Endless Hate, Endless Love escrita por Gaby Biersack


Capítulo 12
Pietro Adans.




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Andy's POV.


Sexta-feira e a Alexia não havia dado as caras no colégio. Sábado e domingo ligando pra ela e só dando caixa postal.

Eu me pergunto o que fiz de errado. Nunca garota nenhuma me recusou nada, e ficar ligando e correndo atrás de mulher não faz o meu estilo. Eu realmente não sei o que está acontecendo comigo.

Nesses três últimos dias eu não consegui parar de pensar nela e tentar descobrir o porquê dela ter sido tão bruta. Eu não acho que fui rápido de mais, geralmente eu costumo ser mais rápido no gatilho.

Eu não consigo entender, simplesmente não consigo.


Alexia's POV.


Segunda-feira. Ainda de olhos fechados levantei-me da cama e fui até o banheiro; despi-me e liguei o chuveiro. Meia hora deixando apenas a água quente cair sobre meu corpo. Saí e vesti a primeira roupa que vi em meu guarda-roupa -essa roupa, essa touca-gorro e esses acessórios–. Com todo o desanimo do mundo passei um pó no rosto apenas para tirar o rosado de minhas bochechas e um batom nude e base no contorno dos meus lábios para tirar o avermelhado natural e deixá-los sem "forma". Esfumacei meus olhos mais do que o costume. Peguei minha mochila e saí.

Coloquei meus fones e música no último volume. Fui caminhando lentamente a escola. Eu precisava pensar um pouco.

Passei a sexta-feira e o final de semana na cama, sem a menor vontade de fazer nada. Sem a menor vontade de ao menos de viver, e isso tudo por causa de uma maldita lembrança. Eu pensei que já tinha superado e que eu conseguiria viver minha vida normalmente, mas me enganei.

Antigamente, era freqüente que eu me lembrasse de tudo que aconteceu comigo. Eu ficava semanas trancadas no quarto, me cortando e sem comer. O único que realmente me ajudava a lidar com tudo isso era Pietro. Lembro-me perfeitamente do dia em que prometi a Pietro que nunca mais me cortaria, e assim o fiz. Nunca mais ousei encostar uma lamina em meu corpo. Eu me sinto fraca de novo, fraca por não ter forças nem pra lutar contra esse sentimento opressor e intimidador dentro de mim. Fraca, fraca, fraca. Em todos esses anos, eu fui construindo uma mascara, uma fantasia. Uma garota forte, revoltada, inconseqüente, corajosa e auto-suficiente... Essa não sou eu, eu não sou assim. A verdade é que eu não passo de uma menininha precisando de apoio e um ombro confiável pra chorar. Quando a vida lhe obriga a crescer mais rápido, e lhe mostra que as coisas não são tão belas como as pessoas costumam dizer, você acaba tendo que criar um personagem pra se proteger e acaba chegando um momento em que você passa tanto tempo fingindo ser quem você não, que você acaba acreditando que é assim e quando a vida lhe dá uma rasteira você volta a ver que não é ninguém.

Eu queria ser forte, eu queria poder desligar meus sentimentos. Mas isso não é possível, infelizmente.

Eu já não sei mais quem sou. Há um conflito dentro de mim.


Cheguei ao colégio e fui direto ao meu armário. Peguei alguns livros e deixei alguns outros. Assim que fechei a porta me deparei com Andy me encarando.

– Oi. – Ele disse sem graça.

– Oi. – Respondi fria, ou talvez apenas desanimada.

– Eu queria pedir perdão. Eu não sei... devo ter ido rápido demais e...

– Ninguém tem que pedir desculpa a ninguém. Não temos nenhum tipo de relacionamento ou compromisso e nem vamos ter. Foram só uns beijos, e apenas isso. – Eu disse e saí. Não estava nem um pouco a fim de ficar conversando, eu só queria ficar sozinha, então decidi cortar logo todas as possibilidades de haver outra conversa, pelo menos naquele dia.


Andy's POV.


– Ninguém tem que pedir desculpa a ninguém. Não temos nenhum tipo de relacionamento ou compromisso e nem vamos ter. Foram só uns beijos, e apenas isso. – Alexia disse e pela primeira vez em toda a minha vida, eu senti um nó na garganta. Era como se aquilo me machucasse de alguma forma.


Fiquei pensando em nada... em tudo, até o sinal tocar, e aí fui pra aula. Entrei e sentei-me. Alexia estava com a cabeça deitada sobre os braços. Ela parecia estar tão distante.


– Tá tudo bem? – Perguntei.

– E porque não estaria? – Alexia levantou seu rosto rapidamente para me responder, mas logo voltou a sua posição. Logo a senhorita Cook chegou e começou a aula, aula que eu não fiz questão de prestar atenção. Depois de 2 horas que mais pareceram séculos, o sinal finalmente tocou.


Alexia's POV.


O sinal tocou e então, finalmente eu saí daquela sala, não que a aula de matemática fosse melhor, mas a voz da senhorita Cook estava piorando minha dor de cabeça.

Fui até meu armário e troquei de livros novamente, em questão de instantes me peguei pensando em... É melhor esquecer.


– Lexi? – Ouvi uma voz familiar soar atrás de mim. P-Pietro?

– Oh my fucking God! – Eu não conseguia acreditar, era ele mesmo. No mesmo instante nós dois quebramos o espaço de uns dois metros entre nós com um abraço.

– Garota! Como você mudou! – Pietro disse ainda me abraçando, dando-me um beijo na testa.

– Você também!... Emagreceu? – Zombei.

– Hahaha! Idiota... – Rimos. Nossa amizade era de assim, de verdadeiros irmãos.

– Cara, quando o Matthew forçou a barra comigo na aula do professor com o sobrenome mais foda, pra me contar que você estudava aqui, você não sabe a vontade que tive de sair por aquela porta gritando teu nome.

– Senhor Manson? – Sorri e ele concordou com a cabeça. – Eu senti tanto sua falta, guri!

– Eu também senti a sua. – Pietro me abraçou mais uma vez. Nós conversávamos ignorando completamente todos aqueles olhares curiosos ao nosso redor. Só de falar com Pietro, eu já me sentia é melhor. Sempre foi assim.

– Qual tua próxima aula? – Perguntei separando-nos.

– Af... matemática, e a tua?

– Também. – Sorri animada pela primeira vez em ir pra qualquer aula. – Vem, agente tem que conversar... colocar o papo em dia, colega. – Imitei a voz fina e nojenta de uma patricinha qualquer, e praticamente arrastei Pietro pelos corredores. Entramos na sala e sentamos nas últimas carteiras. Eu na última e Pietro a minha frente.

– Por que você sumiu? Depois que Helena e Thomas me mudaram de escola eu fui te procurar e você não estava mais lá. Eu até fui à direção pra saber se você tinha viajado ou se mudado, mas eles recusaram totalmente dar qualquer informação... – Eu disse e Pietro me interrompeu.

– Eu também não sei. Lembro que meus pais tiveram que se mudar de pressa, do nada. Eu não tive como nem poder te avisar, ou sei lá... Me perdoa.

– Não foi tua culpa. – Sorri.

– Mas enfim... – Pietro respirou fundo. – Como é que as coisas andaram esses anos todos?

– Bem, depois que eu descobri que você não tinha se mudado, no dia seguinte eu fiz essa tatuagem... – Mostrei minha tatuagem na nuca, escrito "What The Hell" – e coloquei um piercing na boca, no septo e um alargador de 8mm.

– Antes de te dar uma bronca... VOCÊ COLOCOU UM ALARGADOR DO ZERO PRO OITO? CA-RA-LHO! – Rimos. – Agora sim... Por que fez isso? Você se arrependeu?

– A vida sempre me tirou tudo de bom que eu tinha, eu só pensei que talvez... Eu não sei. – Respirei fundo. – Mas não, eu nunca me arrependi e nem me arrependo.

– E depois?

– Depois Helena e Thomas me mandaram pra um colégio interno e sete meses depois eu fui expulsa. Voltei pra casa com um cabelo colorido, com mais piercings e tatuagens.

– Todas essas tatuagens? E o que eles fizeram?

– Todas essas não. As da perna, tirando as duas caveiras atrás, a caveira na perna direita e na batata eu fiz a alguns dias atrás. Helena e Thomas nem sabem da existência dessas tatuagens ainda. Enfim, eles não fizeram nada. Decidirem me deixar mais de lado ainda.


Ficamos conversando. Ele me contou como a vida dele estava indo, bem melhor que a minha com certeza. Eu contei a ele sobre mim e Andy e o que havia acontecido, e principalmente como eu estava me sentindo. Eu falei sobre me sentir uma mascarada, e sobre não ser assim. Ele disse que ninguém consegue passar tanto tempo fingindo ser o que é, disse que eu era forte, e eu conseguiria lutar contra esse sentimento opressor e intimidador dentro de mim. Com poucos e simples palavras vindas de Pietro, eu já me sentia bem.


– Pois é. Nem apresenta os amigos né, Alexia? – Ashley disse sentando ao meu lado, muito atrasado.

– Ashley, ele não é gay. – Brinquei.

– Ha! Ha! Ha! Engraçadinha. – Ashley disse.

– Pietro esse é Ashley. Ashley, esse é Pietro. – Eu disse ainda soltando alguns risos. Eles se cumprimentaram.


Ficamos conversando enquanto Ashley olhava a bunda da senhorita Daniels, enquanto a mesma passava matéria nova no quadro. O sinal tocou e eu e o Pietro estávamos tão entretidos com a conversa, que fomos os últimos a sair da sala, a não ser por Ashley, que parecia cantar a professora. Fomos à cantina e pegamos nosso almoço.

Vamo lá em casa depois da aula. Tenho certeza que meus pais vão adorar revê-la.

– Eu vou adorar. Tô morta de saudades deles. – Os pais do Pietro eram como pais pra mim, pais que eu nunca tive de fato. Eles sempre me trataram como uma filha.

– Chega aí Alexia. Senta com agente. – Sandra disse enquanto passávamos pela mesa em que ela, Andy, Jake, Jinxx, Luana e CC estavam sentados. Como assim o CC? E como assim ele estava abraçando e beijando a Luana?... Puxamos duas cadeiras e sentamos.

– Gente, esse é o Pietro. Pietro essa é Sandra, Andy, CC, Jake, Jinxx e Luana. – Apresentei-os. Todos responderam educados, menos Andy, que preferiu ignorar totalmente nossa presença com a cara fechada.

– E aí bro. – Pietro tentou puxar papo com Andy.

– Perdi a fome. – Andy disse se levantando e saindo.

– O que, que deu nele? – Eu perguntei.

– Não faço a mínima idéia. – Sandra disse ainda olhando Andy se afastar.


Ficamos conversando. Logo Ashley apareceu e sentou-se onde mais cedo Andy estava. Bem, CC agora estudaria conosco e ele e Luana agora estavam namorando. Eu tentei me desculpar com ela por deixá-la lá, mas ela disse que se isso não tivesse acontecido, provavelmente ela não teria tido a melhor noite de sua vida. Passamos o intervalo do mesmo jeito, conversando e tendo que agüentar a melação do novo casal do pedaço. Enquanto caminhávamos pela escola, notei que Andy havia ficado com duas garotas, não que isso me interessasse. O sinal anunciando o fim do intervalo tocou e todos foram para suas respectivas salas, infelizmente eu não tinha aula com Pietro e nenhum deles. Antes passei no banheiro e quando estava indo pra sala esbarrei em Andy, que acabara de dispensar uma garota após quase transarem em publico.


– Olha por onde anda! – Ele disse passando por mim e limpando os lábios do batom vermelho que a vadia que o beijava deixou em sua boca.

– Af, garoto! Qual é o teu problema? – Eu disse ajeitando meus fones e celular que ele quase derrubara enquanto esbarrou em mim.

– Você! – Ele disse subitamente se virando pra mim.


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