Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris


Capítulo 11
Capítulo 11: Consequências




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/314566/chapter/11

- Nãaaaaaaaaaaaaaaaao! – Gritou Will, levando as mãos à cabeça. Ele quis de todo seu coração estar no lugar de Elizabeth. Queria poder sair do Holandês e ir ajudá-la, mas era fraco demais. Não era capaz de sequer sair de seu Navio, e agora pagaria o preço por tudo.

        Embora a dor excruciante incomodasse Elizabeth, que mal podia se mexer com a espada atravessada em seu peito, não foi isso que a fez chorar. E sim, o olhar de dor de Will. Isso a corroia por dentro como ácido. Ela tentou sorrir, enquanto estava estirada no chão do convés do Navio Inimigo. Ela olhou para Will. Seus olhos revelavam um homem sensível que via seu pior pesadelo tornando-se realidade. E o quanto isso lhe pesava. Ao mesmo tempo em que encarava os olhos lacrimosos de Will, sustentados por ela, Elizabeth via um filme de sua vida ao lado dele. Desde quando se conheceram até aquele triste fim que ela levava. Tudo parecia nítido e intenso para ela.

        - Desculpe, Will. – Disse ela, sentindo que falar exigia muito mais esforço quando uma espada estava em seu peito. – Eu tentei... Não quis te... Decepcionar.

        - Não fale nada. – Disse Will, as lágrimas caindo em torrentes de seu olho.

        Elizabeth estava definhando, morrendo. E ele mal podia tocá-la, abraçá-la, ou beijá-la. Pela última vez que fosse.

        Jack via de longe dois navios alinhados. Tia Dalma aproximou-se sorrateiramente, dizendo:

        - Espero que não seja tarde demais.

        Senhor Gibbs se juntou a eles, os três recostados na murada do Navio. Quando o Tesouro se aproximou o suficiente, Tia Dalma gritou para os dois:

        - Andem. Quero que entrem no Holandês Voador!

        Jack podia enxergar os Navios alinhados, Will recostado o máximo que podia à murada. E uma luta entre marinheiros do Holandês e Guardas da Marinha Real Inglesa.

        - Ah... – Ele hesitou, fitando Tia Dalma.

        - Vamos! Isso não é mais domínio de Davy Jones! Podem entrar, é domínio de Willian.

        Então, Senhor Gibbs e Jack pularam do Tesouro para o Holandês. Jack correu até Will, que parecia ter envelhecido mais dez anos.

        E encarou aquela figura pequena, encolhida, com uma espada atravessada no peito.

        - Ah não, Elizabeth!

        O grito de Jack morreu na garganta.

        Elizabeth sentia-se mal. Ainda pior. Ela lutara, lutara com todo seu ser, tentando sobreviver para Will. E nessa missão relativamente fácil, ela falhara. Ela levou as mãos ao ferimento em seu peito, sujando as mãos de um sangue intenso e vermelho. Podia sentir o brilho de seus olhos se esvair, e pior do que isso: Podia sentir que Will também percebia. O que ainda lhe restava de Vida, ia se desvanecendo. Um último sopro de vida se aproximando.

        Lewis, até então parado. Adiantou-se, retirando violentamente a lâmina que estava em Elizabeth. A dor se infiltrou até suas veias mais ramificadas, até os nervos mais dispersos, e Elizabeth gritou, sentindo falta de ar.

        Seu grito foi sobreposto aos outros que se seguiram, e ela olhou um por um no Holandês: Tia Dalma, Senhor Gibbs, Jack... O tão irreverente Jack. E Will, seu amado. Com uma expressão que conseguia deixar Elizabeth sempre pior.

        - Uma vida a mais, uma vida a menos... E só o que eu pedi foi um Baú. – Disse Lewis, limpando o sangue de Elizabeth da espada com um lenço branco.

        - Você... Vai... Pagar. – Disse Will.

        E nunca, nem em seus piores pesadelos, Elizabeth imaginava Will falar daquele jeito com alguém.

        - Que seja. – Replicou Lewis. Então, com o pé, empurrou Elizabeth para a prancha.

        Elizabeth olhava de Lewis para Will, ela não queria deixá-lo sozinho. Will precisava dela. E ela gostaria de poder ficar com ele, mas era um desejo fútil, tolo e infantil. Tarde demais para ser realizado.

        - Não gosto de corpos a bordo, vocês entendem. O sangue pode manchar meu Navio.

        E com essas palavras frias, ele pisou na prancha onde Elizabeth estava, fazendo-a cair no mar.

        A pressão da água esmagou até seus ossos.

        Ou assim ela se sentiu, pois a água salgada entrava pelo seu ferimento provocando uma ardência terrível. Se restasse um pouco mais de vida, um pouco mais de força, Elizabeth teria gritado, implorado para que parasse de agonizar e tivesse sua alma ceifada de uma vez por todas.

        E Will observava, lá do Holandês, as feições finas e delicadas de Elizabeth serem destorcidas pelo mar, que a tragava para as profundezas. E sentia que, junto de Elizabeth, toda sua alma era arrancada à força, submergindo junto com ela e lhe provocando uma dor que nem mesmo era capaz de descrever. Uma parte dele agora morria, talvez suspirando pela última vez, antes de silenciar para sempre.

Bootstrap gritou:

        - Recuem, homens, para o Holandês!

        E assim, o mais rápido que puderam, os homens foram retornando para o Holandês, entristecendo-se à medida que percebiam o que havia acontecido.

        Bootstrap se jogou no mar, pronto para regatar Elizabeth. Ao perceber o que o pai estava fazendo, Will jogou uma corda para ele, e com a ajuda de Jack e Gibbs, Bootstrap logo foi puxado para o Holandês, com Elizabeth nos ombros. Ele a colocou deitada no Convés, e Will rapidamente se prostrou diante dela.

        Era um milagre ainda não ter adormecido, pensou Will. Depois do tempo que decorrera, se Elizabeth ainda não fechou os olhos, era porque ela era forte e corajosa.

        - Will... – Murmurou ela fracamente. Tocando o rosto de Will com vivacidade.

        - Não fale, amor. – Disse ele, as torrentes lacrimais jorrando outra vez.

        - Eu falhei. – Disse ela. – Não fui forte o bastante.

        - Mas é claro que foi. Você agüentou até aqui.

        - Sabe o que mais machuca? – Perguntou ela, e Will pensou ter visto mais um pouco do brilho de seus olhos esfumaçar, dissipando-se. – Saber que você quer que eu fique, sem poder atender seu desejo. Isso dói...

        Will chorou.

        Elizabeth passou os olhos pelos outros que a cercavam, Jack, Tia Dalma, Bootstrap, Gibbs. Ela tentou sorrir para todos em especial. Will então segurou as mãos dela contra seu rosto.

        - Não queria que fosse assim. Eu falhei, antes de tudo, Elizabeth.

        - Não precisa ser assim. – Intrometeu-se Bootstrap. Ele trocou um olhar rápido com Will. Incitando-o a ter uma ideia.

        Uma perigosa e abominável ideia.

        Ainda havia um jeito. Elizabeth ainda podia sobreviver, mas teria que pagar um preço. Um preço que Will nunca contestara, mas agora parecia cogitar essa possibilidade para salvar Elizabeth.

        - A pergunta, Will! Não temos mais tempo! Faça a pergunta! – Gritou Bootstrap. – Parte do navio e tripulação! Ela precisa responder à pergunta!

        Will sabia que podia ficar ao lado de Elizabeth lamentando-se, tentando expor e resumir em um olhar, lágrima ou sorriso o amor que sentiu por ela durante anos, durante toda sua vida. Podia ficar lá, aproveitando os últimos segundos que restavam antes de Elizabeth apagar, podia se desculpar com ela e dizer que a amava, que não queria que ela lhe deixasse.

        Ou podia agir.

        Ao invés de lamentar-se ainda mais, Will podia salvá-la. E assim, toda aquela despedida e lamentação seriam desnecessárias. Ele engoliu o choro, olhando fixamente para os olhos de Elizabeth, ainda segurando as mãos dela em seu colo.

        E murmurou com a voz recomposta e séria:

        - Elizabeth Swann Turner, você teme a morte


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.