Diário De Um Pseudopsicopata escrita por Ramon Leônidas


Capítulo 8
Alguém Pior que Eu - Capítulo VII




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Todos olhavam atônitos da janela de seus quartos Lana espatifada no chão. O fim de uma era, o fim de uma espécie de rainha ditadora de internato. Ela cuspia sangue na neve deixando uma mancha vermelha naquela neve branquinha de início de inverno. Seus olhos estavam vermelhos e lacrimejavam sangue. Todos observavam aquela cena, atônitos. Os olhos dela só fitavam um rosto: o meu. Tenho uma visão muito boa para longe e pude ver que em seus olhos que ela estava ardendo em dor e ódio. Mal pude sair da varanda do quarto de um aluno alheio e já senti um forte puxão no meu braço. Era um cara, parecia ter uns 21 anos. Ele sorria enquanto me puxava pelo corredor cheio de alunos apavorados com os ocorridos dos últimos dias. A única coisa que passava pela minha cabeça, era se Lana iria sobreviver para contar que quem executou tudo. O homem me levou pelo braço até a biblioteca. Só tínhamos nós dois, todos estavam no pátio assistindo a Lana agonizar de dor.

Quem é você? Por que me trouxe até aqui? — Ele soltou minha mão e puxou um livro de uma estante da biblioteca. O nome do livro era “Como identificar um assassino compulsivo”. Ele sorriu e disse: - Me chamo Henry. Henry Klein. Você matou o meu irmão e graças a você vou ter toda a herança do meu pai somente para mim. Isso não é fantástico? — Puxei o livro da mão dele, coloquei de volta a estante e disse: - Deve estar havendo algum engano por aqui, não sou a pessoa que você procura. — Ele começou a bater palmas e depois deu um forte empurrão na estante. Essa estante caiu e assim sucessivamente todas as outras vieram a cair. Depois que todas caíram ele disse: - Para de teatro! Nós dois sabemos quem você é e do que é capaz. Não precisa fingir comigo. Sou seu amigo!

Sem querer pensei: Como um psicopata agiria em uma situação dessas? Devo saber a resposta. Olhei para as estantes que estavam caídas na minha frente e quando fui olhar para o Henry, ele simplesmente havia sumido da minha vista. Rapidamente pensei comigo mesmo: - Ele é um dos meus. Talvez ele seja um assassino, talvez possa me ajudar. — Não entendo o porquê, mas naquele momento um sorriso surgiu no meu rosto que também estava aparentemente marcado pelo medo de ser pego e estar em uma encrenca. A bibliotecária havia saído e aproveitei para sumir. Corri até o pátio e na entrada encontrei uma limusine branca estacionada, algo incomum na porta de um internato. A ambulância que levava Lana já se preparava para sair. Encarei o carro por alguns segundos e pude ver o vidro do passageiro abaixar vagarosamente. Henry estava na limusine. Ele sorriu para mim de dentro do carro e fez um gesto com a cabeça para que eu entrasse.

Com toda essa nevasca, é até perigoso ficar ao relento. Pelo visto, você teve uma saída de mestre, não foi pego. Lana sobreviveu, ela vai abrir a boca sobre quem você é de verdade. Como você me ajudou, sinto-me na obrigação de lhe ajudar também. — Logo após ele dizer isso, ele contatou o motorista pelo telefone e disse-lhe calma e serenamente: - Rick, vamos até o hospital geral de Berna. E queremos ir rapidamente! — Ele desligou o telefone e falou falsamente chateado: - Você está muito calado! Não vai falar nada? Nem um obrigado? Nós vamos finalizar aquilo que você não foi capaz de terminar. A ambulância que está levando a Lana ainda não chegou ao hospital. Nós pegaremos a Lana em forma de sequestro. E ainda sairemos ganhando dinheiro. E o dinheiro do sequestro será somente seu, não preciso de mais dinheiro. Logo o império Calvin Klein será somente meu e de mais ninguém. Até mesmo porque, agora sou filho único. Único herdeiro.

Como foi dito pelo Henry, a ambulância da Lana estava indo ao hospital. Ele pegou o telefone novamente e ligou para o motorista: - Rick? Lembra aquele dia que eu disse que a morte pode se tornar uma surpresa? — O motorista respondeu com um aparente teor de medo: - Claro! Mas, por que está me perguntando isso agora? — A limusine estava paralela com a ambulância, ela estava ao lado esquerdo e desse mesmo lado também havia um precipício, tendo em vista que o internato ficava em uma colina. Henry sorriu e respondeu para o motorista: - Mudança de planos, não vamos ao hospital. Quem vive? Quem morre? Isso é uma escolha que só cabe a mim agora, Rick. Espero que tenha se despedido da sua mulher e das suas crianças, você nunca mais os verá novamente. — Henry tirou do seu casaco uma pistola com silenciador e atirou diretamente na cabeça do motorista, fazendo seus miolos se espalharem no vidro dianteiro da limusine. Com o motorista morto, o carro perdeu o controle e foi para a esquerda, jogando os dois carros para o precipício. Enquanto o acidente acontecia, Henry servia calmamente um champagne em uma taça para ele. Não demorou para que ficasse tudo escuro.

Paciente de numeração 38 acordando! Aviso: paciente de numeração 38 está acordando! — Na hora que fui mexer meu braço para coçar meu rosto, uma mão segurou meu braço. A mão era do Henry. Ele sorriu e disse: - Seu rosto sofreu algumas alterações, não seria bom que você tocasse-o. Á propósito, recebi uma ligação do meu grande amigo Robert, seu irmão. Ele me disse o que aconteceu com você na sua antiga... Hmmm... Aquilo é uma cidade? Enfim, ele me contou todo o ocorrido. Quero lhe ajudar a se vingar de todos os que tentaram lhe destruir. É a minha forma de agradecimento, topa? — Ainda estava atordoado com tudo que havia ocorrido, olhei para o lado e vi minha mãe alisando meu cabelo e dizendo: - Aceite a ajuda. Ele só quer lhe ajudar. Aceite! Aceite! Aceite! Aceite! Aceite! — Aquelas palavras repetidas estavam atordoando minha mente, então acordei novamente. Aquilo havia sido um sonho. Eu estava no interior da limusine, que á propósito estava de cabeça para baixo e eu estava deitado no que havia sido o teto dela, haviam estilhaços de vidro por toda parte. O carro havia capotado. Poucos metros a frente, vi o Henry em pé na frente da ambulância que provavelmente estava levando a Lana. Quando me viu acordando, ele correu para onde eu estava, agachou e disse: - Olha só quem acordou... Como foi a soneca? Precisamos sair daqui antes que nos vejam. Acha que consegue andar? Tem outra limusine á uns 2 km daqui me esperando, ou melhor: nos esperando. — Ainda estava estranhando tudo aquilo que tinha acontecido. Acho que tinha encontrado alguém pior que eu. Acho não, tenho certeza. Ele estendeu a mão para mim e me ajudou a sair da limusine. Mal tinha saído e escutei um barulho de ambulância na estrada acima. Henry começou a esmurrar a lataria da limusine e disse: - Droga, droga, droga! Destruimos a ambulância errada! Tenho que checar isso! — Henry caminhou em direção à ambulância e abriu a porta traseira. Estava logo atrás dele e pude ver que não havia nenhum paciente ali dentro, só tinham paramédicos. Mortos, diga-se de passagem. Passei a mão na minha cabeça em sinal de desespero e disse: - Nós capotamos a ambulância errada. A Lana ainda está viva. E agora? E se ela der com a língua nos dentes? — Henry sorriu ironicamente e disse:– Ela não terá língua para isso.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Personagens no capítulo:
Richard Rhodes (Protagonista)
Lana Miller (Garota mais rica e poderosa de Gladstone)
Klaus Klein (Um dos mandões de Gladstone / Namorado de Carlos)
Henry Klein (Irmão de Klaus / Provavelmente Psicopata)
Lugares:
Berna (Capital da Suiça)
Gladstone (Internato)
Hospital Geral de Berna