- Olha, não quero nem saber o que você tem que fazer hoje, mas você vai fazer o teste para o Glee Club.– Marley disparou.

- Não que a gente ache que você precise, mas é que o Mr. Shuester precisa te ouvir cantando. – Santana dizia, andando do meu lado pelo corredor.

- A Satã... Santana tem toda razão. Sua voz é incrível Rachel! Como você não nos contou que tinha uma voz dessa antes? – Kurt me encarava com um olhar indignado.

- Olha, pra falar a verdade, eu nunca tinha cantado fora do meu quarto ou do meu banheiro. Apenas o meu pai vivia me dizendo que eu canto bem, mas eu achava que ele só tava querendo me agradar.

- Com certeza não. Mas e então, o que você diz sobre o teste hoje? – Os olhos ridicularmente azuis de Marley me encaravam, como um cachorrinho pidão.

- E me resta outra escolha? – Brinquei.

Kurt deu pulinhos, Marley me abraçava e Santana me deu um tapa na bunda, o que eu achei bem estranho, mas nem me importei. Afinal, Santana sempre teve esse modo estranho de demonstrar carinho.

Mais tarde estávamos nós quatro sentando na mesa de sempre do refeitório, quando Finn chegou. Se não bastasse o quanto eu fiquei nervosa apenas com a presença dele, ele me faz o “favor” de sentar do meu lado, colocando sua bandeja, com um enorme sanduíche e um copo de suco, que mais parecia uma jarra de tão grande.

- Vai comer isso tudo? – Brinquei.

- Claro! E ainda cabe mais! – Ele riu. - Todo esse treinamento pro campeonato me deixa faminto. – Eu apenas sorri em resposta. – Mas então, tava mesmo querendo falar com você.

Meu coração gelou.

- Preciso te falar o quanto você canta bem. Cara, você foi maravilhosa naquele show de talentos sexta passada. Mas é claro que foi, não é a toa que ganhou o prêmio. Mas quero te dizer que você é simplesmente a pessoa mais talentosa que eu já vi. Muito mais do que aquele cara que fez malabarismo com as motosserras ligadas. – Nós dois rimos.

- Muito obrigada Finn, mas nem acho que é pra tanto.

- Não é pra tanto? Olha pra mim. – Estremeci, mas fiz o que ele pediu. Me arrependi no segundo que virei meu rosto, pois os olhos quase pretos dele tinham um poder de me hipnotizar muito grande. - Rachel, você é incrível! Comece a acreditar mais em você mesma. Você é muito talentosa, e aposto que não sou a primeira pessoa a dizer isso. Só... Acredite. – Ele terminou, é claro, com aquele maldito sorriso torto que eu tanto gostava. O que me fazia sorrir automaticamente.

- Hey, Finn! Você sabia que a Rachel vai fazer uma audição pro Glee Club hoje? – Kurt perguntou.

- Ah, depois que eu ouvi ela cantando pela primeira vez, eu sabia que ela ia entrar.

Santana me encarou com um olhar que dizia: "Eu não te disse?".

Sorri pra mim mesma. Finn estava muito carinhoso comigo. Santana, Marley, Kurt, e as vezes Finn contavam pro resto do clube, que já estava na mesa, como foi o festival e sobre a música que eu cantei. No final, todos estavam ansiosos para ouvir minha voz.

O Glee Club era no segundo período após o intervalo, então eles não teriam que esperar muito.

E não foi muito mesmo. Quando percebi, já estava a caminho da sala do coral, onde o  Sr. Shuester já estava a minha espera.

- Olha quem está aqui... se não é a famosa Rachel Berry? – Will brincou.

- Olá Sr. Shuester. É um prazer estar aqui. – Tentei ser simpática.

- Ah, por favor, me chame de Sr. Shue. Todo mundo aqui me chama assim. Shuester é um nome meio difícil de ficar repetindo toda hora, não é? – Ele riu. Mas sem mais delongas, vamos ouvir essa famosa voz.

Sr. Shue sentou-se junto com os alunos do clube, todos com os olhares fixos em mim. Santana percebeu o quanto eu estava nervosa, e sussurrou “Você consegue”. Sorri pra ela.

- Bom, eu não tive muito tempo pra me preparar, mas vou dar o meu melhor.

Ouvi algumas palmas e uns gritinhos, que logo constatei que eram de Kurt. Fui até o pianista e até a banda e disse o nome da música. Me posicionei ao centro da sala, e respirei fundo.

I'm so glad you made time to see me

How's life? Tell me, how's your family?

I haven't seen them in a while

You've been good; busier than ever

We small talk, work in the weather

Your guard is up and I know why

Cause the last time you saw me

Still burns in the back of your mind

You gave me roses and I left them there to die

Abri os olhos e encontrei sorrisos incentivadores.

So this is me swallowing my pride,

Standing in front of you saying

I'm sorry for that night

And I go back to December all the time,

It turns out freedom ain't nothing but missin' you

Wishing that I realized what I had when you were mine

And I go back to December, turn around

And make it all right

I go back to December all the time

I miss your tan skin, your sweet smile,

So good to me, so right

And how you held me in your arms

That September night;

The first time you ever saw me cry

Maybe this is wishful thinking

Probably mindless dreaming

If we loved again, I swear I'd love you right

I'd go back in time and change it but I can't

So if the chain is on your door I understand

But this is me swallowing my pride,

Standing in front of you saying

I'm sorry for that night

And I go back to December,

It turns out freedom ain't nothing but missin' you

Wishing that I realized what I had when you were mine

I go back to December, turn around

And make it all right

I go back to December, turn around

And change my own mind

I go back to December all the time

All the time

Em como um estouro, ouvi palmas, gritos, e vi muitos sorrisos, inclusive do Mr. Shue. Eita porra, parece que mandei bem!

 - Então, tenho apenas uma coisa a dizer. – Declarou o professor, com um rosto de repente muito sério. Ihh carái, acho que não mandei bem. Merda. Foi aquela parte que desafinei no último refão. Eu sei que foi!

 - Rachel Berry, bem vinda ao New Directions!!! 

-Ahn? – De repente todos gritavam de novo. Eu tava confusa. Mas quando todos vieram me abraçar, caí na real. Eu realmente tava no Glee Club. Eu realmente tava em um lugar onde as pessoas realmente gostavam de mim. E isso me deixou muito feliz.

Eu caminhava feliz até o meu carro. Hoje foi um dia muito bom, se eu for parar pra pensar. Recebi vários elogios, entrei pra um clube super legal, e Finn me elogiou, tipo, muito. Eu tinha um grande sorriso no rosto.

 Mas é como eu disse. Tinha. Meu sorriso foi embora assim que vi uns 3 garotos com slushies na mão, vindo em minha direção. Resolvi tratar isso de uma maneira civilizada. O que eu fiz? Saí correndo, é claro! Joguei minha mochila o mais rápido que pude e corri de volta pra escola. Eles correram atrás de mim.

 Quando eu já estava perto dos corredores, esbarrei violentamente em alguma coisa, e fui arremessada pro chão no mesmo instante. Quando olhei pra cima, vi que não era “algo” e sim “alguém”. Finn. Esse garoto é mágico, me persegue, ou o que? Ele aparece em todo lugar que eu tô, que isso?

 - Rachel, você tá bem? – Ele me ajudou a me levantar.

 - Tô sim, só tô correndo de uns idiotas que estão tentando me acertar shlushies.

 - Os idiotas estão bem atrás de você, anã de jardim. – Disse o maior dos 3 garotos, que agora estavam bem na minha frente.  Agora esses idiotas vão te dar um banho bem gelado. – Apenas tampei meu rosto e esperei o pior.

 - Não!!! – Finn gritou. – Vocês vão ter que passar por mim primeiro. – Ele se colocou na minha frente.

 - Ah, pra mim tanto faz, vocês dois são uns perdedores. – O grandão, que por mais que era o maior dos 3, ainda era menor que Finn.

 Nesse momento, senti um baque e respingos de slushie no meu cabelo. Finn estava pingando slushie de morango.

 - Oh meu Deus! Finn!! – Os três idiotas foram embora comemorando e eu corri com Finn para o banheiro feminino para limpá-lo. Não tinha nenhum problema, pois não havia quase ninguém na escola.

 - Isso é tudo culpa minha. Desculpa Finn. Desculpa mesmo. Essas slushies eram pra mim, não pra você. E eu me sinto terrí-

 -Shhhhh. – Ele tirou a cabeça da pia onde eu lavava o seu cabelo e ficou de frente pra mim. – Tá tudo bem, eu não me importo. Tomei por uma boa causa. – Ele sorriu.

 - Obrigada por me defender.

 - Obrigada por aparecer.

 - Como assim? – Eu realmente estava confusa.

 - Porque se você não tivesse aparecido, eu não ia tomar as slushies, e não teria essa oportunidade de estar aqui... sozinho... com você... – Ele encurtou a distância entre nós. Eu mal respirava.

 - E não teria a oportunidade de fazer isso.

 Finn envolveu um de seus enormes braços em minha cintura e o outro ele pousou suavemente em meu rosto, me fazendo fechar os olhos. Ele foi encurtando a distância de nossos rostos, até que nossos lábios se encontraram.