Diário De Um Pseudopsicopata escrita por Ramon Leônidas


Capítulo 10
Paciente Misterioso - Capítulo IX




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Por que você está fazendo isso por mim? O que você vai querer em troca? Falei segurando o braço do Henry antes de sairmos do hospital abandonado. Ele puxou o braço e disse: - Calma aí, campeão. Não posso fazer um favor a um velho amigo? — Ele estava com um sorrisinho sarcástico no canto da boca e arrumando seu relógio de ouro no braço. Ele passou a mão nos azulejos brancos e sujos do hospital e falou em tom de sussurro: - Serei eternamente grato a você por ter eliminado o meu irmão. Agora, a empresa do meu pai ficará inteirinha pra mim. Lógico, antes de tudo o piloto do nosso jatinho particular vai perder o controle e acabará se perdendo na imensidão do oceano atlântico quando o meu Pai for viajar pra Argentina. Hoje a noite ainda. — Por mais que eu não pudesse falar de ninguém, aquilo era doentio demais. Eu estava indo longe demais pra proteger o meu planinho de vingança. Dei duas batidinhas leves no ombro do Henry e falei em um tom baixo: - Espero realmente que um dia você descubra que família é algo insubstituível. O dinheiro, a empresa, seus empregados... Você acha que isso vai substituir sua família? Vai ter um momento que você vai se sentir só e não vai ter ninguém pra abraçar. É nessa hora que você vai perceber o que perdeu. — Henry me ignorou totalmente. Caminhou até a saída e disse para o motorista: - Erick, estamos de saída. Leve os corpos para o crematório. Queime-os. — Balancei a cabeça negativamente e caminhei em direção à limusine. Henry já estava lá dentro, na hora que eu ia entrar, ele me empurrou e disse: - Onde você pensa que está indo? Acha que pode me dar lição de moral e depois simplesmente entrar na minha limusine, tomar o meu champagne e desfrutar dos meus petiscos? Não, você não pode. Nem meu pai me deu lição de moral. — Um suor interno começou a percorrer o meu corpo, era nervosismo. Se eu ficasse ali, com aquela nevasca, provavelmente iria morrer congelado. Passei a mão no meu cabelo, estava desesperado, sem pensar duas vezes indaguei: - Posso pelo menos ficar no hospital até que a nevasca passe? — Ele sorriu e disse: - Lógico. Mas, logo você esquecerá a nevasca e sairá correndo atormentado pelas lembranças da maldade que você fez essa tarde. E se você tiver sorte, essa nevasca só passará amanhã pela manhã. Até mais Rich. — Entrei no hospital e senti um forte arrepio percorrendo a minha espinha. Entrei em um dos apartamentos hospitalares e me deitei na maca que tinha ali.

Acordei algumas horas depois, nem notei quando adormeci. O cheiro de queimado estava muito forte. Levantei com muita dor de cabeça e fui procurar a cozinha. Enquanto caminhava ouvi alguém que parecia estar amordaçado forçando um grito, algo como: “Hmmmm hmmm”. As tentativas de socorro vinham do piso inferior. Não tinha energia elétrica, então tava tudo escuro. Apenas usando a lanterna do celular, fui procurando onde havia uma escada para que eu pudesse ver quem clamava por socorro. O lugar era assustador pela noite, haviam ratos correndo e algumas baratas voando. Aquele hospital não havia passado por uma dedetização já fazia algum tempo. Não precisei andar muito, logo encontrei as escadas. Assim que comecei a descer, meu celular tocou. Numero confidencial. Não falei nada ao atender e a voz do outro lado disse: - Mudei de ideia Rich. Você é uma mina de ouro. Me espere na frente do hospital, já estou chegando. — Desliguei o telefone na cara dele, era o Henry. Continuei minha investigação. As paredes da escadaria estavam sujas de sangue. Haviam mensagens com pedidos de socorro e tinham também alguns símbolos que não pude identificar. Segui o gemido e dei de cara com uma porta de ferro vermelha. Nela tinha escrito “Entrada proibida”. Respirei fundo e abri a porta. Havia um homem sentado em uma cadeira, estava amarrado de costas para porta e tinha um lampião ao lado dele em cima de algumas caixas madeira. Ele parecia estar chorando e implorando que aquilo parasse. Caminhei sorrateiramente em direção ao homem, para descobrir quem era. Ele estava de cabeça baixa, peguei o lampião, levantei seu rosto pelo queixo e descobri o que era praticamente impossível.

Klaus? Você sobreviveu? — Falei enquanto desamarrava-o. Na hora que tirei o pano da boca dele, ele falou chorando e cospindo sangue: - Aquele maldito fez parecer que eu estivesse morto para ficar com toda a empresa do meu pai. No dia que você atirou em mim, eu vestia um colete a prova de balas, faz parte de uma das fantasias sexuais do Carlos. Nós não podemos permitir isso Richard! Você tem que me ajudar! — Olhei nos olhos dele e disse: - Não se preocupe. Eu te ajudarei, contando que você fale pra polícia que quem fez tudo isso com você foi a Lana. Trato feito? — Ele ficou confuso e falou pegando com as duas mãos na nuca desesperado: - O Henry não pode ficar impune! Ele não pode caminhar livremente, nós dois sabemos o que ele fez comigo!! — Sorri sarcasticamente, abracei-o e falei: - O seu irmão vai ser preso por um crime ainda pior. O seu pai vai morrer em um acidente de avião hoje à noite. — Ele parecia ainda mais confuso e dessa vez estava nervoso, pegou nos meus ombros, sacudiu-me e disse: - Como você sabe disso? Temos que salvar ele! — Segurei os braços dele, retirando suas mãos do meu ombro e disse: - Desculpe Klaus. Isso você resolverá sozinho. Ou salvamos o seu pai ou irei preso pelas confissões da Lana quando ela acordar. — Ele me olhou, reprovando a minha atitude e disse: - Como assim acordar? — Puxei ele pelo braço e disse: - Longa história. Antes temos que sair daqui. Seu irmão logo estará por aqui e não sei do que ele é capaz. — Peguei o lampião e saímos correndo pelo hospital até a saída. Assim que chegamos na porta, os faróis da limusine do Henry iluminaram as brechas da porta e das janelas. E agora? Como sairíamos dali?


Continua...


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Notas finais do capítulo

Personagens no capítulo:
Richard Rhodes (Protagonista)
Lana Miller (Garota mais rica e poderosa de Gladstone)
Henry Klein (Irmão de Klaus / Provavelmente Psicopata)
Klaus Klein (Um dos mandões de Gladstone / Namorado de Carlos)
Erick (Motorista dos Klein)
Lugares:
Berna (Capital da Suiça)
Gladstone (Internato)
Hospital Geral de Berna