I Wish escrita por Kate B


Capítulo 4
Capítulo 4




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Quando o sinal tocou avisando que era o fim da última aula eu guardei meus livros e me levantei. Sentia um pouco de dor nas costas de tanto ficar sentada na mesma posição. Sentir dor não era algo que eu gostava, então era óbvio que eu queria que a dor fosse embora. Me espreguicei e ouvi o barulho da minha coluna estalando, era uma sensação boa. A dor passou. Voltei a minha postura normal, pendurei só um lado da mochila no ombro e sai da sala.

“Eu não tenho jeito mesmo.” Pensei e ri sem humor.

De vez em quando eu pensava na possibilidade de parar de tentar me controlar tanto e simplesmente viver como uma pessoa normal. Mas ai, imaginava a quantidade de besteiras que eu poderia fazer, então essa ideia deixava a minha cabeça.

O corredor estava abarrotado de gente apressada para sair. Não consegui encontrar Jack ou Anna no meio da multidão. Nem me esforcei muito pra isso, queria ir logo pra casa.

Ao chegar na frente do Independent avistei o carro de Kelly parado. Sabia que essa história de mamãe buscando na escola era coisa de estudante do primário. Mas enfim, Kelly não era minha mãe. Ela estava mais pra uma amiga.

Entrei no carro e fui recebida com um sorriso.

–Como foi seu dia? – Kelly disse enquanto eu colocava o cinto de segurança.

– Normal. – Dei de ombros. Gostava de Kelly, mas ela não era tão minha amiga assim a ponto de contar a ela a minha conversa com Jack. Ela ainda era a esposa do meu pai.

– E a prova de álgebra? Pegou?

– Ah, peguei. – Eu havia contado a ela que estava preocupada com essa prova. – Tirei C. Até que não fui tão mal.

– É, mas seu pai não vai pensar assim.

– Eu sei. – Meu estômago se revirou e minhas pernas ficaram bambas só de lembrar que eu estava indo para casa e teria que mostrar a prova para o meu pai. – Bem que ele poderia esquecer que eu ia pegar a prova hoje.

– Duvido muito. – Kelly me alertou. – Ainda mais se tratando de matemática. Ele quer que você vá trabalhar com ele e para isso você precisa ser boa em matemática.

A empresa do meu pai fazia a contabilidade de varias outras empresas e desde que minha mãe morreu, ele colocou na cabeça que eu iria trabalhar no escritório junto com ele assim como ela fazia. Eu não me importava muito, até porque eu não sabia ao certo o que eu queria fazer da vida depois que acabasse a escola. A única coisa que me chateava era toda aquela cobrança.

O problema todo era que eu não era boa em matemática e nem queria ser.

Kelly Estacionou o carro na frente de casa e eu sai. Fui andando devagar para adiar um momento que eu sabia que viria. Eu só pensava no que ele ia dizer e no que eu poderia responder para me safar. Varias simulações dessa cena tomaram conta da minha cabeça, mas eu sabia que nenhuma delas iria acontecer.

A porta já estava aberta, pois Kelly passara a minha frente e entrara em casa. Respirei fundo e entrei.

Meu pai estava em pé no meio da sala de estar com o telefone no ouvido. Seu corpo estava regido, as mãos cerradas em punho e seu rosto estava vermelho. Parecia congelado, ele nem piscava, só olhava fixamente para parede. A expressão estava tomada por ódio ou algo pior. Nunca o vira assim. Fiquei imaginando quem estaria falando com ele no telefone para deixá-lo daquele jeito.

Senti meu corpo todo formigando, meu coração acelerou e parecia que o sangue não chegava às minhas pernas. Olhei para Kelly e vi que ela estava como eu, assustada olhando pro meu pai.

– Não, você não vai fazer isso! – Ele disse em um tom assustador. Ficou um tempo mudo, provavelmente esperando a pessoa que estava do outro lado da linha terminar de falar. – Seu canalha! –

Meu olhar encontrou o de Kelly e ela encolheu os ombros e fez uma cara de quem não sabia o que estava acontecendo.

– James? – Kelly arriscou, mas meu pai rapidamente levantou a mão, fazendo sinal para ela esperar.

– Olha, escuta aqui. A partir do momento em que você pisar nessa casa eu vou tornar a sua vida um inferno, ta me entendendo? – Eu estava ficando cada vez mais assustada com o tom de voz que meu pai usava para fazer as ameaças. – Então que seja do jeito que você quiser. – Desligou o telefone e o jogou no sofá com força. O telefone quicou e caiu no chão, mas meu pai não percebeu, ele já saíra da sala e subia as escadas a passos fortes.

Kelly o seguiu e eu continuei na mesma posição, como uma estátua. Percebi que minhas mãos estavam cerradas em punho também quando os nós dos meus dedos começaram a doer pela força que eu aplicava ali.

“Pelo menos ele esqueceu a prova.”

Confusa, subi para o meu quarto, joguei a mochila em cima da cama e fui tomar banho.

Enquanto a água quente deslizava pelo meu corpo como que para me relaxar, eu tentava pensar em tudo que acontecera naquele dia. Não sei por quanto tempo fiquei no banho, mas quando eu saí, meus dedos estavam enrugados indicando que eu tinha ficado mais tempo do que o necessário.


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