A loira parecia implorar com o olhar que ele não subisse, o coração dele se apertou ao ver tanta apreensão que beirava ao desespero nos olhos da garota. Mais ele se manteve irredutível e subiu o outro lance de escadas, parando de frente para a porta do dormitório da garota. Ele parou subitamente ao encontrar um outro garoto parado na porta dela. Ele era mais alto, forte, tinha uma expressão nervosa no rosto, principalmente quando seus olhos encontraram os de Puck.

Quinn se dirigiu ao rapaz parado em sua porta com um pouco de receio, ela sorriu brevemente para Puck

– Obrigada por me acompanhar. Boa noite.

Ela virou para abrir a porta nas costas do garoto parado, tremendo de nervoso não conseguia colocar a chave e apertava cada vez mais forte a maçaneta. Puck viu os punhos do cara parado em sua frente se fecharem com força, sorriu debochado da atitude, mais os pensamentos estavam atormentando em sua cabeça, ele não foi capaz de se mover dali, não vendo Quinn nervosa daquela maneira, com aquele brutamontes o encarando. Seu instinto de briga pulsava mais forte embaixo da pele.

– Não vai me apresentar seu amiguinho Lucy? – o rapaz mal encarado sabia que essas palavras provocariam a loira, ele riu debochadamente da cara de confuso que Puck fez em sua frente.

– Dave, eu .. não ..

– Puckermann – o moreno cruzou os braços e acenou em desafio com a cabeça para Dave, que olhou rindo para a loira

– Ele é só um amig.. conhecido daqui .. – os olhos de Puck se estreitaram mais com as palavras sofridas que saiam da boca da loira que finalmente conseguiu abrir a porta. – Puck, esse é Dave ..

– Karofisky – ele abraçou o ombro de Quinn de lado, a puxando para seu corpo – Namorado da Quinn

– Ex – ela logo se afastou do garoto com uma cara de nojo – Ex namorado Dave

– Sabe como é cara – ele forçou um riso enquanto olhava com raiva para a loira – Brigas de casal, logo nos resolvemos. Vim apenas conversar com vc – disse se voltando para a loira que apenas assentiu com a cabeça

– Quinn .. – Puck fez menção de andar em direção a loira que logo o interrompeu

– Obrigada por me trazer Puck, nos vemos por ai ..

Ela entrou em seu apartamento seguida de Dave, que fez questão de sorrir irônico para Puck e bater a porta com força na cara dele. Puck encarava incrédulo a porta, a cena que acabara de acontecer bagunçou completamente a cabeça do garoto. [Namorado? Lucy? Como é que é? E como ela entra com um cara desses? Ela se sente ameaçada, pq ela age assim tão estranho?]. Ele sabia que eram perguntas sem resposta que rondavam seus pensamentos. Olhou novamente para a porta, deu as costas e começou a descer as escadas em direção a rua. Ele deu a volta no prédio de alojamentos e olhou para a janela da sala de Quinn acesa, abaixou a cabeça e caminhou para sua casa.

Santana não acreditava na cena que viu ao abrir a porta de seu apartamento. Depois da saída de Quinn e Puck da festa, ela tentou ligar várias vezes no celular da amiga, e 10 minutos depois conseguiu falar no celular do rapaz, que explicou rapidamente e com uma voz desanimada, a situação da loira com seu acompanhante. A morena deu um gemido de preocupação e depois de muito se esforçar para se desvencilhar de Sam, ela conseguiu ir embora meia hora depois.

A sala de seu apartamento estava uma bagunça, muito diferente de como estava a hora que ela e a amiga saíram de casa. Já dentro da sala ela ouvia os gritos masculinos vindos da cozinha, ela ficou um pouco confusa tentando entender o conteúdo da discussão e logo correu para o cômodo ao ouvir um copo se quebrando e o grito assustado de sua amiga.

– O QUE VC TA FAZENDO AQUI KAROSFISKY? – a morena entrou gritando na cozinha, parando em frente a sua amiga que se encolheu em suas costas, chorando muito – SAI JÁ DAQUI

– AH LOPEZ, TAVA DEMORANDO PRA APARECER E DEFENDER ESSA ORDINARIA DA SUA AMIGA

– SAI DAQUI – Santana começou a empurrá-lo para fora – VOU TE MOSTRAR QUEM É ORDINARIO AQUI

– NOSSA CONVERSINHA NÃO ACABOU QUINN.

Ele saiu batendo a porta com violência. Ao ao ouvir o barulho da porta se fechando, Quinn, que já soluçava de tanto chorar, se jogou no chão da cozinha e logo foi amparada por sua amiga que a abraçava com tanta força, tentando passar segurança e calma pra sua amiga.

Santana, depois de um tempo, conseguiu acalmar a amiga, a ajudou a tomar banho, pois a loira encontrava-se em estado de choque, deu dois copos de água com açúcar para a amiga e a colocou na cama. Quinn logo fechou os olhos e respirou fundo, Santana apenas beijou a testa da loira, a cobriu e saiu do quarto para arrumar a bagunça que estava a casa, deixando assim a amiga perdida em pensamentos na cama.

Quinn pensava e pensava, mais os pensamentos pareciam fugir, apagar, parecia um blackout em sua mente. Ela pensou e reviveu novamente de olhos fechados todas as palavras, todas as ofenças de Dave, o nervoso que ele estava quando começou a espalhar e jogar as coisas longe, se sentiu aliviada por não ter se machucado. A loira apertou os olhos com um pouco mais de força ao se lembrar do rapaz segurando com força seus pulsos, que agora estavam levemente arroxeados e marcados pela violência, se encolheu na cama ao lembrar dele a beijando a força, ele era grande e forte demais, foi jogador de football durante todo o período escolar, era quase impossível se desvencilhar de seus braços. Mais seus pensamentos aliviaram um pouco ao lembrar de Puck, Noah como ela havia o chamado enquanto ele caminhava insistente ao seu lado. Era engraçado como em pouco tempo, conhecendo um pouco dele, vendo as atitudes dele com ela, como ela se sentia protegida com ele, como nunca se sentiu namorando um brutamontes como o Dave. Noah sim, ele era diferente. Mais seu estomago voltou a pesar ao se lembrar da expressão nos olhos dele quando viu Dave parado em sua porta, ela pode ver um desgosto no fundo dos olhos do amigo quando se referiu a ele como um conhecido, ele estava querendo protegê-la e ela fraca, covarde, não conseguiu nem se referir a ele como amigo na frente de seu ex. Puck estava desapontado, ela sabia, ela viu o jeito que ele ficou, por isso ela preferiu virar as costas sem encará-lo, sem trocar uma palavra com ele. Ela não queria que ele fosse até a porta dela, pra evitar o que aconteceu, ela não queria. Mais ele foi tão teimoso, tão protetor ..

Santana entrou novamente no quarto da amiga, com uma roupa mais confortavel, sentou-se na cama da loira, segurou suas mãos e respirou fundo.

– Desculpe ter demorado pra vir Q.

– Você me salvou, de novo.

– Descansa, você precisa.

Com um aceno de cabeça Quinn concordou e se sentou na cama abraçando forte a amiga e sussurrando um “obrigada”. Santana sorriu e beijou a testa da amiga. Voltou para seu quarto e viu que havia uma mensagem de Puck não lida no visor de seu celular

[ como ta tudo ai? ]

Ela respondeu prontamente

[ ele foi embora, cheguei a tempo e expulsei ele. Ela acabou de dormir, agora parece estar bem. Muito obrigada pela ajuda hoje ]

A resposta dele veio mais rápida ainda

[ se precisar de mim, me chama, qualquer hora ]

[ obrigada Puck, mesmo. Boa noite. Beijos ]