Mihael Keehls Chocolate Dream escrita por Nancy Boy


Capítulo 1
Wonka Chocolate Factory is bullshit;


Notas iniciais do capítulo

Heya :3
O título da fic é uma "paródia" à "Willy Wonka's Chocolate Factory", vocês vão entender porque. Já o título do capítulo, nem me perguntem.
É a primeira fic que eu posto na categoria de animes, então... oi, prazer -q Sempre postei na categoria de bandas, mas acho que já sabem o que aconteceu. Para não largar meu perfil completamente, decidi me aventurar em outros mares. E nada melhor pra começar do que um pouquinho de Mello ♥
Então, espero que gostem. Lembrando que o Mello tem quinze anos aí. A fic é meio estranha, mas provavelmente fluffy e... enfim, leiam aí -q



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Tédio. Tanto... tédio.

Quase chega a ser estranho a facilidade com que eu me entendio. Não é como se não tivesse bastante para se fazer aqui; mas depois de uma dia cheio, ao invés de eu parar e descansar, que é o que eu deveria fazer, eu saio pela mansão procurando algo mais interessante do que isso. Nunca acho.

Agora estava, como qualquer pessoa realmente entediada, largado no sofá da sala de estar mais próxima do meu quarto e assistindo televisão como se realmente fosse divertido. Depois de trocar de canal algumas vezes, porém, acabei parando em algo que sempre conseguia chamar minha atenção.

A Fantástica Fábrica de Chocolate. Soltei o mesmo suspiro de sempre ao lembrar que aquilo não era e nunca seria real. Ao juntar essa decepção com o tédio, meu humor decaiu mais pouquinho.

E só para piorar, aquele pequeno ser albino apareceu no cômodo, arrastando os pés e carregando nos braços meia dúzia de seus brinquedinhos. Ele se aproximou e, sem cerimônias, sentou-se no chão à minha frente. Não estava atrapalhando minha visão, mas é claro que estava me atrapalhando.

— O que você está fazendo aqui?

— Brincando – respondeu sem olhar para trás, largando os bonecos no chão para colocá-los em sei lá que disposição ele gostava de colocar.

— Por que você não faz isso no seu quarto?

— Porque você não está lá.

— Que tipo de motivo é esse?

Ele deu de ombros e continuou com a atenção voltada para baixo. Eu tentei voltar a me concentrar no filme, mas aquela presença e aqueles barulhos de bonecos se arrastando no chão estavam se infiltrando no meu cérebro. Como se fosse para testar meu limite, Near decidiu falar depois de alguns minutos.

— Você não cansa desse filme?

— As pessoas não cansam de seus sonhos, garoto.

Ele tombou um pouco a cabeça para o lado, ainda de costas para mim.

— Isso não é um sonho, é uma ilusão.

— Dá na mesma.

— Não, não dá.

Ele finalmente virou o rosto para me ver.

— Sonhos podem ser alcançados, ilusões não.

— Claro, mas como você diferencia um do outro? A grande maioria dos sonhos são ilusões que as pessoas criam para tentar dar sentido à vida, mesmo que no fundo saibam que nunca vão realizá-los. Nesse caso, é muito melhor encarar logo tudo como sonho. Tudo se torna automaticamente possível.

— E impossível ao mesmo tempo.

— Exatamente. Você tem saídas para os dois lados; ou você se conforma que não vai conseguir...

— Ou passa a vida inteira atrás do que você realmente quer.

Tenho de admitir que eu me admirava tanto quanto me irritava com a capacidade daquele menino de entender minha linha de raciocínio.

Ele voltou para seus brinquedos, mas não acabou com o assunto ali. Na verdade, tive a impressão de que agora é que ele iria começar com o assunto principal, o porquê de ele estar ali.

— Quem você acha que teria mais chances de encontrar um cupom para a Fábrica?

Eu bufei.

— Talvez a pessoa que mais consome barras de chocolate no país inteiro?

— Mas você não olha para a embalagem. Você a joga fora sem pensar duas vezes no que poderia estar escondido ali.

— Se eu visse um anúncio na TV dizendo que cupons estariam sendo distribuídos, eu obviamente prestaria atenção nas embalagens.

— E se não existisse anúncio na TV?

Eu esperei que ele continuasse, coisa que não aconteceu.

— Como assim?

Ele se ajoelhou e, lentamente, virou o corpo todo na minha direção. Meus olhos captaram imediatamente o brilho que estava em sua mão esquerda.

O cupom dourado refletia a luz da televisão como se fosse mágico.

— Isso é falso – eu falei, mas não conseguia parar de olhar para ele.

— Claro que é.

Uma réplica perfeita. Wonka's Golden Ticket. Mesmo que não fosse me levar ao paraíso, eu adoraria ter uma daquelas.

— Onde você conseguiu isso?

Near olhou para o cupom displicentemente.

— Como eu disse, você não olha para a embalagem. Se olhasse, teria visto que sua marca de chocolate favorita está fazendo uma pequena brincadeira e escondendo réplicas do cupom Wonka em algumas barras, em comemoração ao aniversário do filme. Não no papel alumínio, mas na embalagem que você joga fora enquanto faz qualquer outra coisa.

Ele subitamente levou a mão livre ao bolso da calça e tirou nada mais, nada menos que três outros cupons.

— Eu coletei algumas das embalagens que você ignorou – ele deu um sorriso mínimo. — A quantidade de chocolate que você compra aumenta razoavelmente a probabilidade de se encontrar um desses. Mas agora a tal promoção acabou, então só temos esses cupons.

Eu tentei pegar um, mas ele desviou a mão e não deixou, como eu imaginei que aconteceria.

— O que você quer em troca, ô coisinha? — perguntei, irritado com o joguinho idiota que ele claramente estava jogando comigo.

— Eu me pergunto, Mello... se ter um desses ajudaria a transformar seu sonho em ilusão, ou o contrário.

Eu franzi o cenho, esperando para ver aonde ele queria chegar.

— Você pode olhar para esse cupom – ele o balançou na minha frente. — todo dia e se lembrar de que não é real, ou pode se deixar levar pela imaginação e pensar que um dia, talvez, ele possa ser. Você pode imaginar que um dia, ter tido esse cupom signifique algo.

— Near, pare de enrolar e diz logo o que você quer.

Ele se sentou sobre as pernas, ainda de frente para mim, o rosto na altura do meu, já que eu estava apoiando minha cabeça pelo cotovelo, ainda deitado de lado no sofá. Encarou-me com a mesma expressão neutra de sempre.

— Quero entender.

— Entender o q...

— Você e o Matt – ele me interrompeu. — O que vocês tem é real?

Eu pisquei algumas vezes, confuso.

— Ele é meu melhor amigo.

— É real? Os sentimentos?

— Claro que sim.

Ele assentiu e pensou por um momento.

— É isso que eu quero entender. Você vai ao quarto dele quatro vezes por semana, mesmo já tendo passado o dia inteiro estudando com ele, e às vezes saem escondidos. Por quê?

— Porque... porque é assim que amizades funcionam, Near.

— Amizades não incluem beijos.

Eu engoli em seco e olhei ao redor. O quanto aquele garoto havia visto?!

— Cala a boca – sibilei.

— Não é segredo nenhum, Mello. Mas não é disso que quero falar. Eu quero que você me faça entender.

— Entender o que, criatura?

— O que ele sente. Quando te beija.

Como é?

— Você disse que o sentimento é real – ele continuou calmamente. — E já faz tempo que eu quero saber o que isso significa.

— Não é assim que funciona... err, pode ser real para ele e para mim, mas pra você, seria só...

— Uma ilusão?

Ele sorriu de novo, só um pouco. E levantou o cupom dourado.

— Então é uma troca justa.

Não, não, aquilo estava longe de justo, e como assim ele queria me beijar? Existiam outras formas de testar suas teorias estranhas sobre o amor— quer dizer, sobre a amizade... forte... que eu tinha com o Matt.

— Isso é ridículo – eu disse, mas continuei no lugar.

Ele deu de ombros e juntou todos os cupons em uma mão só.

— Tudo bem. Eles devem ficar bonitos numa fogueira.

— Numa...

Ele ameaçou se levantar.

— Espera! Argh, tá, tá bom. Sei que não vou poder pegar à força, já que você é o principezinho do orfanato. Vamos logo com isso, tá?

Near se aproximou, sem mudar a expressão. Eu não acreditei que eu estava fazendo aquilo, mas não poderia ser tão ruim... bem, o garoto tinha doze anos. Mas quem deu a ideia foi ele, eu não estava fazendo nada de errado! E qual seria o real problema, de qualquer jeito?

Eu suspirei e fui com a cabeça para frente. Fechei os olhos e aguardei o momento, talvez um pouco mais ansioso do que deveria. E os lábios dele não eram ruins. Macios, na verdade. Ligeiramente hesitantes, e definitivamente virgens, mas isso me fez sentir melhor, por algum motivo. O bastante para que fosse eu quem aprofundasse o beijo. Near deixou sua língua deslizar para dentro da minha boca sem saber bem o que fazer, mas determinado mesmo assim. Como ele era com todas as coisas.

Depois de não sei quantos segundos, achei que já estava na hora de acabar com aquilo. Nós não havíamos nos tocado, minhas mãos continuavam sobre o sofá e as dele, segurando os cupons. Fora só a boca, somente o que ele pediu.

Quando abri os olhos, Near já me observava, e não parecia ter mudado de expressão em nenhum momento, o que não devia ter me surpreendido.

— Pronto, feliz? — falei, talvez um pouco mais duramente do que pretendia.

Ele assentiu e se levantou.

— Obrigado – disse, e colocou todos os cupons no braço do sofá.

Ele se abaixou para pegar seus brinquedos e depois se virou para ir embora, mas eu fui um idiota e quis perguntar algo a mais.

— Hey, espera... conseguiu saber o que você queria? Quer dizer... foi real?

Ele olhou para mim por sobre o ombro.

— Consegui. Descobri que algo pode ser real e não ser ao mesmo tempo.

— Como assim?

Ele olhou para frente.

— O acordo para você foi uma ilusão em troca de outra. Para mim, foi um sonho em troca de outro.

Eu abri a boca, mas não soube o que falar. Ele... ele quis dizer que havia sido real para um e não para outro, não é?

— Mas se você realmente acha que ilusões podem se tornar sonhos e vice-versa — ele continuou. — Então as chances desse beijo um dia significar algo não são nulas.

— Near... eu...

Ele me ignorou e caminhou para a saída. Eu precisava falar alguma coisa, qualquer coisa.

— Near, espera.

— Hmm?

— Se um dia esses cupons forem reais... o resto pode ser também.

— … Você quer dizer para eu não pensar nesse momento como uma lembrança de algo que nunca pode ser real. Assim como você fará com os cupons.

— É... acho que sim.

Mesmo que eu soubesse que nunca seria real, é.

— Obrigado, Mello.

Apertei os lábios quando ele saiu. Eu não tinha certeza do que aquilo tinha me feito sentir ou pensar. Nem se eu deveria pensar alguma coisa. A não ser... pena? Acho que eu estava com um pouco de pena dele. Ele só tinha doze anos. Não precisava entender ainda como sentimentos funcionavam...

— Esse filme de novo?

Olhei para a porta por onde Near acabara de passar e lá estava a razão das teorias do pequeno. Matt, calça jeans, camiseta de manga comprida listrada, os cabelos bagunçados e um cigarro entre os dedos.

— É, e você sabe que vai se ferrar se continuar fumando aqui dentro.

Ele deu uma tragada e se aproximou.

— Tá todo mundo dormindo... o que é isso?

Ele apontou com os olhos para os cupons dourados no braço do sofá.

— Um... presente do Near.

Ele arqueou as sobrancelhas e não fez mais nenhum comentário. Segurou minha mão com a mão livre e me puxou do sofá. Rapidamente me deu um selinho.

— Estou com saudade – murmurou no meu ouvido, e sua voz tão perto me fez perceber que eu também estava.

Peguei meu “presente” e fui com Matt em direção ao meu quarto. Passamos pelo quarto do Near, que estava com a porta aberta. Ele levantou o olhar de seus bonecos quando nos viu. Eu pedi para Matt esperar um pouco e parei na porta de seu quarto. Abaixei e deixei um cupom lá. Near me observou sem parecer entender e nem estar confuso, mas perguntou:

— E os outros?

— Um é meu, outro será do L quando ele vier visitar, e o outro...

— Vamos logo, o pirralho precisa dormir – Matt me puxou, e eu não pude deixar de sorrir. Acho que aquilo foi resposta o suficiente para Near.

No dia seguinte, entrei no quarto dele por curiosidade, só para ver aonde ele tinha guardado o cupom que eu lhe dera.

Estava sob um boneco que eu nunca havia notado antes; loiro, com pequenos pedaços de couro costurados para ser sua roupa, tão parecido comigo que eu me senti estranho. Mas acabei sorrindo, satisfeito.

Talvez o baixinho soubesse mais sobre sentimentos do que ele fazia parecer.



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Notas finais do capítulo

Eu espero que a explicação sobre os sonhos/ilusões não tenha ficado muuuuito difícil de entender .-. Estou contando com uma capacidade sobrenatural de vocês pra entender coisas complicadas, o que acho bem possível, considerando que vocês assistiram Death Note. UAHSUAHSUA
Acho que é só isso. Qualquer hora vou postar algo L/Light.
xoxo!