— León, por favor, me escuta.

Ele estava de costas para mim, e pude ouvir seus dentes trincarem. Ele se virou, mesmo a contragosto, e pude ver que estava atordoado. 

— Violetta, nós já falamos disso um milhão de vezes. Eu não posso ficar com você sabendo que ainda sente algo pelo Tomás. - Passou a mão pelos cabelos e suspirou. - Me dói demais saber que enquanto está comigo, alguma parte de você pensa nele e sente a falta dele.

— Eu já o esqueci. Bom, quer dizer... não completamente. - Tive que admitir, afinal, era momento de ser sincera, certo? - Você precisa entender que ele foi a primeira pessoa por quem me apaixonei, León. Não é tão fácil esquecer. - Senti vontade de me aproximar e segurar seu rosto entre minhas mãos. Me contive - Mas eu quero estar com você, eu preciso de você.

— Você já me disse isso centenas de vezes no ano passado. Sei que você se esforça o máximo que pode, mas você não consegue, Violetta. Não pode evitar. Se esqueceu dele pelo menos um pouco, vai ter que me demonstrar isso. Palavras são apenas palavras.

— Mas como, León? Como? Já se passou um ano desde que estou no estúdio. Meses desde que o Tomás voltou para a Espanha. Como quer que eu te prove? Por favor... Eu sei que você sente algo por mim, ou vai negar?

Não pude mais me segurar e me aproximei dele, até que nossos rostos ficaram há poucos centímetros de distância. Ele pareceu relutar, porém logo se afastou.

— Eu te amo, mas não posso estar ao seu lado com essa dúvida.

Ele acariciou meu rosto, e saiu da sala.

Uma lágrima desceu pelo meu rosto. Eu vinha chorando muito nos últimos tempos. A limpei rapidamente, e fui para a aula de canto com Angie.

Não consegui prestar nenhum pouco atenção no que estava sendo dito, e como se já não bastasse, León me evitou o tempo inteiro, arrumando qualquer desculpa para entrar em uma conversa infinita com André e Napo. 

Ao fim da aula, Maxi sentou-se ao meu lado.

— O que aconteceu, Vilu?

— O de sempre. — Suspirei..

Maxi permitiu-se rir um pouco.

— Antes você sofria pelo Tomás, agora sofre pelo León. Que coração confuso o seu.

— É, você nem imagina o quanto. - Sorri o mínimo possível. - Maxi, eu só queria que o León entendesse que é com ele que eu quero ficar, que estou esquecendo Tomás, que preciso estar ao lado dele. — Pus o rosto entre as mãos. - Ele não quer mais nada comigo. Posso sentir isso. 

Já teve aqueles amigos que sabem o que você precisa só de olhar para sua face? Que entendem o que se passa na sua cabeça com um simples gesto que você faz? Maxi era um desses amigos.

Ele me abraçou, e era exatamente disso que eu estava necessitando. Simplesmente um abraço amigo para me fazer sentir melhor.

— Não sei mais o que fazer, Maxi. — Choraminguei.

— Calma, Vilu. Com o tempo, o León vai voltar pra você. Acredite.

— Como pode ter tanta certeza? — questionei.

— Nos tornamos grandes amigos, e além disso, somos uma banda agora. Eu e os outros sabemos muito bem que ele te ama de verdade, e quer muito voltar.

Aquelas palavras deveriam me confortar, mas de nada adiantaram. Eu estava com essa eterna incerteza em minha mente. Será que ele me esquecera? Será que realmente me amava? Algum dia voltaríamos a ser como antes?

Bem, isso não importava, pois de uma coisa eu tinha certeza: Eu faria de tudo para provar a ele que o amava, e que era com ele que eu queria estar.