Meu pais chegaram.

Crhis não estava mais em casa. Tinha combinado com ele, o que ele teria que fazer.

– Oi Lucy! - disse minha mãe alegre - Que cheiro é esse? - disse agora assustada.

– Oi? - estava viajando em meus pensamentos.

– Que cheiro de queimado é esse? - disse me encarando.

– Nossa! - saí correndo igual a uma louca para a cozinha - A lasanha!

Abri o forno. Ela estava preta. O cheiro era péssimo.

– Eu esqueci com-ple-ta-men-te - disse tristemente.

– Eu faço outra para você - disse minha mãe sorrindo e pegando outra para por no forno.

Minha mãe, uma mulher tão dócil, quase nunca briga comigo. Eu iria sentir tanta falta dela... Do carinho que ela me dá, de sua comida ma-ra-vi-lho-sa, das broncas quando brigo com meu irmão... Mas essa escola seria por tempo limitado não é?

Voltei e sentei novamente no sofá.

Lucas, ele se sentou do meu lado.

– Dorminhoca... - disse ele sorrindo.

– Sou mesmo, mas e você, que horas voltou da festa? - disse rindo.

– Sei lá, não fico olhando no relógio toda hora... Mas acho que voltei, umas ah, sei lá - disse ele fazendo uma careta.

– Hahaha.

– E como foi a festa ontem para você? Estava animadinha hein...? - disse ele dando um leve riso.

– Ótima... Acho que foi a melhor até hoje... - disse olhando para ele.

– Nossa - disse surpreso - Me conte os detalhes...

– Você não é a Mel não tá? - disse rindo e o empurrando para o lado.

Mel.

Aquele nome me dava um aperto no coração. Não tinha falado com ela ainda, mas eu tinha que falar com ela...

– Lucas, vou no meu quarto, e já volto - disse, e sai correndo.

Mandei uma mensagem para ela: "Mel, me encontra agora, ou quando puder, eu preciso de você... É importante..." .Tantas coisas acontecendo em um único dia...

Meu irmão: Ele podia ser irritante, chato, popular... Mas eu amo muito ele. Ele brinca comigo, damos muita risada juntos, e ele é meigo... Acho que se um dia, acontecer algo com ele, eu morro...

Meu pai: Tão distante... Pouco falo com ele... Mas ele faz uma falta quando não o vejo! Sempre me "mimando", nunca briga comigo...Vou sofrer com isso.

– Filha - berrou minha mãe - Sua lasanha tá pronta!

Não estava mais com tanta fome. A lasanha estava boa, era 4 queijos.

Comi 2 pedaços, e o resto, meu irmão comeu... Estava triste e desapontada.

Queria ir para o meu quarto chorar, mas não, eu não posso fazer isso! Tenho que aproveitar minha família e a Mel! Não vou ficar chorando e me corroendo não... Pelo menos, é o que eu espero...

– Mãe - disse sem a encarar - Vamos receber uma visita hoje...

– Ah é? - disse minha mãe surpresa - De quem?

– De um monitor, de uma escola, que quer falar com você - disse agora, a olhando.

– Sobre...? - disse ela desconfiada.

– Não sei... Ele ligou falando que queria falar com você e com meu pai - disse dando de ombros - Mas isso é assunto de vocês. E mãe, posso chamar a Mel para vir aqui?

– Pode - disse minha mãe se virando para lavar meu prato.

Subi correndo as escadas, e peguei meu celular. Para variar, mel nunca respondia minhas mensagens... Ai que droga!

Liguei para ela.

– Alô, Mel? - disse rapidamente.

– Oi Lucy! - disse brava - Estou furiosa com você, você sai da festa, não manda uma mensagem, não mes espera, me deixa só no meio de vários retarda...

– Mel, não posso falar agora. Corre pra cá - disse em um tom de ordem.

– Tô indo - disse Mel bufando.

E agora, para ajudar, Mel estava brava comigo! Olha que legal...!

Me joguei na cama. Queria sumir...

Logo Crhis iria vir, eu nem tinha me despedido. Não sei como vou fazer isso... É tão "difícil"...Comecei a arrumar minhas malas. Era tanta roupa! Blusas, regatas, lenços, camisas, agasalhos, shorts, calças, meias... Vou ter que levar mais de 2 malas!

Em uma, grande, coloquei as minhas roupas. Numa pequena, meus acessórios. Em uma média, mais roupas. E em outra pequena, fotos, lembranças e tudo mais.

Batidas na porta.

– Lucy, posso entrar? - disse a Mel, do outro lado.

– Pode - disse me levantando.

– Ooi, sumida... Lucy! O que são essas malas no chão? - ela me olhava assustada e na sua voz tinha pânico - Você vai se mudar? Vai rodar o mundo e nem me avisou?

– Mel, calma - disse rindo.

– Me explica agora! - disse apontando o dedo para mim.

– Mel, ontem, recebi uma visita, indesejada... - disse olhando nos seus olhos - A qual sabe que sou uma vampira. Ele é um vampro também, e vai me levar para uma Escola de Vampiros, onde vou "morar" lá, não vou poder voltar para casa... - Mel me olhava incrédula - Por tempo limitado, eu acho...

Mel me olhava com olhos "enormes", estavam cheios d'água. Ela parecia querer dizer algo, mas não conseguia, não tinha forças. Ela estava confusa. Parecia não se importar com algumas frases ditas como: " Sou uma vampira" - "Ele é um vampiro".Ela só ligava para 3 frases: " Vai me levar para uma Escola de Vampiros" - "Vou morar lá" - " Não vou poder voltar para casa".

Isso acabou comigo.

Ver minha melhor amiga, prestes a chorar, sem poder ir comigo, ou me impedir. Antes, eram as excluídas: Lucy e Mel. Agora seria a excluída: Mel. Sozinha, tendo que encarar olhares e humilhações, sem ninguém para conversar e sem ninguém para se sentar.

Dói, senti essa dor por ela. Me senti em seu lugar. É péssimo.

Agora, Mel começou a chorar, a chorar muito. Me abraçou, pude sentir suas lágrimas em minhas costas ( já que estava de vestido ), me abraçava apertado.

– Lucy... - Mel tantava falar.

Eu não queria chorar, mas não teve como. Quando uma lágrima sai, o resto fica impossível de segurar. Aí junta tudo, lágrimas pela família, pela amiga...

Mel me soltou.

– Mel, vai ficar tudo bem - tentava falar - Cada uma vai seguir sua vida...

– É diferente Lucy... Você nem sabe se vai voltar. E se for por tempo ilimitado? - disse ainda chorando.

– Não vai ser! Para de pensar negativo menina! - disse sorrindo tentado a alegrar.

– Antes, eu achava que seria divertido você ser uma vampira, mas agora, eu vejo que me enganei completamente... - disse Mel olhando para baixo.

– Mel, eu também me enganei... - disse olhando para ela.

Silêncio.

– Mel, eu queria te agradecer, por ontem, por você me fazer dançar... E por me alegrar eu ia te matar, mas não vou mais.

– Ah - disse Mel secando seu rosto com as mãos - Você ainda não me contou o que aconteceu na festa - disse cruzando os braços.

– Mel... Acabei com a Fransesca! Descobri que sou da noite! E eu... eu beijei o Toddy.

Essa foi a melhor notícia que ela recebeu, porque ela abriu um sorriso tão lindo!

– O que?! - disse Mel berrando.

Comecei a rir.

– Isso mesmo, eu beijei o Toddy, a Fransesca viu e ficou com uma cara... Ela queria me ma-tar! - disse sorrindo também.

– Que ótimo Lucy! - disse sorrindo.

Dei uma leve risada. Isso nos animou, mas, temporariamente...

– Lucy, se eu puder ir te visitar nessa nova escola, vou todos os dias - disse sorrindo levemente.

– Vou ficar esperando... - disse sorrindo sem mostrar os dentes.

O clima pesou novamente. Mas ninguém deu ataque de choro não.

– Já contou isso para seus pais? - disse Mel me encarando.

– Não, o Crhis, o tal do monitor, que vai contar - disse fazendo uma careta.

– Hum... - disse encarando o chão.

Nós não estavamos felizes, ara apenas um disfarce...

Batidas na porta.

– Lucy, um cara tá aqui, e é para você descer... - disse o lucas.

Mel me olhou. Ela já sabia o que iria acontecer...

– Tô indo.

– Mel, vem, vamos descer - disse abrindo a porta.

– Tá - disse sorrindo levemente.

Descemos e o Crhis já estava na sala.Minha mãe estava com uma cara meio assustada mas tipo assim: "É a vida". Meu pai a mesma coisa, o Crhis estava feliz ( que raiva ) e meu irmão, triste.

– Filha, Sr. Crhis está chamando você para ir à uma escola melhor, onde você ficará mais esperta e inteligente. Irá ter quartos, onde você dividirá com alguém, e você volta no final do ano. É uma ótima oportunidade. Essa escola é cara, e você foi chamada por suas notas. Mamãe não irá pagar - disse sorrindo sem mostar os dentes.

Não o chame de "Sr. Crhis", ele não merece isso! Minha vontade era de falar: "Não mãe, ele está mentindo!", e contar tudo para ela. Mas não daria certo, eu que estaria "louca"...

– Eu sei, ele me contou por telefone... - disse tentando parecer "agradável".

– Suas malas estão prontas Luciana? - disse Crhis dando uma piscadela.

– Estão - disse friamente.

– Ótimo! - disse se levantando.

Agora era o momento que eu temia. A despedida.

Minhas pernas tremeram. Meu coração estava à Mil.

– Lucy, se não se importa, eu mesmo pego suas malas. Enquanto isso, você se despede - disse o Crhis subindo as escadas.

Minha mãe foi a primeira. Ela veio correndo e me abraçou. Uma gota desceu pelas minhas costas... Ela sussurrava coisas no meu ouvido, como: "Vai ficar tudo bem" - "Assim será melhor" - "É só por um ano"...

Meu pai, um abraço de urso, protetor que só ele tinha. Eu não queria chorar, até uma lágrima molhar meu rosto.

O Lucas. Com apenas 15 anos, se dá melhor do que eu! Ele me abraçou, meio sem graça, porque, devia ser um dos nossos primeiros abraços "de verdade". Mas logo, ele se "acostumou".

Mel.

Ela olhava tudo aquilo, quase chorando, ela sabia como estava sendo difícil para mim, e só ela sabia, que talvez, eu não voltaria...

Ela me abraçou, me apertou, deu um beijo em meu rosto e começou a chorar... Não queria isso, juro que não queria.

Ela me soltou.

Crhis estava me esperando na porta.

– Ah, e vocês podem ir visitá-la, todas as sextas ou sábados - disse sorrindo.

Mel sorriu. Ela queria me visitar mais do que isso. Mas 1 dia, fazer o que, estava bom para ela. Melhor do que nada...!

– Até sexta Lucy - disse Mel tristemente.

– Vou sentir sua falta chatinha - disse meu irmão sorrindo tristemente.

– Obrigada - disse rindo - Tchau... - disse abanando a mão.

Entrei no carro, e parti.