Pov Elena

–Você vai adorar esse passeio. O dono do barco é amigo do meu pai e reservou o dia inteiro só pra nós – ele disse retribuindo meu sorriso.

Alguns dias depois...

Abri meus olhos de um jeito sonolento, a claridade do quarto havia me acordado.

-Bom dia, meu amor – ouvi Todd dizer carinhosamente ao meu lado, virei-me em sua direção na cama.

-Bom dia – eu disse, bocejando logo em seguida, percebi que ele me encarava.

-O que foi? – perguntei dando um sorriso.

-Você é linda – ele respondeu chegando mais perto de mim e depositando um beijo em minha testa. Sorri com o elogio, mesmo que no fundo eu me sentisse um pouco chateada, afinal, este era o corpo de Lexy, não o meu. Ele a estava chamando de linda.

Bobagem, você é ela agora.

Suspirei, enquanto admirava Todd.

Alguns minutos se passaram e finalmente Todd se levantou da cama, saindo do quarto logo em seguida, resolvi ficar mais um tempo deitada.

Fiquei algum tempo observando o quarto, os porta-retratos que continham fotos minhas e de Todd, fotos da família dele e um pequenino pôster no fundo do quarto, com uma foto minha, ou do meu antigo eu. Eu havia colocado o pôster ali assim que a sétima - e última - temporada de Vampire Diaries havia acabado... Não que eu tivesse assistido a série, pois eu não havia tido coragem alguma para isto, foi mais pra me lembrar de quem eu havia sido um dia.

Levantei-me e fui em direção ao pôster, pousei uma de minhas mãos nele e um suspiro escapou entre meus lábios.

Escutei a porta sendo aberta e me virei para ver Todd entrando com uma enorme bandeja de café-da-manhã no quarto. Sorri na direção dele e sentei-me na cama, enquanto ele colocava a bandeja sobre a mesma.

-Tcharan... – ele disse dando uma risada. – Um banquete para uma rainha – completou logo em seguida. Ri enquanto ele pegava a jarra de suco e o servia em dois copos.

-Você está me acostumando mal – eu disse rindo e pegando uma das torradas da bandeja.

-Você merece – ele disse estendendo o copo de suco de laranja em minha direção, peguei o copo e tomei um pouco do suco, logo após de dar uma mordiscada na torrada.

-Está maravilhoso – elogiei observando a bandeja, que continha um café da manhã completo.

-Tudo o que eu faço é maravilhoso – ele disse dando um sorriso sacana, gargalhei.

Ele se aproximou de mim na cama e selou nossos lábios.

...

-E então, branco, lilás ou ouro? – eu disse colocando a tabela de cores que havíamos recebido da decoradora que iria nos ajudar com o casamento na mesa, á frente de Todd. Nós havíamos acabado de lavar a louça do café-da-manhã.

-O que você escolher pra mim está bom – ele disse dando um sorriso.

-Mas eu quero saber sua opinião – disse insistente, eu estava em dúvida entre as duas cores. Afinal, qual ficaria melhor no salão de festas? Todd suspirou.

-Hm... – ele disse analisando as cores.

-Amarelo – ele disse após alguns segundos de uma reflexão exagerada.

-É ouro, Todd – eu disse dando uma risada.

-É quase a mesma coisa – ele resmungou.

-Não é não – eu disse olhando para a palheta.

-Então, qual vai escolher? – ele perguntou com curiosidade. Analisei novamente as cores e decidi qual seria a cor tema do meu casamento com Todd.

-Lilás – eu disse e voltei meu olhar para Todd. Ele me olhava com uma falsa indignação.

-Pra que você pediu minha opinião? – ele disse dando uma risada.

Antes que eu pudesse responder a pergunta de Todd uma náusea intensa me atingiu. Fiz uma careta de enjoo.

-O que houve? – Todd perguntou preocupado ao ver minha expressão.

-Eu só... – coloquei minha mão na frente da boca para evitar de colocar o café da manhã inteiro pra fora no meio da sala e corri para o banheiro. Por sorte a tampa do vaso já estava aberta. Ajoelhei-me em frente ao vaso e comecei a colocar o café pra fora.

Percebi Todd atrás de mim segurando meus cabelos e acariciando-os nervosamente.

Em menos de um minuto o café-da-manhã inteiro já havia ido por água abaixo.

-Está melhor? – ele perguntou preocupado me estendendo um guardanapo - que eu não o havia visto sair para pegar -, logo após os vômitos terminarem.

-Sim – disse um tanto rouca. Peguei o guardanapo de suas mãos e limpei minha boca, em seguida Todd me ajudou a levantar. Escovei meus dentes e suspirei.

-Será que foi o café-da-manhã? Quer que eu te leve ao médico? – ele perguntou rapidamente.

-Não precisa, eu já estou melhor – respondi enquanto íamos para a sala, o enjoo realmente havia passado.

-Tem certeza? – ele continuou a perguntar preocupado, olhei para ele e dei um sorriso esperando tranquiliza-lo.

-Sim, já estou bem melhor – respondi e nos sentamos no sofá, escutei-o suspirar.

-Ainda assim, acho melhor... – interrompi o teimoso.

-Nada de médico, tenho um remédio pra enjoo no armário, caso isso aconteça de novo. Deve ter sido o peixe de ontem, eu disse que ele não estava com uma cara muito boa... – falei e iniciamos uma longa conversa sobre “nunca mais comer peixes suspeitos”.

...

No dia seguinte a mesma coisa aconteceu, eu estava conversando normalmente com Todd e de repente eu estava tremendamente enjoada. Na mesma hora Todd me levou ao hospital – nem me deixou discutir –, onde eu fiz alguns exames.

-E então, o que ela tem doutor? – Todd perguntou de um jeito fofo – preocupado – ao doutor Marques, um dos mais renomados médicos da cidade e médico da família de Todd.

O doutor olhou para Todd e em seguida para mim.

-Parabéns, a senhorita está grávida – o doutor respondeu. Arregalei os olhos surpresa e virei-me para ver a reação de Todd, que estava encarando o doutor Marques de boca aberta.

Alguns segundos depois, Todd desviou seu olhar do doutor e passou a me encarar, um enorme sorriso estampava seu rosto, assim como no meu.

Eu vou ser mãe!

...

POV Lexy

Comecei a contar tudo aos poucos, primeiramente contei sobre meu vício em uma série de TV – não mencionei nada sobre ele fazer parte dela -, o passeio da escola e o lago.

Flashback on*

Puxei ar e mergulhei em direção ao fundo do lago, aquele brilho ainda estava lá, cheguei mais perto curiosa, parecia... Um colar?

É, parecia um colar ou alguma coisa do tipo, só que, por que brilhava?

Cheguei mais perto ainda e encostei minha mão no mesmo, com a intenção de pegá-lo, o mesmo começou a brilhar ainda mais, peguei-o e tentei voltar à superfície, mas quando fui dar o impulso, tudo escureceu.

Flashback off*

-Então você quer dizer que encostou em um colar e de repente estava no corpo de Elena? – ele me interrompeu, deduzindo o que aconteceria em seguida. Suspirei.

-Sim – respondi séria, ajeitando-me na cama e em seguida explicando a ele que era o colar da bruxa original. Basicamente, o que Elena usava.

Dei uma pausa e olhei para ele, que encarava o nada, pensativo. Damon estava sentado no banco da janela.

- Depois de um tempo eu descobri que Esther realmente tinha algo haver com tudo isso... – continuei, contando sobre minha conversa com Elijah.

-Então é só acharmos Elena e desfazermos o feitiço – Damon me interrompeu novamente.

Um suspiro triste escapou entre meus lábios. Ele realmente queria me mandar embora.

-Não é assim tão simples, não é como se fosse um feitiço de troca comum. – expliquei em voz baixa, observando-o me lançar um olhar confuso. Pelo menos ele não parece mais com raiva.

Comecei a explicar a minha “teoria” sobre as dimensões e sobre a série de TV, pensei que Damon fosse me interromper e dizer que eu estava louca – ou mentindo -, mas ele escutou tudo atentamente. Parecia já ter ouvido falar sobre isso.

-Então é realmente verdade... – ele disse para si mesmo enquanto eu contava tudo a ele.

-O que você sabe sobre isso? – me interrompi para perguntar a ele. Só ai Damon pareceu perceber que havia dito aquilo em voz alta e desviou o olhar.

-Vamos, isso pode ajudar de alguma forma – o incentivei a falar e ele suspirou derrotado.

Damon estava relutante em falar comigo.

Ele está magoado. Constatei.

Depois de mais de um século apaixonado por alguém que nunca tinha sido apaixonada por ele – Katherine -, finalmente quando ele tem esperanças de começar de novo, de ter um amor recíproco com Elena, venho eu e estrago tudo. Eu não o culpava por estar chateado.

 -Glória mencionou isso anos atrás, ela disse ter conseguido se comunicar com alguém de “outra dimensão”– ele respondeu de um jeito preocupado.

-Disse que demorou anos para conseguir tal proeza – Damon continuou logo em seguida e só ai eu entendi seu semblante preocupado. Ele tinha medo de que demorasse anos para trazer Elena de volta.

Desviei meu olhar para o chão e segurei as lágrimas. Você não vai chorar, Lexy.

Em seguida, contei tudo o que eu sabia sobre ele, sobre a série e sobre o que estava por vir, frisei a parte de que se um original morresse, toda a sua linhagem morreria e o vi arregalar minimamente os olhos, provavelmente lembrando-se de quando eu o tentei impedir de matar Klaus. Em seguida ele trincou os dentes, irritado.

-Então não temos como matar Klaus? – ele disse com raiva.

-Vocês podem disseca-lo... – expliquei o feitiço que Bonnie havia feito para deixar Klaus paralisado. Pulei algumas partes desnecessárias e fui direto para onde Rebekah entrava na frente do carro e Elena virava uma vampira. Damon não disse nada a respeito.

Terminei contando algumas coisas que eu havia esquecido – como o momento em que recebi o primeiro convite para a festa de sábado -.

-E é isso – eu disse ao acabar de contar tudo – ou pelo menos tudo o que eu lembrava no momento -.

-Então, o que você pretende fazer agora? – disse receosa, ele olhou diretamente para mim.

-Mandá-la de volta – ele disse direto.