Que beleza! Uma simples confusão na aula do professor de historia me fez vim parar na sala da direção. Meu, só porque eu discutir com a Amber na sala não é um motivo para mim ser suspensa.

— Senhorita! Sente-se. – fiz o que a diretora pediu e ela continuou. – Vamos ver... Discutiu com sua colega na sala de aula, caluniou contra suas amigas Li e Charlotte e as ameaçou?

— Bem, não foi exatamente isso! – na verdade a coisa era bem mais simples do que parece. – Se isso ajuda foi ela quem provocou e eu não tenho culpa se elas são do tipo que mexe e depois não aguenta. – tentei parecer engraçada, mas acho que não colou.

— Está em detenção! Ficara todo dia depois da aula, por duas semanas. Nathanael a supervisionara para que cumpra suas obrigações e você também devera pedir desculpas para suas colegas: Amber, Li e Charlote.

— O quê? Como? – reagi depois da sentença dada, a detenção até que eu aguento, mas pedi desculpas para o trio de jararacas... Nem pensar!

— Devia esta contente, Amy, você não levou suspensão ou algo pior, a expulsão. – calei diante do que a diretora disse, se eu ainda quisesse estudar na Sweet & amorins eu tinha que fazer o que ela disse, contra minha vontade e ferindo meu orgulho, mas, eu tinha que fazer. Depois de me dá uma bilhete e uma advertência, ela me liberou. Ao sair da sala esbarrei com o Nathanael.

— Desculpa! Foi sem querer! – disse ele envergonhado.

— Nath! Estava ouvindo atrás da porta? – perguntei curiosa.

— Não! Eu só... Sim estava. Mas eu não queria eu juro, foi sem querer! - ele estava todo errado, desviando o olhar e coçando a nuca além de suas bochechas coradas. Deu dó!

— Tudo bem, não esquenta! Além do mais, agora estamos quites! – falei enquanto começava a andar em direção ao pátio, Nath fez uma expressão confusa e depois entrou na sala da diretora.

Ao chegar ao pátio vi Castiel e Lysandre conversando próximo ao clube de jardinagem, virei à cara e continuei a andar até o ginásio. Quando entrei Dajan havia acabado de fazer uma bela cesta, deixei minha mochila na arquibancada e fui até ele.

— Que tal uma pequena partida?

— Só nos dois? – respondeu passando a bola de basquete de uma mão para outra enquanto a batia no chão.

— É, e quem perder guarda as bolas e fecha os armários do vestiário que certos jogadores deixam abertas. – falei meio sarcástica.

— Fechado! – disse Dajan me jogando a bola. Caminhamos até o centro da quadra e ele me deixou começar, mas logo que avancei com a bola na terceira batida que dei Dajan a tomou de mim, tive que correr muito para alcança-lo até que consegui passar na frente dele e ser a única coisa que o impedia de fazer a cesta.

— Dajan, olha a diretora! – falei o distraindo e pegando a bola fazendo minha primeira cesta no jogo.

— Ei! Isso foi golpe baixo! – reclamou ele fazendo careta.

— Não falei que ia joga limpo. – respondi com um sorriso de canto de boca totalmente irônico. Dajan pegou a bola das minhas mãos e depois de me fazer de “patinha” fez cesta. – Empatados!

— Então vai me ajudar? – perguntei esperançosa.

— Fica pra próxima! – respondeu enquanto jogava a bola pra mim e ia para o vestiário.

— E imagina que eu sempre caio nessa!— falei enfatizando as últimas palavras, eu tinha certeza que ele estava rindo. Joguei a bola que tinha em mãos na cesta onde a guardavamos e em seguida fui atrás das outras espalhadas no ginásio.

— Quer ajuda? – disse uma voz com um timbre rouco atrás de mim.

— Oi amor! Pensei que não fosse aparecer. – virei-me bem na hora que Kentin me deu um beijo demorado.

— Eu não furaria com você! – ele me beijou novamente, antes de eu interrompe-lo.

— Estou suada! E ainda tenho muita coisa pra fazer por aqui...

— Esses jogadores de basquete! – exclamou fazendo uma expressão engraçada de desaprovação meneando a cabeça levemente para os lados. – São uns brutamontes que só fazem bagunça!

— E não esqueça! Eles não têm palavra! – falei cruzando os braços e fazendo um biquinho como se fizesse birra, o que o fez rir.

— O que foi? Dajan te passou a perna? Novamente? – perguntou arqueando uma sobrancelha.

— Não exatamente, mas, foi quase isso.

— Talvez ele tivesse compromisso com a palavra dele se você não trapaceasse toda vez.

— Mais essa é a graça. – falei sorrindo enquanto envolvia meus braços em seu pescoço. Mas quando eu me inclinei para beija-lo pude jurar que vi o semblante de Castiel, recuei rapidamente depois disso.

— O quê foi? – perguntou-me franzindo a testa confuso. – Eu to fendendo ou algo assim? – complementou fazendo-me rir.

— Nada. – respondi o acalmando e depois funguei o ar. – Está muito cheiroso na verdade. – completei levando um beliscão no braço pela brincadeira e com seriedade continuei. – Eu só... Vou terminar por aqui! Ai, depois, a gente se encontra. – dei um beijo em sua bochecha e desvencilhei-me. Vendo Kentin bufar contrariado.

— Estou cansando de ser trocada por afazeres no clube, Rosalya e até mesmo o Dajan. – desabou rindo da última coisa que mencionou olhando para os próprios pés com as mãos no bolso.

Não tive como resistir aquilo, me aproximei dele e de súbito o beijei. Sentindo a energia, a química que sempre rondava meu corpo a cada contando meu com Kentin.

Suas mão seguraram-me fortemente pela cintura me puxando mais ainda para ele, enquanto nossas línguas pareciam dançar em um ritmo eloquente e harmonioso. Quando ele levantou uma de minhas pernas até sua cintura, rompi o beijo bruscamente sabendo que caso não o fizesse iriamos levar o beijo a outro patamar.

— Prometo que hoje à noite eu te recompenso. – respondi em relação ao seu desabafo e então lhe dei as costas andando com passos apressados até o vestiário. Podendo ainda ouvi-lo sussurrar um “Eu te amo”.

— Hey, o que aconteceu? – perguntou Dajan segurando-me, nem tinha reparado que eu trombei com o mesmo assim que virei na primeira fileira de armários que havia no vestiário. E apesar de estar um pouco aturdida simplesmente não pude resistir.

— Depende, quer saber sobre os jogadores de basquete brutamontes e porcalhões ou da parte que eles são desleais com suas palavras? – cutuquei vendo-o sorrir de maneira brincalhona para mim como se eu fosse uma palhaça.

— Ai, ai. – suspirou. – Não sei como apesar de todas as suas provocações eu não fico irritado com você.

— Nem poderia, já que me ama.

— É disso que estou falando. – disse ele fechando seu armário. – Até mais ruivinha! – Dajan foi se distanciando mas antes de sair pelas portas duplas do vestiário virou-se para mim com a expressão de alguém que lembrou-se de dar um aviso importante.

— Ah, já ia esquecendo, precisamos de toalhas limpas para o treino de amanhã. Parece que usamos todo o estoque e bem... Estão todas sujas. – terminou antes de piscar para mim e seguir seu caminho. Meus olhos se arregalaram levemente, olhei para as prateleiras de metal completamente vazias e depois para a porta dupla que se fechavam.

— DAJAN!!! – gritei. Tarde demais, ele estava longe.

Era só o que faltava. Eu já falei que jogadores de basquete são porcalhões?

Andei de um lado para o outro controlando minha respiração. Okay, foco, eu preciso de foco. O que eu ia fazer mesmo? Ah sim, lembrei.

Peguei meu celular no bolso da calça jeans e liguei para Rosalya.

— Alô? Aqui é a Rosalya quem fala?

— Rosa, sou eu Amy!

— Amy?! O que foi?

— Aconteceu de novo!

— Como? Quando? Ele percebeu?

— Acho que não, eu ia beija-lo então... Isso não devia acontecer Rosa, não é normal eu ver o Castiel quando beijar o Ken.

— Mesmo quando ele é seu ex-namorado? Pode acontecer sabia?

— Mas não é sadio. Eu tenho que esquecer o Castiel, eu preciso.

— Calma amiga, vamos fazer o seguinte, vou dormir na sua casa, assim, nós duas vamos arranjar uma maneira de acabar com essa sua alucinação de ex-namorado, ok?

— É tentador, mas, tenho detenção, daqui á... Duas horas!

— Que pena! O que você fez?

— Quase pulei no pescoço da Ambre e a sufoquei!

— Quase? Queria que tivesse feito.

— Eu também, assim valeria mais a pena, mas de qualquer forma, não se preocupe. O Nath vai me vigiar e creio que no máximo eu vou ficar ajudando ele com a papelada da escola.

— Seria perfeito só que, você esqueceu que o Castiel e o Lysandre vão ensaiar hoje?

— Caramba! E agora? E se eu tiver uma recaída? Droga! Não sei se estou preparada para encara-lo depois de tudo, amo o Kentin, mas, não sei como reagir na presença do Castiel depois de tudo que aconteceu...

— Calma ai Amy! Também não é assim, você é forte lembra? Vai consegui se controlar eu sei que vai.

— Valeu!

— Por nada. Ei! Só não se esqueça de me ligar depois que chegar em casa, viu! Vou querer detalhes.

— Pode deixar! Tchau!

—Bye!

Desliguei o celular e o guardei no bolso. Suspirei encarando a sujeira que estava o vestiário. Eu simplesmente vou esganar o Dajan da próxima vez que o encontrar e depois disso pode ter certeza que não apenas ele, mas o restante inteirinho do time não vão mais poder ter filhos.

Grunhi com raiva e chutei um armário balançando o pé no ar em seguida com a dor do impacto.

Acabando com a enrolação e xingando mentalmente cada um dos jogadores, comecei o meu trabalho no clube, fechei as portas dos armários, lavei e coloquei toalhas novas nas estantes e depois de passar um pano no piso de lajotas brancas fui para a arquibancada descansar, sentei-me na penúltima fileira de baixo pra cima.

— Cansada? – disse uma voz grave atrás de mim.

— Bastante! – respondi, virei minha cabeça na direção da voz e vi Castiel se aproximando de mim, ele se sentou bem do meu lado, mantendo uma distancia perigosa, com ambos sozinhos.

— Não esperava por você aqui...

— Nem eu. Pra falar a verdade, eu estava disposto a não vim, mas vivo me contrariando. – disse ele tentando deixar o ar um pouco mais leve.

— Bem, esta aqui agora! – respondi com um leve sorriso.

— É, e esqueci completamente o que ia te falar.

— Típico, é o que acontece quando estamos diante de uma pessoa que magoamos. – falei sabendo que estava jogando sal em uma ferida incurável. E esse assunto iria doer tanto nele quanto em mim. O semblante de Castiel era de pura culpa.

— Pelo visto, você nunca vai me perdoar. – notei em sua voz uma pontada de mágoa.

— Eu perdoei! Você sabe muito bem disso, só que... Não consigo esquecer. – quando conversávamos sobre isso, tudo que eu lembrava era daquela garota. A tal ex dele, que estragou e atrapalhou nosso relacionamento.

— Como... Vão você e o Kentin? – perguntou Castiel tentando mudar de assunto.

— Estamos indo muito bem! – respondi tentando soltar um sorriso convincente. Exceto pelo fato de ver você algumas vezes quando vou beija-lo.

— Hmm, boa... Sorte pra vocês nesse namoro. – disse Castiel levantando-se e indo embora.

— Castiel! – o chamei quando ele estava um pouco longe, ele virou-se e me fitou por alguns minutos antes de eu dizer:

— Tente... Esquecer-me! Você merece um novo amor! – falei com a maior sinceridade que consegui.

— Por enquanto, isso é impossível. – respondeu saindo na porta dupla.

Fiquei ali sentada na arquibancada por alguns minutos, apenas pesando em como toda aquela historia feriu nos dois.

Noites e noites que eu chorava, sem comer, pesando apenas nele, buscando forças pra superar tudo. E quando estava sem esperança meu melhor amigo Kentin volta pra escola e me faz esquecer Castiel. Não completamente, mas em parte.

Se Debrah não tivesse voltando, nos ainda estaríamos juntos, mas tem o Ken...

É talvez seja melhor assim ainda mais quando meu melhor amigo está me conquistando e ganhando meu coração sem nem saber.