Finding a Dream escrita por Loren


Capítulo 30
Transição


Notas iniciais do capítulo

haaai (:
capítulo chato. pouca coisa interessante, mas essencial para o próximo capítulo acontecer. por isso o nome: transição ;)
espero que gostem.



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–-Destro sempre me serviu bem. Está em boas mãos.- dizia o princípe quando acabava de ajudar as rainhas a montarem no cavalo.

–-Ou cascos.- contradisse a menor, rindo em seguida.

O princípe sorriu de volta e logo fitou na maior, que o observava em silêncio e cautelosa.

–-Boa sorte.- ele disse, admirando a beleza da rainha.

–-Obrigada.- ela respondeu fria e firme, logo desviando os olhares, como pouco se importasse com as palavras do moreno.

Ele engoliu em seco. Desde o erro que quase havia cometido, concordando com a volta da Feiticeira Branca, a rainha havia se distanciado de uma forma que lhe machucava internamente e sufocava-lhe a garganta. Ele estava encantado por esta. Sempre havia admirado tal mulher apenas com as histórias da antiga Nárnia e vendo-a pessoalmente, com tal beleza e determinação, roubaram-lhe por completo o coração. Uma ou outra vez trocaram uma conversa amigável e olhares que aqueciam o seu corpo. O mesmo acontecia com a morena, que há muito não se sentia assim com rapaz algum, mas diferentemente dele, ela conseguia disfarçar bem.

–-Talvez seja a hora de ter isto de volta.- ele disse, após ter pegado a trompa amarrada à sua cintura e estendendo para a morena.

O cavalo deu alguns passos para trás, ansioso para partir e a rainha parecia tão ansiosa quanto este. Apesar de querer passar mais tempo ao lado do telmarino e saciar sua curiosidade sobre tal, ainda se sentia incomodada com o fato da estupidez tê-lo dominado e muitas vezes, ela deixava que o rancor a dominasse. Entretanto, o brilho no olhar dele a fez mudar de ideia. O príncipe temia no fundo que fosse a última vez que fosse vê-la. Mas as palavras a seguir foram como música em seus ouvidos, como a ponta da esperança que brota em uma guerra sem fim.

–-Por que não fica com ela? Pode precisar me chamar de novo.- e dito isso, deu impulso para o cavalo andar.

–-”Pode precisar me chamar de novo?”- perguntou a pequena confusa.

–-Ah, quieta, Lúcia!- replicou a maior, corando até a raiz dos cabelos.

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Os narnianos estavam em polvorosa. A liberdade ou a eterna prisão estava há pouco de ser decidida. Todos gritavam, berravam, aplaudiam e incentivavam o seu salvador: o Grande Rei Pedro, o Magnífico. Alguns narnianos sentiam-se nervosos e ansiosos, outros, no entanto, sentiam-se até aliviados, cientes do destreza e agilidade do rei com a espada. Mas este tinha a garganta fechada, a palpitação violenta e a boca do estômago gelada. Qualquer erro a seguir, seria decisivo para o futuro do seu povo. A responsabilidade pesava em seus ombros tanto quanto o capacete sobre sua cabeça.

Subia a rampa que levava para o campo do duelo improvisado, acompanhado do irmão e parceiro, Rei Edmundo, o Justo. Este, tinha os nervos à flor da pele tanto quanto o irmão, porém, o medo de perder um ente querido de sangue e não poder rever tais olhos verdes distantes, atormentavam-o incessantemente. Centauros observavam a cena em silêncio, faunos brandiam suas armas juntos de minotauros enquanto guepardos e lobos rugiam em saudação a sua majestade.

Os telmarinos levantavam suas espadas e lanças como forma de apoio ao seu rei. Usavam máscaras de metal, covardes o suficiente para não mostrarem o rosto quando fossem tirar a vida de um ser inocente. Chegando nas ruínas de onde, há anos atrás, se encontrava a Mesa de Pedra, o centauro pai cumprimentou sua majestade com um leve aceno da cabeça, enquanto tinha a espada em punho. Virou-se e ficou de frente para o exército telmarino. O rei destes estava sentado em uma cadeira que haviam posto e terminava de ajeitar sua armadura e observando a determinação e calma do inimigo, comentou, como se estivesse dando um breve “tchau” para seus seguidores.

–-Se, por acaso, parecer que eu estou perdendo.- ele disse e olhou para a besta que o capitão segurava.

–-Entendido, majestade.- ele disse e o rei se levantou.

O outro segurou firme o cabo da espada e puxou para tirar da bainha que o irmão mais novo segurava. Quando a lâmina deslizou para fora, os narnianos voltaram a gritar. Talvez, isso teria que servir de apoio para o loiro, mas na realidade o deixava cada vez mais nervoso.

–-Espero que não fique decepcionado.- disse Miraz para um dos conselheiros e pegou o capacete.- Quando eu sobreviver.- e após isso, armou-se do escudo e da espada.

Entrou no quadrado, onde ficou delimitado que seria a área do combate e o loiro saiu da sombra da coluna, deixando à mostra a valentia estampada no rosto. O público tomou o silêncio como amigo e pôs-se a observar cada momento seguinte com cautelosa atenção.

–-Ainda há tempo de se render.- disse o rei, como um convite muito amistoso, mas dito em um tom de ameaça.

–-Fique à vontade.

–-Quantos mais devem morrer pelo trono?

–-Apenas um.- o loiro baixou a viseira do capacete e o duelo começou.

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Sentia-se mais atenta após a refeição e alguns goles de água. A cor havia voltado lentamente para as maçãs do rosto. Não sentia mais cansaço ou dores, na realidade, mal sentia o sangue correr por suas veias, visto que seus braços estavam atados com a árvore forçadamente. O acampamento estava vazio. Dois ou três telmarinos se encontravam fazendo guarda. Ela já havia desistido de tentar livrar-se das cordas há meia hora. Tinha a cabeça deitada no tronco e apenas refletia sobre si mesma. Sobre a criatura que estava se transformando nos últimos dias.

Admitia que havia se tornado distante como os picos que despontavam na linha do horizonte. Admitia que havia se tornado fria como o inverno que amaldiçoava as colheitas da sua terra. Admitia que havia se tornado rude e grosseira como os viajantes sem rumo que paravam na sua vila, vez ou outra. Admitia que havia se tornado uma pedra: dura e impenetrável. Havia se tornado tudo que ela idolatrava quando pequena e tudo o que ela já não entendia quando crescida: Helena.

A decepção que teve com a morena foi tanta, capaz de tomar seu coração e congelá-lo. Foi capaz de tomar sua alma e queimá-la até se tornar pó. A morena era tudo que ela se agarrava e acreditava, mesmo que tivesse desaparecido desde seus oito anos. Era a esperança de dias melhores e no instante que tal imagem bem construída foi derrubada com apenas as palavras banhadas com a verdade, tudo caiu. Inclusive ela. Cansou-se de ser ingênua e ser feita de idiota. Tal decepção, gerou tal raiva que a dominou por inteiro. Quando soube do passado da morena, entendeu o comportamento dos Pevensies para com ela. O loiro tinha amargura pela morena não estar o esperando, como se o tivesse abandonado. Mal ele sabia que desde que a morena havia voltado para a vila, levava o desenho de seu rosto consigo para todos os lados. A morena tinha medo de que tivesse feito o erro de se aliar com a inimiga, como a suposta irmã. A pequena era uma criança. Tratava-a bem por instinto, mas o moreno...

Ah, o moreno. Suspirou ao lembrar dos olhos castanhos e das sardas salpicadas na pele. Conhecia pouco sobre ele em questão de gostos, mas sabia bastante em questão da personalidade em poucos dias. Justo, centrado, sincero, atencioso e engraçado. Suficiente para fazê-la deixar que um tempo do dia se dedique a pensar nele. Fechou os olhos e voltou àquela noite na torre. O calor dele e suas mãos pousadas em sua cintura, seu toráx esmagado contra o peito dela e os lábios colados. Os seus deos embrenhando-se nos fios negros dele e descendo para a nuca e os ombros fortes. Seja o que fosse que ela sentia por ele, apenas explodiu quando eles tiveram aquele momento. O desejo dela era que nunca acabasse. E naquele momento, ali, era que pudesse sentir o abraço dele uma última vez.

–-Que está pensando, garota?- ela continuou de olhos fechados e preferiu ignorar o telmarino.- Falei contigo.- ele disse e chutou o tornozelo dela.

Ela apertou os lábios, contendo a dor para si e tentando concentrar-se nos olhos castanhos.

–-Ei! Eles não levaram a garota! Podemos nos divertir!- gritou o telmarino para os companheiros e com um tom malicioso.

Nesse momento, a loira abriu os olhos e dirigiu o olhar para ele. Seu coração palpitava de forma absurdamente rápida e não tinha como negar o desespero e medo que crescia em si. Começou a se remexer, com a estúpida esperança que de alguma forma as cordas iam se soltar, mas o que aconteceu foi o telmarino mirá-la e sorrir, com olhos desejosos.

–-Me pagarás pelo cuspe de hoje, garota.- ele ameaçou e tirou uma adaga do cinto.

Os outros telmarinos chegavam mais pertos, alguns jogando as espadas e camisas no chão e outros soltando os cintos. Ela sentiu os olhos arderem. O telmarino dos olhos cinzas cortou as cordas e ela aproveitou para se levantar e correr, sem destino. Apenas ordenou que suas pernas se movessem, mas já haviam planejado a atitude da loira. Um outro jogou-se e agarrou sua cintura. Os dois caíram e ela debatia-se com fervor, porém, o homem era mais forte e conseguiu agarrar seus pulsos.

Ela começou a chorar. Não havia mais porquê segurar. No fim, estava perdida. Os homens riam às custas da garota. O homem que estava em cima dela, sentou-se e tirou a camisa. Ela já sentia repulsa das mãos deste subirem por seus braços e os companheiros rindo, quando um rugido quebrou o clima de festa e orgia. Um rugido alto, feroz e furioso. Um rugido que fez o corpo da loira enrijecer e seus pelos eriçarem. Os homens trocaram olhares nervosos e correram em busca das armas. Estupidez maior que deixar o acampamento sem vigília nenhuma, não existiria maior na vida deles. Até porque, tal ato, tal respiro, tal corrida, foram os últimos momentos de suas vidas.

O que se sucedeu a seguir, foi tudo muito rápido. Mais rápido que a habilidade da Gentil com as flechas, mais rápido que o Príncipe em salvá-la, mais rápido que a loira em uma batalha, mais rápido que o Magnífico com a espada e mais rápido que o Justo em pensar. O homem que estava em cima dela, saiu a procura de alguma arma e arranjou a adaga que o outro tinha cortado as cordas. Ela percebeu por um segundo que aquela era sua arma. Quando ela se sentou e olhou ao redor, viu a sombra de alguns homens nas tendas e logo, um outro ser maior e corpulento, com uma forma completamente distinta de um ser humano brotar, e atacar os três homens que estavam lá. Os gritos de socorro, o som de roupas se desfiando, espadas e móveis se derrubando e de corpos se encontrando abruptamente prencheu o ar e logo, tudo silenciou-se.

O telmarino segurava a adaga com força e lambia os lábios de nervosismo. A sombra do ser andou para a esquerda, mas havia uma árvore atrapalhando a vista. Quando saiu da tenda e, supostamente, passou pela árvore, não apareceu nada. Esperaram alguns minutos e nada ocorreu. Ela observava o fato encantada e curiosa.

–-Foi você, não?!- o homem grunhiu, espantado. Quando olhou para ele, prendeu a respiração. O homem tinha a face vermelha e os olhos saltados de raiva.- Sua bruxa! O que você fez?!- ele avançou e ela rastejou para trás, até bater as costas em uma árvore.

–-Não! Por favor!- ela suplicou.- Por favor!

Uma figura caramelada rasgou a paisagem e levou o homem junto. Era enorme. Viu o homem e a figura se debaterem juntas, até o primeiro aquietar-se e não se mover mais. Ela engoliu em seco.

Era um leão. O leão.

Ele levantou a cabeça e ela pode ver sua juba. Brilhava com o reflexo do sol e os fios pareciam dançar por conta própria, visto que não havia vento no local. A cauda balançava incessantemente. Quando ela se virou, encolheu os ombros e arregalou os olhos. Com ele mais perto, parecia mais magnífico. A essência de poder, serenidade e conforto que ele exalava era tão grande quanto seu tamanho, mas ao mesmo tempo, passava uma sensação daquelas que você tem medo. Medo de decepcionar a pessoa ou de envergonhá-la com seu jeito.

As garras estavam guardas, mas as patas estavam sujas de sangue. O focinho estava limpo, mas os bigodes se mexiam constantemente. A postura que tinha lembrava a de um rei. Ou de algo muito mais superior. Os olhos eram o mais encantador: amarelados, puros e carinhosos. Começou a andar em direção a loira, mas ela não se moveu. Deixou que tal criatura se aproximasse. Estava curiosa para saber mais sobre ele. Quando estava há um metro de distância, ele parou e se sentou.

–-Olá, Irina.- disse, com voz doce e mansa, algo que a surpreendeu por completo. Esperava algo mais rude e grosseiro.

–-Aslam.- ela sussurrou, abismada com tanta beleza.

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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado.
bye (:



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