A Dama da Morte escrita por namisa


Capítulo 14
XIV


Notas iniciais do capítulo

"Porco é o que se encharca na sopa de crime
Essa é a dor das crianças que você matou
Odeie a si mesmo
No labirinto sem fim
Porque você ainda respira?"
the GazettE - The Invisible Wall



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Victor resolvia alguns trabalhos, vida de empresário não era fácil, pai de uma filha mimada e uma esposa que não fazia nada, gastava tudo com o que menos necessitava e ainda reclamava que não tinha nada e que ele não prestava. Já que ele era velho, nada adiantaria pedir um divórcio, afinal seu fim estava mais próximo do que ele imaginava.

Alguém bateu na porta três vezes, mas Victor estava ocupado de mais. Na quarta vez, sem paciência ele mandou entrar, era a menina de cabelos escuros e olhos acizentados que entrava séria esforçando ao máximo ser no mínimo simpática possível.

– O que quer querida? - disse Victor levantando da cadeira, pegando um copo fundo e o echendo até menos da metade de Whisky, como ela não falava nada prosseguiu – Se veio aqui reclamar da minha filha não irá adiantar nada, ela não tem jeito mesmo já deixei sem festas, sem computador, celular mas a mãe dela sempre acaba ficando com dó e sempre cede.

– Não é pra isso que vim perder meu tempo com você. Vim aqui com um motivo em especial, vingar em nome das pessoas que você machucou, algo que você deixou lá no passado há alguns anos atrás, sem deixar rastros, pistas ou qualquer outra merda que prove que você seja o tal Assassino Dez como te chamavam e ainda devem te chamar por aí. Sempre se escondendo não é? Victor? Ou devo te chamar de Abner? - Hannah abriu um sorriso e trancou a porta atrás de si e começou a andar com passos lentos em direção ao homem que quase chorava de medo – Aliás, Abner é um nome muito tosco não acha? Preferia mil vezes Victor, combina mais com esses seus traços delicados e esses seus olhos cheios de arrependimento e dor...

Victor deixou cair o copo no chão e com a boca aberta tentou dizer algo mas foi calado com o doce toque do dedo indicador de Hannah em seus lábios pedindo silêncio. Hannah pegou seu canivete a olhou e apontou para o nada deixando o fino rastro de luz solar reluzir a faca e ofuscar os olhos medrosos de Victor. A menina ficou andando de um lado para o outro jogando o canivete para cima e o pegando fechado, jogando e pegando, jogando e pegando.

– Você se lembra de algum Nathan... Menininho de oito aninhos, loirinho de olhinhos azuis. Aparência angelical e um sorriso de fazer muitas meninas derreterem aos seus pés – Hannah dizia isso com um sorriso, tentando esconder as lágrimas cheias de ódio ao lembrar do seu querido irmão – Aquele lá, sua última vítima que você jogou sem piedade no rio perto de uma cabana...

A menina continuava a falar e mal sabia que era observada pela fechadura da enorme porta. Alice a olhava com um sorriso psicótico no rosto, dizendo cada palavra que Hannah dizia, adorava ver pessoas aterrorizadas de medo e suando frio a cada palavra saída de sua doce voz. A garota de cabelos tingidos de vermelho, era a maior fã de Hannah, a perseguia em todo canto que ela dava, sabia da vida inteira da sua assassina preferida... Poderia ser facilmente chamada de stalker, coisa que ela era sem sombra de dúvidas.

– Eu não sei do que você está falando... – disse muito depois de um tremendo esforço e coragem.

– CALA A SUA MALDITA BOCA! – gritou Hannah chegando perto demais dele – Você sabe muito bem do que eu falo, e do que você fez. Pensando bem, chega de discurso, vamos ao que realmente interessa.

Alice sorriu ainda mais, sua parte preferia havia chegado. Sangue era o que mais adorava motivo da cor de seu cabelo.

Hannah pegou o canivete disse:

– Por onde começo? - colocou o canivete no rosto e deslizou até o peito do homem – Não, seria rápido demais, quero alguma coisa mais... lenta e dolorosa. – abriu um sorriso, pegou o canivete e riscou o rosto dele escrevendo assassino em sua testa, deslizou um pouco até a boca – Que tal um batomzinho? - ela pegou a mão de Victor e estourou alguma de suas vezes manchando a faca e pintando a boca dele de vermelho.

Hannah o jogou no chão e ficou dando pontapés em sua barriga o fazendo vomitar sangue. Pegou o canivete com força e fincou em suas costas, o grito só não foi ouvido pois Hannah havia posto um pedaço de tecido branco em sua boca, que nem era mais a sua cor original de tanto sangue que ele havia cuspido. A garota o virou de frente e rasgou ainda mais a pele com muita força, escreveu num braço mais um assassino e em outro Dez. Sem mais paciência ela foi ao que mais interessava não só para ela, mas também para Alice que faltava ter pego uma pipoca para assistir ao espetáculo, Hannah segurou com ódio e força a faca e ficou com muita força no peito do homem fazendo jorrar sangue em seu rosto delicado. Olhou para os lados para procurar alguma arma mais, perigosa do que aquela humilde faca.

A garota pegou uma espada que estava junto com uma armadura em algum canto daquele enorme escritório. Segurou com força e abaixou fazendo jorrar ainda mais sangue, mas agora não só no rosto mas também nas janelas, que só não foram vistas pelo fato de estar acontecendo uma festa de distrações, paredes se tingiram de vermelho e aquele enorme carpete estava com um vermelho bem mais escuro.

No labirinto sem fim, eu me afogo em culpa.

No labirinto sem fim... Porque você ainda respira?

Depois de feito, Hannah pegou o canivete e a espada para limpá-las com a cortina branca que enfeitava aquela enorme janela, depois as largou e caminhou ensanguentada até o banheiro que havia lá.

Aquele rosto angelical que todos admiravam não estava mais lá, em troca estava um monstro assassino em busca de uma vingança. Hannah tocou o espelho marcando sua mão nele, de repente a Morte apareceu atrás dela batendo palmas.

– Parabéns Hannah... Finalmente conseguiu o que queria... – a Morte disse virando o rosto do homem com os pés e depois fazendo cara de nojo – Não acha que exagerou um pouquinho?

A menina deu de ombros e começou a lavar a mão. O sangue era levado até o ralo com muita rapidez, lavou o rosto e se olhou novamente no espelho, ela não se sentia muito bem com aquele seu verdadeiro eu, preferia aquele monstro, era aquilo o que ela era e seria para sempre.

– Olha, estou pouco me importando com esse porco. – disse Hannah limpando seus sapatos no tapete – O importante é que eu o matei, e o meu objetivo está completo. Até acho que perdeu a graça, um pouquinho, de matar... Ele era a minha razão para ficar matando, mas como já está morto não tenho mais diversão... Mas quem sabe, outras pessoas.

Hannah ia caminhando até a porta quando Alice apareceu com um sorriso psicótico no rosto ela trazia consigo um canivete. Seus risos apavoravam até mesmo a Morte, mas Hannah pouco se importava.

– O que faz aqui menina? Acho que... – Hannah não pode terminar a frase pois foi subitamente jogada para fora da janela e bateu com força seu corpo no chão, assustando todos que estavam a sua volta.

– Agora, é a minha vez. – disse Alice olhando para fora da janela – Hannah querida, sua hora está próxima, eu vejo a luz negra saindo de você. Espere só, quando você acordar daqui uns dois anos. Acho que eu vou te pegar...!

Hannah estava caída no chão não conseguia enxergar ninguém somente os cabelos vermelhos saindo da janela e pessoas fazendo um bolinho em volta dela. Sara estava lá no meio, aterrorizada.

Tudo ficou escuro.

Um ano e meio depois

– Hannah, essa é a sua nova casa, seja bem vinda! – disse Sabela tirando as malas do carro.

Hannah havia dormido durante a viajem até a nova casa, onde iria morar junto com seu novo pai e um meio irmão. Não se lembrava de nada do passado, nem da festa onde Sara a havia insistido para que ela fosse onde ela havia caído e entrado em coma.

Pelo que ela pode perceber, a mãe havia se casado com alguém e elas estavam se mudando para o novo lar, onde iriam conviver com pessoas novas longe das dores e angústia que sentiam quando uma olhava para a cara da outra.

– Hannah! Desça do carro! Venha ver sua nova casa! Sua nova vida! – gritou mais uma vez Sabela carregando uma caixa onde estava escrito “Hannah”.

Colocou um pé para fora e depois o outro, se equilibrou e começou a andar. Sentiu que estava esquecendo alguma coisa, olhou de volta para dentro do carro e viu uma maletinha preta com uma borboleta dourada no canto a pegou e continuou seu trajeto.

– E aí filha, animada? - disse a mãe sustentando a caixa na perna e tocando a campainha - Eu estou!

Hannah com um olhar cansado olhou para a porta fixamente, ouvindo o que estavam falando do outro lado da porta.

– Dê boas vindas para sua nova mãe e irmã Tiago! – uma doce voz masculina disse ao abrir a porta.

Hannah olhou rapidamente para o garoto de cabelos bagunçados e forma um pouco descolada de se vestir. Por alguns segundos o observou até perceber aquela luz, aquela luz a fez lembrar de tudo desde a morte do irmão, aquela luz a fez lembrar que teria de matar aquele seu novo irmão.

Ela olhou para o jardim para poder esquecer um pouco de tudo aquilo que passou pela mente dela por alguns poucos segundos.

- Hannah, cumprimente seu irmão, Tiago. - ordenou Sabela.

Hannah ficou com um  pouco de receio, mas se aproximou do irmão e disse forçando um sorriso:

- Hannah. - estendeu a mão.

- Tiago.


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Notas finais do capítulo

hOHOHO'



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