Havia passado três longas semanas, o mês de junho estava quase acabando. Foi difícil, pois Audrey e Ethan quase nem se olhavam. Eu e Luke também não estávamos tão próximos quanto antes, e essa semanas foram de entregas provas e trabalhos.

Claro eu não me dei tão bem, mas não tão mal. Regular, como sempre fui.
Em casa meus pais estavam querendo ficar mais próximos de mim e dos meus irmãos. Caio estava namorando com uma garota de sua escola, e eu estava ensinando Ariel a tocar guitarra. Ela estava indo até bem para uma iniciante.
Minhas tardes eram sempre as mesmas. Chegar da escola, almoçar, estudar, assistir um pouco, depois ir levar Ariel pro balé, voltar limpar a casa, ir buscar Ariel, fazer a jantar e ensiná-la a tocar. Enfim jantar e dormir.
Neste final de semana, eu saíria com minha família. Por incrível que pareça, é, todos iriam. Até mesmo a namorada de Caio, finalmente iriamos conhecer a garota. Ariel estava muito ansiosa para caçoar de Caio, minha mãe estava um pouco inciumada e meu pai orgulhoso. Eu simplesmente não sentia nada, não era contra e nem a favor. Só seria educada o possível.
Eu estava deitada, eram duas horas da manhã. Senti uma sensação estranha, corri para o banheiro, e todo meu jantar estava ali na privada.
Minha garganta ardia, o vômito era algo tão ácido. Eu soava, e meus lábios contraídos estavam quase brancos. Lavei meu rosto e voltei a cama. O que estava acontecendo?
***
Acordei com uma leve dor de cabeça, com os olhos um pouco embaçados, e semicerrados por causa da luz forte do Sol que refletia em minha janela e me acordara. Levantei-me, minhas pernas estavam um pouco trêmulas, apoiei-me na parede e caminhei até o banheiro.
Vi a minha imagem refletida no espelho, reparei que meus cabelos verdes estavam desbotados, e meu cabelo voltara a cor natural. Loiro claro, cinza-amarelado. Reparei também que ele estava grandinho, quase chegando as costas. Entrei no chuveiro e tomei uma ducha gelada para acordar.
– Bom dia! – falei.
Todos estavam apressados e ansiosos, principalmente Caio, hoje era o dia. Ninguém me respondeu, dei de ombros e me sentei na cadeira.
– Madson vamos sair daqui a pouco! Ainda não se arrumou? – perguntou papai.
– Desculpa, mas achei que iríamos para o restaurante as onze! Agora ainda são nove e meia – retruquei.
– Quanto menos atraso, melhor! Ande, vá se arrumar – me expulsou da cozinha.
Subi novamente ao quarto, peguei qualquer coisa em minha frente. Uma calça jeans preta, uma blusa cinza de mangas curtas e uma camisa xadrez azul. Calcei meus coturnos pretos, e fui ajeitar meus cabelos.
Não havia nada para fazer, então os deixei soltos, passei meu rímel e um pouco de lápis, sei que se usasse minha contínua maquiagem, meus pais implicariam.
Passei pelo quarto de Ariel, ela ainda se arrumava e Caio, já estava bem mais adiantado que todos, ele estava mais feliz que o normal, fazia tempo que eu não o via tão feliz, sorrindo radiante, a tal garota o fazia realmente bem.
Depois de alguns minutos, longos para Caio e rápidos para o restante, saímos de casa para ir ao restaurante.
Estávamos no carro, papai dirigindo, mamãe na frente, eu e Ariel atrás. Caio tinha ido buscar a garota, então ficou mais espaçoso. Minha cabeça começou a latejar, droga! Eu não podia estragar o momento dizendo isso, fingi que não estava me incomodando, mas só fingi mesmo, porque estava ficando cada vez mais forte.
***
– Pai, mãe, essa é a Larissa – apresentou Caio – essas são minhas irmãs Ariel e Madson.
A garota era morena, os cabelos dourados que caiam em cascatas até o quadril. Ela sorria radiante, usava óculos pretos, era um pouco baixa, seus olhos eram verdes claro, parecia simpática.
– Muito prazer – disse papai e cumprimentou a moça tímida.
– Você que é a famosa Larissa? Caio fala muito bem de você – sorriu.
– Obrigado sra. Baker – disse ela.
– Que isso, me chame de May – sorriu – sente-se.
Todos haviam gostado da Larissa, é ela até que legal pra minha primeira cunhada, todos conversavam contentes, e logo a comida chegou e nos servimos.
Ariel importunava Caio contando a Larissa sobre sua infância, enquanto meus pais queriam saber mais sobre a vida dela e os pais. Eu permaneci calda desde a hora que entrei, apenas a cumprimentei com um aceno de cabeça. Ainda estava me sentindo mal, então evitei as palavras, meu estômago mais uma vez embrulhava-se, senti o líquido subir em minha garganta e depois descer, pedi licença e fui ao banheiro. Para minha sorte não tinha ninguém, tranquei a porta, ajoelhei-me ao chão e então vomitei novamente. Mas dessa vez a densidade do líquido e a aparência não era nada boa, o seu gosto também, assim olhei e vi, tudo era vermelho.
Me assustei, eu jamais havia vomitado sangue! Senti meu peito doer, e as costas também.
– Madson? – escutei uma voz meiga.
Limpei rapidamente a boca, e dei descarga.
– Oi Larissa – falei fingindo não ter acontecido nada.
– Você está bem? – olhou-me preocupada, será que eu aparentava estar tão mal assim? – A propósito pode me chamar de Lari.
– Ok Lari, estou sim – sorri fraco.
– Hm não parece, está pálida – insistiu.
– Que nada, é minha cor natural, dizem que até sou uma vampira – brinquei.
Riu baixinho, senti novamente a mesma sensação, mas dessa vez não deu tempo de correr, vomitei ali mesmo.
– Ai meu Deus Madson, você vomitou sangue – ela falou preocupada.
Senti minha cabeça latejar, o peito doer, os olhos começarem a pesar. A última coisa que me lembrei foi de Larissa me chamar e tentar me segurar.
****
Estava confirmado, eu estava com pneumonia, e claro internada novamente. Como não bastasse ter que estar deitada, tomando soro e injeções, estraguei o almoço.
– Ela vai ficar bem doutor? – perguntava minha mãe.
– Sim, ela tem sorte de não estar em um estado grave, agradeça a loirinha, porque ela fez um bom trabalho – sorriu o médico.
Lari estava cursando enfermagem e logo que me viu vomitar sangue no banheiro, tentou me segurar para não bater a cabeça no chão. E logo chamou minha mãe, e disse que eu tinha indícios de estar com pneumonia.

Caio entrou no quarto. E sorriu para mim.
– Ei, outro susto na gente Mad!
– Caio desculpa, estraguei tudo hoje. Você estava tão animado, bela irmã sou eu – resmunguei para mim mesma.
– Por favor não se culpe, sua saúde é importante, teremos outras oportunidades – ele falou.
Sorri, ele me compreendia, mas ainda sim me sentia mal.
– Agradeça a Lari, se não fosse ela – respondi.
– Ela é tão perfeita.. – o mesmo sorriso bobo que todo apaixonado tem ao falar sobre seu amado.
Lhe joguei meu travesseiro e comecei a rir.
– Olha o que dá o amor! – ri.
– Sua besta! – riu – Por falar nisso, e Luke?
Minha expressão rapidamente mudou, fazia um tempo que eu não passava com ele, nós nos distanciamos um pouco.
– Hm não sei... – falei.
– Quando vai falar pros nossos pais que você está com ele? Tá demorando hein.. – disse ele.
– Contar o quê? Está namorando Madson? – as sobrancelhas arquearam, seu semblante mostrava nervosismo, vários pensamentos passaram pela minha cabeça, mas acho que não dava mais para esconder.
– Responda! – disse meu pai.
Por mais corajosa que eu fosse, e tantas vezes eu o enfrentei, senti certo medo, o frio passava pela minha espinha e arrepiava todos os meus pêlos, eu não tinha mais o que fazer. Caio ficou paralisado também, esse era um beco sem saída.