurou o Lightning em suas mãos.

“E mesmo sabendo, não vai tentar nos impedir? O que vai fazer? Deixar a sobrinha salvar o dia? Sabe que ela não pode impedir o que vou fazer”

“Tem razão, ela não pode. Não sem ajuda”

“O que? Não posso o que?”

“Ela não te contou nada, Nami-chan?” Doflamingo falou “Essa barreira que Branca tanto se orgulha vai cair hoje pelas minhas mãos”

“Não se eu cortá-las primeiro”

“Ah, mas como é gentil, mas fique tranquila, eu mesmo faço as honras” Doflamingo tirou uma adaga do casaco e cravou-a em sua própria mão. Os olhos de Nami estavam presos na mão ensanguentada, o que ele estava fazendo?

“Nami, pode me emprestar o Lightning?” a ruiva hesitou por um momento, Robin não estava agindo de modo normal.

Entregue-me pra ela, Nami.

Mas, Light-

Se não confia nela, confie em mim

Mesmo não concordando muito, Nami entregou Lightning pra sua tia. Branca segurou o objeto com reverência, sentindo o peso de sua decisão nas mãos. Ela fechou os olhos e sussurrou.

Lightning?

Olá, Robin, é um prazer falar com você.

Preciso de um favor.

Sim, eu sei.

E o que vai pedir em troca?

Nada que não possa me dar, Robin.

Estou preparada.

Muito bem. Tem algo que queira fazer antes?

Algo? Bom, tem algo sim, mas não importa agora.

Posso ajudar?

Não, perdi minha oportunidade.

Eu sinto muito

Eu também

Quando Robin abriu os olhos, a primeira gota de sangue de Doflamingo atingiu o pilar de marmóreo e, como num passe de mágica, a barreira, que antes era invisível, começou a quebrar. Nami estava gritando alguma coisa, mas Branca não ouvia, a única coisa em seu ouvido eram as batidas de seu coração. Mirou Hancock e Doflamingo e viu um sorriso de satisfação nos lábios deles e isso a irritou. 

Robin pegou uma pequena lâmina que mantinha escondida nas dobras do vestido por segurança e girou algumas vezes na mãos. Ela era boa com facas, sabia usar desde pequena, mas essa lâmina não era pra Hancock ou Doflamingo. Assim como seu inimigo, ela fez um corte fundo em sua mão, o sangue vermelho manchando seu lindo vestido branco.

“Lightning, é bom manter sua palavra” ela segurou o bastão com firmeza e deixou que seu sangue escorresse pelo metal que começou a pulsar. A barreira de Marmoreal estava despedaçando e Nami estava na sua frente ainda gritando algo, mas ela não conseguia ouvir.

“Oh Deusa dos raios, ouça meu apelo” diferente de Nami, ela não tinha tanta magia dentro de si e por isso dependia do poder que as palavras possuíam “Aceite esse sacrifício que lhe ofereço em troca do meu desejo” O Lightning começou a brilhar e queimar em suas mãos, mas ela não o soltou, tinha que fazer isso.

“Robin!” Finalmente os gritos de Nami alcançaram seus ouvidos. “Robin, solte o Lightning, ele vai te matar!”

“Sim, ele vai” o alívio de ouvir a voz de sua tia sumiu depois de ouvir o que ela falou. Nami segurou o bastão junto dela, as mãos se sujando de sangue “Você tem vinte e quatro horas pra acabar com isso, Nami”

“Lightning! Está me ouvindo?” urrou Nami “Pare o que está fazendo, você me entendeu? Pare agora!”

Lightning não a obedeceu, pois isto estava além do controle de Nami. Ela fez um contrato com Robin e somente a Robin poderia quebrar.

E ela não iria quebrar.

Nami não sabia o que estava acontecendo, mas não era nada bom, pois nem Hancock ou Doflamingo estavam interferindo, isso era mal. Ela sentiu a força vital de Robin enfraquecer quando Lightning diminuiu seu brilho e a segurou antes que caísse no chão.

“Robin, o que você fez?!” ela estava mole em seus braços e completamente sem forças. “Lightning, explique!”

É um contrato de sangue. Em troca de algo valioso, eu realizei um desejo dela

E que desejo é esse?

Invulnerabilidade temporária, durante 12 horas nenhum inimigo de Hancock sofrerá qualquer tipo de dano físico, mental ou mágico, incluindo você.

Só isso? Mas eu poderia ter te pedido isso!

Não, não poderia, seus poderes são fortes, Nami, mas nem você pode colocar uma barreira individual em cada cidadão aliado de Wonderland e lutar contra a Hancock e o Doflamingo ao mesmo tempo. Ela te deu uma chance de vitória.

Mas isso não vale a vida dela!

Com todo o respeito, minha mestra, mas não cabe a você decidir. Foi decisão dela

Nami jogou o Lightning longe, sua única família de sangue estava morrendo em seus braços e não podia fazer nada.

“Nami...” Robin falou baixinho “Não esquente a cabeça, lembre-se de que você tem a escolha sobre tudo o que vai acontecer e sobre quem vai acontecer” ela respirou fundo tomando fôlego “Saber carregar o peso dessas escolhas é o que te faz governante”

“Robin...”

“Salve Hancock e vire a rainha que nasceu pra ser” Robin fechou os olhos como se pegasse no sono. Parecia tão tranquila. O sangue que Robin derramou foi totalmente absorvido por Lightning então ela estava branca, pura e real.

Diferente de Nami.

“Robin!”“Majestade!” Luffy e Sanji gritaram em uníssono. Eles, assim como Hancock e Doflamingo, não interferiram no ato da rainha e não sabiam o que fazer agora.

Nami estava em silêncio, seu semblante em branco e seu cérebro ainda decidindo o que faria primeiro, se matava Hancock, se chorava, se levava o corpo de Robin para um lugar digno dela, não sabia. 

O que ela devia fazer?

“Nami” uma voz lhe chamou e não era Sanji ou Luffy. Ela conhecia aquela voz.

“Zoro” ela olhou pra trás e viu o espadachim olhando pras duas. Suas pupilas de gato estavam finas, mas não de ódio, mas em determinação.

“Sabe quem eu sou?”

“O último Chesshire vivo, Robin me contou uma noite quando perguntei de você”

“Oh, ela disse mais alguma coisa?”

“Não”

“Então vá cuidar dos seus assuntos, eu cuido dela” sem esperar uma permissão, Zoro pegou Robin em seus braços com cuidado.

“Obrigada...” o Chesshire acenou e partiu.

“Alteza, quem é ele” Sanji perguntou ajudando Nami a se levantar.

“Não se preocupe, ele vai cuidar dela, agora me escutem, tenho uma coisa pra contar.”


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